sábado, 31 de março de 2012

VALE: mais 3 trabalhadores mortos e nove feridos. Negligência e irresponsabilidade serão investigadas!

A Vale informou que no dia 30 de março uma árvore, ao cair, atingiu um ônibus que transportava empregados na Estrada do Manganês. O acidente deixou três mortos e nove feridos; aconteceu no Km 17 da rodovia que dá acesso à Mina do Azul, na Serra dos Carajás, município de Parauapebas, Pará. O acidente ocorreu, segundo nota da própria empresa às 00:40 e os acidentados, chegaram ao Hospital Yutaka Takeda, no Núcleo Urbano de Carajás, somente em torno das 09:00 às 10:00 Hs. Ou seja, as vítimas, ficaram agonizando por socorro que nunca chegava, em torno de 08:00Hs. Segundo informações de trabalhadores que estavam no ônibus acidentado, quando o socorro chegou, não tinham equipamentos adequados para resgatar os feridos mais graves, que estavam presos sob as ferragens. Os bombeiros da empresa não tinham “motosserra” e quando conseguiram faltou combustível no momento. O guindaste que levaram às 03:00 Hs para erguer a arvore, era sub-dimensionado em relação a capacidade de levantar o peso da árvore. Segundo informação de companheiros de serviço que estavam no local do acidente, as vítimas fatais, até às 07:00Hs, conversavam normalmente. Quando chega-ram, tardiamente no Hospital, após 08:00Hs do acontecido, ainda deixaram cair da maca, o empregado Francisco (Chicão).

A morte desses trabalhadores, Francisco, José Marinho e Celso, foi fruto de uma sequencia de negligência e irresponsabilidade da gerência da “Vale” em Carajás. Se não bastassem as horas de agonia, à espera de socorro que nunca chagava, os corpos desses trabalhadores foram levados a uma funerária em Parauapebas, sem acompanhamento de algum representante da empresa, como assistente social ou coisa parecida. Foram colocados, um em cima do outro, como lixo, dentro de um saco preto. Nesse momento houve revolta por parte dos companheiros que pediram mais respeito às vítimas. Só então se organizaram melhor. A situação estava tão precária, que até o veículo Kombi que iria levá-los até a Cidade de Marabá, para serem periciados no IML, teve que ser empurrada para o motor funcionar.

(Fonte: Associação de Trabalhadores Vitimados por Doenças no Trabalho – Parauapebas)

Em Jerusalém Jesus assume publicamente sua identidade e experimenta a intolerência das instituições! (Mc. 14, 1-15,47)


Há um fio muito sutil que separa a rejeição da intolerância. Poder-se-ia dizer que uma pessoa é intolerante, logo, rejeita alguém. Poderíamos, no entanto, afirmar que uma pessoa pode fazer a experiência de se sentir rejeitado, mas não necessariamente a de se sentir ou ser, de fato, perseguido. O intolerante, ao contrário, não simplesmente rejeita o diferente, mas o persegue. O intolerante por se achar o único dono da verdade, não permite que alguém acredite e pregue algo diferente daquilo em que ele próprio acredita. Ele não tem paz enquanto não destruir o outro. O diferente. Aquele que poderia promover uma ‘verdade’ que não seja a que ele confessa! Todos nós conhecemos pessoas intolerantes. Mas muitas vezes não possuem força e poder suficientes para boicotar e apagar o ‘diferente’. Quando falamos, porém, de ‘instituições intolerantes’, alicerçadas em convicções dogmáticas, as conseqüências são outras. Elas acham que possuem o ‘poder legítimo’ para destruir o ‘diferente’. Apagá-lo e, pior, manipular para obter o consenso-aprovação das massas. Enfim, sentem-se legitimadas por ‘poderes que vêm do alto’ em sua ação purificadora. Orgulhosas de ter livrado a sociedade de ‘minas ambulantes’ que poderiam colocar em risco a paz, a segurança e a doutrina da nação/cidade/igreja/estado.

Jesus entra oficialmente em Jerusalém. Não mais como um anônimo romeiro. Ou como um devoto freqüentador do templo. Como já o havia feito outras vezes. Ele entra, agora, assumindo a sua identidade de ‘mestre profeta da Galiléia’. Como ‘enviado e consagrado’ pelo Pai para construir ‘um outro reino’! Um profeta que em sua pregação/missão, - apesar de ter experimentado inicialmente aceitação pública, - acabou sendo clamorosamente ‘rejeitado’ pelos seus, em sua própria terra. Ao entrar, agora, em Jerusalém, a capital, Jesus expõe e assume publicamente suas práticas e seus pensamentos. Não mais para ‘os seus’ da Galiléia, mas para as instituições mais sagradas e importantes da ‘nação’! Em seu próprio espaço físico. No lugar onde elas determinam, controlam e julgam. Jesus deve ter intuído que aqui não existem somente conflitos interpessoais, mas conflitos institucionais. Não mais formas de mera rejeição à sua pessoa e á sua mensagem, - algo que já havia experimentado, - mas intolerância radical a tudo o que ele era e representava.

Jerusalém, a cidade dos ‘três poderes’, somados ao dos Romanos, continua a silenciar, a perseguir e a matar seus profetas. Aqueles que não rezam suas cartilhas e catecismos. E que não temem seus anátemas. Que não aceitam o espetáculo e o exibicionismo dos altares e das telinhas midiáticas, mas o serviço fraterno e anônimo a tantos pequenos sofredores. Talvez sejam esses ‘sofredores invisíveis’ os únicos que ainda sabem ‘abrir espaço’ para ‘tantos Jesus’ que continuam preferindo montar um ‘jumentinho’ a montar os ‘cavalos brancos imperiais’!
Boa semana santa!

Assaltos na BR 226, no trecho indígena: quando a opinião pública é burra e racista!

Ontem, 30, visitei a aldeia Coquinho a cerca de 60 km de Grajaú, situada às margens da BR 226. Duas toras de madeira que haviam sido utilizadas para bloquear o trânsito na direção Grajaú-Barra do Corda, há cerca de duas semanas atrás, ocupavam ainda metade da pista. Prontas para entrar em ação novamente, assim que ‘houver necessidade’! Não é para menos: o cacique Luciano Guajajara não tem receio em afirmá-lo em alto e bom som: ‘Nós, também, como muitos transeuntes que percorrem a BR 226 estamos cansados de tantos assaltos! Exigimos providências imediatas.’ Infelizmente, é justamente isso que não vem ocorrendo. As autoridades locais de Grajaú lavam as mãos e aumentam o coro daqueles que vêem nessas manifestações indígenas puro exibicionismo para criar álibi. ‘Afinal, - dizem, - são os próprios índios que organizam os assaltos!’ ‘É isso que mais me machuca’, continua Luciano, - ‘essa falta de consideração e estupidez da opinião pública em geral que pensa que todos os 7.000 indígenas dessa região compactuam com uma gangue que, inclusive, vem de fora do Estado ou de outras localidades para praticar bandidagem na nossa área!
Luciano garante que a polícia conhece a identidade dos criminosos. Trata-se de organizar postos fiscais na entrada e na saída da terra indígena, e munidos de mandatos de busca e apreensão destocarem aqueles que utilizam as aldeias para praticar suas ilegalidades. No momento parece existir sensibilidade por parte do Promotor local e da própria Polícia Rodoviária que conhecem a seriedade do cacique e de muitos outros indígenas da região, e estão dispostos a ajudar. Para voltar página, definitivamente.

Indústria da água

Há outras razões que foram determinantes para os Guajajara chamar a atenção pública algumas semanas atrás para o que vem ocorrendo em suas aldeias. Na aldeia Coquinho, por exemplo, - a maior aldeia da região, - o único poço artesiano existente há mais de 6 anos está avariado. Repetidas vezes a Funasa foi avisada, mas como resposta os indígenas recebiam promessas de conserto que nunca foram cumpridas. A água que desde então é fornecida mediante carros-pipa não é de qualidade, mas acaba sendo um bom negócio para o fornecedor. De fato, o transporte da água vem consumindo uma verba altíssima, o que teria permitido construir, no mínimo, outros 10 poços artesianos. Os Guajajara cansaram de ser enganados e de serem usados como ‘fonte de lucro’ para grupos sem escrúpulos. Continuam mobilizados, também porque no Coquinho como em todas as aldeias indígenas do Estado, a educação escolar vem indignando pais e alunos...

quinta-feira, 29 de março de 2012

As pílulas amargas da Educação Escolar Indígena no Maranhão!


