sexta-feira, 30 de março de 2018

É dando sentido à vida que podemos encarar a nossa morte biológica


‘Se não ressuscitamos enquanto estamos ainda vivos, depois que morrermos nunca mais iremos ressuscitar’ (Ev. apócrifo de Filipe). ‘Os que morreram já não vivem mais, são os vivos que não morrerão jamais’. (Ev. apócrifo de Tomé). É por isso que os evangelistas ao descrever a morte de Jesus dizem que ele ‘expirou’, ou seja, ‘deixou o espírito’. Jesus não falece, ele entrega a nós o seu espírito, o seu hálito de vida, paradoxalmente na hora da sua morte biológica. Entrega-o não ao Pai, mas a todos aqueles que querem 'in-spirar' o Seu hálito de vida. Para os primeiros cristãos a experiência da Ressurreição se faz não após a morte biológica, que já não tem valor, mas enquanto a pessoa vive, luta, sofre, constrói. ‘Quem crê - quem age como Jesus, - já tem a vida eterna’ nos diz Jesus (Jo. 3,15.16). A vida eterna não é um prêmio futuro. É algo que podemos viver agora, pois ‘vida eterna significa vida com sentido, vida com qualidade, vida plena, bem vivida’.

Jesus, em diferentes passagens nos mostra como há muitos ‘vivos’ que, na realidade, são ‘mortos’ porque não sabem viver bem a sua existência. Perdem-se na procura por dinheiro, poder, prestígio, ambições. Deixam de viver, pois vivem como escravos e dependentes. Mas há ‘mortos’ que continuam ‘vivos’, ou seja, pessoas que mesmo tendo falecido biologicamente, o seu testemunho, os seus gestos e opções de vida continuam presentes e marcantes nos que permanecem. Estes nunca morrem, pois já em vida fizeram a experiência da plenitude de vida e não precisam esperar a ‘ressurreição final e geral no fim dos tempos’! ‘Quem perde esta vida por causa minha e do anúncio-testemunho do evangelho a conservará para sempre’ (Mc. 8,35). Às irmãs de Lázaro Jesus confirma que quem crê nele, ou seja quem se doa e vive como Jesus,  mesmo que morra (biologicamente) continuará vivo, pois Jesus é, agora, a Ressurreição e a vida.(Jo.11,25) Não sejamos mortos ambulantes, mas ressuscitados e ressuscitadores!

quinta-feira, 29 de março de 2018

Quinta feira Santa do lava-pés – Um povo de sacerdotes que servem e acolhem –


Jesus faz implodir a prática dos falsos religiosos que acham que os humanos devem servir a Deus. Deus não precisa ser servido mediante cultos e celebrações. Na última ceia Jesus nos ensina que Deus se faz escravo para que os humanos possam se sentir livres. Livres de ambições e acumulações para servir outros humanos. Não é o serviço em si, só por servir, mas servir para resgatar pessoas que perderam a liberdade, a paz, a esperança. 

Pedro entendeu muito bem o gesto surpreendente de Jesus. Ele se recusa a aceitar que Jesus lhe lave os pés, pois ele mesmo teria que fazer o mesmo com outras pessoas. E isto incomoda. Então ele pede a ‘purificação de todo o corpo’, um rito de limpeza litúrgica, como pretexto para não servir. Mas Jesus deixa claro que por estar com Ele e acolher a Sua palavra já está purificado. O que realmente faz sentido na sua vida é a capacidade de acolher o outro, e de estar ao seu lado. 

João descreve que Jesus após o lava-pés não tira a toalha de que se tinha cingido. Ela fica amarrada, pois significa que lavar os pés não foi um gesto isolado, pontual, mas uma ação permanente do discípulo de Jesus. Se o Mestre que age como Deus faz isto, quanto mais um discípulo! Hoje queremos assumir o compromisso de lutar contra toda forma de autoritarismo e abuso que se comete na igreja de Jesus. Purificar as nossas comunidades de tanta indiferença e desculpa para não acolher e servir a todos. Compreender que todos, indistintamente, deveríamos ser servidores uns dos outros.  

terça-feira, 27 de março de 2018

Indígenas da Terra Indígena Canabrava denunciam 'FOMOS TORTURADOS PELA POLÍCIA' de Barra do Corda!

