tag:blogger.com,1999:blog-27380370052506185192024-03-19T01:47:34.015-07:00Claudio Maranhãofoto: Claudio Bombieri - Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.comBlogger3282125tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-42001663617545481942024-03-16T11:22:00.000-07:002024-03-16T11:22:22.426-07:00Tragédia Yanomami. “Sobrevivemos, gritamos, mas as crianças não resistiram”. Entrevista com Junior Hekurari, liderança Yanomami<p style="text-align: justify;"> <b><i><span style="color: red;">Qual a situação do território Yanomami nesse momento?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">O governo Bolsonaro, o próprio ex-presidente, incentivou muito o ódio contra a população indígena. Ele próprio falava que não ia demarcar nenhum centímetro das terras indígenas. Ele incentivou invadir as terras que já estavam demarcadas, por isso nós estamos até agora sofrendo, estamos pagando esse incentivo que o próprio presidente fez com as pessoas que tem mais poder econômico para invadir as terras indígenas. Então esse resultado está chegando, principalmente nas comunidades. É um sofrimento muito grande, mas resistimos, lutamos e não desistimos. O governo Bolsonaro barbarizou, cortou as instituições que protegiam os povos indígenas, ‘lavou as mãos’, principalmente a Funai, direitos humanos e outras instituições que eram importantes para defender os direitos fundamentais. Então ele infelizmente trancou essas portas para não enxergar esse problema que a gente estava enfrentando nas terras indígenas.</p><p style="text-align: justify;">Em 2019, sofremos invasão. Entraram mais de 25 mil garimpeiros que envenenaram até nascentes dos rios. Hoje estamos sem água potável. A natureza trazia água potável, porque nós dependemos da floresta e a floresta foi destruída. O povo Yanomami morreu de contaminação por mercúrio, pela contaminação da água. Quanto tu toma água contaminada é questão de horas para morrer, porque a diarreia para desidratar é questão de horas.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: red;">Quem mais sofreu com a invasão do território?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Quem sofreu mais são as pessoas mais vulneráveis, como crianças e idosos. Somos muito fortes, o Yanomami foi preparado para enfrentar os problemas de natureza. Sobrevivemos, gritamos, mas as crianças não resistiram, os idosos, mulheres não resistiram. Perdemos muitas vidas, choramos por elas. A gente está lutando para não acontecer mais.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: red;">Qual o resultado das ações do governo federal até agora?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">O governo atual está trabalhando muito, mas está longe de resolver porque a situação que o Bolsonaro deixou na terra Yanomami, para consertar, está longe. Apesar da vontade política do atual governo de resolver o problema, o que é preciso fazer para que os Yanomamis tenham uma solução definitiva pra essa tragédia?</p><p style="text-align: justify;">Hoje é o Ibama que atua mais, através do comando da ministra Marina Silva, é o Ibama que expulsou muitos garimpeiros, enfrentou garimpeiros armados atirando contra o pessoal do Ibama. Mas mesmo assim eles não desistiram, lutaram e expulsaram muitos garimpeiros. Só que a invasão é muito ampla, a Terra Indígena Yanomami é muito grande, de difícil acesso. São dois rios principais onde o Ibama fez a instalação de corrente, mas mesmo assim os garimpeiros atacaram a base do Ibama e cortaram todas as correntes.</p><p style="text-align: justify;">Eles têm um armamento muito forte, então quem pode enfrentar esses homens armados que estão destruindo a Terra Indígena Yanomami são as forças do Exército. Eles têm mais tecnologia, mais armamentos e mais homens preparados para enfrentar aquelas pessoas. É isso que pedimos. Assim que expulsar os garimpeiros, a gente quer reestruturar o atendimento e instalar bases de proteção estratégicas nas comunidades. Nosso desejo, nosso sonho, é proteger e retomar a Terra Indígena Yanomami.</p><p style="text-align: justify;">"<i>A gente tem certeza absoluta que o governo anterior escondeu muito as informações (...). Acreditamos que morreram mais de 1200 crianças por ano"– </i>Junior Hekurari</p><div style="text-align: justify;"><br /></div>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-39770284665969268872024-03-16T11:02:00.000-07:002024-03-16T11:02:51.295-07:005º domingo de quaresma - Seguir-servir Jesus na doação radical para ser grão de trigo com grande poder germinativo!<p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #990000;">Ver alguém, para a linguagem bíblica, é sempre um conhecer alguém. Conhecer é sempre um mergulhar no mundo do outro. É um conviver intimamente com ele. No entanto, ao nos aproximar de alguém sempre carregamos uma mistura de expectativas e de preconceitos. Hoje a nossa aproximação ao outro está profundamente viciada, contaminada. </span></b></i>O outro é visto, muitas vezes, como um potencial inimigo e rival. Outras vezes é por nós, ingenuamente, idealizado e idolatrado. Diante do desejo de alguns discípulos de cultura grega de conhecer Jesus, o Mestre não tem medo de se expor e de se revelar por aquilo que é. Jesus não se apresenta como um dos muitos heróis imortais da deslumbrante cultura grega, mas como um <i>'filho do homem' </i>frágil, quase impotente, '<i>demasiadamente humano</i>'. Um Jesus consciente de que o 'esplendor e a glória,' de verdade, passam pelo serviço anônimo, solitário, e pela doação radical de si próprio. O discípulo que quer servir-seguir Jesus mediante o sucesso, a fama, o reconhecimento público perde a chance de viver em plenitude, e de dar sentido à sua existência. Chegou a hora e é agora em que todo servidor-seguidor de Jesus o poderá conhecer de verdade ao se colocar, concretamente, a serviço da vida plena de milhões de irmãos e irmãs que continuam sendo vítimas dos potentes gloriosos e dos infames famosos desse mundo! Quem não compreende isso continuará sendo um grão de trigo sem poder germinativo!</p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-46735089980318319732024-03-12T05:06:00.000-07:002024-03-12T05:06:25.215-07:00Carta de repúdio: Justiça que nega direito de sepultamento a cacique Kamakã é a mesma que deixa Vale impune<p style="text-align: justify;"><i>As organizações, redes, pastorais e comissões abaixo subscritas vêm, através desta carta, manifestar sua profunda indignação com a decisão da Justiça Federal da 6ª Região, de Belo Horizonte, em favor da empresa Vale S/A, que proíbe a Retomada Kamakã Mongoió em Brumadinho (Córrego Areias), de semear o corpo do cacique Merong Kamakã Mongoió no território sagrado da comunidade.</i></p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #cc0000;">A Justiça Federal alega que não foi formulado um pedido para que o sepultamento fosse realizado no território, sendo que este consta como objeto de reintegração de posse. A Justiça Federal autoriza ainda o auxílio de forças da Polícia Federal e Polícia Militar para impedir que seja realizado o sepultamento. No entanto, é preciso lembrar que o processo de retomada da comunidade Kamakã Mongoió acontece há cerca de três anos, resistindo contra as violentas investidas da outra parte do processo, a mineradora Vale S/A.</span></b></i> Por isso, essa decisão viola o direito dos povos indígenas, assegurado na Constituição Federal, de sepultar seus membros no próprio território, conforme seus usos, costumes e tradições. Previsto para acontecer de maneira respeitosa e pacífica, o ritual indígena foi realizado restritamente entre a comunidade na madrugada desta quarta-feira, 6 de março, uma vez que a intimação que proibia o sepultamento só foi entregue por volta de 9h da manhã. No momento da entrega, lideranças indígenas, parlamentares e representantes de movimentos sociais prestavam apoio à Retomada Kamakã Mongoió. Enquanto a Vale tenta fugir de sua responsabilização pelo crime que atingiu a Bacia do Rio Paraopeba, soterrou vidas e causou danos ambientais irreversíveis, a Justiça permite que outras violações de direitos aconteçam</p><p style="text-align: justify;">Não por acaso, tramita a partir de hoje também na Justiça Federal da 6ª Região de Belo Horizonte, o reinício do julgamento do pedido de habeas corpus do ex-presidente da Vale S/A, Fábio Schvartsman, denunciado por homicídio doloso duplamente qualificado no processo que julga a responsabilidade pelas 272 mortes causadas pelo rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, ocorrido no ano de 2019 em Brumadinho. Enquanto a Vale tenta fugir de sua responsabilização pelo crime que atingiu a Bacia do Rio Paraopeba, soterrou vidas e causou danos ambientais irreversíveis, a Justiça permite que outras violações de direitos aconteçam. Na manhã do dia 6 de março, após a intensa mobilização em homenagem ao cacique e depois do oficial de justiça já ter intimado a comunidade indígena, a Vale reconheceu ao Judiciário que a decisão já tinha perdido seu objeto, embora não tenha justificado até então os motivos pelos quais quis impedir o plantio da liderança em seu território. O homicídio do cacique Merong Kamakã Mongoió segue em investigação. Ao receber as homenagens e ser semeado em seu território, Merong torna-se sinal de resistência e apelo à justiça.</p><p><i>6 de março de 2024</i></p><p><i>Rede Igrejas e Mineração de Minas Gerais</i></p><p><i>Comissão Especial para Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil</i></p><p>seguem mais assinaturas.....