O caos está definitivamente instalado na educação escolar indígena do Estado do Maranhão. Não estranhem, não é a primeira vez que se diz isso! Visitando as aldeias de diferentes terras indígenas (Arariboia, Bacurizinho, Canabrava) nos municípios de Grajaú, Arame, Jenipapo dos Vieiras, tem-se a impressão de que nada mudou ao longo desses anos! Ao visitar uma escola indígena qualquer, já se sabe o que o espera na próxima....Escolas com telhados que mais se parecem coadores de argila. Salas com paredes rabiscadas e cheias de buracos, muito parecidas àquelas que estão sendo palco de tiroteio em alguma cidade do Oriente Médio. Os quadros ou inexistem ou são inadequados para receber o giz que, aliás, falta....Poucas carteiras e poucas que sejam seguras. Falta material escolar e didático, a luz fraca para quem estuda à noite. Ah, a merenda...começou a chegar somente anteontem(27-28). Chegou pela primeira vez, aos trancos e barrancos. Não há visitas de funcionários da Educação para dar qualquer tipo de explicação. Os gestores que moram em Açailândia, Imperatriz, Barra do Corda, quase nunca mostram as caras. Pedagog@s da Secretária, nem se ala! É isso, e pronto! Não é à toa que o MEC define o nosso Estado, no que tange à educação escolar indígena, o pior em absoluto da Federação!

O Ministério Público Federal, graças a Deus não fica parado.

Cansado de pedir explicações aos Secretários de turno sobre o permanente caos na área da educação indígena, - e não obtendo nenhum resultado-resposta, - está trilhando, justamente, o caminho judicial. Já mandou abrir inquéritos sobre isso e aquilo. Soube que, ultimamente, o MPF vem propondo ao atual secretário estadual Sr. Bringel um termo de Compromisso de Ajuste de Conduta – um dos muitos, - sobre vários pontos que são vitais para um funcionamento mínimo nesse campo. Algo bem detalhado, claro, objetivo. Nada que a SEDUC ( Secretaria Estadual da Educação) não tenha condições de cumprir. O Sr. Bringel ainda não disse nada. Não assinou. Aguarda-se que se decida!

Minoria indígena espertinha que tenta imitar 'os mestres' do cambalacho!
E como ninguém é bobo na história, mesmo que se faça passar como tal, muitos sabem que há um grupo de indígenas que sabem farejar onde há carniça! Conhecem os meandros e as teias podres da ‘estrutura estadual’ e tentam tirar proveito. Alguns pressionam os gestores regionais, outros tentam bamburrar com o ‘transporte escolar’, nem que seja levando alunos de uma escola a outra para mostrar que precisam de veículos e de grana para a sua manutenção, e assim por diante....Nada que eles não tenham visto e aprendido de ‘funcionários-mestres’ habilidosos em driblar responsabilidade ética, honestidade, respeito pela ‘coisa pública’. Pra’ frente Maranhão!

terça-feira, 27 de março de 2012

OBRIGADO, LEITOR! Alcançamos as 3.000 visitas por mês

Hoje é data histórica para este humilde blog. As estatísticas do Google nos informam que alcançamos as 3.000 visitas no mês passado (nesse exato momento, 3.035) Uma quantia bem superior às 2.200/mês em média. Alguns especialistas afirmam que a do Google seria uma contagem para baixo, e que, na realidade, as visitas poderiam ser muitos mais. Longe desse tipo de preocupação, no meu sadio egoismo, escrevo para mim mesmo. Se isso poderá ajudar e iluminar outros, tanto melhor! De qualquer forma, queria informar prezad@s leitores essa meta significativa em que vocês são a melhor parte! Um abraço caloroso em tod@s!

Venda de direitos sobre créditos de carbono em terras indígenas: dólares em troca de perda de liberdade e autonomia!

Foi amplamente noticiado meses atrás, a tentativa de 'venda de direitos sobre créditos de carbono' por parte dos índios Munduruku à empresa irlandesa Celestial Green Ventures. Para compreender a polêmica reproduzo trechos do depoimento do cacique Osmarino Manhoari Munduruku, que há dez anos vive em uma das 120 aldeias localizadas no município de Jacareacanga-PA. O líder esclarece que na reunião do dia 11 de agosto de 2011, na câmara de vereadores, com os representantes da empresa irlandesa, os caciques e a população Munduruku rejeitaram o contrato da “venda de direitos sobre créditos de carbono” proposto pela empresa. Todavia, logo após o encontro, 12 pessoas, entre elas alguns indígenas e vereadores, reuniram-se com representares da empresa Celestial Green Ventures em um hotel, e aí assinaram um contrato que concede direitos de uso absoluto das terras indígenas à empresa durante 30 anos. Até agora não se sabe se os 120 milhões de dólares propostos pela empresa foram depositados na conta da Associação Indígena Pusuru. Se o dinheiro for depositado, o Osmarino garante que querem devolvê-lo para a empresa e acabar com esse problema. Eles deram fé que estariam com as mãos amarradas e seria o fim de sua já precária autonomia.

Algumas clausulas do contrato

‘Este contrato concede à empresa o direito de realizar todas as análises e estudos técnicos, incluindo acesso sem restrições a toda a área aos seus agentes e representantes, com a finalidade de efetuarem a escolha de dados, com o objetivo de obter a máxima validação de crédito de carbono na floresta’.
’Este contrato tem como objetivo criar as condições para que a empresa Celestial Green Ventures, uti-lizando estudos ou metodologias a seu alcance, proceda para conseguir a validação in-ternacional de crédito de carbono por um período de 30 anos’.’
Se os créditos de carbo-no, por qualquer motivo, forem inatingíveis nesta propriedade, então, este contrato tor-nar-se-á nulo e sem efeito”.
O contrato diz ainda que “o proprietário concorda em não efetuar qualquer atividade ou alterações na propriedade que possam, de alguma forma, afetar negativamente a concepção de crédito de carbono.
O proprietário compromete-se a manter a propriedade conforme a metodologia estabelecida pela empresa. O proprietário compromete-se a cumprir todas as leis locais e estaduais e federais em relação à área do contrato. Sem a prévia autorização por escrito da empresa, o proprietário compromete-se a não efetuar quaisquer obras na área do contrato, ou outra atividade que venha a alterar a quantidade de carbono captada, ou que contribua, de alguma forma, para afetar negativamente a imagem da empresa e o projeto.

Osmarino conclui dizendo: 'Em minha opinião, esse projeto é ruim porque durante os próximos 30 anos nós não poderemos caçar, plantar, pescar, retirar frutas do mato, ou cortar madeiras quando preciso.'

Papa em Cuba: na visita à Virgem 'negra' da caridade Bento XVI condena racismo!

O primeiro compromisso de Bento XVI nesta terça-feira, 27, pode ser definido histórico, pois é a primeira vez que um Pontífice visita o Santuário Nacional da Virgem da Caridade do Cobre, que fica num povoado a cerca de 20 km de Santiago de Cuba. Este local de peregrinação mais venerado de Cuba está intimamente ligado aos acontecimentos sociais e políticos do país. Tudo teve início em 1606, quando três pescadores (dois índios, Juan e Rodrigo de Hoyos, e um escravo negro, Juan Moreno) encontram uma imagem de madeira flutuando nas águas da Baia de Nipe (nordeste do arquipélago), com a escrita "Sou a Virgem da Caridade". A imagem foi levada para uma mina de cobre e neste mesmo local foi construído o primeiro santuário, em 1684. Dezessete anos depois, foi lido no Santuário o "Manifesto pela liberdade dos escravos nas minas de El Cobre".

Desde então, alguns dos heróis da independência cubana da Espanha peregrinaram até o local para rezar diante da imagem e pedir a liberdade de Cuba. Ali mesmo, em 1898, foi celebrada a Missa de ação de graças pela libertação da Ilha, na presença de oficiais do exército. Como o próprio Papa disse em suas palavras de saudação, ele rezou de maneira especial pelos africanos levados como escravos a Cuba
. De fato, a sociedade cubana tem um forte componente de afrodescentes, a própria Virgem da Caridade, como Nossa Senhora Aparecida, é negra. A situação aqui é parecida com a de muitos outros países que foram destino da diáspora africana: devem lutar para ter seus direitos plenamente respeitados e sua contribuição em todos os âmbitos (social, político, científico), reconhecida. Além dos afrodescentes, o Pontífice rezou pela população do Haiti, pelos prisioneiros e pelos jovens.Após deixar o Santuário, o Papa foi até o Aeroporto de Santiago rumo à capital, Havana. O grande evento desta tarde é a visita de cortesia ao Presidente do Conselho de Estado, Raúl Castro, no Palácio da Revolução de Havana. Segundo o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, é muito provável que esteja presente também Fidel Castro. (Fonte: Rádio Vaticana)

domingo, 25 de março de 2012

Constituição varrida: deputados querem ser eles mesmos a aprovar demarcarcações e homologações de terras indígenas!