‘Depois que fomos presos e conduzidos á Delegacia de Barra do Corda, no dia seguinte, (13 de fevereiro de 2018) os policiais me tiraram da cela, colocaram-me um capuz  na cabeça para eu não poder ver nada, e me obrigaram a entrar numa viatura. Desconheço qual foi o lugar onde fomos, pois fiquei encapuzado o tempo todo. Ao chegar ao lugar, ligaram um som em volume muito alto e aí começou a sessão de tortura. Espancamentos, soco na barriga, nas costas. Queriam que falasse os nomes de índios envolvidos nos assaltos que, segundo eles, deviam ser meus cúmplices...Como não podia dizer os nomes, pois desconheço, eles enfiaram a minha cabeça num balde de água e a seguraram lá por muito tempo...Engoli muita água naquela hora. Depois disso, colocaram um saco de plástico na minha cabeça e o apertaram...Depois de um pouco me sentia sufocar, procurava ar, mas não achava. Sei que a uma certa altura apaguei’. Este é o depoimento parcial de um dos três presos indígenas - confirmado pelos outros dois indígenas - que se encontram atualmente detidos na Delegacia de Barra do Corda, após a deflagração da operação policial conjunta que no dia 12 de fevereiro invadiu algumas aldeias da terra Indígena Canabrava á procura de supostos foragidos e assaltantes indígenas. Segundo o depoimento de vários indígenas das aldeias Coquinho, Cabeça de Onça, Sumaúma e Canavial, a operação comandada pelo delegado regional Renilton Ferreira contou com a participação da Polícia Civil, Militar, e da Polícia Rodoviária Federal, deslocando-se com cerca de 6 viaturas e com cobertura de helicóptero. Em momento algum o delegado regional ofereceu aos indígenas algum tipo de mandado judicial, seja para busca e apreensão, bem como para invadir e vistoriar suas casas onde supostamente estariam guardadas as mercadorias roubadas. A operação se caracterizou pela violência espetacular e gratuita. E traumática para muitos indígenas! Muitas casas foram invadidas, objetos atirados ao chão, comida jogada aos cachorros, agressões e ameaças explícitas, e revólveres colocados na cabeça de várias pessoas. Muitos idosos, mulheres e crianças fugiam amedrontados com a chegada dos policiais. Segundo os relatos de vários indígenas não houve nenhum flagrante. Ao contrário, pessoas foram presas de forma arbitrária. O pai de dois suspeitos da aldeia Cabeça de Onça e o irmão de outro indígena da aldeia Canavial foram levados presos para a Delegacia de Barra do Corda e acolá mantidos por 24 horas só pelo fato de que os procurados não se encontravam no local quando da invasão policial. A necessidade de ‘dar satisfação’ à população em geral, e em nome da segurança na área, cometeu-se uma série de abusos de autoridade envolvendo, de forma irresponsável, indígenas inocentes. O pai e o irmão dos três indígenas que sofreram tortura não se intimidaram, e no dia 22 de março formalizaram a denúncia de tortura de seus familiares presos junto à Promotoria Pública de Barra do Corda, notificando também o ocorrido à Defensoria Pública do Estado. A Defensoria Pública Estadual que acompanha o caso informou que já apresentou pedido de soltura dos detidos, haja vista que não houve flagrante, e que os nomes dos três detidos foram feitos em base a uma ‘delação premiada improvisada’ por um adolescente mestiço que havia sido pego em flagrante. O próprio juiz havia determinado numa ‘Decisão’ do dia 16 de fevereiro que fossem soltos após 5 dias. Não se tem notícia de que a Polícia Civil de Barra do Corda tenha debatido e planejado ações de inteligência preventivas para colher dados e informações úteis e embasar uma posterior operação. Não consta também que a FUNAI, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União tenham sido previamente informados. Embora possa ser considerada, nesse caso específico, a súmula 140 do STJ, - que prevê competência da Justiça Estadual em casos de crimes cometidos por indígenas, - sabe-se, também, que existem ainda muitas controvérsias nos tribunais. No caso concreto da operação policial os direitos individuais e coletivos dos indígenas foram simplesmente ignorados. Muitos indígenas temem incursões de milícias armadas querendo ‘fazer limpeza’ na área....

sexta-feira, 16 de março de 2018

MORRI PELA BELEZA - 4 poemas de Emily Dickinson

 19.Sépala, pétala e um acúleo
Sépala, pétala e um acúleo
Numa manhã comum de julho –
O frasco de Rocio – uma Abelha ou duas –
A Brisa – a farfalha nas árvores –
E eu sou uma Rosa!