</p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-1098198895620499822024-03-12T04:57:00.000-07:002024-03-12T04:57:32.862-07:00Roraima está pegando fogo: drama para milhares de indígenas do Estado<p style="text-align: justify;"> <i><b><span style="color: red;">Roraima, o Estado mais ao norte do Brasil, bateu recorde histórico de focos de calor em fevereiro, com 2057 registros. No mesmo mês, o Rio Branco, seu principal abastecedor de água potável, chegou ao nível negativo de -0,15m. Enquanto os não indígenas seguem a rotina na capital Boa Vista - coberta por fumaça desde meados de fevereiro - os Yanomami, Macuxi, Wapichana e povos de outras etnias vêem suas casas e roças serem destruídas por incêndios e, em quatro municípios, comunidades indígenas têm à disposição para beber água que mais parece lama. </span></b></i>Para a Defesa Civil, a situação deve se estender por cerca de mais 60 dias, quando há a previsão do inverno começar no estado. Durante os próximos dois meses, a densidade de fumaça deve aumentar, assim como a quantidade de focos de calor e incêndios, que na avaliação do Corpo de Bombeiros são causados em 100% dos casos pela ação humana. “A certeza que temos é que Roraima está queimando, Roraima está pegando fogo”, diz Edinho Batista, coordenador do Conselho Indígena de Roraima, sobre a situação do Estado que enfrenta uma severa estiagem intensificada pelo fenômeno El Niño, conforme relatório da Defesa Civil. “Sabemos que 90% da população depende da água do Rio Branco e sabemos que essas pessoas precisam olhar para isso como uma consequência dos impactos da soja, do garimpo e grandes empreendimentos. Quando Edinho foi entrevistado, em 27 de fevereiro, relatou que cerca de 50 mil indígenas que vivem em comunidades estavam sem água potável porque 50 poços artesianos já haviam secado. No entanto, ele deixou o alerta de que até, a publicação desta reportagem, o número aumentaria. Para estas pessoas terem acesso a água é preciso caminhar 5km e até escolas indígenas ficaram desabastecidas. “Não queremos revoltar as pessoas, mas sensibilizar sobre qualidade de vida que não se dá só no mundo material, mas também no espiritual. É preciso entender que a água, as plantas, os animais e as pessoas são importantes e a vida não pode ser colocada abaixo do mercado. O capitalismo influencia as pessoas a se contentarem com que recebem e não com o que têm e ficará para o futuro”, refletiu o coordenador do CIR. Em quatro municípios, há comunidades indígenas bebendo água sem tratamento que pode ser comparada à lama, conforme o Diretor Executivo de Proteção e Defesa Civil, Coronel Cleudiomar Ferreira. Ele afirma que existe um esforço das prefeituras na distribuição de água, mas que não há garantia de que haja tratamento adequado, apenas que é menos prejudicial que a água suja de pequenos riachos.</p><p style="text-align: justify;">Todos os 51 bairros da capital de Roraima estão tomados por fumaça, fuligem e cheiro de queimado há mais de uma semana. Boa Vista também é o 9º município com mais focos de calor em todo o Brasil neste ano. Outras oito cidades do estado integram o top 10, conforme o monitoramento do Programa Queimadas do do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). (ISA)</p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-21656566891505918302024-03-09T06:34:00.000-08:002024-03-09T06:34:33.263-08:004º Domingo de Quaresma - Lutar até à morte....para que todos tenham vida plena!<p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #800180;">Um famoso filósofo existencialista francês dizia que 'amar alguém é dizer a ele:você nunca morrerá'! E nós poderíamos acrescentar: 'e para que você não morra eu estou disposto a morrer por ti'! Expressão máxima de amor é não permitir que a pessoa amada seja morta, mesmo que isto custe a nossa própria vida.</span></b></i> É o que Jesus de Nazaré fez. Ele foi ao encontro da sua morte não porque Deus queria o seu sacrifício, mas porque a sua incansável dedicação aos esmagados pela doença, pela lei e pela truculência o levou até às últimas consequências. Jesus havia entendido que se Deus Pai que é 'amor sem fim' estivesse em seu lugar teria feito o mesmo. Jesus não tinha dúvida que em Deus não cabe castigo, vingança e condenação, mas só vida em plenitude (eterna). Contudo, é preciso crer nisso, ou seja, amar e proteger o não amado e o desprotegido, lutar para lhe garantir vida plena, saber morrer por ele. Isso torna a vida do discípulo uma luz continua que desmascara os produtores de trevas, os alimentadores do ódio e do desprezo aos pequenos. Estes já têm o que merecem: se autoexcluem por si só!</p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-79419760993448594252024-03-08T12:28:00.000-08:002024-03-08T12:28:38.115-08:00Breve análise de conjuntura da atual política indigenista e papel da igreja missionária<p style="text-align: justify;"><i>Fazer uma análise de conjuntura, mesmo que superficialmente, exige sempre não somente um volume de informações de qualidade, confiáveis, uma discreta cautela, mas também a clara identificação do ponto de vista a partir do qual se quer analisar. Ou seja, o seu lugar social escolhido para olhar-analisar o todo. O nosso ponto de vista tenta incorporar anseios e aspirações de diferentes etnias que manifestam e alimentam expectativas e mudanças radicais em suas diferentes realidades. Será, portanto, um ponto de vista parcial, delimitado, mas não por isso menos legítimo de quem reside em Brasília, por exemplo, e ocupa um cargo numa repartição pública responsável por políticas indigenistas...Dito isso, gostaria de salientar algumas sombras que pairam sobre o novo governo Lula ou 'omissões simbólicas' que vêm deixando bastante amargo em boca para quem almejava algo mais alvissareiro...</i></p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #800180;">Talvez um dos pontos negativos do atual governo com relação à política indigenista tenha sido o de não ter sinalizado desde o início, de forma enfática, embora simbólica, para que veio. É bem verdade que herdou um fardo carregado de atraso, de omissão, de falta de orçamento, de descaso generalizado, de militarização da FUNAI e de desmantelamento de infraestruturas, </span></b></i>mas poderia ter aproveitado, por exemplo, da crise humanitária na Terra Yanomami, em Roraima, - revelada bem no início de janeiro de 2023 - para deixar claro quais ações norteadoras o novo governo iria seguir. Infelizmente, limitou-se a uma intervenção militar pontual (exército e Polícia Federal) contra garimpeiros e outros invasores que, embora explorada pela mídia, não se tem se transformado numa renovada política de proteção e de assistência sanitária permanente, pelo menos para aquele povo indígena já duramente provado e agredido. Basta dizer que no primeiro ano do governo Lula foram verificadas 363 mortes de Yanomami. O número representa um aumento de 20 óbitos em relação a 2022, de acordo com dados do Ministério da Saúde. No governo anterior os dados eram descaradamente subnotificados.</p><p style="text-align: justify;"><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span> <b><i><span style="color: #800180;">Outra sinalização de enorme poder simbólico que o novo governo poderia ter lançado foi a que diz respeito às demarcações de terras indígenas. Ou seja, deveria ter deixado claro como, posteriormente, tentou fazer mediante a recente mensagem que o governo enviou em fevereiro passado ao congresso, que iria sim, retomar de forma decidida, firme e consistente o que a Constituição determina:</span></i></b> a legalização definitiva de todas as terras indígenas que deveriam ter sido demarcadas no prazo de 5 (cinco) a partir da promulgação da Constituição de 1988. Infelizmente, ao longo de todo o ano de 2023 limitou-se a homologar (reconhecimento final formal) somente 08 (Oito) Terras Indígenas, e a identificar 03 (três). Assim, o Brasil sai de um jejum de cinco anos sem demarcações, - incluindo parcialmente o governo Temer, - chegando ao total de 511 Terras Indígenas com processos de demarcação finalizados. Contudo, ainda faltam 255 Terras Indígenas com seu processo de demarcação já iniciado e ainda não finalizado. A retomada da política indigenista oficial e dos processos de demarcação no governo Lula se dá, tragicamente, numa conjuntura desfavorável para os povos indígenas já que as ofensivas aos direitos indígenas se fortaleceram no Legislativo e no Judiciário, onde se multiplicam propostas legislativas anti-indígenas e teses jurídicas como a do "Marco Temporal". Esta última tese rejeitada pelo STF foi proposta e aprovada no Senado, criando insegurança jurídica e um engodo de não fácil solução. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Uma série de pressões do Congresso sobre o Executivo vêm impactando esse cenário, a começar pela pasta que ficaria responsável pela declaração das Terras Indígenas. Abrigada inicialmente no recém-criado Ministério dos Povos Indígenas (MPI) - cuja ministra é uma indígena Guajajara do nosso Estado, Sônia Guajajara, - essa atribuição voltou ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJ), sob a responsabilidade do então ministro Flávio Dino. O senador Dino, que assumiu em fevereiro de 2024 uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), atravessou seu mandato como ministro sem reconhecer a posse permanente indígena de nenhuma Terra Indígena e deixou para Ricardo Lewandowski, seu sucessor, ao menos 23 portarias prontas para assinatura. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span><b><i><span style="color: #800180;">Um último ponto que vale a pena ser frisado é de que, se de um lado é extremamente positivo o fato de o governo Lula ter criado um ministério específico para os povos indígenas (MPI) e ter colocados indígenas em cargos estratégicos (FUNAI- Fundação Nacional dos Povos Indígenas, SESAI – Secretaria Especial Saúde Indígena, etc.),</span></i></b> do outro lado, ao não garantir um orçamento adequado e ao não outorgar plena autonomia de ação, cria as condições reais de ‘jogar aos leões’ lideranças indígenas de renome e ‘queimar’ a experiência pioneira iniciada. Nesse sentido, muitas lideranças indígenas que tentaram dar um 'desconto' nesse primeiro ano de governo e tiveram a paciência histórica de garantir confiança esperam que, a partir desse ano de 2024 o governo Lula seja mais proativo e ousado. Que se concentre, essencialmente, na defesa permanente dos territórios já demarcados evitando todo tipo de invasão e esbulho; que tome iniciativas claras para que se reconheçam formalmente os territórios indígenas ainda não identificados; e, enfim, que se planejem ações bem estruturadas para despejar e expulsar quantos os têm ocupado ilegalmente ao longo desse anos. Simultaneamente, espera-se que se invista sempre mais, e de forma mais consistente e qualificada no atendimento à saúde indígena, prevenindo e combatendo doenças e encarando a luta contra a desnutrição com ações globais, estruturantes e permanentes. </span></p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #800180;">Não podemos, enfim, deixar de ignorar que ao lado de uma ‘política indigenista’ há, também, e sempre, uma ‘política indígena’ – aquela que é realizada pelos próprios povos indígenas, - que não é badalada pela mídia, mas que assume sempre mais proporções significativas. </span></b></i>Através de inúmeras iniciativas de fiscalização territorial (ex. os guardiões da floresta tão presentes e incisivos no Maranhão) e múltiplas medidas político-pedagógicas os próprios povos indígenas, seja em nível regional que nacional, se articulam e intervêm, autônoma e internamente, para proteger, denunciar, pressionar e expulsar aqueles invasores (garimpeiros, fazendeiros, sojicultores) que se apossaram de enormes fatias de terras indígenas, inclusive graças a determinadas portarias assinadas no governo anterior que lhes dá esse poder! </p><p style="text-align: justify;">No que se refere ao papel da igreja missionária na atual conjuntura é importante frisar os seguintes pontos: </p><p style="text-align: justify;">a.