“Se com a Funai (Fundação Nacional do Índio) já está ruim, imagina com deputado que não entende nada de índio e está cheio de interesses. Somos contra por isso”, disse Apuiu Mama Kayapó, do Pará. “Deputado fazendeiro não vai votar pelo índio. Isso não está direito. Vamos fazer manifesto grande. O governo já não respeitou com Belo Monte e agora nada fez contra essa PEC. Vamos ter é que trazer os guerreiros”, concluiu. Esta foi a reação de algumas lideranças indígenas presentes à sessão em que por 38 votos a dois, foi aprovada na Comissão de Constituição Justiça e Cidadania (CCJ) nesta quarta-feira, 21, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000. A proposta segue agora para Comissão Especial. O objetivo da PEC 215 é permitir que seja o Congresso Nacional a definir e aprovar demarcações e homologações de terras indígenas, quilombolas e de áreas de conservação ambiental.
Algo espantoso, pois fere diretamente a Constituição Federal. Esta, de fato, define claramente que é atribuição do Poder Executivo. Durante a sessão da CCJ, o movimento indígena esteve presente e protestou com cânticos, rituais e gritos de guerra. A polícia legislativa entrou em ação e com truculência tentou de todas as formas calar os indígenas, impedindo-os de mostrar a indignação contra a PEC. Os deputados aliados da causa indígena e contrários a proposta tentaram de todas as formas, conforme o regimento, postergar a votação por entenderem que além dela ser inconstitucional, a proposta mereceria mais discussão e debate, pois mexeria com a vida dos povos tradicionais e causaria mais instabilidade social e jurídica. Apesar da derrota, o movimento indígena promete realizar mais mobilizações por todo o país, sobretudo nas aldeias. (Fonte: CIMI)

sábado, 24 de março de 2012

Morrer para que outros vivam! (Jo.12, 20-33)

Muitos de nós ouvimos falar ou testemunhamos circunstâncias em que pessoas conhecidas, amigos, militantes da justiça e da liberdade tiveram suas vidas ameaçadas, ‘mortes anunciadas’! E mesmo assim, atônitos, constatávamos que não arredavam. Deixavam de fugir e de se esconder. Mantinham, teimosamente, a mesma ousadia e persistência. Pareciam até desafiar, e provocar quase que ‘gratuitamente’ quantos já se sentiam ‘ameaçados’ por suas denúncias e coerências....Essas atitudes pareciam aos nossos olhos uma suprema e irresponsável manifestação de desprezo pela sua própria integridade física. Por sua própria vida física. O bem mais precioso que Deus nos deu. Muitas vezes nos sentimos questionados por causa disso. Mas nos livrávamos imediatamente de qualquer problema de consciência tachando-os de ‘insanos radicais’. Ou de pessoas que já vítimas de sua própria imagem estavam levando adiante uma ‘guerra somente pessoal’.


Há vários teólogos que afirmam Jesus, afinal, teve o típico comportamento de um ‘fanático religioso’. Ele achava que Deus o teria livrado, literalmente, da morte, na hora certa. Afirmam que o Mestre da Galiléia possuía elementos mais que suficientes para perceber que em Jerusalém teria sido preso, julgado e condenado à morte. E que, mesmo assim, por algum motivo, decidiu não fugir ou retroceder, mas quis olhar de cara sua própria morte. Talvez por perceber que a ‘sua guerra’ já estava perdida, e que não adiantava mais fugir. Já outros teólogos, mesmo aceitando parcialmente essa tese, sustentam que Jesus tenha chegado à convicção de que não havia mais outros sinais a oferecer a Israel a não ser sua própria morte. A morte encarada como imperativo ético seria o último e extremo sinal profético de Jesus de Nazaré. É como se Jesus tivesse chegado à conclusão de que todos aqueles gestos de acolhida, de compaixão, de fraternidade, de reconhecimento da dignidade dos pobres e dos pecadores que havia realizado fossem ineficazes e incompletos se não fossem selados pela sua própria morte. Esta teria tido o poder de ‘convencer-converter’ os relutantes israelitas. Morte, porém, que Jesus sabia ser operada pelas mãos daqueles que jamais tiveram compaixão. E que nunca souberam acolher e reconhecer a dignidade dos pobres e pequeninos de Israel.


O evangelho de hoje expõe de forma nítida o verdadeiro sentido que Jesus atribuiu à sua própria morte. E antecipa qual deverá ser também para aqueles que o querem ‘servir-seguir’. Não a morte voluntária e orgulhosamente aceita e exibida de um fanático religioso Galileu. Uma espécie de suicida fideista. Nem tampouco a morte de um fracassado e acuado pregador itinerante que não tinha mais nada a perder. Nem, enfim, a morte de um ‘cordeiro’ que se oferece em holocausto para a expiação dos pecados alheios. Jesus, ao contrário, sentiu ‘profunda angústia’ diante da perspectiva da morte violenta, pois amava a vida em todas as suas dimensões acima de tudo. Tinha consciência do que teria perdido: o seu organismo biológico! E, paradoxalmente, por causa desse amor à vida em plenitude, - sua e alheia, e não só a biológica, - Jesus leva às últimas conseqüências sua missão de profeta. Fugir naquele momento teria sido para Jesus uma desmoralização da sua pregação sobre o Reino da vida e da graça que havia anunciado e testemunhado com coerência e firmeza até então. Teria sido uma traição para com tantos homens e mulheres que haviam conhecido pela primeira vez, através dele, o que significava ser gente. Ser ‘filh@ de Deus. Ser perdoado. Ter esperança. SER CHAMADO PELO NOME!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Crianças demais nas ruas e nas rodoviárias do nosso Estado! Os abusos continuam, impunemente!

Cheguei a Pastos Bons, sul do Maranhão. Há algo que me incomoda toda vez que venho por estas bandas. De fato, não há uma vez que passe pelas rodoviárias de Peritoró, Presidente Dutra, Colinas, Paraibano...que não veja um número expressivo de crianças entre 8 -12 anos que ficam a vender bolinhos, castanhas, picolés, milho e outros. Diante da complacência de policiais, passageiros, e gente comum. O engraçado é que não falta PETI e conselhos tutelares em cada um desses municípios. Afinal, verba é verba, e não não pode ser desprazada! Isso é grave, mas não tão grave quanto ouvir, toda vez, histórias de abusos, de gravidez precoce, e de violência de todo tipo contra crianças, sem que haja uma intervenção enérgica dos poderes públicos, da própria sociedade e dos próprios conselhos eufemisticamente chamados de ‘tutelares’!

É inegável que esse País melhorou significativamente suas políticas públicas com relação às crianças e adolescentes, principalmente nessa última década. Infelizmente, nem tanto assim no nosso Estado. Continuamos estruturalmente um 'feudo' onde os senhores dispõem de vidas e terras. Será que, agora, se tornou cultural ignorar que lugar de criança não é vagabundear em rodoviárias mas frequentar a escola, - mesmo que falida, - ou curtir a própria família, mesmo que desetruturada, ou praticando esporte nas quadras nunca terminadas por alguma fantasmagórica Secretaria Municipal? Ou, pior, será que se acha algo cultural abusar de crianças, - e não só fisicamente, - mas também na sua dignidade de....criança com direitos? Será que há gente que pensa que, afinal, abusar delas não é um crime tão hediondo como parecem sugerir algumas entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente?

terça-feira, 20 de março de 2012

Desembargadores do TJ/MA reconhecem o direito das famílias de Piquiá de Baixo de serem re-assentadas longe da poluição das siderúrgicas!

Foi uma bela vitória a da Associação Comunitária dos Moradores de Piquiá de Baixo, Açailândia, hoje pela manhã no pleno do Tribunal de Justiça do Estado Maranhão. Foi julgado pela 4ª Câmara o agravo de instrumento tendo como agravantes Sr. Hélio Rodrigues Braz, o suposto dono de uma propriedade de 37 ha. que foi expropriada no final do ano passado pelo Município de Açailândia. O terreno escolhido por várias partes envolvidas no processo serviria para re-assentar as famílias de Piquiá de baixo, e afastá-las, parcialmente, da enorme poluição que está a produzir efeitos nocivos de toda ordem. Diante de uma comissão das famílias de Piquiá de Baixo, o relator do processo, Desembargador Paulo Velten Ferreira, deu parecer contrário ao agravo apresentado pelo Sr. Hélio e reconhecendo a necessidade e validade de se encontrar um terreno para re-assentar as famílias que há anos vêm sofrendo as conseqüências da atividade das siderúrgicas. Foi bastante surpreendente a sua decisão. De fato, num primeiro momento o desembargador Velten havia dado decisão favorável ao Sr. Hélio, por achar, entre outros, que a área expropriada fosse sua única posse, e que servisse efetivamente para sua legítima auto-sustentação. A Associação, entretanto, havia entrado, de imediato, com um pedido de reconsideração ‘alertando’ o desembargador Velten de que o que o Sr. Hélio alegava não era verdade. Comprovou documentalmente isso e muito mais.
Hoje, o parecer corajoso e bem embasado pronunciado pelo relator permitiu que os demais desembargadores confirmassem, majoritariamente, a sua posição. Na sua justificativa, Velten alertou as próprias siderúrgicas e os poderes públicos para que não se sintam, com essa decisão, ‘livres e desimpedidos’ quanto á sua permanente necessidade e dever de zelar e cuidar da saúde daquela população. Só o presidente da 4ª câmara votou contra alegando que o valor a ser pago pelo Município pela propriedade expropriada era ‘vil’. O presidente talvez nem saiba que o Sr. Hélio não conseguiu provar até o presente momento ser o efetivo proprietário daqueles 37 ha. Cabe recurso, evidentemente. Contudo, hoje foi dado um passo significativo para que o drama do povo de Piquiá de Baixo seja olhado com outros olhos. Agora, espera-se que as partes assumam definitivamente suas responsabilidades sociais e ambientais.

segunda-feira, 19 de março de 2012

SEMA e Suzano estão se dando mal no Baixo Parnaíba!