49.Nunca perdi tudo senão duas vezes
Nunca perdi tudo senão duas vezes,
E tal se deu em gleba dos meus.
Duas vezes me prostrei mendiga
Perante as portas de Deus!
Anjos – duas vezes acudiram
Recompondo meus bornais –
Larápio! Banqueiro – Pai!
Estou pobre uma vez mais!

108. Cirurgiões devem ser bem zelosos
Cirurgiões devem ser bem zelosos
Quando empunham o bisturi!
Embaixo das incisões precisas
Treme o Réu – a Vida em si!

449. Morri pela Beleza – mas estava pouco
Morri pela Beleza – mas estava pouco
À vontade no Túmulo
Quando Um que morreu pela Verdade foi posto
Em um Quarto vizinho –
Ele indagou baixinho “Por que eu falhara?”
“Pela Beleza”, eu disse –
“E eu – pela Verdade – A mesma coisa –
Confrades somos”, disse Ele –
E assim, qual Irmãos, encontramos a Noite –
Conversamos entre os Quartos –
Até que o Musgo alcançou nossos lábios –
E encobriu – nossos nomes –
(Fonte GGN)

Seja maldita toda violência militar. Brasil se revolta e se comove com o assassinato de Mariele


Milhares de pessoas protestaram nesta quinta-feira (15) pelo país contra o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, assassinados na noite de quarta (14) no centro do Rio. Aos gritos de “não acabou, tem que acabar, e Brasil em Transeu quero o fim da Polícia Militar”, “Marielle, presente” e “não vão nos calar”, os manifestantes também afixaram cartazes, acenderam velas e riscaram paredes e pontos de ônibus com mensagens de protesto. Protestos tinham muitos cartazes pedindo o fim da intervenção militar no Estado, mostrando que o assassinato da vereadora pressiona a cúpula da intervenção. Michel Temer, que pretendia comemorar o aniversário de um mês da intervenção com um "balanço positivo", foi aconselhado a cancelar a festa, diante da reação negativa da população.(Folha de SP)

quarta-feira, 14 de março de 2018

Lula vs Moro - Moro e TRF4 condenaram inutilmente. O STF deverá absolver Lula. Entenda o porquê

A investigação e julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo juiz Sergio Moro, que culminou em sua condenação, deverá resultar em esforço inútil. Apesar do acolhimento que a decisão do juiz Moro teve no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), as falhas processuais e violações da lei, cometidas no curso da investigação, julgamento e condenação, não deverão ter acolhimento no Supremo Tribunal Federal. Dos avanços aos limites da lei na condenação do ex-presidente, a utilização da norma anglo-saxã da “dúvida razoável”, que permite a substituição de provas concretas, por “forte convicção”, talvez seja entre a magistratura ortodoxa, em particular o Supremo Tribunal Federal, o avanço às normas legais que sofre maior resistência.

Apesar de manter distância do processo, o Supremo sempre esteve atento à conduta do juiz Moro e de seus métodos desde o início e vozes da Corte vem ao longo de todo o processo se manifestando através da mídia. O Ministro Ricardo Lewandowski 1, que presidiu o polêmico impeachment de Dilma Roussef, disse; “a presunção de inocência é clausula pétrea da Constituição, não pode ser reinterpretada por juízes”, numa referência direta às “convicções” de Sergio Moro 2. Marco Aurélio Mello 3, por sua vez, afirmou; “Moro simplesmente deixou de lado a lei e isso está escancarado”. Gilmar Mendes4 classificou, de "cretino", quem criou a proposta de combate à corrupção defendida pelo juiz Sergio Moro e pelo procurador Deltan Dallagnol, que diz; ”que prova ilícita feita de boa fé deve ser validada”. No episódio da condução coercitiva de Lula, a Ministra Cármen Lúcia teceu críticas a Moro, enquanto Teori Zavascki e Marco Aurélio Mello foram mais incisivos, condenando a atitude do magistrado 5, o mesmo acontecendo com as gravações e quebra de sigilo, envolvendo Lula e a então presidente Dilma Roussef. Segundo o falecido Ministro Teori Zavascki, na época, Relator da Lava-jato, a decisão de Moro foi inconstitucional 6. Três outros Ministros que não tiveram os nomes revelados; seguiram a mesma linha crítica, no caso das gravações 7.