<span style="white-space: pre;"> </span><i><b><span style="color: #800180;">A igreja deveria reconhecer, de fato, a plena autonomia e maturidade dos povos indígenas sem querer ser sua ‘porta-voz’, sem ‘falar por eles’ ou sem ‘se substituir a eles’. </span></b></i>É preciso, isso sim, fazer com que os povos aos quais a igreja é chamada a servir sintam que ela é uma aliada fiel, parceira, ‘amiga’ de todas as horas, mas que, afinal, devem ser eles mesmos os protagonistas na condução das políticas públicas com foco na sua realidade específica. Cabe à igreja o papel de fazer ecoar com seriedade, profissionalismo, coragem e sem mitificações as opiniões, as posturas, as reivindicações, e as denúncias que os próprios povos indígenas encaminham. </p><p style="text-align: justify;">b.<span style="white-space: pre;"> </span><i><b><span style="color: #800180;">Como igreja missionária, diante das múltiplas contradições, - inclusive no seio do próprios povos indígenas, - polarismos sociais e culturais, e outras formas de agressão, deveria assumir sempre mais o papel de humilde mediadora, servidora dedicada de suas aspirações e necessidades, </span></b></i>auscultadora paciente de seus sonhos e dramas, e defensora intransigente dos direitos indígenas, independentemente de quem esteja governando. </p><div style="text-align: justify;"><br /></div>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-84086410382077752592024-03-04T02:56:00.000-08:002024-03-04T02:56:58.482-08:00O sacerdócio não é a solução. Artigo de Luigino Bruni<p style="text-align: justify;"> <i>As mulheres ainda não encontraram o seu devido lugar na Igreja, ainda não conseguimos reconhecê-las na sua plena vocação e dignidade. Há dois mil anos esperam para serem vistas como Jesus as via, que foi revolucionário em muitas coisas e entre estas pelo papel que as mulheres tinham na sua primeira comunidade. Mas embora algumas das suas revoluções se tenham tornado cultura e instituições da Igreja, a sua visão da mulher e das mulheres ainda está presa no grande livro dos “não ainda” que não se tornam “já”.</i></p><p style="text-align: justify;">Se olharmos com atenção, todos vemos que a Igreja não existiria sem a presença das mulheres, porque elas são uma grande parte da alma e da carne do que resta hoje do Cristianismo e, antes ainda, da fé cristã - estou ficando cada vez mais convencido de que se quando Jesus voltar à terra e ainda encontrar a fé, esta será a fé de uma mulher. Mas todos sabemos e todos vemos que a governança eclesial, em particular aquela da Igreja Católica, ainda não foi capaz de tornar concreta e operacional a igualdade e a verdadeira reciprocidade entre homens e mulheres. E assim a Igreja Católica continua sendo um dos lugares do mundo onde o acesso a algumas funções e tarefas ainda está ligado ao gênero sexual, onde nascer mulher já orienta desde o berço o percurso de vida daquela futura cristã nas instituições, na liturgia, nos sacramentos e na pastoral das comunidades católicas. Embora conhecendo e reconhecendo muitas das razões daqueles que lutam por isso, nunca pensei que a solução fosse estender o sacerdócio às mulheres, porque enquanto o sacerdócio ministerial for compreendido e vivido dentro de uma cultura clerical, ampliar a ordem sagrada para as mulheres significaria, de fato, clericalizar também as mulheres e, portanto, clericalizar ainda mais toda a Igreja.</p><p style="text-align: justify;"> <b><u><i><span style="color: #cc0000;">O grande desafio da Igreja hoje não é clericalizar as mulheres, mas desclericalizar os homens e, assim, a Igreja. Seria necessário, portanto, compreender onde estão os locais das boas batalhas e concentrar-se neles, mulheres e homens juntos - um erro comum é pensar que a questão feminina é um assunto apenas das mulheres</span></i></u></b>. É, portanto, necessário trabalhar, homem e mulher, na teologia e na práxis do sacerdócio católico que ainda está demasiado ligado à época da Contrarreforma, porque uma vez reconduzido o sacerdócio ao da Igreja primitiva, tornar-se-á natural imaginá-lo como um serviço de homens e mulheres. Se, ao contrário, empregarmos agora as nossas energias para introduzir algumas mulheres no clube sagrado dos eleitos, apenas aumentaremos o número da elite sem obter bons resultados nem para todas as mulheres nem para a Igreja. O atual Sínodo, com o seu novo método, pode ser um bom começo também nesse processo necessário.</p><p style="text-align: justify;">Mas também há uma boa notícia. Enquanto se espera por esse trabalho urgente, a Igreja Católica já está mudando muito rapidamente em algumas dimensões importantes. Na Igreja com o Papa Francisco, as mulheres estão muito mais presentes nas instituições do Vaticano, nas dioceses e nas comunidades eclesiais, em funções cada vez mais importantes, e agora muitas são leigas e/ou casadas. As teólogas e as biblistas também estão crescendo em quantidade, qualidade, estima e impacto. São fenômenos menos chamativos que os debates sobre o sacerdócio feminino, mas estão criando as condições para que um dia finalmente “a realidade seja superior à ideia” (Evangelii gaudium), e num amanhecer particularmente luminoso a Igreja acordará finalmente também mulher, sem se dar conta e sem fazer muito barulho, como as coisas realmente importantes da vida.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-48901909456886631262024-03-02T13:29:00.000-08:002024-03-02T13:34:42.083-08:003º domingo de Quaresma (Jo. 2,13-25)- RECONSTRUIR/RESSUSCITAR os templos corpóreos dilacerados, manipulados e violentados <p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: red;">Templo não é lugar para se fazer ‘sacrifícios’. Deus não quer e nem precisa. Tampouco se deixa comprar por promessas, novenas, dízimos polpudos e pomposas celebrações. Templo não é o ‘espaço sagrado’, por excelência, para rezar, orar, suplicar. Jesus para rezar se retirava para lugares desertos. E quando subia ao templo de Jerusalém era para pregar e....polemizar com as sanguessugas que acolá pontificavam</span></b></i>. Templo não é ‘<i>a casa de Deus’</i>. A morada de Deus é o imenso infinito e, principalmente, o microscópico inviolável corpo/sacrário de Seus filhos e filhas. Aqui está o nó central da prática de Jesus: para que frequentar e zelar por um templo que é incapaz de zelar por seus filhos e filhas? Para que gastar tempo e dinheiro no <i>‘shopping da religião’ </i>se seus gestores e servidores nada fazem para preservar, acolher, servir e educar <i>‘os fregueses’ </i>á fé profunda, aquela que move montanhas? Realmente, esse templo precisa ser destruído. Precisamos reconstruir/ressuscitar, proteger e venerar o <i>‘templo/corpo</i>’ dilacerado, violentado e torturado de milhões de filhos de Deus. É na defesa intransigente desses corpos que ‘<i>adoramos Deus em Espírito e verdade’! </i></p><div style="text-align: justify;"><br /></div>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-67840466241850506672024-02-25T06:06:00.000-08:002024-02-25T06:06:27.693-08:00Terra Yanomami tem 363 mortes registradas no 1º ano do governo Lula<p style="text-align: justify;"><i> A crise humanitária na Terra Yanomami, em Roraima, resultou na morte de 363 indígenas em 2023. O número representa aumento de 20 óbitos em relação a 2022, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O levantamento mostra que a situação no território ainda é delicada mesmo depois da decretação de emergência em saúde pública, feita pelo presidente Lula em janeiro do ano passado. O crescimento no número de mortes, no entanto, não indica necessariamente uma piora da situação. Isso porque, segundo profissionais da saúde, houve uma subnotificação elevada de casos na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022). Ao mesmo tempo, com as ações mais proativas do governo federal a partir de janeiro de 2023, o acompanhamento está sendo mais detalhado.</i></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">De toda forma, o número de mortes ainda é elevado e indica que as comunidades indígenas continuam sofrendo com malária, desnutrição e outros problemas de saúde decorrentes da ou potencializados pela presença de garimpeiros ilegais na Terra Yanomami. Depois da expulsão da maior parte dos garimpeiros do território nos primeiros meses de 2023, a redução da fiscalização, provocada pelo recuo das Forças Armadas nas ações de campo, permitiu o retorno de alguns dos invasores. Isso se refletiu na condição dos indígenas, com novos episódios de violência. Como a Folha assinalou, a desnutrição persiste em comunidades das regiões de Auaris e Surucucu, que também sofrem com surtos frequentes de malária. <i><b><span style="color: red;">Curiosamente, essas áreas contam com Pelotões Especiais de Fronteira (PEF) do Exército, o que deveria significar uma garantia de proteção. Infelizmente, a omissão dos militares colocam essas aldeias na linha de frente da crise humanitária no território Yanomami. </span></b></i>Além das mortes em campo, outro problema é a dificuldade para identificar os restos mortais dos indígenas. Segundo o InfoAmazonia, pelo menos seis corpos de Yanomami aguardam identificação há mais de um ano no IML de Boa Vista. A Funai é a responsável por buscar familiares para fazer a identificação, mas afirma que vem enfrentando dificuldades nessa tarefa. De acordo com o órgão, os corpos são provavelmente de pessoas do subgrupo Yanomami conhecido como Yawari, fortemente afetado pelo garimpo.</p><p style="text-align: justify;"><i><u><b>Em tempo:</b></u></i> A Funai está monitorando uma situação na Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia. Em dezembro passado, um grupo de oito indígenas isolados apareceu em uma mata ao sul do território. De acordo com o órgão, eles podem ser parte dos “Isolados do Cautário”, responsável pela morte do indigenista Rielo Francisco em 2020 durante uma ação para proteger os indígenas na zona rural de Seringueiras. Outra possibilidade, levantada pelo indigenista Antenor Vaz, é que o grupo seja da etnia conhecida há anos pelo povo Amondawa como Yrapararikuara, o que confirmaria a presença de mais uma comunidade de indígenas isolados dentro do território. A notícia é da Agência Pública. (IHU)</p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-7527698774488793492024-02-25T05:31:00.000-08:002024-02-25T05:31:56.494-08:00Governo Lula - Porque as demarcações de terras indígenas não avançam? <p style="text-align: justify;"> <i><b><span style="color: #cc0000;">Oito Terras Indígenas homologadas, três identificadas e nenhuma declarada. Este é o saldo do primeiro ano de gestão do Governo Lula em relação à demarcação de Terras Indígenas (TIs). Assim, o Brasil sai de um jejum de cinco anos sem demarcações, chegando ao total de 511 TIs com processos de demarcação finalizados. Mas, ainda faltam 255 Terras Indígenas com seu processo de demarcação já iniciado e não finalizado. No último dia 5 de fevereiro, o governo voltou a se comprometer com a demarcação de TIs em sua “Mensagem ao Congresso Nacional”, sustentando que vai avançar na identificação e delimitação de terras, emitindo portarias declaratórias e homologações. Mas, mesmo com esses compromissos, ainda há muito a ser feito na pauta pela gestão Lula.