A 5ª turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) acatou o pedido da Procuradoria Regional da República da 1ª Região (PRR1) e decidiu suspender licenciamento ambiental concedido pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Maranhão à empresa Suzano Papel e Celulose S/A para produção de celulose em área de 42 hectares. A Decisão da 8ª Vara Federal da Seção Judiciária do Maranhão havia negado o pedido de liminar do MPF que pretendia a paralisação das obras em região abrangida pelos municípios de Santa Quitéria, Anapurus, Belágua, Mata Roma, Santana do Maranhão, São Benedito do Rio Preto, São Bernardo, Urbano Santos, Chapadinha, Coelho Neto, Caxias e Codó. Segundo a ação civil pública, a empresa Suzano havia recebido a licença para plantio de eucalipto destinado à produção de carvão, no entanto, pretendia exercer atividade de plantio para a produção de celulose. O MPF ainda alegou que as licenças obtidas foram concedidas pela Secretaria do Estado do Meio Ambiente (Sema), quando deveriam ter sido concedidas pelo Ibama, já que a área afetada compreende a bacia do Rio Parnaíba, que divide os estados do Maranhão e Piauí, sendo, portanto, de propriedade da União.De acordo com a PRR1, ainda há outras nulidades ocorridas durante o licenciamento.
O parecer da Sema que concluiu pela viabilidade do empreendimento teria deixado de apreciar os questionamentos de cidadãos quanto aos possíveis impactos sociais no local, além de não considerar as populações remanescentes de quilombos. Nenhum levantamento foi feito pelo Incra sobre a situação fundiária dessas comunidades”, destaca o parecer do Ministério Público Federal. A 5ª Turma do TRF1 concordou com o posicionamento do MPF e decidiu dar provimento ao recurso, concedendo o pedido de liminar que determina a paralisação da obra. A Suzano Papel e Celulose S/A ainda pode recorrer da decisão.

MPF pede suspensão do licenciamento e obras da usina de Teles Pires por falta de consulta aos indígenas. Eles não aprendem, mesmo!

O Ministério Público do Estado do Mato Grosso (MP/MT), o Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) e no MT (MPF/MT) ajuizaram na última sexta-feira, 16 de março, a quarta ação por irregularidades no licenciamento ambiental da usina hidrelétrica de Teles Pires, uma das seis barragens previstas para o rio de mesmo nome, que fica entre os dois Estados. Apesar de o projeto impactar de forma direta e agressiva as fontes de sobrevivência socioeconômica e cultural dos povos Kayabi, Munduruku e Apiaká, as comunidades não foram ouvidas. Além de violar o artigo 231 da Constituição e diversas convenções internacionais das quais o Brasil é signatário, como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, a não realização da consulta desobedece vasta jurisprudência do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, alerta o MP.A ação do MP ressalta dados que mostram a existência de danos iminentes e irreversíveis para a qualidade de vida e patrimônio cultural dos povos indígenas da região. Dentre eles está, por exemplo, a inundação das corredeiras de Sete Quedas, berçário natural de diversas espécies de peixes. Além da sobrevivência física, Sete Quedas é fundamental para a sobrevivência cultural dos povos indígenas. Para eles, é uma área sagrada, relevante para suas crenças, costumes, tradições, simbologia e espiritualidade. Como patrimônio cultural brasileiro, é um bem protegido pela Constituição, destacam os procuradores da República e promotores de Justiça, que citam, ainda, normas internacionais de proteção ao patrimônio cultural imaterial.Outras ameaças à vida indígena citadas pelo MP são os iminentes conflitos gerados pelo aumento do fluxo migratório na região, como a especulação fundiária, desmatamento ilegal, pesca predatória e exploração ilegal de recursos minerais. Como a demarcação de uma das Terras Indígenas, a Kayabi, está pendente há quase 20 anos, essas ameaças são ainda maiores, diz o MP. (Fonte: Ministério Público Federal no Pará)

Boto fé só nessa cruz!

Proponho uma postagem digna de leitura e reflexão do amigo e confrade pe. Marco Passerini. Sem comentários...

“Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do homem seja levantado” (Jo 3,14) Naquele tempo, bastava levantar os olhos para a serpente de bronze e, de imediato, as mordidas das serpentes venenosas deixavam de matar o povo na longa travessia do deserto. Um pouco mais complicado, nesses tempos pós-modernos, conseguir escapar das mordidas das inúmeras serpentes entocadas nos sinuosos labirintos desta nossa história mal contada e construída. Cobras criadas e recriadas à sombra dos falidos paradigmas de uma humanidade cada vez mais refém de sua própria lógica de vida. Desconstruir é preciso! Quem sabe, reconhecendo, antes de tudo, que somos herdeiros de um cristianismo que atravessou a história sonhando milagres divinos e que, com as devida exceções, por não saber distinguir o “joio do trigo” prefere olhar o mundo à distancia e demonizá-lo com seus anatemas. Desconstruir o “estelionato teológico” apregoado em certos palanques midiáticos, católicos e evangélicos, onde os exorcismos, os milagres e as curas são “profetizados” à toque de caixa para afastar os cristãos do enfrentamento das ambiguidades da história humana.

O próprio Filho do homem, no exórdio de sua prática evangelizadora, profetizou sobre o mar, sobre os peixes, sobre os cegos, os leprosos e até sobre os possuídos por maus espíritos! E muitos acorriam a ele para serem salvos, até o dia que Ele decidiu nunca mais operar milagres. O novo, único e verdadeiro milagre será Ele. O Crucificado que não fará milagre algum para salvar a si próprio mas permanecerá de braços abertos para o mundo e vivo para sempre. “E, quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,13). Levantado, como Ele, estava o bandido ao qual garante, também, a ressurreição. Bem próximo, um soldado romano que grita para todos ouvirem: “Verdadeiramente este é o Filho de Deus”.É a revelação do amor universal de um Deus que ressuscitando na Cruz derruba as muralhas do fundamentalismo e da inimizade que destroem a humanidade por dentro. Mas, bem lembra o meu amigo Pe. Claudio: “É esse mundo, afinal, - obra de Suas entranhas amorosas, - que deve ser amado. Acolhido e protegido, e não ameaçado e condenado. Um mundo a ser preservado e defendido de todos aqueles que através da mentira e de todo tipo de subterfúgio ‘praticam ações más’ contra a integridade do mundo. .....'

sábado, 17 de março de 2012

Funcionário da FUNAI vende madeira, abusa de indígenas e sequestra benefícios sociais há mais de 5 anos. Continua recebendo salário e aprontando!

Os índios Ka’apor e os Awá-Guajá estão aguardando até hoje o resultado de uma denúncia feita há mais de 6 meses contra um funcionário da FUNAI que atua na T.I. Alto Turiaçu. Esse senhor, conhecido como Francisco, residente na cidade de Araguanã, a 340 km de São Luis, na BR 316, acumulou uma ficha tão suja que faz inveja a muitos bandidos. Funcionário federal, pago com dinheiro público para dar proteção aos índios e fazer respeitar seus direitos, há mais de 5 anos vem prejudicando esses povos e o seu patrimônio. O funcionário está sendo acusado de desviar sistematicamente vários benefícios sociais de indígenas (aposentadorias, auxílio aternidade, bolsas...). Como se isso não bastasse ele leva cachaça à aldeia, embebeda várias mulheres Awá e Ka’apor para ter, posteriormente, relações sexuais com elas. Esperto, ele organiza tudo isso toda vez que as lideranças estão da aldeia. Outra grave acusa é a de intermediar venda de madeira para madeireiros da região de Zé Doca, Buriticupu, etc. Toda vez que é descoberto em suas façanhas, - e isso ocorre requentemente, - ele some por um período, para voltar mais tarde quando já conseguiu ‘amansar’ com vários estratagemas os indígenas mais revoltados.

Todas essas denúncias são de conhecimento do Ministério Público Federal e da própria FUNAI em Imperatriz. Esta pediu, na ocasião, que a Corregedoria apurasse o comportamento indecoroso e as atividades ilegais do funcionário, mas até o presente momento não se sabe em que pé está a situação. Até hoje não foi dada alguma satisfação aos indígenas. Espera-se que o Coordenador da FUNAI em Imperatriz, Júlio Pinho, que assumiu recentemente, moralize o ambiente. Faça uma bela faxina dentro de casa, e se comprometa em pôr fim ao vergonhoso comércio de madeira em terras indígenas. Mesmo que para isso tenha que se confrontar com algumas minorias indígenas envolvidas diretamente nessas atividades ilegais.