O corrente entendimento e manifestações de membros do Supremo Tribunal Federal, de que o juiz Sergio Moro avançou os limites da lei aviltando a Constituição na condenação do ex-presidente Lula, indica que a Corte voltará a analisar a questão da prisão após condenação em segunda instância8. O Ministro Celso de Mello, confirmou que já são 7 Ministros a favor de que a presidente Cármen Lúcia inclua na pauta, a prisão após 2ª instância. Segundo o Ministro, essa é uma “questão básica de direito fundamental, o direito de a pessoa ser presumida inocente”. Mais contundente, o Ministro Marco Aurélio Mello afirmou que “tem que colocar em pauta, haja a repercussão que houver 9”. Em outras palavras, no entendimento de juízes do STF, o método Moro que levou à condenação do ex-presidente Lula, avilta a Constituição e não encontra respaldo na lei, por isso, todo o esforço da Força Tarefa com objetivo último de pôr o ex-presidente na prisão, pode ter sido em vão. (Por Frederico Rocha Ferreira)


terça-feira, 13 de março de 2018

Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados (Mt. 5,4)

A lavradora dona Verônica Milhomem perdeu os dois únicos filhos, dois irmãos, dois sobrinhos e uma cunhada no massacre perpetrado por pistoleiros em Pau D'Arco, no Pará, em maio do ano passado. Ela dependia dos filhos para viver, pois fazia tratamento de hemodiálise. Após o brutal assassinato de sete familiares, ela começou a apresentar um quadro de agravamento da doença, assim como uma tristeza muito grande. Em setembro passado, teve a perna amputada, e veio falecer no dia 05 de fevereiro deste ano. Em momento algum, qualquer esfera do poder público a procurou para prestar auxílio. Os familiares e os amigos de dona Vera haviam assumido a missão de ajudá-la em tudo e, principalmente, de ‘consolá-la’. Os aflitos, segundo Mateus, - ou os que choram, na versão de Lucas, - são os que são violentamente maltratados e oprimidos por pessoas e instituições sem escrúpulos. Mergulham no desespero, e não conseguem sair de lá com suas próprias forças. Jesus, na segunda bem-aventurança, os declara bem-aventurados porque graças àqueles irmãos compassivos que fizeram a ‘livre opção de estarem ao lado dos pobres’ - os da primeira bem-aventurança, - serão, em breve, consolados. Consolar não é confortar. Tampouco é conformar os desesperançados para que ‘aceitem dignamente’ a sua situação! É, ao contrário, lutar para extirpar ou, pelo menos, aliviar o peso da sua opressão dilacerante. Daí vem a palavra ‘solidariedade’, ou seja, ‘dar e sentir alívio juntos’! É essa atitude que permite superar a violência de fazendeiros, de policiais violentos, de governos cúmplices, e de tantos outros prepotentes que se lixam da dor alheia. 

Na bíblia temos o testemunho de Jó, um ‘aflito inconformado’. Quando foi reduzido a uma situação de abandono extremo, recebeu a visita de três amigos que foram até ele para ‘confortá-lo’. Ele, porém, reagiu indignado, afirmando que aquela tentativa dos amigos era a pior desgraça, pois eles agiam como ‘confortadores inconvenientes’! (Jó.16,1). Jó não precisava de doces palavras, mas de alguém que assumisse a sua dor e o ajudasse a sair daquela situação de desespero. Da mesma forma, o profeta Isaías no cap.61, ao descrever o dia da vinda do ‘messias libertador’, nos diz que aquele será o dia em que ele ‘consolará os aflitos enlutados’. O enviado de Deus virá para tirar o ‘jugo da opressão, e as roupas de luto’. Para tanto ‘quebrará o chicote do capataz, e queimará as botas e as roupas ensanguentadas dos soldados...’ que produzem dor e lágrimas (Is.9.1-6). Jesus se identificou com essa missão profética, e a assumiu para si. ‘Consolar o seu povo’ significou para Ele, concretamente, libertá-lo não somente da dominação militar estrangeira, construindo o reino da paz, mas também superar a violência religiosa dos sacerdotes e escribas que com seus preceitos criavam sentimentos de culpa nas pessoas. O nosso País, hoje, vive momentos dramáticos de uma violência que brota das entranhas das instituições públicas e da sociedade. É a violência física da polícia que tortura e mata, mas também a do crime organizado que alicia jovens para o comércio das drogas e das armas. Milhares de mães mergulham no luto e na dor ao assistirem impotentes a eliminação física de seus filhos. Outras vezes é uma violência encoberta, mas letal, em que setores influentes do aparato judiciário demoram em julgar ou, pior, condenam, ilegalmente, pais de família, deixando esposas e filhos na angústia. Somos alimentados por uma violência que entrou nas nossas vísceras e cultura, e que nos obriga a nos refugiar em nossas casas fortificadas. Pagamos as consequências da violência econômica daqueles que consideram a ‘coisa pública/república’ um patrimônio pessoal, e se lixam do órfão, da viúva e do povinho sem emprego. Famílias inteiras estão perdendo a alegria de viver, e sofrem na solidão. Bem-aventurados aqueles aflitos que encontram ainda pessoas que não se deixam contaminar pela indiferença. Que continuam sentindo ‘compaixão e indignação’ ao tocar com mão a dor de tantos enlutados. Que resistem e não desistem em enfrentar os senhores das armas, do dinheiro, das drogas, que ceifam vidas e violentam as esperanças e os sonhos de paz de milhões de ‘Donas Vera’! 
(As bem-aventuranças são publicadas mensalmente no O Jornal do Maranhão da Arquidiocese de São Luis)