</span></b></i></p><p style="text-align: justify;">“A gente tinha uma expectativa muito positiva e imaginava que nos primeiros 100 dias aconteceria todo aquele planejamento que foi trabalhado na época da transição de governo com uma proposta. Mas chega o final de 2023 e a sensação é de dever não cumprido e, talvez, de desânimo”, pontua Timóteo Vera Popygua, coordenador da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), organização do povo Guarani que articula aldeias no Sul e Sudeste. “Tivemos uma vitória no STF com o ‘Marco Temporal’, mas ali, no apagar das luzes, acontece a aprovação do PL do Marco Temporal”, problematiza a liderança do povo Guarani, em entrevista ao ISA. Entrevistado pelo Brasil de Fato, Kleber Karipuna, coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), ponderou que o cenário será de maior cobrança em 2024. "O ex-ministro Flávio Dino saiu [do Ministério da Justiça] sem homologar nenhuma Portaria Declaratória de Terra Indígena, mesmo com a Funai e o Ministério dos Povos Indígenas encaminhando mais de 30 processos para o Ministério da Justiça", denunciou. "Apoiamos esse governo [Lula], mas temos plena consciência de que é um governo de composição e não é 100% alinhado às nossas bandeiras. Há ministros que se opõem a determinadas pautas indígenas", avaliou.</p><p style="text-align: justify;">Disputas brecam as demarcações</p><p style="text-align: justify;">Após quatro anos do governo que prometeu “não demarcar um centímetro quadrado a mais de Terra Indígena”, a retomada de prumo da política indigenista oficial e dos processos de demarcação no governo Lula se dá em terreno infértil – já que as ofensivas aos direitos indígenas se fortaleceram no Legislativo e Judiciário, onde se multiplicam propostas legislativas anti-indígenas e teses jurídicas como a do "Marco Temporal". Uma série de pressões do Congresso sobre o Executivo impactaram esse cenário, a começar pela pasta que ficaria responsável pela declaração das Terras Indígenas. Abrigada inicialmente no recém-criado Ministério dos Povos Indígenas (MPI), essa atribuição voltou ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJ), então sob a batuta de Flávio Dino, após queda de braço com o Legislativo – que converteu em lei a Medida Provisória 1154/2023. Dino, que assumiu em fevereiro de 2024 uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), atravessou seu mandato sem reconhecer a posse permanente indígena de nenhuma Terra Indígena e deixou a Ricardo Lewandowski, seu sucessor, ao menos 23 portarias prontas para assinatura, conforme apurou a reportagem da Folha de S.Paulo.</p><p style="text-align: justify;">Além disso, disputas internas no governo têm impedido que avanços significativos se concretizem, conforme apontou Márcio Santilli em artigo publicado na Folha de S.Paulo, em agosto de 2023. Segundo ele, a Casa Civil, sob comando do ministro Rui Costa, estaria bloqueando a homologação de TIs já aprovadas pelas áreas técnicas do Ministério da Justiça. Procurado pelo ISA, o Ministério da Justiça, via assessoria de imprensa, informou que deve aguardar a chegada do novo ministro para prestar explicações sobre as demarcações. O novo ministro assumiu a pasta no fim de janeiro. (ISA)</p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-85516486826263954092024-02-24T12:42:00.000-08:002024-02-24T13:08:40.934-08:00II domingo de Quaresma - Transfiguração: nada de 'fantasminhas', mas testemunhos que nos fazem entrever vida na morte!<p> Ninguém de nós pode prever o desfecho de um sonho, de um projeto de vida. Às vezes quando tudo parece indicar um determinado rumo na vida podemos ser surpreendidos por algo que inverte tudo. E de uma hora para outra, e sem a nossa colaboração. Poucos são aqueles que conseguem vislumbrar no presente o que poderá acontecer num futuro próximo. E se preparar para isso. A nossa vida, no entanto, está densa de sinais imperceptíveis, de pequenos indícios, de tendências ambíguas e, porque não, de revelações quase 'reais' que deixam entrever o que nos espera dentro em breve. É preciso percepção profunda e atenção permanente ao que acontece conosco e ao nosso redor. Jesus era um analista atento da sua realidade. Nunca se iludiu. Muitos sinais apontavam para um evidente fracasso da sua missão, mas sabia que estava deixando, também, gestos significativos que não seriam apagados nem com a sua eliminação física. Era preciso, porém, enfrentar, e ir até o fim, de cabeça erguida, mesmo encarando a própria morte. Nessas horas o testemunho destemido de amigos, profetas, antepassados nos ajudam a entrever, aqui e agora, uma vida inédita próxima que nem o fracasso e nem a morte conseguem ocultar. </p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-83189496142859213372024-02-16T11:21:00.000-08:002024-02-17T10:40:52.691-08:00Iº domingo de quaresma - Chega de senso comum e de mentalidade de gado. Agora é a hora da Boa Nova!<p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #cc0000;">Ainda há gente que se sente culpada por 'sentir' dentro de si o que ele acha que não deveria jamais sentir. O problema não é sentir, mas é aderir ao que sentimos, quando nos deixamos levar pelo desejo de mandar, manipular, dominar, e de nos apropriar de coisas e de pessoas. </span></i></b>Quem se deixa conduzir pelo Espírito terá que arcar, permanentemente (40 dias, ou seja, sempre!) com inúmeros testes/tentações para perceber se possui estrutura para enfrentar os desertos da vida, e testemunhar a fertilidade da Vida/Boa Nova. É preciso sermos 'tentados' sim, para verificar se podemos, de fato, seguir o Mestre pelos caminhos da Galileia, da missão. O tempo urge. Ele se encurtou de vez. É preciso se definir, e assumir. Muita gente não sabe mais o que significa receber uma '<i>boa notícia</i>' (evangelho) de esperança, de confiança, de amor verdadeiro. Continuar a seguirmos o senso comum e a mentalidade da maioria é fracasso na certa! Daí a necessidade de 'mudar de pensamento/lógica' (conversão) e investir todo o próprio ser (crer) de que a Vida Nova é possível, pois ela está ao nosso alcance. Nós, como Jesus, podemos ser Boa Nova, hoje, agora!</p><div style="text-align: justify;"><br /></div>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-61221779977509068302024-02-10T04:05:00.000-08:002024-02-10T04:05:44.986-08:006º domingo Comum - É preciso transgredir para poder viver!<p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #cc0000;">Há momentos na vida que é preciso transgredir
para se manter vivos! Muitas vezes ao seguirmos, acriticamente, regras e
convenções sociais somos relegados ao esquecimento e ao abandono. Por isso que
nos momentos mais escuros da nossa existência o ‘princípio vida' tem que ser
determinante nas nossas decisões</span></b></i>. Da mesma forma que fez o leproso do trecho
evangélico de hoje. O ‘impuro’ por excelência ignora todas as prescrições
religiosas e sociais que o mantinham longe das 'pessoas sadias', e 'chega perto
de Jesus'. O seu pedido de cura se transforma num desafio ao próprio Mestre que
'tem poder de curar'. Aquele atrevimento mexe com Jesus e desperta a Sua
'compaixão' de forma tal que Jesus o 'toca', e o cura. Com isso, o leproso arrasta
o próprio Jesus para o estado de 'impureza e ilegalidade' perante o sistema
judaico. Para Jesus e para o leproso a integridade física e moral está acima de
toda obediência a leis elaboradas por humanos interesseiros e hipócritas. No
fim de tudo, o atrevido leproso, já curado, nem ao próprio Jesus obedece mais: proibido
de falar ele grita para todos quem lhe devolveu a vida! Hoje, na nossa igreja,
os arrogantes 'devotos’, institucionalizados, continuam a excluir e a
proibir numerosos irmãos de ‘chegar perto de Jesus’ para serem curados de
várias formas de ‘lepra’! Não se apercebem esses falsos puros que quem precisa de cura são eles
mesmos!</p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-43400068096038675642024-02-10T03:43:00.000-08:002024-02-10T03:43:05.565-08:00Comissão de Direitos Humanos investiga casos de agressão contra indígenas em Alto Turiaçu<p style="text-align: justify;"><i>Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estiveram nesta semana na Terra Indígena (TI) Alto Turiaçu, no oeste do Maranhão, para realizar uma audiência com os integrantes das comunidades sobre um ataque contra a comunidade feito no mês passado. A comunidade tem sido alvo constante de grileiros e madeireiros ilegais que invadem as terras e agridem os moradores. No ano passado, a Força Aérea Nacional de Segurança iniciou uma operação no território para conter a invasão de madeireiros e garimpeiros e a pressão de mineradoras e criadores de gado que agem ilegalmente na floresta, onde vivem os povos Ka'apor, Tembé e os Awá-Guajá, uma das últimas tribos nômades da Amazônia brasileira.</i></p><div><div style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #990000;">Apesar da mobilização dos agentes de segurança, os abusos continuaram. Desta vez, a visita da comissão foi motivada pelo último ataque que os integrantes da TI sofreram no final de janeiro. Testemunhas relataram que vários homens armados, acompanhados de cães de caça, atacaram um grupo de moradores.</span></b></i> Além disso, o carro do Conselho Administrativo da Comunidade Ka'apor foi destruído pelos agressores. Após ouvir os relatos das lideranças indígenas, a comissão irá repassar as denúncias aos órgãos de direitos humanos e exigir o fortalecimento da segurança e fiscalização no local. O presidente da Comissão de Direitos Humano da OAB-MA, Erick Moraes, ressaltou que é necessário um trabalho em conjunto com outros órgãos públicos para frear os ataques dos invasores e preservar a área demarcada. “A Comissão vai acionar as autoridades, principalmente Ministério Público, Polícia Civil , Polícia Federal, Funai, Ministério do Direitos Humanos, para que a gente venha trabalhar as violações de direitos humanos aqui relatadas, como invasão de madeireiros, a intrusão de pessoas demarcando com cercas território indígena”, disse o advogado.