Para que ninguém morra! (Jo.3,14-21)

Quantas distorções catequéticas e teológicas incorporamos e ensinamos ao longo da história da igreja! Quantas vezes nos foi dito que Deus ‘entregou o seu filho à morte’ para podermos alcançar a anistia-perdão de um fantasmagórico ‘deus todo-poderoso’ eternamente sedento de sangue expiatório? Um ‘deus’ que, supostamente, não teria poupado nem o seu próprio filho! Quantos apelos ao sacrifício irrenunciável como único meio de redenção! Afinal, o próprio Jesus também havia se sacrificado! Logo, todos nós devíamos imitá-lo em seu calvário! E quantas vezes nos sentimos culpados por não termos experimentado, intimamente, coragem e conformação na hora de enfrentar a nossa dor, o nosso sofrimento, a nossa angústia interior como Jesus o fez? Convictos que temos sido de que a cruz é um meio indispensável para a nossa salvação! Há uma oração no missal do rito romano, e que é rezada na quinta feira santa. Um claro resquício dessa teologia da morte redentora. Uma verdadeira heresia: ‘Ó Deus, vós que quiseste que o vosso Filho sofresse e padecesse na cruz.....’. Não existe nada mais contraditório e blasfemo do que escrever e rezar tal oração em que se atribui ao Deus de Jesus Cristo o desejo-vontade de querer a morte do ‘filho amado’ como condição para perdoar a humanidade pecadora! O evangelho de hoje, graças a Deus, é uma clara negação dessas imagens distorcidas do Deus de Jesus de Nazaré e ainda presentes no nosso cotidiano. Senão, vejamos.

João se demonstra um verdadeiro analista da realidade da sua época. O evangelista coloca em contínua relação o sentido da prática de Jesus de Nazaré com a realidade social e política a ele contemporânea. Percebe que a memória do modo de agir de Jesus, compassivo e terno, continua sendo, a distância de anos, uma verdadeira fonte de esperança para alguns e um desvendamento de práticas mortíferas para outros. João vai delineando na sua leitura sociológica e teológica, simultaneamente, a existência de crucificados e de crucificadores. De amantes e praticantes da verdade e de produtores de mentiras e de trevas. Mais do que isso: pessoas que pregam um Deus que quer a condenação e a morte-destruição do mundo, e outros, como Jesus, que anunciam que Deus ‘amou de tal forma o mundo que enviou o seu próprio filho ao mundo para que ninguém morra’ (v.16). Para que ninguém se perca! Qual teria sido, afinal, a inovação trazida por Jesus se ele tivesse se encarnado só para repetir o que já outros diziam? Para pregar e divulgar, - como os sacerdotes do templo e os escribas vinham fazendo, - de que Deus pune, castiga, condena? Era nisso que todo o mundo acreditava!

João, ao contrário, vê nos gestos e nas escolhas de Jesus e, principalmente, na sua vitória sobre a morte, o grande diferencial. É no gesto, - propositalmente ambivalente, - de ‘ser levantado’ (v.14), na cruz e levantado dentre os mortos, simultaneamente, - que ele vê, simbolicamente, o momento da grande ruptura. Ruptura com os dogmas e as práticas más, mentirosas, de uma sociedade-religião alicerçada na ameaça, no medo, na condenação. E, positivamente, identifica naquele gesto-sinal a expressão máxima do amor-entrega de Deus para com o mundo. É esse mundo, afinal, - obra de Suas entranhas amorosas, - que deve ser amado. Acolhido e protegido, e não ameaçado e condenado. Um mundo a ser preservado e defendido de todos aqueles que através da mentira e de todo tipo de subterfúgio ‘praticam ações más’ contra a integridade do mundo. Fortalecendo e reproduzindo, assim, o reino da mentira e das trevas (v.20) Nesse sentido, Jesus revela uma nova e inédita identidade de Deus: ele é luz e esperança para os que praticam a verdade e a coerência de vida. Mas é desmascaramento e desmoralização para ‘os filhos das trevas’. Estes não precisam de condenação divina. Eles próprios, com suas ações, se colocam à margem da luz da felicidade e da vida plena. (v.18)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Terra Indígena Governador, em Amarante: Juiz federal denega Mandado de Segurança contra FUNAI. Os estudos técnicos são legais!

O Juiz federal da 20ª Vara, Alexandre Vidigal de Oliveira emitiu no dia 29 de fevereiro passado uma decisão que vem a esclarecer um pouco a confusão que foi criada em torno da ‘possível ampliação da Terra Indígena Governador, no município de Amarante, Maranhão. O que era um mero levantamento técnico por parte de equipes da FUNAI, foi transformado pelos ‘boatos locais’ numa demarcação técnica em que, supostamente, 75% do território ia ser literalmente comido pelos índios, ou pela FUNAI, como se queira. Tem havido mobilizações e ameaças a técnicos e missionários que defendem os índios Gavião que habitam tradicionalmente aquelas terras. O município entrou com pedido de Mandado de Segurança contra o presidente da FUNAI com pedido de liminar, objetivando a nulidade dos atos que pretendem ampliar a Reserva Indígena Governador. Pede também que a FUNAI se abstenha de praticar qualquer ato tendente a ampliar ou rever os limites da referida reserva.

O juiz em sua decisão esclarece
:

1.
‘... As Portarias Funai nºs 677/08 e 1.437/2010, objeto de impugnação nos presentes autos, não promoveram qualquer ampliação da área pertinente à reserva indígena acima referida, mas tão somente determinaram a constituição de grupos técnicos para a realização de estudos de natureza etno-histórica, antropológica e ambiental.'

2.... E sobre a possibilidade de realização de estudos técnicos visando à revisão de ilegalidades na demarcação de áreas indígenas, destaco que não pode ser vedado à Administração a iniciativa de realizar estudos visando à correção de ilegalidades por ela mesma realizadas...'

3. '...Ao constituir um grupo técnico de estudos visando à constatação da área correta pertencente à Terra Indígena Governador, a Funai nada mais fez que se utilizar do seu poder-dever de revisão de atos administrativos, não sendo demais lembrar que até o presente momento foram realizados apenas estudos prévios quanto à correta delimitação da referida área atingida, os quais não provocaram quaisquer prejuízos ao Impetrante’.

4.Por fim, destaco que não prospera o argumento de que a ampliação da reserva só se mostra possível mediante a desapropriação com pagamento prévio, uma vez que, conforme já afirmado anteriormente, a ampliação da reserva encontra-se apenas em fase de estudo, o que afasta qualquer possibilidade de desapropriação e pagamento nesta fase. Pelo exposto, revogo a liminar de fls. 63/65 e DENEGO A SEGURANÇA’.

AMÉM (acréscimo do blogueiro)

quinta-feira, 15 de março de 2012

VALE consegue adiar a bomba que vai vir: cobranças de 30,5 bilhões em Imposto de Renda!

A Vale obteve ontem decisão favorável em medida cautelar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que susta os efeitos das decisões contrárias que a empresa havia tido em primeira e segunda instância, envolvendo a cobrança de R$ 30,5 bilhões em Imposto de Renda e CSLL sobre lucro de controladas no exterior. A decisão também suspende as cobranças efetuadas até então, inclusive a necessidade de apresentação das garantias para discussão dos débitos na Justiça. O STJ não julgou o mérito. Na própria Vale haveria o reconhecimento de que o caso do STJ, ainda que favorável, trata de uma parcela pequena do valor em disputa. Há então a questão dos méritos terem sido ou não discutidos até o momento. A mineradora acha que só deveria pagar imposto quando a controlada remetesse lucro ao Brasil. Já o Fisco argumenta que as empresas querem isso para deixar os lucros indefinidamente no exterior, pagando menos impostos. Em suma, um debate sobre regime de "caixa versus competência".
Assim como diversas grandes empresas, a Vale montou uma estrutura pela qual vende produtos do Brasil para suas controladas no exterior - que ficam em locais como Áustria, Suíça e Dinamarca - ao preço do mercado brasileiro. A partir de então, ele é revendido pela cotação internacional. Por esse sistema, uma parcela relevante do lucro é gerada no exterior e usada para financiar as operações do grupo no Canadá, Moçambique, Indonésia etc. Na Áustria, a Vale paga imposto de 17%, ante uma alíquota de 34% no Brasil, considerando IR e CSLL (Fonte: O Valor)

Só alguns pitacos para desabafar!