Capelães militares no Maranhão - Não se deixem chamar de MAJOR....!!!!!!


Convenhamos: levanta legítimas suspeitas o fato de o governador do Maranhão ter ampliado desnecessária e exageradamente as capelanias militares no Estado. E em ano eleitoral...Pastores e padres viraram de uma hora para outra, major de polícia, de bombeiros, de penitenciárias....tudo em nome da ‘alimentação espiritual’ para os funcionários da segurança institucional! O fato de existir um número maior de policiais não significa que eles desejam 'tamanha assistência religiosa'!  Pergunto-me qual seria a reação do Galileu Jesus - perseguido por Herodes e Pilatos e outros palacianos, - ao ver seus supostos discípulos vestindo a farda, o quepe, a boina em lugar da toalha cingida na cintura para servir? Não se trata, somente, de tecer críticas ao fardamento militar desses capelães militares, católicos ou evangélicos que sejam, - embora isso também tenha o seu peso, - mas o fato de terem se tornado ‘funcionários públicos’ e terem que se submeter às normas e disciplinas próprias da instituição. Não me oponho ao fato que se preste um serviço religioso específico aos funcionários públicos militares, mas não dessa forma, e nem só para eles! Pergunto-me se houve diálogo e escuta das reais demandas e necessidades daqueles que serão assistidos, e que tipo de assistência religiosa é esperada... Será que era necessário promover esses capelães e inseri-los na hierarquia militar? Será que era necessário um salário tirado dos cofres públicos em lugar, por exemplo, de uma remuneração ou uma simples ajuda de custo fornecida pelos próprios assistidos, caso sintam a necessidade de serem assistidos por alguém? Por que não poderiam prestar sua assistência como padres e/ou pastores simples sem necessidade de serem promovidos 'sem competência específica' a oficiais? Será que nessas instituições militares não haveria também membros de outras religiões que não sejam só católicos e evangélicos? Nesse caso, houve atenção a essas pessoas? Fico, enfim, perplexo em querer institucionalizar o 'serviço religioso' de padres e pastores nas penitenciárias que  deveria ser independente, gratuito e abnegado. Quando se come na mão do patrão perde-se a liberdade interior de criticar o patrão! O Galileu Jesus já dois mil anos atrás nos lembrava que o operário tem direito ao seu salário, - o que lhe advém dos assistidos e agraciados, - e que não era preciso levar bolsa, nem sandálias e nem cajado. A todos lembrava e lembra-nos hoje em dia que ninguém deve ser chamado de ‘guia’, nem de ‘pai', nem de ‘mestre’....e nem de ‘MAJOR’, nem de EXCELÊNCIA, nem de MERITÍSSIMO, nem EMINÊNCIA, e nem de SANTIDADE pois um só é o Mestre, o Guia, o Pai, e SERVIDOR de todos. E concluía dizendo quem quiser ser o primeiro seja o último, e quem quiser fazer carreira e ambiciona prestigio e reconhecimento público, seja o servidor incansável de TODOS!

sábado, 10 de março de 2018

4º domingo de Q. – Amar é doar-se totalmente, até à morte! (Jo. 3,14-21)