</div></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-56468949511179421932024-02-09T11:43:00.000-08:002024-02-09T11:43:51.736-08:00Entrevista ao pensador alemão Hartmut Rosa: “Tudo passa tão rápido que perdemos o contato com a vida”<p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #2b00fe;">Estamos vivendo muito rápido, muito acelerado?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">O que dita o nosso modo de vida hoje, em muitos aspectos, são os calendários e as agendas. Você pergunta a alguém: 'Como vai você?' E ele responde: 'Bom, mas estou com pressa, não tenho tempo.' Achamos que a culpa é nossa porque vivemos muito rápido, mas é um problema universal. Pelo menos para as classes médias. Não estou dizendo que a velocidade é sempre ruim. Não há problema em ter uma conexão rápida com a Internet, um trem rápido ou um caminhão de bombeiros rápido. Ou mesmo se você for numa montanha-russa: a gente aproveita. Mas as coisas acontecem tão rápido que perdemos o contato com a vida ou com os lugares onde nos encontramos.</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #2b00fe;">A culpa é do capitalismo?</span></b></i></p><p style="text-align: justify;">O capitalismo é uma das principais forças que impulsionam esta lógica. O capital é investido apenas quando há perspectiva de criação de mais capital. A circulação de capital está em constante aceleração e exige inovação e crescimento constantes. Mas, ao contrário de alguns dos meus amigos da esquerda, não afirmo que o capitalismo seja a única fonte de velocidade.</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #2b00fe;">Que outras fontes?</span></b></i></p><p style="text-align: justify;">A minha ideia é que a lógica das instituições modernas depende daquilo que chamo de estabilização dinâmica. A modernidade representa uma mudança de um modelo mais estático para um modelo de estabilização dinâmica. E isto significa que só podemos manter os nossos quadros institucionais através de um aumento permanente. As atividades econômicas só são realizadas se houver perspectiva de crescimento. </p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #2b00fe;">Devemos parar?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">É como uma bicicleta: se você andar rápido, você estabiliza, mas se frear, você cai. Na economia, se não crescermos – se a produção, o consumo e a circulação não acelerarem – o desemprego aumenta e as empresas fecham. Mas o problema não é apenas econômico. Nem podemos manter o sistema de saúde, nem o sistema de pensões, nem o Estado-providência, nem a ciência e as artes. Tudo depende do crescimento permanente. Ou crescemos, aceleramos e inovamos, ou a sociedade entra em colapso.</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #2b00fe;">Qual é a solução?</span></b></i></p><p style="text-align: justify;">Toda a nossa cultura depende da ideia de que aumentar o horizonte do que podemos alcançar e do que podemos acessar nos dará uma vida melhor. Mas acredito que tornar o mundo mais acessível e atingível, mais disponível, não conduz a uma vida boa. Há pessoas com dinheiro, um ótimo emprego, amigos no Facebook e possibilidades de viajar que estão infelizes. Grande parte da frustração política que vemos não se deve a problemas econômicos, mas sim porque a vida não está a cumprir o que prometeu. A alienação consiste em não conseguirmos nos apropriar ou nos conectar com lugares e pessoas, que é o que acontece quando corremos de um lugar para outro. Foi por isso que criei o conceito de ressonância: como solução para a velocidade.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #2b00fe;">O que é ressonância?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">A velocidade nem sempre é ruim. Somente quando leva à alienação, que é a perda do contato: quando você sente que está em um lugar, mas que perdeu a conexão, e o mundo está morto e surdo, e você também está morto e surdo nele. O oposto da alienação é o cordão vibratório: quando em um lugar ou conversa você sente que ele fala com você, que te toca, que significa algo, e você se sente capaz de responder a isso. Então você começa a se sentir vivo. É quase uma sensação física, uma energia dinâmica que vai e volta entre mim e o mundo.</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #2b00fe;">Como sabemos que a ressonância está ocorrendo?</span></b></i></p><p style="text-align: justify;">Você pode analisar se um relacionamento é ressonante se quatro elementos estiverem presentes. <i><b><span style="color: #cc0000;"><u>Primeiro, que o sujeito se sinta tocado, comovido por outro. Eu chamo isso de carinho. A segunda chamo de emoção: e-move em latim, mover-se para fora. Abro-me a sons, ideias, pessoas, lugares. O terceiro elemento é a transformação: com essa conexão eu mudo e aquilo com que estou em contato muda. E a quarta é a indisponibilidade: a ressonância não pode ser garantida, às vezes acontece e às vezes não, e não sabemos qual será o resultado nem quanto tempo vai durar. A ressonância não é um estado emocional, mas uma forma de relacionamento. </u></span></b></i>A tristeza, por exemplo, é considerada algo negativo. Mas você vê um filme e pode dizer: “Foi maravilhoso, não conseguia parar de chorar”. Se é triste, por que você gosta? Por causa da ressonância.</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #2b00fe;">É um conceito político?</span></b></i></p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #e06666;">A política neoliberal criou um ambiente institucional de escassez de tempo, ansiedades existenciais e competição. A lógica de aceleração, crescimento, inovação e otimização do mundo em que vivemos é incompatível com a da ressonância.</span></b></i> Quando você está com pressa porque está atrasado no aeroporto, você não consegue entrar em ressonância com ninguém nem com nada. Ou se você está num contexto competitivo, em que eu ganho ou você ganha, também não podemos entrar em ressonância. A ressonância só é possível com confiança e tempo, e sem medo.</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #2b00fe;">Os fanáticos ressoam, multidões torcendo por um líder ou pelo nacional-socialismo na década de 1930. Existe uma ressonância destrutiva?</span></b></i></p><p style="text-align: justify;">Eu pensei muito sobre essa questão. Eu diria que o fanatismo, embora motivado pela busca da ressonância, implica a perda da ressonância: o fanático não escuta nada nem ninguém, apenas segue uma ideia, enquanto a ressonância consiste em ouvir e responder. No Nacional-Socialismo havia apenas uma voz, a do líder, e o resto foi silenciado. Não é ressonância, mas uma câmara de eco</p><p style="text-align: justify;">(IHU)</p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-22640424571471946022024-02-09T11:09:00.000-08:002024-02-09T11:09:58.079-08:00Parla Francesco! Entrevista a Francisco<p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #741b47;">Existe uma “guerra justa”?</span></b></i></p><p style="text-align: justify;">Precisamos distinguir e ter muito cuidado com os termos. Se ladrões entram em sua casa com a intenção de roubar e agredir, você se defende. Mas não gosto de chamar essa reação de ‘guerra justa’, porque é uma definição que pode ser instrumentalizada. É justo e legítimo defender-se, isso sim. Mas, por favor, falemos de legítima defesa, para evitar justificar as guerras, que são sempre erradas.</p><p style="text-align: justify;"><i><span style="color: #741b47;">Como você descreve a situação em Israel e na Palestina?</span></i></p><p style="text-align: justify;">Agora o conflito está dramaticamente se ampliando. Havia o acordo de Oslo, tão claro, com a solução de dois Estados. Enquanto esse acordo não for aplicado, a verdadeira paz permanece distante.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #741b47;">O que o senhor mais teme?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">A escalada militar. O conflito pode piorar ainda mais as tensões e as violências que já marcam o planeta. Mas, ao mesmo tempo, neste momento estou cultivando um pouco de esperança, porque estão sendo realizadas reuniões reservadas para tentar chegar a um acordo. Uma trégua já seria um bom resultado.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #741b47;">Como está agindo a Santa Sé nesta fase dos confrontos no Oriente Médio?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Uma figura crucial é o Cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca de Jerusalém dos Latinos. Ele é muito bom. Ele se movimenta bem. Está tentando com determinação mediar. Os cristãos e as pessoas de Gaza – não me refiro ao Hamas – têm direito à paz. Eu faço diariamente uma vídeochamada para a paróquia de Gaza, nos vemos na tela do Zoom, converso com as pessoas. Há 600 pessoas lá na paróquia. Elas continuam suas vidas encarando a morte todos os dias. E além disso, a outra prioridade é sempre a libertação dos reféns israelenses.</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #741b47;">Em Lisboa, no verão passado, perante milhões de jovens, o senhor gritou com força que a Igreja é para "todos, todos todos": tornar a Igreja aberta a todos é o grande desafio do seu pontificado?</span></b></i></p><p style="text-align: justify;">É a chave de leitura de Jesus: Cristo chama todos para dentro. Todos. Há, de fato, uma parábola: aquela do banquete de casamento em que ninguém aparece, e então o rei manda os servos ‘para às saídas dos caminhos e convidais para as bodas todos os que encontrardes’. O Filho de Deus quer deixar claro que não quer um grupo seleto, uma elite. Aí talvez alguém entre ‘por baixo dos panos’, mas nesse caso já é Deus quem cuida dele, quem indica o caminho. Quando me perguntam: ‘Mas podem entrar também essas pessoas que estão em uma situação moral tão inoportuna?’, eu garanto: ‘Todos, o Senhor disse isso’. Recebo perguntas como essa especialmente nos últimos tempos, depois de algumas das minhas decisões....</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #741b47;">Em particular a bênção dos “casais irregulares e do mesmo sexo”</span></b></i>...</p><p style="text-align: justify;">Eles me perguntam por quê. Eu respondo: o Evangelho é para santificar a todos. Claro, desde que haja boa vontade. E é necessário dar instruções precisas sobre a vida cristã (sublinho que não é a união que é abençoada, mas as pessoas). Mas somos todos pecadores: por que então fazer uma lista de pecadores que podem entrar na Igreja e uma lista de pecadores que não podem estar na Igreja? Isso não é Evangelho.