Japão e a 'tenda bíblica' do aeroporto Cunha Machado
No Japão, a região afetada pelo maremoto e conseqüente desastre de contaminação radioativa, após um ano de luta contra o tempo e o desespero parece ter conseguido dar a volta por cima. Em muitas cidades a recuperação e a reconstrução foram da ordem de 80-90 %. Em São Luis, após um ano do desabamento da estrutura espacial do aeroporto Marechal Cunha Machado, a recuperação está demorando escandalosamente. Nada indica, - pela lista das licitações fornecida pela INFRAERO, - que os passageiros saiam da ‘tenda’ em curtos prazos..... Aliás, a tenda começa a assumir ‘reminiscências bíblicas’. Daqui a pouco vai ser o símbolo da cidade ou pelo menos dos 400 anos, contribuindo para criar em cada coração um profundo e autêntico ‘sentido do provisório’.....!

Tenda bíblica custa R$ 200.000 por mês!
Alguns amigos, bem mais informados do que eu, - e também bem mais realistas e pragmáticos, - me garantiram que não tem nada bíblico em deixar em caráter permanente a ‘tenda’ no Marechal Cunha Machado, ao contrário. O aluguel da proteção tão sugestiva custaria aos cofres R$ 200.000 por mês. Não precisa muita massa cinzenta para compreender quem sai ganhando com a ‘tenda de Jesus, Moisés e Elias....” É só conferir quem fornece a ‘tenda’!

O espírito de corpo, ops....de coesão dos desembargadores do TJ/MA!
Os nossos desembargadores são uma gracinha! Nunca imaginava que ‘o espírito de corpo’ chegasse a níveis tão profundos, ou melhor, tão altos.....Na hora de ter que dar uma sentença ou um parecer sobre mandado de segurança, agravo de instrumento, ‘etcetera e tal’, e que poderia criar constrangimento ao nobre colega, dispara o mecanismo do afastamento por ‘férias forenses’. Nomeia-se outro colega substituto que não julga porque ele também alega falta de delicadeza com o nobre colega que está de férias e ao qual compete dar a palavra final... E assim por diante! Não é à toa que o TJ do Maranhão é famoso...........muito famoso, mundo afora!

terça-feira, 13 de março de 2012

Quando há padres que recusam a comunhão e a misericórdia a homossexuais....

Quando Barbara Johnson, nas exéquias da mãe, se aproximou do sacerdote para receber a Eucaristia, viu o religioso cobrir o cibório contendo as hóstias e teria ouvido estas palavras: "Não posso lhe dar a comunhão, porque você vive com uma mulher, e isso, segundo o que a Igreja ensina, é pecado". Antes da cerimônia, Johnson havia apresentado a sua parceira ao celebrante. A poucos dias da aprovação da normativa que legaliza o casamento homossexual no Estado de Maryland (procedimento que entrará em vigor em 2013), o episódio causou clamor nos jornais e na Internet. A mulher, uma artista de 51 anos, recebeu um pedido de desculpas da arquidiocese, desculpas em que se fazia referência à falta de "gentileza" e de "sensibilidade pastoral" do padre. Barbara Johnson pediu o "licenciamento" do sacerdote, Pe. Guarnizo, natural do norte da Virgínia, declarando: "Só assim, no futuro, ele não terá a possibilidade de infligir uma dor tão grande a outras famílias". E, no último dia 9 de março, foi publicada uma carta da arquidiocese com a qual o padre era suspenso.

Bem diferente foi a atitude da igreja de Bolonha, Itália, por ocasião do enterro de Lúcio Dalla, famosíssimo compositor e cantor da música popular italiana falecido recentemente. Dalla, homossexual, católico praticante, amigo do papa João Paulo II, de uma humanidade inigualável, amigo de vários padres, sempre contou com o respeito e a estima deles e de toda a população de Bolonha. Nunca lhe foi recusada a comunhão. Na missa de corpo presente, na catedral da cidade, o companheiro do cantor teve espaço e apoio para manifestar publicamente a sua admiração e amor. Se há amor verdadeiro, este só pode vir de Deus. Afinal, quem somos nós humanos arrogantes em nos colocar no lugar de Deus para dizer ‘quem é digno e quem é indigno’....se até para Deus não existe o 'indigno'? Se agíssemos em conformidade com aquilo que Ele nos revela, no íntimo da nossa consciência, só deveríamos viver e praticar misericórdia e amor sem limites! E isso independentemente das opções sexuais, ideológicas, partidárias, religiosas que cada pessoa possa fazer....

CNJ aposenta o juiz maranhense José de Arimatéia Correia Silva

O Conselho Nacional de Justiça decidiu aposentar compulsoriamente o juiz José de Arimatéia Correia Silva, da 5ª Vara Cível de São Luis (MA). Na decisão unânime, os conselheiros consideraram que o juiz agiu com negligência e parcialidade em ações que envolviam altas quantias. O Plenário acompanhou o voto do relator do Processo Administrativo Disciplinar, conselheiro José Guilherme Vasi Werner, que considerou procedente seis das sete acusações contra o juiz maranhense. Segundo o relator, Arimatéria agiu com parcialidade em diversas ações, causando graves prejuízos a uma das partes em favorecimento da outra, o que contraria o artigo 35 da Lei Orgânica da Magistratura, assim como as normas éticas da profissão (Resolução 60 do CNJ). Seis processos julgados por Arimatéia serviram como base para o Conselho tomar a decisão. Em 2008, por exemplo, o juiz concedeu, sem investigar se o pedido era cabível, direito a assistência judiciária gratuita a uma empresa do ramo da construção, num processo que pedia atualização de contrato firmado com empresa pública do Maranhão. No mesmo processo, liberou para a construtora, sem exigência de caução, R$ 3,3 milhões. Num processo de 2003, Arimatéia liberou a um juiz, que entrou com ação de indenização por danos morais contra o banco Bradesco, R$ 286,5 mil, antes que o banco fosse intimado sobre a penhora realizada, estipulando ainda multa diária de R$ 50 mil caso a decisão não fosse cumprida. Afastado de suas funções desde fevereiro de 2010, Arimatéia recebeu a punição máxima aplicada em âmbito administrativo. (Com informações da Agência CNJ de Notícia)

domingo, 11 de março de 2012

Em Grajaú é executado com 4 tiros mais um indígena Guajajara. Quem vai parar esse extermínio?

Grajaú. Sexta feira, 9 de março. São 18,30 h. no bairro Canoeiro Uma moto com dois desconhecidos se aproxima de uma casa. Um homem estava sentado do lado de fora bem ao lado da entrada, curtindo o friozinho da noite que estava a chegar. Acabava de segurar no seu colo um de seus 4 filhos e entregá-lo à esposa que o havia levado para dentro da casa. A moto, agora, chega bem perto dele, a cerca de 3-4 metros. Com movimentos rápidos o homem que estava na garupa da moto extrai um revólver e dispara quatro tiros certeiros naquele pai de família. Com a mesma velocidade e habilidade os dois pistoleiros fogem. Imediatamente os familiares e os vizinhos acorrem, chamam uma ambulância e levam o ferido a Imperatriz. Ele consegue resistir até o dia seguinte, para vir a falecer na manhã de sábado.

Francisco da Conceição Sousa Guajajara, 37 anos, agente indígena de saúde que atuava na Terra Indígena Bacurizinho, é mais uma vítima de uma longa série de homicídios que vêm ocorrendo naquela cidade.
Desconhecem-se até o momento os motivos do homicídio. Todos são unânimes em relatar que Francisco era um trabalhador, calmo, respeitado, que nunca se meteu em confusões. Tinha uma vida pacata e era muito conhecido e estimado pelos vizinhos e pela sociedade de Grajaú. A prova é que na missa de corpo presente a igreja do bairro estava abarrotada de pessoas de todas as camadas sociais da cidade. Muitos especulam que ele tenha sido confundido com outra pessoa. Outro fato que chama a atenção é que naquele bairro nesses últimos 6-7 meses já ocorreram mais de 5 assassinatos e todos tendo como alvos pessoas com certo poder aquisitivo. Este crime vem se somar a outra morte ainda não plenamente esclarecida, a de uma adolescente indígena de 13 anos, grávida de dois meses. Não se tem informações ainda se a Polícia Federal está se mobilizando para investigar e identificar os responsáveis por essas execuções. (Fonte: Pastoral Indigenista de Grajaú)

sábado, 10 de março de 2012

Como o banco Goldman Sach ajudou a quebrar a Grécia ...impunemente!

