sábado, 29 de junho de 2013

Pedro e Paulo, uma oportunidade para a igreja mudar, sempre, para permanecer a mesma!

A celebração da festa dos apóstolos Pedro e Paulo nos re-propõe uma reflexão inadiável sobre os modelos e identidades de igreja a serem construídos, e suas metodologias de evangelização a serem adotadas nesses tempos de efervescência e recrudescimento de ‘novas violências’. Olhar para as práticas evangelizadoras dos dois pilares da igreja originária não significa mergulhar na arqueologia, mas recuperar caminhos, intuições, motivações que, à época, produziram mudanças sócio-culturais surpreendentes. Discernir a "iluminação metodológica inicial" de Pedro e Paulo significa incorporar de forma atualizada e criativa a capacidade de dialogar de forma significativa aos homens e mulheres do nosso tempo, às suas culturas e modelos sociais. O que fariam e o que diriam hoje os dois apóstolos históricos à nossa sociedade planetária que experimenta a falta de sentido do "ser"? Que não pode mais se apoiar nos velhos dogmas da família nuclear, da autoridade, da política institucional, nas estruturas dos estados nacionais, da religião e de suas instituições, da moral religiosa e natural que aparentemente davam sentido, solidez e segurança? Uma sociedade que experimenta a inconsistência de muitas práticas apresentadas como ‘reveladas’, que vive numa situação de "liquidez" de valores e relações interpessoais onde tudo pode ser mudado a qualquer hora, com novas regras, novos jogos, tendo a sensação de ter que começar sempre de novo? Pedro e Paulo nos oferecem algumas dicas, pelo menos a partir daquilo que nos é possível intuir a partir dos escritos neo-testamentários.
1. Não se pode jamais renunciar ao imperativo de dialogar com "o outro", "o diferente", "o pagão". É essencial respeitar suas raízes sociais, culturais e religiosas, se é que podemos separar essas dimensões...O "outro’, ‘o estrangeiro’ em sentido amplo pode ser membro de uma mesma e nova "comunidade eclesial e social" sem renunciar a ser ele mesmo. A única coisa a ser pedida é a adesão a um projeto plural alicerçado no respeito ‘ao outro’.
2. Não se pode renunciar ao direito de debater, questionar, admoestar, alertar quem quer que seja. Paulo e Pedro que o digam: os conflitos e as discussões entre os dois nunca ameaçaram a estima e o respeito que um tinha para com o outro. Numa sociedade e numa igreja em que a submissão obsequiosa às autoridades, a bajulação servil às hierarquias e o silêncio cúmplice tornam-se práticas norteadoras sistemáticas, os apóstolos nos ensinam a nos expor, a argumentar e a praticar a dissensão, o contraditório, a contraposição. Sempre na caridade profética!
3. Numa sociedade e numa igreja em que prevalecem os princípios da eficácia administrativo-financeira em detrimento da força moral e carismática, da ostentação e do luxo litúrgico, do autoritarismo e do centralismo hierático, Pedro e Paulo apontam para o serviço desinteressado e gratuito, para a participação plena e diferenciada, para a simplicidade e a sobriedade de vida. Uma igreja total e plenamente ministerial onde não há ‘homem e mulher, escravo e livre, nacional e estrangeiro....’

Será que a igreja católica terá a coragem de não somente venerar liturgicamente os dois históricos, mas também de incorporar suas atitudes e intuições? Afinal, o que está em jogo é a construção de uma nova(s) identidade(s) de igreja que esteja disposta a se deixar questionar, a coragem de mudar, sempre, o tempo todo, para permanecer sempre a mesma.(Postagem de 2010 do mesmo blogueiro)

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Os reformatórios para índios na ditadura: espancamento, trabalho escravo e desaparecimentos. Tudo isso no início da FUNAI!

Durante os anos de chumbo, após o golpe de 1964, a Fundação Nacional do Índio (Funai) manteve silenciosamente em Minas Gerais dois centros para a detenção de índios considerados “infratores”. Para lá foram levados mais de cem indivíduos de dezenas de etnias, oriundos de ao menos 11 estados das cinco regiões do país. O Reformatório Krenak, em Resplendor (MG), e a Fazenda Guarani, em Carmésia (MG), eram geridos e vigiados por policiais militares. 

Sobre eles recaem diversas denúncias de violações de direitos humanos. Os “campos de concentração” étnicos em Minas Gerais representaram uma radicalização de práticas repressivas que já existiam na época do antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) – órgão federal, criado em 1910, substituído pela Funai em 1967. Os anos desde o fim da ditadura pouco contribuíram para tirar da obscuridade a existência dos presídios indígenas. Um silêncio que incomoda novas lideranças como Douglas Krenak, 30 anos, ex-coordenador do Conselho dos Povos Indígenas de Minas Gerais (Copimg). Douglas é mais um entre os que têm histórias familiares de violência física e cultural sofridas nesse período. “Meu avô foi preso no reformatório Krenak”, conta. “Chegou a ser arrastado com o cavalo de um militar, amarrado pelos pés”.  Sem alarde, poucos anos após a criação da FUNAI o reformatório – por vezes também chamado de Centro de Reeducação Indígena Krenak – começou a funcionar (em 1969) em uma área rural dentro do Posto Indígena Guido Marlière. As atividades locais eram comandadas por oficiais da Polícia Militar mineira, que, após o estabelecimento do convênio, assumiram postos-chave na administração local da Funai. Nos anos seguintes, foram enviados para lá mais de cem índios, pertencentes a dezenas de comunidades. Um mosaico de etnias que incluía desde habitantes do extremo norte do país, como os índios ashaninka e urubu-kaapor, a povos típicos do sul e do sudeste, como os guaranis e os kaingangs. Até hoje, muito pouco se divulgou sobre o que de fato acontecia no local. “O reformatório não teve sua criação publicada em jornais ou veiculada em uma portaria”, escreve o pesquisador José Gabriel Silveira Corrêa, autor de um dos poucos estudos sobre a instituição. 