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #741b47;">Durante a assistidíssima entrevista televisiva com Fabio Fazio no programa Che Tempo Che Fa, o senhor falou sobre o preço da solidão que tem que pagar depois de um passo como esse: como está vivenciando o clamor daqueles que se rebelam?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Aqueles que protestam veementemente pertencem a pequenos grupos ideológicos. Um caso especial são os africanos: para eles a homossexualidade é algo ‘ruim’ do ponto de vista cultural, não a toleram. Mas, em geral, confio que gradualmente todos serão tranquilizados pelo espírito da declaração “Fiducia supplicans” do Dicastério para a Doutrina da Fé: quer incluir, não dividir. Convida a acolher e depois a confiar as pessoas e a confiar-se a Deus.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #741b47;">O senhor sofre de solidão?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">A solidão é variável como a primavera: naquela estação você pode passar um dia lindo, com sol, céu azul e uma brisa agradável; 24 horas depois talvez o tempo mude e se sinta triste. Todos vivemos solidões. Quem diz ‘Não sei o que é solidão’ é uma pessoa a quem está faltando algo. Quando me sinto sozinho, antes de tudo rezo. E quando percebo tensões ao meu redor, procuro com calma estabelecer diálogos e trocas de opiniões. Mas sigo em frente, dia após dia.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: #741b47;">Teme um cisma?</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Não. Sempre na Igreja houve pequenos grupos que expressavam opiniões de viés cismático... devemos deixá-los fazer e passar... e olhar para frente.</p><div style="text-align: justify;"><br /></div>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-86624319418686381172024-02-07T12:38:00.000-08:002024-02-07T12:38:35.632-08:00“Vivemos em dois mundos paralelos e diferentes: o on-line e o off-line”. Entrevista com o sociólogo Zygmunt Bauman<p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #cc0000;">Que aspecto da vida moderna lhe faz perder o sonho, ultimamente?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Bom, procuro simplificar e encontrar um denominador comum no que penso e no que digo, porque vivemos em um mundo problemático e o que subjaz em comum em todas as manifestações dos inconvenientes destes tempos é a fluidez, a liquidez atual que se reflete em nossos sentimentos, no conhecimento de nós mesmos.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #cc0000;">Seguimos dominados pela incerteza?</span></b></p><p style="text-align: justify;">A incerteza é nosso estado mental que é regido pelas ideias como “não sei o que irá acontecer”, “não posso planejar um futuro”. O segundo sentimento é o que traz impotência, porque mesmo quando sabemos o que é que devemos fazer, não estamos seguros de que isso será efetivado: “não tenho os recursos, os meios”, “não tenho poder suficiente para encarar o desafio”. O terceiro elemento, que é o mais prejudicial psicologicamente, é o que afeta a autoestima. Sente-se um perdedor: “não posso me manter por cima, afundo-me”, “os outros são os bem-sucedidos”. Neste estado anímico de instabilidade, maníaco, esquizofrênico, o homem está desesperado buscando uma solução mágica. Torna-se agressivo, brutal na relação com os demais. Usamos os avanços tecnológicos que, teoricamente, deveriam nos ajudar a estender nossas fronteiras, no sentido contrário. São utilizados por nós para nos tornar herméticos, para nos fecharmos no que chamo “echo chambers”, um espaço onde a única coisa que se escuta são ecos de nossas vozes, ou para nos fechar em um “hall dos espelhos”, onde só se reflete nossa própria imagem e nada mais.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #cc0000;">Onde estamos melhor, on-line ou off-line?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Hoje, vivemos simultaneamente em dois mundos paralelos e diferentes. Um, criado pela tecnologia on-line, nos permite passar horas em frente a uma tela. Por outro lado, temos uma vida normal. A outra metade do dia passamos no mundo que, em oposição ao mundo on-line, chamo off-line. Segundo as últimas pesquisas estatísticas, em média, cada um de nós passa sete horas e meia em frente a tela. E, paradoxalmente, o perigo que jaz, aí, é a propensão da maior parte dos internautas tornar o mundo on-line uma zona ausente de conflitos. Quando se caminha pela rua em Buenos Aires, no Rio de Janeiro, em Veneza ou em Roma, não se pode evitar o encontro com a diversidade das pessoas. Deve-se negociar a coabitação com essa gente de distinta cor de pele, de diferentes religiões, diferentes idiomas. Não se pode evitar. Mas, sim, é possível se esquivar na Internet. Aí, há uma solução mágica para os nossos problemas. Utiliza-se o botão “apagar” e as sensações desagradáveis desaparecem. Estamos em processo de liquidez auxiliado pelo desenvolvimento desta tecnologia. Estamos esquecendo lentamente, ou nunca aprendemos, a arte do diálogo. Entre os danos mais analisados e teoricamente mais nocivos da vida on-line está a dispersão da atenção, a deterioração da capacidade de escutar e da faculdade de compreender, que levam ao empobrecimento da capacidade de dialogar, uma forma de comunicação de vital importância no mundo off-line.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #cc0000;">Se nos sentimos conectados, para que precisaríamos recuperar o diálogo?</span></b></p><p style="text-align: justify;">O futuro de nossa coabitação na vida moderna se baseia no desenvolvimento da arte do diálogo. O diálogo implica uma intenção real de nos compreender mutuamente para viver juntos em paz, graças as nossas diferenças e não apesar delas. É necessário transformar essa coexistência cheia de problemas em cooperação, o que se revelará em um enriquecimento mútuo. Eu posso aproveitar sua experiência inacessível para mim e você pode tomar algum aspecto de meu conhecimento que lhe seja útil. Em um mundo de diáspora, globalizado, a arte do diálogo é crucial. A ‘diasporização’ é um fato. Estou certo que Buenos Aires é uma coleção de diversas diásporas. Em Londres, há 70 diásporas diversas: étnicas, ideológicas, religiosas, que vivem uma ao lado da outra. Transformar essa coexistência em cooperação é o desafio mais importante de nosso tempo. </p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #cc0000;">A vida on-line é um refúgio ou um consolo a essa ausência de diálogo?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Encontramos um substituto para nossa sociabilidade na Internet e isso torna mais fácil não resolver os problemas da diversidade. É um modo infantil de se esquivar viver na diversidade. Há outra força que atua contra e é a mudança de situação na regulação do mercado de trabalho. Os antigos lugares de trabalho eram espaços que propiciava a solidariedade entre as pessoas. Eram estáveis. Isso mudou, hoje, com os contratos breves e precários. As condições instáveis, flutuantes e sem perspectiva de carreira não favorecem a solidariedade, mas a concorrência. Estes dois fatores não incentivam as pessoas para o diálogo. Já sou uma pessoa idosa e acredito que vou morrer sem ver este problema resolvido. No entanto, em diferentes lugares do mundo, surgem processos de auto-organização social, a partir de baixo. Vizinhos que se auto-organizam para resolver problemas como a insegurança ou para recuperar a sociabilidade perdida. É uma alternativa ou um paliativo?</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: #cc0000;">Os governos são cegos ou néscios a ponto de não admitir a globalização?</span></b></p><p style="text-align: justify;">Propõem soluções locais para problemas globais. Não se pode pensar com esta lógica. É preciso desenvolver soluções que renunciem as fronteiras territoriais, assim como fizeram os bancos, os mercados, o capital de investimentos, o conhecimento, o terrorismo, o mercado de armas, o narcotráfico.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-24671407642329546772024-02-03T11:37:00.000-08:002024-02-03T11:37:49.573-08:005° Domingo Comum - APROXIMAR-SE, SEGURAR PELA MÃO, AJUDAR A LEVANTAR ....PARA SERVIR!<p> É espantosa a síntese que o teólogo/catequista Marcos faz da metodologia pastoral adotada por Jesus ao longo do seu evangelho. Só num conciso versículo (v.31) estão detalhados, de forma paradigmática, os seus diferentes passos a serem assumidos por todo discípulo. 1. Aproximar-se da pessoa 2. Segurar a sua mão. 3.Ajudá-la a levantar-se. E os resultados dessa ação ficam bastante evidentes: 1. A febre/impedimento desaparece;2. A pessoa começa a servir. Jesus, para Marcos, é o ‘extremamente humano’ que não teme entrar em sintonia com ‘o outro’, doente ou impuro que seja. É a Sua compaixão que o torna próximo de quem se sente debilitado ou abandonado. Jesus não resolve sozinho os seus problemas, mas lhe infunde segurança e coragem ao segurar a sua mão para que ele mesmo se levante! LEVANTAR-SE é sinônimo de RESSUSCITAR, renascer. Quem passou do abandono para o amparo, da exclusão para a acolhida fraterna só lhe cabe uma coisa: servir e ajudar a levantar, gratuitamente, aquelas pessoas que estão a mergulhar no esquecimento e na invisibilidade social. Quem foi ‘agraciado’ é chamado a ser ‘graça’ permanente para tantos ‘des-graçados da sociedade’!</p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-78255352318289553482024-01-27T05:44:00.000-08:002024-01-27T05:44:23.401-08:004º domingo comum - Só os 'diabólicos' querem reduzir a fé em Jesus a piedosas liturgias! <p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #990000;">Demônios existem,
e quase sempre têm a cara e a alma de devotos pregadores de igrejas. Esses
'dispersadores' de gente sabem tudo sobre teologia dogmática. Adoram usar e
abusar do santo nome de Deus, e citam sem titubear trechos da Bíblia. Eles
sabem quem é Jesus de Nazaré: seu modo de pensar e de agir, mas estão longe de
querer imitá-lo. </span></b></i>Esbanjam o seu conhecimento teológico, litúrgico e canônico
para ludibriar e cooptar quem deseja, de fato, se aproximar do Mestre. Não é
mera coincidência que o 'espírito diabólico' da narração evangélica hodierna
frequenta, preferencialmente, os espaços sagrados. É aqui que 'os diabólicos'
gostam de fazer as suas mais excelsas e hipócritas declarações de fé, pois
acham que fé é crer numa doutrina herdada. Não aceitam que a fé em Jesus motive
para a prática da compaixão e do cuidado aos pequenos. Não toleram que Jesus se
preocupe com as vítimas de exércitos de ocupação e genocidas. A esses
'possuídos dispersadores' que querem reduzir a fé a meras celebrações