O crucifixo ainda é utilizado para decorar quartos, salas, auditórios, e tribunais. Talvez seja considerado por muitos como um objeto que pode dar sorte, e que afasta coisas ruins. Poucos o veem como símbolo de doação amorosa radical. Um ideal a ser seguido no dia a dia. O maior símbolo do cristianismo está longe de inspirar práticas de amor verdadeiro! Jesus, diante de tantas perseguições, começou a perceber que o seu fim estava próximo. Com certeza deve ter passado pela sua cabeça a possibilidade de fugir e de se preservar. Ao final, porém, sentiu que somente indo até às extremas consequências é que poderia deixar algo significativo no coração e na mente das pessoas. O seu amor intenso pelos pequenos, os doentes, e os excluídos de tudo, não permitia que se preocupasse consigo, mas com eles! No seu dialogo com Nicodemos Jesus deixa claro que toda pessoa deve se confrontar com o seu gesto de amor-doação, simbolizado pela morte de cruz. Crer Naquele que é ‘levantado’ significa superar o nosso egoísmo e o nosso desejo de salvar a nossa própria pele. Ao amar intensamente faremos a experiência da paz profunda, da felicidade. Isto é, a salvação. É isso que Deus quer para todos, pois o filho do homem veio para acolher e a todos, indistintamente. Mas ao ignorar e desprezar as pessoas, e ao viver só para nós mesmos, experimentaremos infelicidade, insatisfação. Isto é, destruição interior, morte. Afinal, quem faz o julgamento da nossa vida somos nós mesmos. Somos nós que decidimos se queremos nos sentir em paz ou se optamos por viver na angústia permanente. Deus não condena ninguém, ao contrário coloca à nossa disposição muitos meios e pessoas para nos ajudarem a nos sentir bem. Somos nós que nos excluímos e nos condenamos com nossas próprias escolhas furadas. Deus sempre insistirá conosco como faz um pai paciente, até compreendermos que só o serviço amoroso dá paz permanente. E será a única forma para desmontar e desmoralizar os que continuam a crucificar

quinta-feira, 8 de março de 2018

FHC - "Del senno di poi son piene le fosse'!

'Da sabedoria do depois estão cheias as latrinas' (Dante Alighieri)



" Se eu pudesse reviver a história eu tentaria me aproximar não só do Lula, mas de forças políticas que eu achasse progressistas em geral. Que ajudasse a governar. E acho que o PT deveria ter feito a mesma coisa." (Fernando Henrique Cardoso)

Perícia da PF confirma que material da Suíça não contém nada contra Lula! Moro jogou sujo....

A defesa do ex-presidente Lula anunciou na noite de quarta (7) que vai recorrer da decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que negou, por unanimidade, pedido para suspender decisão de Sérgio Moro, que deferiu o uso de material complementar encaminhado pela autoridade suíça relativamente ao Sistema Drousys. O sistema foi supostamente utilizado pelo Grupo Odebrecht para gerenciamento do pagamento de propinas a agentes públicos, políticos e partidos. A 8ª Turma confirmou decisão liminar proferida pelo desembargador federal João Pedro Gebran Neto em dezembro do ano passado, que autorizou a ampliação das provas periciadas pela Polícia Federal, contrariando a defesa de Lula.

Segundo a defesa, além da decisão de Moro configurar um abuso, pois insere no processo provas que apareceram após o término da instrução, o material ainda se demonstrou inútil quanto à comprovação de qualquer ilícito que tenha sido praticado em favor de Lula."No mesmo laudo, os peritos também constataram que o material encaminhado pela Suíça contém os mesmos elementos presentes em outros dispositivos analisados e em relação aos quais houve a constatação de 'destruição deliberada de dados' (p. 301), além de manipulação de conteúdo", acrescentou. A perícia no Drousys acontece dentro do processo que apura se a Odebrecht desembolsou propina para a compra de um imóvel nunca usado pelo Instituto Lula, e de um apartamento que pertence a Glaucos da Costamarques. A unidade é vizinha a que pertence ao ex-presidente, em São Bernardo do Campo. Segundo Gebran, a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba não estaria analisando provas paralelas, mas o próprio objeto de outro recurso movido pela defesa, o incidente de falsidade, dentro do mesmo processo, no qual é questionada a veracidade dos dados disponibilizados pela Odebrecht. Para o desembargador, foi adequada a realização de perícia em material complementar, recebido em acordo de cooperação internacional. (fonte:GGN)

quarta-feira, 7 de março de 2018

8 março - Mulheres, mulheres.......