Há empresas que roubam para o império para o qual trabalham. A Goldman Sachs é uma delas. O banco de negócios norte-americano encheu seus cofres com um botim de 600 milhões de euros (800 milhões de dólares) quando ajudou a Grécia a maquiar suas contas a fim de que este país preenchesse os requisitos para ingressar na zona do euro, a moeda única europeia. Dois dos protagonistas desta mega fraude falaram pela primeira vez sobre as transações encobertas mediante as quais Atenas escondeu o tamanho de sua dívida. Trata-se de Christoforos Sardelis, chefe do escritório de gestão da dívida grega entre 1999 e 2004, e de Spyros Papanicolaou, o homem que o substituiu-o até 2012. O resultado da operação foi uma gigantesca fraude que fez do suposto salvador, no caso o Goldman Sachs, o operador da derrocada da Grécia e de boa parte da Europa. Em junho de 2000, para ocultar o peso gigantesco da dívida grega que era de 103% de seu PIB e obter assim a qualificação da Grécia para entrar no euro, Goldman Sachs bolou um plano : transportou a dívida grega de uma moeda a outra. Segundo explicou aos jornalistras o chefe do escritório de gestão da dívida grega entre 1999 e 2004, Christoforos Sardelis, neste momento a arquitetura da proposta do Goldman Sachs escapou de suas mãos. Em matéria de grandes fraudes organizados por bancos de investimento a impunidade é a regra. Ninguém foi nem será condenado. O Goldman Sachs obteve apetitosos lucros nesta operação truculenta. No entanto, o banco de negócios norte-americano afirma em sua defesa que não fez nada de ilegal, que tudo o que foi realizado respeitava ao pé da letra as diretrizes do Eurostat, o organismo europeu de estatísticas. O Eurostat, por sua vez, alega que só tomou conhecimento em 2010 dos níveis de endividamento grego. A defesa parece pobre porque as primeiras denúncias sobre a maquiagem das contas gregas e o papel desempenhado pelo Goldman Sachs datam de 2003. No meio a esta grande mentira, há um personagem que hoje é central: trata-se de Mario Draghi, o atual presidente do Banco Central Europeu. Draghi é um homem do Goldman Sachs. Entre 2002 e 2005 foi vice-presidente do Goldman Sachs para a Europa e, por conseguinte, estava a par da falsificação de dados sobre as finanças públicas da Grécia. Foi o seu próprio banco que estruturou a falsificação. (Fonte: IHU)

Para que nenhum corpo-templo seja profanado! (Jo 2,13-25)


Quem de nós nunca fez a experiência de se revoltar ao ver alguém sendo espancado ou torturado? Quem nunca sentiu as entranhas se revirarem ao ver um doente desfigurado por alguma doença e ser ignorado ou, pior, ser maltratado? Mesmo assim, muitas vezes, parece produzir mais irritação e revolta interior o fato de ver um templo, uma igreja ou um sacrário serem profanados do que assistir a um ‘corpo’ ser abusado e violado. Muitas vezes a nossa educação religiosa nos leva a considerar sagrado um espaço físico-material reservado para determinadas celebrações e ritos. Onde os profissionais encarregados das liturgias e dos cultos atuam. Achamos que somente aí, no sagrado, - e não no profano, - Deus estaria se manifestando e revelando. Dessa forma, a profanação de uma igreja suscita mais revolta do que um ser humano ser violado e seviciado.

O evangelho hodierno relata um dos gestos mais polêmicos, ousados e proféticos realizados por Jesus. Um gesto evidentemente simbólico. Que aponta para algo diferente daquilo que as aparências poderiam induzir. Jesus, de fato, tinha plena consciência que aquele gesto aparentemente ‘militar’ não teria força suficiente para livrar o templo de um exército de sacerdotes, comerciantes e trocadores fraudadores e meliantes. Queria, isso sim, deixar um sinal visível e compreensível para todos. Indicar onde Deus realmente reside, e se deixa encontrar e adorar. Deus não se encontra num espaço supostamente sagrado ou definido tal por aqueles que o usam para enriquecer e para dominar. Deus não se encontra numa construção que mesmo possante pode ser destruída e arrasada. Deus não se encontra num conjunto de ritos religiosos formais criados por humanos. Em abluções purificadoras ou em pagamentos de promessas. Na queimação de incensos ou em sacrifícios expiatórios. Deus não se encontra ‘nem sobre o monte Garizim, nem em Jerusalém, nem em qualquer outro lugar...!’ Deus só pode ser adorado ‘em espírito e verdade’. Deus só pode ser encontrado nas atitudes/opções mais sinceras, profundas, coerentes, íntimas do ser de cada pessoa em favor da ‘vida plena’. O ‘corpo’ dos filhos e filhas, gerados pelo Pai é, de fato, o Seu templo. A Sua verdadeira residência. A Sua ‘tenda’ em que Ele habita permanentemente. Profanar, descuidar, humilhar, usar e abusar do corpo-ser dos filhos e filhas de Deus significa agredir e tentar destruir a própria habitação de Deus. São todas as ameaças à integridade física e moral dos filhos e filhas de Deus que deveriam nos fazer consumir por dentro. Somente ao ver doentes desassistidos e abandonados, seres humanos trucidados e espancados no corpo e na alma que deveríamos arder de indignação! Somente o verdadeiro zelo por ‘esses templos’ profanados pela brutalidade e a truculência humana deveria nos indignar profundamente.
E, ao sentirmos isso, deveríamos derrubar as mesas e os tribunais dos fraudadores da justiça, retirar os cofres de quantos desviam e saqueiam dinheiro público. Empunhar com coragem o chicote da denúncia, da profecia coerente, do testemunho sincero. E expulsar de dentro de nós e do nosso meio tantos profanadores e violadores de vidas. De corpos. De esperanças. Para que o divino que está neles/nós não seja destruído. Para que Deus não morra!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Desigualdades econômicas e sociais diminuem no Brasil, mas País continua muito desigual!

A desigualdade econômica e social do Brasil segue em queda livre e a tendência, de acordo com a pesquisa “De Volta ao País do Futuro” divulgada hoje pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é que ela siga caindo nos próximos anos. O País segue uma tendência inversa a de China, Índia e países europeus, que passaram por uma grave crise desde o ano passado. “O Brasil vem diminuindo a desigualdade nos últimos 11 anos de forma notável”, afirmou o economista Marcelo Néri, coordenador da pesquisa e que considera o investimento em educação um dos fatores mais importantes para esse resultado. A queda da desigualdade no Brasil cresce num ritmo três vezes superior à meta do milênio da Organização das nações Unidas (ONU), que é de reduzir a pobreza em 25 anos, conforme a pesquisa. Além disso, a renda média per capita do brasileiro cresceu 2,7% desde 2002, diz a publicação. “Estavam apostando que a queda de desigualdade daria uma parada, mas a verdade é que segue descendo”. O fator que demonstra essa queda é o crescimento da classe C, que deve englobar cerca de 60% da população em 2014, chegando a 118 milhões de pessoas, enquanto em 2003, a classe C representava apenas 65,8 milhões de pessoas.

De 2003 a 2011, 40 milhões de pessoas em todo o Brasil saíram da classe D e E e chegaram a classe C. Mesmo com todas essas boas notícias, o Brasil ainda é um dos países com maiores índices de desigualdade do mundo. Segundo a pesquisa, a alta desigualdade ainda permite que o número continue caindo por alguns anos. A tendência da desigualdade no mundo, de acordo com Marcelo Néri, é explodir, como na China, na Índia e na África do Sul. “O Brasil está provando que está bem, mesmo em meio a chuvas e trovoadas, e que o brasileiro já aprendeu a se virar em época de crise”, disse Marcelo Néri, fazendo referência à crise europeia de 2011, que, segundo a pesquisa, não atingiu o Brasil. (Fonte:Marcus Vinicius Pinto)

quinta-feira, 8 de março de 2012

O presidente da FUNAI sumiu. Procura-se outro!

A Fundação Nacional do Índio (Funai) está funcionando a meio vapor, apenas cumprindo rotinas burocráticas, há quase três meses. A razão disso é a dificuldade que o governo enfrenta para definir o nome do substituto do atual presidente, o antropólogo Márcio Meira. Ele comunicou ao governo, em dezembro, seu desejo de se afastar do cargo e, desde então, reduziu suas atividades internas, encontros e aparições públicas. De acordo com servidores da Funai, o presidente demissionário aparece para assinar documentos, acompanhar programas em andamento e despachar com seu superior imediato, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O nome dele praticamente desapareceu do site de notícias da Funai e também de outros órgãos do governo. O encarregado de encontrar o substituto é o ministro Cardozo. De acordo com informações de sua assessoria, a recomendação que ele recebeu do Planalto é para que a escolha recaia sobre um nome com perfil técnico, não necessariamente com vínculos políticos partidários.
Algumas entidades de representação indígena já manifestaram ao governo o desejo de que o escolhido fosse um índio. A tarefa é espinhosa. Ao contrário da maior parte dos cargos do governo, a presidência da Funai não é alvo de grandes disputas partidárias. Meira resolveu se afastar em meio a uma das muitas crises que a Funai costuma enfrentar. Era atacado tanto por indígenas, que o acusam de não tê-los consultados adequadamente em questões estratégicas, como a construção de hidrelétricas na Amazônia, como pelos deputados da bancada ruralista, que não lhe poupam xingamentos nos debates sobre a demarcação de novas terras indígenas. Surgiram sinais de desconfiança até no interior do governo. Um dos principais críticos de Meira, o antropólogo Mércio Gomes, que dirigiu a Funai no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o acusa de ter deixado a instituição sob o controle de organizações não governamentais do Brasil e do exterior. A rotatividade no cargo é altíssima. Em 44 anos de existência, a Funai já teve 32 presidentes. (Fonte: O Estado de S. Paulo)

Mulheres, simplesmente, mulheres!