presenciais, mas não praticam a caridade, só cabe reproduzir o modo de agir de Jesus
de Nazaré: ’Cala-te’, ‘Sai daqui’!</p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 105%; text-align: justify;"><b><i><span style="mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1.0pt; mso-hansi-font-family: Calibri;">Observação</span></i></b><span style="mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-font-kerning: 1.0pt; mso-hansi-font-family: Calibri;">: o termo 'diabólico' vem do grego 'diabalein' que significa 'dispersar,
jogar as coisas de forma desordenada. O seu oposto é 'simbólico' do grego
'simbalein', ou seja, aquele que arruma, ordena, junta!<o:p></o:p></span></p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-23883143828300446432024-01-26T10:50:00.000-08:002024-01-26T10:50:09.420-08:00Vale, BHP e Samarco são condenadas a pagar R$ 47,6 bi por crime em Mariana (MG); MAB celebra vitória mas considera valor insuficiente<p style="text-align: justify;"> <i>As mineradoras Vale, BHP e Samarco foram condenadas pela Justiça Federal a pagar R$ 47,6 bilhões como indenização por danos morais coletivos causados à população pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015. A decisão também estabelece que esse valor deve ser corrigido e com juros desde 5 de novembro de 2015, o que gera um valor aproximado de R$ 98 bilhões, segundo cálculos divulgados pelo jornal O Globo.</i></p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #cc0000;">Thiago Alves, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), considera a decisão uma "vitória do povo", "apesar do atraso, da demora da Justiça brasileira em tomar uma iniciativa." "É fruto da denúncia, da mobilização social, das ações de comunicação e mobilização popular como a campanha Revida Mariana", afirma, acrescentando que o momento é de manter a mobilização.</span></b></i> O movimento, porém, considera o valor fixado pela Justiça insuficiente. "Para o MAB, o acordo deveria ser de R$ 500 bilhões, considerando proporcionalmente os valores do acordo de Brumadinho, os números de atingidos, de cidades", explica.</p><p style="text-align: justify;">Vale já lucrou R$ 235 bilhões desde crime em Brumadinho; cinco anos depois, atingidos ainda cobram reparação. Outro elemento da decisão aponta que o valor deve ser investido em um fundo gerido pelo governo federal, diferente do que ocorre atualmente, com as ações da reparação sendo conduzidas pela Fundação Renova, criada pela mineradora Vale. "Precisamos cobrar do governo sobre como vai ser essa participação", comenta Alves. O juiz federal substituto Vinicius Cobucci, da 4ª Vara Federal Cível e Agrária da Subseção Judiciária de Belo Horizonte, acatou parte dos pedidos feitos pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais em uma ação civil pública. <i>(Brasil de fato)</i></p><div style="text-align: justify;"><br /></div>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-83903383258291674892024-01-26T10:44:00.000-08:002024-01-26T10:44:19.039-08:00Brumadinho: fazer memória para defender a vida. Artigo de Dário Bossi<p style="text-align: justify;"><i><br /></i></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOIpDhHbZwJMc-1aFkAeJlWRkZZzOn4eRYFyEoxZAo4QRq4VExr-XXMF_z27CatOZ9U-4s-rpDtU2_TPJPqiJYcU7pibKlGSyY6P7XrD6imaB_u0qmImjL7pNt0lOKFs0yk7N_syWi2V97Wb5J2Y8YuJ4rzMt0yrNIWBCJGBCVstZ0fMgVa2rLqbzs5HDD/s1067/26_01_05_anos_brumadinhos_memoria_vitimas_foto_2_dario_bossi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="800" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOIpDhHbZwJMc-1aFkAeJlWRkZZzOn4eRYFyEoxZAo4QRq4VExr-XXMF_z27CatOZ9U-4s-rpDtU2_TPJPqiJYcU7pibKlGSyY6P7XrD6imaB_u0qmImjL7pNt0lOKFs0yk7N_syWi2V97Wb5J2Y8YuJ4rzMt0yrNIWBCJGBCVstZ0fMgVa2rLqbzs5HDD/s320/26_01_05_anos_brumadinhos_memoria_vitimas_foto_2_dario_bossi.jpg" width="240" /></a></div><br /><i><br /></i><p></p><p style="text-align: justify;"><i>Chegando em Brumadinho para celebrar os cinco anos da tragédia-crime que matou 272 pessoas e contaminou a bacia do rio Paraopeba, muitos de nós recebemos uma rosa amarela e uma placa com um dos nomes das vítimas. Carreguei estes símbolos ao longo de todas as celebrações: a missa, a procissão, o ato em memória das vítimas e o abraço final. Durante a missa, uma senhora aproximou-se a mim, chorando e pedindo se podia trocar o nome que ela carregava com aquele que eu tinha, pois se tratava do filho dela. Abraçamo-nos longamente e deixei que ela se encontrasse mais uma vez com a memória viva do filho, que foi sepultado pela lama tóxica e maldita.</i></p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: red;">A memória</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">“É graças a vocês, famílias de Brumadinho, que a memória deste crime ainda não se apagou. É graças a vocês que se reduziu o risco de repetição, porque fazer memória é exigir justiça, é cobrar garantias de não repetição!”. Dom Francisco Cota, bispo de Sete Lagoas e membro da Comissão para Ecologia Integral e Mineração da CNBB, tomou posição forte e profética na celebração eucarística, a cinco anos do desastre. “Não foi acidente! A Vale mata rio, mata peixe e mata gente!” – gritavam, tomados de dor e indignação, os romeiros. A memória é um primeiro passo de ressurreição, de esperança na vida que não morre. “Não vamos esquecer!” – repetiu-se muitas vezes no ato de denúncia. E foram citados muitos fatos graves que ninguém quer esquecer: “a covardia da mineradora Vale e da empresa certificadora Tuv Sud”; “as mentiras sobre segurança do trabalho”; “a frase do presidente da Vale, Sr. Fábio Schwartsman, que não se deveria culpar a Vale porque esta empresa é uma joia brasileira”; “o executivo da Tuv Sud, que disse que mandaria seu filho sair imediatamente da mina quando soube do perigo – e não fez nada para os outros”; “os tratamentos de saúde para depressão, com psicólogo, psiquiatra e medicamentos ansiolítico que tivemos que tomar”; “o voto do desembargador relator que foi favorável ao habeas corpus do Sr. Fábio Schwartsman para retirá-lo do processo criminal”; “a manutenção do refeitório, do centro administrativo e do posto médico logo abaixo da barragem que desmoronou, sem nenhuma preocupação com os trabalhadores”; “as sirenas que não tocaram para salvar vidas”; “o fato que a Vale soubesse, meses antes, que quem estivesse a menos de dois quilômetros de distância da barragem não teria tempo para sobreviver”; “a negligência do presidente da Vale que, ao receber denúncia anônima via e-mail relatando a insegurança da barragem 16 dias antes da queda, a ignorou e, ao contrário, buscou o denunciante para puni-lo, chamando-o de ‘cancro’”.</p><p style="text-align: justify;">Pode parecer exagero das famílias, ainda carregadas de indignação e raiva. Mas poucos dias antes, o delegado da Polícia Federal Cristiano Campidelli denunciou tudo isso nos mesmos tons, durante um seminário contra a impunidade, organizado pela associação das famílias das vítimas, a Avabrum: “A verdade é que a Vale fez muito esforço para matar essas pessoas em Brumadinho; as pessoas morreram porque elas foram enganadas”, disse o delegado, confirmando a persistência criminosa da empresa e o simulado mentiroso, pelo qual ao tocar a sirene de emergência haveria para todos 15 minutos de tempo para saírem da área de perigo. Não houve toque de sirene, e as pessoas foram cobertas pela lama um minuto depois da queda da barragem.</p><p style="text-align: justify;"><b><span style="color: red;">As mentiras</span></b></p><p style="text-align: justify;">Assim como foram mentiras os planos de segurança e a preocupação da empresa pelos trabalhadores/as e moradores/as de Brumadinho, é mentira afirmar que a mineração é sustentável, porque não tem segunda safra após o extrativismo predatório.</p><p style="text-align: justify;">É mentira afirmar que traz desenvolvimento, porque este desenvolvimento é para poucos e a preços muito altos para a grande maioria das outras pessoas.</p><p style="text-align: justify;">É mentira que esta mineração é inevitável, porque até agora acumulou bens financeiros nos bolsos de poucos e impediu soluções econômicas alternativas que beneficiariam muito mais pessoas.</p><p style="text-align: justify;">É mentira acreditar que a solução à crise climática se dará simplesmente pela transição ao novo modelo de “energias limpas”, que continuam precisando de mineração maciça nas áreas de sacrifício de tantas partes do mundo.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: red;">A esperança</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Mesmo se carregadas de dor e revolta, celebrações como aquela de Brumadinho devolvem esperança. É a esperança de famílias que não aceitam esquecer, não abaixam a cabeça, não se rendem aos acontecimentos, exigem dignidade, reparação, memória e garantias de não repetição!</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgki2mrQ5RzdJkgsxz2lfUblBp1hJQPNRNyaz9zM5ApyCNwsm1EJK6Myb8uuzAeSR6SsttHu-iJpIrlY23GQRvEektf4nVbBzMuQ3ojjXok0cmIF149-kbufc1B66g-N9qYmbIcRRI-NmHfgo_RtM3iKnDnHEzWMaEzQHIqrkHW0NtdGqDLRU8ZP6S09xt7/s800/26_01_05_anos_brumadinhos_memoria_vitimas_foto_3_dario_bossi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="800" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgki2mrQ5RzdJkgsxz2lfUblBp1hJQPNRNyaz9zM5ApyCNwsm1EJK6Myb8uuzAeSR6SsttHu-iJpIrlY23GQRvEektf4nVbBzMuQ3ojjXok0cmIF149-kbufc1B66g-N9qYmbIcRRI-NmHfgo_RtM3iKnDnHEzWMaEzQHIqrkHW0NtdGqDLRU8ZP6S09xt7/s320/26_01_05_anos_brumadinhos_memoria_vitimas_foto_3_dario_bossi.jpg" width="320" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-18091125175735204472024-01-22T11:30:00.000-08:002024-01-22T11:30:24.530-08:00 Ataque de ruralistas mata indígena da etnia Pataxó Hã-hã-hãe no Sul da Bahia<p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: red;">Um ataque de ruralistas provocou a morte de uma indígena da etnia Pataxó Hã-hã-hãe na região Sul da Bahia, no domingo (21). O crime ocorreu no município de Potiraguá, no território indígena Caramuru-Catarina Paraguassu. Dois fazendeiros foram presos em flagrante por porte ilegal de arma, suspeitos de matar a tiros a indígena Maria Fátima Muniz de Andrade, conhecida como Nega Pataxó, majé (feminino de pajé) da comunidade. No ataque, o cacique Nailton Muniz Pataxó também foi baleado, atingido com um bala no rim e submetido a cirurgia. Uma mulher indígena teve o braço quebrado e outras pessoas foram hospitalizadas, mas não correm risco de morte.