sábado, 17 de maio de 2008

Santissima Trindade, ou seja, DEUS como símbolo da aspiração humana por plenitude de vida

A igreja celebra a solenidade da Santissima Trindade. Até hoje é-nos difícil entender como se construiu esse "modelo teológico-dogmático": três pessoas, mas um só Deus! Os três, ou melhor, o "único" Deus pré-existente(s) desde sempre... o Filho, gerado, mas não criado, da mesma subtância do Pai, e o Espírito Santo que procede do Pai....
Sempre nos foi dito que tudo isso era um mistério e este, por sua natureza, é inexplicável e ininteligível. É-nos legítimo nos perguntar: qual a "utilidade" de professar a nossa fé em algo "inexplicável", o que não significa inexistente ou inútil? Acredito que reflete, substancialmente, a nossa incapacidade de "atualizar e interpretar" à luz da realidade atual, mais que os conceitos e as fórmulas antigas, as realidades históricas, humanas, existenciais que subjaciam a elas. As fórmulas, elaboradas em contextos históricos e culturais bem diferentes e bem distantes do nosso modo de sentir, não manifestam e não explicitam mais com força os sentimentos, os sonhos, os projetos, as aspirações do "ser humano". Continua-se falando em "Santissíma Trindade" mesmo sabendo que o discurso-realidade permanece obscuro e inexpressivo. Não se consegue ou não se quer traduzir a força simbólica contida. O peso histórico-institucional do "dogma" condiciona toda tentativa de re-interpretar o sentido profundo que está na base da formulação..."dogmática".
O que está em jogo em tudo isso não é o problema "DEUS". O que está em jogo é a nossa profunda aspiração humana por plenitude de vida, felicidade sem limite, realização plena, salvação irrestrita. A tudo isso foi-lhe conferido o nome Deus. Ele se torna um símbolo de tudo isso. Chamado e adorado de mil formas, representado ou negado de mil maneiras...o que não pode ser negada é a realidade subjacente ao nome-símbolo...DEUS! Hoje o problema não é o ateismo, nem a fé-crença em Deus, nem se Ele é o motor inicial que gerou a vida do cosmos. Não haverá respostas para tanto. O problema-dilema hoje é como garantir plenitude de vida, salvação, realização humana plena (DEUS!) para os seres vivos. Que ética temos que adotar para evitar que em nome de um suposto deus, os seres vivos continuem sendo aniquilados, trucidados, ameaçados em suas aspirações de felicidade? O Deus construído e manipulado a própria imagem e semelhança pelos seus próprios negadores vem sendo cinicamente "usado" em congressos, igrejas, instituições, empresas, palácios de governo, para legitimar a negação de tudo aquilo que Ele deveria significar. O Deus que hoje conhecemos, venha ou não de livros sagrados ou de tradição secular ou de belas aulas de catequese é uma "sombra" daquele Deus que nas palavras do profeta Isaias preferia a "defesa do direito do órfão e da viúva aos sacrifícios, às novenas, e às romarias"!
Faz-se necessário para os humanos que ainda sonham e têm aspirações a viver "incarnar" esse ...DEUS!

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