Mesmo em número maior entre as pessoas com ensino superior completo, as mulheres ainda enfrentam desigualdade no mercado de trabalho em relação aos homens, segundo o estudo Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, realizado pelo IBGE; tomando por base a população de 25 anos ou mais com ensino superior completo em 2016, as mulheres somam 23,5%, e os homens, 20,7%.; em relação ao rendimento habitual médio mensal de todos os trabalhos e razão de rendimentos, por sexo, entre 2012 e 2016, as mulheres ganham, em média, 75% do que os homens ganham.

Entre as pessoas de 25 a 44 anos de idade, o percentual de homens que completou a graduação é de 15,6%, e o de mulheres atingiu 21,5%, indicador 37,9% superior ao dos homens; mas o porcentual de mulheres brancas com ensino superior completo (23,5%) é 2,3 vezes maior do que o de mulheres pretas ou pardas (10,4%) e é mais do que o triplo daquele encontrado para os homens pretos ou pardos (7%); é o que apontam os dados da pesquisa "Estatísticas de gênero", divulgada pelo IBGE.

Os cortes no Orçamento realizados desde 2015, mas muito aprofundados na gestão Michel Temer, atingiram em especial as mulheres. Em condição de maior vulnerabilidade que os homens, elas são as mais afetadas com a redução de verbas para políticas públicas em qualquer área. Além disso, as ações específicas para a promoção da autonomia e o combate à violência contra a mulher foram praticamente aniquiladas. De 2014 para 2017, a tesoura da austeridade retirou 62,87% dos recursos destinos a elas

LULA X STJ : 0-5 - Reações à decisão do Superior Tribunal de Justiça que negou Habeas Corpus a Lula

Nesta terça-feira 6, "ao negar o habeas corpus preventivo a Lula, o STJ preferiu seguir a orientação do STF e não a da constituição. Mas o que vale mais? O que foi escrito e aprovado por ampla maioria do Congresso Nacional eleito pela população ou o que decidiram 11 ministros do STF que não podem modificar a constituição? Cabe ao próprio STF responder à essa inevitável e urgente questão", escreve o colunista Alex Solnik

O professor de Direito da Uerj Afrânio Silva Jardim criticou a decisão do STJ que negou habeas corpus ao ex-presidente Lula; "Na verdade, o Superior Tribunal de Justiça acabou de fingir que não percebeu que o Supremo Tribunal Federal fingiu que não existem as regras do artigo 283 do Cod.Proc.Penal e artigo 105 da Lei de Execução Penal. Assim, embora não declarados inconstitucionais ou revogados, estes artigos não existem para o ex-presidente Lula", disse ele; "Ainda dizem que estamos no Estado Democrático do Direito". 

Coordenador do programa de governo da candidatura de Lula ao Planalto, o ex-prefeito Fernando Haddad mostrou confiança na análise do STF da questão da prisão após condenação em segunda instância, que pode impactar diretamente o ex-presidente; "Se o Supremo analisar a questão de acordo com o que está na Constituição não tem com o que se preocupar", afirmou

"Se depender da Justiça, Lula não será nem candidato e vai assistir à campanha eleitoral na cadeia", escreve o jornalista Koctho, ao comentar a pesquisa que aponta Lula na liderança disparada à presidência da República e o julgamento no STJ que negou por unanimidade o habeas corpus ao ex-presidente

domingo, 4 de março de 2018

3º Domingo de Quaresma – Jesus inaugura o verdadeiro templo alicerçado no amor. – Superar a violência da religião! (Jo. 2,13-25)