</span></b></i></p><p style="text-align: justify;">O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) informou que vai enviar uma comissão, liderada pela ministra Sonia Guajajara, ao local na segunda-feira (22). Cerca de 200 ruralistas da região se organizaram através de um aplicativo de mensagens, de acordo com nota do MPI. Estes fazendeiros e comerciantes se organizaram para recuperar, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, retomada por indígenas no último sábado (20). </p><p style="text-align: justify;">Conforme a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), o ataque foi promovido por um grupo que denomina 'Movimento Invasão Zero'. A secretaria também determinou o reforço, por tempo indeterminado, do patrulhamento ostensivo na região, que fica próximo a cidade de Itapetinga e Pau Brasil. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) lançou nota condenando o ataque e frisando a importância da demarcação de terras indígenas como forma de solucionar o crescente conflito de terras no país. "A retomada da fazenda de seu Américo, no território Caramuru, iniciou na madrugada do último sábado (20). A região enfrenta os desmandos de fazendeiros invasores que se dizem proprietários das terras tradicionais e acusam o povo de ser 'falso índio'. A aprovação do marco temporal acentua a intransigência dos invasores, que se sentem autorizados a praticar todo tipo de violência contra as pessoas.", sustenta a associação indígena. Além dos fazendeiros detidos, um indígena que portava uma arma artesanal também foi preso.</p><p style="text-align: justify;"><b><i><span style="color: red;">Escalada da violência</span></i></b></p><p style="text-align: justify;">Em dezembro, o cacique Lucas Santos Oliveira, de 31 anos, do povo Pataxó Hã-hã-hãe, foi assassinado quando retornava da cidade de Pau Brasil (BA), no extremo sul, para a aldeia Caramuru Catarina Paraguassu. No mês de junho, outro indígena Pataxó, que não teve a identidade revelada, também foi alvo de ataque no território indígena Barra Velha, em Porto Seguro (BA). Desde o início dos anos 2000, os Pataxó realizaram várias ações de retomada dessas áreas. De 2009 para cá, ruralistas ingressaram com diversos processos no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e no Superior Tribunal Federal (STF) contra a demarcação do território. Os processos se baseiam na tese do marco temporal. <i>(Brasil de fato)</i></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p><b> comentário à margem -</b><i> Ficou patente a omissão e a negligência da PM baiana que estava no local A instituição militar estadual já é notoriamente conhecida como a mais letal no Brasil. Está na hora que o governo federal planeje algum tipo de intervenção federal....</i></p><p><br /></p><p><br /></p><p> </p><div><br /></div>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-71974801987745486292024-01-22T11:24:00.000-08:002024-01-22T11:24:08.548-08:00Teatro e politica di Giorgio Agamben<p> </p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #cc0000;">È quanto meno singolare che non ci si interroghi sul fatto, non meno imprevisto che inquietante, che il ruolo di leader politico sia nel nostro tempo sempre più spesso assunto da attori: è il caso di Zelensky in Ucraina, ma lo stesso era avvenuto in Italia con Grillo (eminenza grigia del Movimento 5 stelle) e ancor prima negli Stati Uniti con Reagan.</span></b></i> È certo possibile vedere in questo fenomeno una prova del tramonto della figura del politico di professione e dell’influsso crescente dei media e della propaganda su ogni aspetto della vita sociale; è però evidente in ogni caso che quanto sta avvenendo implica una trasformazione del rapporto fra politica e verità su cui occorre riflettere. Che la politica avesse a che fare con la menzogna è, infatti, scontato; ma questo significava semplicemente che il politico, per raggiungere degli scopi che riteneva dal suo punto di vista veri, poteva senza troppi scrupoli dire il falso.</p><p style="text-align: justify;">Quel che sta avvenendo sotto i nostri occhi è qualcosa di diverso: non vi è più un uso della menzogna per i propri fini politici, ma, al contrario, la menzogna è diventata in se stessa il fine della politica. La politica è, cioè, puramente e semplicemente l’articolazione sociale del falso. Si capisce allora perché l’attore sia oggi necessariamente il paradigma del leader politico. Secondo un paradosso che da Diderot a Brecht ci è diventato familiare, II buon attore non è, infatti, quello che si identifica appassionatamente nella sua parte, ma colui che, conservando il suo sangue freddo, la tiene per così dire a distanza. Egli sembrerà tanto più vero, quanto meno nasconderà la sua menzogna. La scena teatrale è, cioè, il luogo di un’operazione sulla verità e sulla menzogna, in cui si produce il vero esibendo il falso. Il sipario si solleva e si chiude proprio per ricordare agli spettatori l’irrealtà di quanto stanno vedendo.</p><p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #cc0000;">Quel che definisce oggi la politica – divenuta, com’è stato efficacemente detto, la forma estrema dello spettacolo – è un inedito capovolgimento del rapporto teatrale fra verità e menzogna, che mira a produrre la menzogna attraverso una particolare operazione sulla verità. </span></b></i>La verità, come abbiamo potuto vedere in questi ultimi tre anni, non viene, infatti, occultata e resta anzi facilmente accessibile a chiunque abbia voglia di conoscerla; ma se prima – e non soltanto a teatro – si raggiungeva la verità mostrando e smascherando la falsità (veritas patefacit se ipsam et falsum), ora si produce invece la menzogna per così dire esibendo e smascherando la verità (di qui l’importanza decisiva del discorso sulle fake news). Se il falso era un tempo un momento nel movimento della verità, ora la verità vale soltanto come un momento nel movimento del falso.</p><p style="text-align: justify;">In questa situazione l’attore è per così dire di casa, anche se, rispetto al paradosso di Diderot, deve in qualche modo raddoppiarsi. Nessun sipario separa più la scena dalla realtà, che – secondo un espediente che i registi moderni ci hanno reso familiare, obbligando gli spettatori a partecipare alla recita. – diventa essa stessa teatro. Se l’attore Zelensky risulta così convincente come leader politico è proprio perché egli riesce a proferire sempre e dovunque menzogne senza mai nascondere la verità, come se questa non fosse che una parte inaggirabile della sua recita. Egli –come del resto la maggioranza dei leader dei paesi della Nato – non nega il fatto che i russi abbiano conquistato e annesso il 20 % per cento del territorio ucraino (che del resto è stato abbandonato da più di dodici milioni dei suoi abitanti) né che la sua controffensiva sia completamente fallita; nemmeno che, in una situazione in cui la sopravvivenza del suo paese dipende in tutto e per tutto da finanziamenti stranieri che possono cessare da un momento all’altro, né lui né l’Ucraina hanno davanti a sé alcuna reale possibilità. Decisivo è per questo che, come attore, Zelensky provenga dalla commedia. A differenza dell’eroe tragico, che deve soccombere alla realtà di fatti che non conosceva o che credeva non reali , il personaggio comico fa ridere perché non cessa di esibire l’irrealtà e l’assurdità delle sue stesse azioni. L’Ucraina, un tempo chiamata la Piccola Russia, non è però una scena comica e la commedia di Zelensky non potrà in ultimo che convertirsi in un amara, realissima tragedia.</p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">19 gennaio 2024</span></p><p><br /></p><div><br /></div>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-1309343953541702902024-01-20T12:55:00.000-08:002024-01-20T12:55:44.445-08:003º domingo comum - Resgatar os 'pescadores de gente' que estão a afogar em sua missão....<p style="text-align: justify;"><i><b><span style="color: #e06666;">Missão do discípulo de Jesus é pescar/resgatar quem está afogando nas águas turvas do mar da vida. Ou seja, ser resgatadores de gente que vive em situação de desespero! Mas quem resgata aqueles pescadores/resgatadores de gente quando eles próprios estão a afogar na vida?</span></b></i> É preciso resgatar catequistas, animadores, padres e pastores que mergulham na rotina sacramental, litúrgica e burocrática e, muita vezes desmotivados, não enchem suas almas do oxigênio da convivência fraterna e da escuta atenta. É preciso resgatar casais que afogam em suas mágoas acumuladas, e escorregam no lodo da indiferença, da desconfiança e na falta de diálogo. É preciso resgatar jovens chamados a serem senhores do futuro e que, desnorteados, cheiram o pó da alienação, da violência e do não enfrentamento dos desafios. E atolam, desconsolados, no pântano da pornosociabilidade. É preciso resgatar quem acha não ser mais possível resgatar/salvar gente. E que se entrega às plácidas, mas traiçoeiras águas da descrença, do comodismo e do egoismo...que engole toda esperança e todo sonho!</p><div style="text-align: justify;"><br /></div>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2738037005250618519.post-1039336512066352932024-01-14T13:13:00.000-08:002024-01-14T13:13:08.263-08:0010 terras indígenas poderão ser oficializadas pelo novo ministro da Justiça em fevereiro<p> O ainda ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, não decidirá sobre 10 terras indígenas que podem ser oficializadas antes de assumir sua cadeira no Supremo Tribunal Federal. A tarefa ficará com o ministro aposentado do STF, Ricardo Lewandowski, que tomará posse em 1º de fevereiro. Repousa na mesa no Ministério da Justiça e Segurança Pública os processos para oficializar 10 terras indígenas por meio de portaria declaratória. Depois desse recurso, o texto vai para a sanção presidencial. O ofício foi enviado pelo Ministério dos Povos Indígenas ainda em outubro, quando o Congresso definia o marco temporal. Dino chegou a prometer que seguiria o entendimento do STF, que rejeitou a tese que estabelece como terra indígena aquelas que estavam ocupadas até 5 de outubro de 1988.</p><p>Eis as terras indígenas que podem ser oficializadas:</p><p> Tumbalalá, em Abaré e Curaçá (BA);</p><p> Tupinambá de Belmonte, em Belmonte (BA);</p><p> Barra Velha do Monte Pascoal, em Itamaraju, Porto Seguro e Prado (BA);</p><p> Kanela Memortumré, em Barra do Corda e Fernando Falcão (MA);</p><p> Wassú-Cocal, em Joaquim Gomes, Colônia Leopoldina, Matriz de Camaragibe e Novo Lino (AL);</p><p> Pontal dos Apiacas, em Apiakás (MT);</p><p> Paukalirajausu, em Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade (MT);</p><p> Tapy’i/Rio Branquinho, em Cananeia (SP);</p><p> Menkü, em Brasnorte (MT);</p><p> Votouro-Kandóia, em Faxinalzinho e Benjamin Constant do Sul (RS).</p>Claudio Maranhãohttp://www.blogger.com/profile/03247614584324271459noreply@blogger.com0