Haverá quem diga, até com certa razão, que só nesse dia nos lembramos do valor e da importância das mulheres...

Haverá quem diga que em virtude das homenagens perdemos o senso crítico e idealizamos o ser mulher, só por ela ser...mulher....

Haverá quem diga que nesse dia todos caímos na vala comum da trivialidade, e repetimos sempre as mesmas obviedades sobre elas....

Haverá quem diga que a mulher hoje conquistou mais poder e influência que o homem, que deixou de ser a ‘coitadinha’ de outrora sem direitos e chances, e que não precisa defender quem já está atacando....Haverá quem diga .............

Hoje, eu digo: há milhões de mulheres nesse planeta que são violadas por brutamontes trogloditas estúpidos, péssimos imitadores dos ‘gentleman ‘ chimpanzés.

Há milhões de mulheres nesse planeta que são tratadas como escravas, que ao desempenhar o mesmo serviço ganham menos do que os homens.

Há milhões de mulheres nesse planeta que são espancadas e largadas por supostos companheiros-esposos e obrigadas a se tornarem precocemente pai e mãe ao mesmo tempo.

Há milhões de mulheres nesse planeta que são contaminadas pelo HIV por seus supostos companheiros-esposos porque eles andam brincando por aí.....

Há milhões de mulheres cheias de fé e de compromisso com os humanos que não passam de coroinhas de padres só porque os cargos eclesiásticos, - eufemisticamente chamados de ‘serviços e ministérios’ - são reservados a eles, eufemisticamente chamados de ‘homens’....

A vocês mulheres que ainda sabem nos aturar e compreender com paciência milenar, o meu abraço!

terça-feira, 6 de março de 2012

Dom Claudio Hummes:' Populações indígenas devem ser sujeitos dessa história'!

A pastoral com a população indígena, o desafio das seitas e a promoção do apostolado laical são apenas alguns dos desafios enfrentados pela Igreja no Brasil na região da Amazônia. Mas o desafio mais importante é a pastoral num território imenso, às vezes impenetrável, de milhares de pequenas aldeias. Uma das maiores dificuldades é a pastoral com a população indígena. Entrevistado pelo Programa Brasileiro, Dom Cláudio relevou a importância da preservação da identidade cultural, da defesa das terras reservadas às populações indígenas e do respeito aos seus direitos humanos. Para ele, o fundamental é evangelizar, sim, mas com sustentabilidade e, sobretudo, respeito pelos povos nativos. "Na Assembleia Geral da CNBB, que será depois da Páscoa, já convocamos os Bispos da Amazônia, teremos uma grande reunião com a Comissão, para primeiramente ouvi-los. Começaremos a abordar assuntos específicos porque a Amazônia, como todos sabem, é uma região muito particular, tem particularidades que não deveriam ser destruídas. O risco é que se trate a Amazônia como qualquer outra parte do Brasil ou do mundo. O desenvolvimento deve preservar, ser oferecido aos índios, e não imposto. No entanto, eles têm direito a que se lhes ofereça o desenvolvimento moderno, na medida e no ritmo em que o quiserem; sem lhes impor, e menos ainda destruir, mas que eles assimilem e façam seu desenvolvimento a partir daquilo que é oferecido pela comunidade mundial e brasileira em termos de progressos econômicos, científicos e técnicos. Eles devem ser sujeitos desta história. Quanto à Igreja, existem aqueles que defendem o direito dos índios, importantíssimos, e outros que defendem a evangelização direta, mas as duas coisas são as duas pernas com que se deve andar. Não se pode caminhar com uma perna só, seria prejudicial para os próprios índios. A Igreja de fato, se torna cada vez mais consciente, e eles também. Estas são as coisas que devemos trabalhar e ajudar”. (Fonte:Radio Vaticano)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Indígena de 13 anos, grávida, é encontrada morta em Grajáu. O seu companheiro está foragido

Maria Sara Gregório Guajajara tinha somente 13 anos. Há dois meses estava guardando dentro de si aquilo que ela considerava ser o fruto do seu amor por um homem com o qual convivia há cerca de 3 meses. No dia 2 passado, sábado, foi encontrada morta na sua casinha. Com ela morreu também aquela pequena vida em formação. Tudo aconteceu em Grajaú, Maranhão. Uma cidade com uma alta concentração indígena. Filha de Salomão Gregório Guajajara e Maria Aurora Guajajara, havia se juntado com um jovem conhecido por Manuel, de cerca de 30 anos, de profissão vigia. Viviam numa casinha modesta, bem próximos da obra que Manuel vigiava. Foi sábado passado que ele próprio foi até os pais de Maria Sara que moram na aldeia Chapadinha, - mas que naqueles dias se encontravam na cidade de Grajaú, - para informá-los que a havia encontrado com uma corda ao pescoço, sentada numa cadeira e com muitos hematomas, sinais claros de espancamento. O corpo sem vida de Maria Sara e daquele que devia ser o seu primogênito foram levados a Imperatriz para a perícia. Talvez essa decisão tenha determinado a decisão de Manuel de fugir. Ele não foi acompanhar o corpo da companheira, simplesmente sumiu. Ele é, neste momento, o principal suspeito pela morte da indígena. Os familiares aguardam o resultado do IML e esperam, também, que a justiça local determine a abertura de inquérito para averiguar responsabilidades. E, principalmente, que seja encontrado o Manuel que com certeza tem muitas coisas a explicar...
(Fonte:Salomão Gragório Guajajara e Maria Aurora Guajajara)

sábado, 3 de março de 2012

Quem ama não adoece. O bem-amado não desespera diante da cruz! (Mc.9,2-10)


Não há como negar que uma pessoa fisicamente doente pode melhorar ou até se restabelecer plenamente quando tratada e cuidada com amor. Quando as terapias médicas e os remédios químicos são ladeados por gestos de bem-querer, de proximidade afetuosa, de carinho autêntico. Ou, quando na solidão da dor temos força para fazermos memória das experiências bonitas de verdadeiro amor que marcaram a nossa vida. Em outras palavras, nós adoecemos não somente quando somos invadidos por exércitos de bactérias, de micróbios e de outros elementos patogênicos, mas quando não nos sentimos suficientemente amados. E quando não conseguimos amar de forma intensa e pura. A experiência negativa nessa dimensão abre as portas a todo tipo de mal-estar, de revolta interior, de agressividade, de infelicidade. Adoecemos, e fazemos adoecer!
O Jesus de Nazaré que por ocasião do seu batismo foi declarado ‘o filho bem-amado do Pai’(1,11), - e por Ele enviado para amar como um pai de verdade, - é o mesmo que é confirmado como ‘o amado’ (v.7) na hora em que vislumbra ser abandonado pelo próprio Pai: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’ (Mc.15,34). Na hora de mergulhar nas trevas do abandono, da solidão, da incompreensão Jesus é chamado a extrair de dentro de si, de suas ‘entranhas geradoras de compaixão’ aqueles sentimentos de amor intenso que haviam marcado intensamente a sua relação com o pai. Jesus experimenta em si mesmo o que significa se sentir amado e abandonado ao mesmo tempo. Querido e rejeitado. Acolhido, protegido, e marginalizado e esquecido, simultaneamente. Graças à consciência/certeza de se sentir o ‘filho bem-amado’ do Pai, Jesus não se deixa invadir e possuir pelo ‘vírus’ do desespero e da desistência. Sente-se amado mesmo quando as aparências parecem negá-lo. O pai não livra Jesus da cruz. Nem ameniza os seus efeitos. A cruz permanece cruel e desumana. Continua sendo um veículo de morte e de humilhação. Um opróbrio. Jesus, porém, a encara e a enfrenta de forma integralmente nova.......

........Da mesma forma que muitos filhos/as ou esposos/as assistem, protegem e zelam com amor paciente e delicado os corpos dilacerados pela doença de um pai ou de um esposo ou de um filho/a. Aquele amor talvez não seja suficiente para curá-lo/a, mas lhe permitirá enfrentar o seu calvário com uma força e uma esperança desconhecidas. Não a força e a esperança da ilusão, da auto-sugestão, e nem das inúmeras banais promessas miraculosas, mas força e esperança que brotam como fruto maduro do poder grandioso e singelo do amor. Do bem-querer que não permite largar a pessoa amada nem quando a doença, a dor e a cruz a ‘DESFIGUROU’! Que essa Campanha da Fraternidade nos ajude a fazermos a experiência de nos curar, - e a curar o universo inteiro, - no amor verdadeiro! Que transcende e TRANSFIGURA!