Quando a religião, seja ela qual for, deixa de favorecer uma autêntica comunicação com um Deus amoroso e afável, ela se torna opressora e violenta. Quando os homens, sejam eles sacerdotes ou pastores, usam o templo/religião para se beneficiar e acumular poder, eles viraram mercadores, e a religião uma mercadoria a ser consumida. Algo a ser vendido, comprado, ou trocado. A nossa relação com Deus não pode ser um comércio vergonhoso em que se usa o nome de Deus para tirar vantagens, explorando a boa fé de muitas pessoas. Isto é inaceitável! Jesus ao constatar que o templo já tinha virado um comércio torpe não teve dúvida alguma em expulsar com veemência os seus mercadores. Não fez sermões, e nem pediu, com gentileza, respeito pela casa do Senhor. Partiu para uma ação forte, profética, planejada, para deixar clara a sua posição, a saber: 1. Jesus pede para tirar todas aquelas bancas e mercadorias para que a casa do seu Pai não fosse uma ‘casa de negociantes’ (v.16). Com isso Jesus prova que inicia o reino novo, em que não pode ser admitida a dobradinha FÉ e NEGÓCIOS. Fé não precisa de templos, ela é algo gratuito. É dom. Jamais pode ser troca. Deus não pede sacrifícios, nem orações aos homens em troca de proteção. Só pede que os humanos se entreguem ao seu amor que é GRATUITO. Nada mais! 2. ‘Destruam esse templo e eu o reconstruirei em três dias’(v.19). Com isso Jesus ataca a raiz da religião judaica, pois afirma que a nova presença de Deus, não se dá mais num templo, mas no corpo-santuário das pessoas. É nas pessoas, e não nos prédios de pedra que Deus reside! (Jo.14,23). Ao amar e respeitar as pessoas, eliminando a violência física e moral que as destroem, celebraremos o verdadeiro culto em ‘espírito e verdade’.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Sobe o número de casos de suicídio entre os indígenas do Brasil

Levantamento do Ministério da Saúde mostra uma triste realidade raramente mostrada pela mídia brasileira: o suicídio entre a população indígena, principalmente na região do Rio Araguaia, entre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Pará. De 2012 a 2016 foram 35 casos, além de dezenas de tentativas. A Sputnik Brasil ouviu uma das maiores especialistas no assunto, a antropóloga Livia Vitenti, doutora na cátedra e que trabalha na Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão do Ministério da Saúde. Na entrevista, a especialista, doutora na cátedra pela Universidade de Montreal, no Canadá, fala do trabalho assistencialista a essas etnias, como as dos carajás, ticunas e guarani caiuás, que estão entre os grupos mais atingidos no País.

Os carajás apresentam número elevado, mas eles não são os únicos, porque a gente trabalha com a ideia que existem fatores de risco para suicídio de populações indígenas não só do Brasil, como também das Américas e em outros países como Austrália e Nova Zelândia. A gente trabalha também com outros fatores que são muito importantes, como o acesso à terra, conflitos com pessoas não-indígenas (madeireiro, garimpeiro), conflitos familiares, necessidade um sentimento de pertencimento maior àquela cultura", exemplifica a antropóloga. Outros fatores de risco apontados como indutores ao suicídio entre as populações indígenas estão o consumo de álcool, drogas, como a maconha, e o afastamento de práticas tradicionais dessas comunidades, especialmente entre os jovens, ocasionando um quadro de depressão que, quando agravada, por levar a essas tentativas. Daí os esforços dos agentes de saúde indígenas em procurar valorizar as culturas de cada comunidade, tentando mostrar que não há culturas (como a dos brancos, por exemplo) que sejam superiores às daquelas comunidades.Lívia diz que os jovens na faixa de 19 a 24 anos representam a maior parcela de suicídios entre as populações indígenas no país. Outro fato que ela destaca é que os homens registram percentualmente um número maior de óbitos do que as mulheres, segundo a antropóloga, pela forma mais violenta dos atos. As indígenas apresentam taxa maior de sobrevivência nas tentativas. Um aspecto importante ressaltado pela integrante da Sesai é o trabalho que vem sendo desenvolvido no campo da prevenção em várias frentes.
"Atualmente estamos tirando a palavra 'suicídio' das ações e falando mais da promoção da vida e valorização do bem viver além de uma agenda de ações estratégicas, já publicada no site da Sesai, construída por mim e pelo meu colega de equipe, o Fernando Pessoa de Albuquerque, onde temos eixos de atuação: o de qualificação da região de óbito do suicídio e de qualificação das equipes multidisciplinares de saúde indígena, que contam com psicólogos e outros profissionais de saúde e agentes indígenas de saúde”, diz Lívia.A antropóloga ressalta a importância dos agentes indígenas de saúde pelo fato de que é comum os indígenas não se sentirem à vontade em falar com profissionais fora da etnia, especialmente no caso de mulheres, que preferem conversar com profissionais do sexo feminino. Outro aspecto importante do trabalho é o relativo à formação de jovens multiplicadores, pessoas interessadas em trabalhar com esportes típicos das comunidades, como as tradicionais corridas com toras, transmissão de tradição oral, valorização de histórias de cosmologia, canto, entre outras.