A vida no reformatório tinha uma rotina bem planejada: pela manhã, após o desjejum, os “confinados” – jargão utilizado para designar os índios – eram levados para trabalhos rurais, que prosseguiam também depois do almoço. No fim do dia, eram postos para dormir após o banho e o jantar coletivo. “Íamos até um brejo, com água até o joelho, plantar arroz”, revela Diógenes Ferreira dos Santos, índio pataxó levado ao Krenak em 1969. “Botavam a gente para arrancar mato, no meio das cobras, e os guardas ficavam em roda vigiando, todos armados”, complementa João Batista de Oliveira, conhecido como João Bugre, da etnia krenak. A região onde foi instalado o reformatório era habitada pelos índios krenaks, e muitos de seus representantes também foram presos. Segundo os registros oficiais, alguns índios permaneceram por mais de três anos e havia indivíduos sobre os quais desconhecia-se até o suposto delito. “Uma das histórias contadas é a de dois índios urubu-kaápor que, no Krenak, apanharam muito para que confessassem o crime que os levou até lá”, explica Geralda Chaves Soares, que trabalhou do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) em Minas Gerais, e atua como pesquisadora da história indígena no estado. “O problema é que eles nem sequer falavam português”. Se comunicar em língua indígena, diz o ex-preso João Bugre, era terminantemente proibido. “Você era repreendido, pois os guardas achavam que a gente estava falando deles”, lembra. Situação ainda mais difícil para aqueles que não sabiam português. “Tinha que aprender na marra. Ou falava, ou apanhava”. Algumas mulheres krenak, que chegaram a ser recrutadas pelos policiais da Funai para trabalhar no reformatório, também são testemunhas das violências desse período. “Quem fugia da cadeia sofria na mão deles”, afirma Maria Sônia Krenak, que foi cozinheira no local. Além dos espancamentos, há relatos sobre perseguições acompanhadas de tiros, e de presos que nunca mais foram vistos. “Saiu um bocado ali que não voltou mais”, revela. (Fonte:André Campos, publicada no site Pública)

Bispos do Brasil se pronunciam sobre as manifestações. 'Fazem renascer a esperança!'

Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília de 19 a 21 de junho, declaramos nossa solidariedade e apoio às manifestações, desde que pacíficas, que têm levado às ruas gente de todas as idades, sobretudo os jovens. Trata-se de um fenômeno que envolve o povo brasileiro e o desperta para uma nova consciência. Requerem atenção e discernimento a fim de que se identifiquem seus valores e limites, sempre em vista à construção da sociedade justa e fraterna que almejamos. Nascidas de maneira livre e espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam a todos nós e atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos. Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, testemunho de que a solução dos problemas por que passa o povo brasileiro só será possível com participação de todos. Fazem, assim, renascer a esperança quando gritam: “O Gigante acordou!”
Numa sociedade em que as pessoas têm o seu direito negado sobre a condução da própria vida, a presença do povo nas ruas testemunha que é na prática de valores como a solidariedade e o serviço gratuito ao outro que encontramos o sentido do existir. A indiferença e o conformismo levam as pessoas, especialmente os jovens, a desistirem da vida e se constituem em obstáculo à transformação das estruturas que ferem de morte a dignidade humana. As manifestações destes dias mostram que os brasileiros não estão dormindo em “berço esplêndido”. O direito democrático a manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva que leva ao descrédito. Sejam estas manifestações fortalecimento da participação popular nos destinos de nosso país e prenúncio de novos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido!
Sobre todos invocamos a proteção de Nossa Senhora Aparecida e a bênção de Deus, que é justo e santo.

Brasília, 21 de junho de 2013

Cardeal Raymundo Damasceno Assis - Arcebispo de Aparecida-Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva -Arcebispo de São Luís-Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner -Bispo Auxiliar de Brasília-Secretário Geral da CNBB

terça-feira, 25 de junho de 2013

Na Portugueses, ontem, parecia estar na Síria! Hoje, os estudantes das escolas estaduais interromperam novamente a avenida!

Parecia guerra urbana em alguma cidade da Síria, ontem à noite, na altura da unidade mista na Avenida dos Português, São Luis. O helicóptero sobrevoando e jogando bombas de gás lacrimogêneo sobre os manifestantes que até às  22,00 continuavam se confrontando com a tropa de choque. A população formada por homens e mulheres que participam ativamente da vida da sociedade e sentem na pele o drama da falta de infra-estruturas na região já se havia retirado pela tarde. De fato, representantes do movimento que haviam interrompido a avenida pela manhã tiveram a oportunidade de se encontrar com o secretário de segurança do Estado. Este prometeu posto policial, a transferência do delegado da polícia civil da Vila Embratel e sistema de monitoramento nos locais de maior violência. Tudo, porém, para o próximo ano, conforme um manifestante relatou a este blogueiro. Ontem á noite, no entanto, a tropa de choque teve que voltar porque um grupo de cerca de 50 jovens identificados como não pertencentes a nenhum movimento insistiam no confronto atirando pedras e pedaço de paus, e criando o pânico entre as famílias e as pessoas que voltavam do serviço. Hoje pela manhã a avenida foi interrompida novamente. Agora são os estudantes da escola pública da Vila Embratel que reivindicam melhorias na qualidade do ensino e estruturas. Até onde irá parar isso não vai ser fácil saber....

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Índios do Maranhão ocupam pacificamente a sede da FUNASA. Reivindicam o de sempre: o cumprimento de direitos básicos.

Na onda dos protestos que agora tomam de conta do Brasil, cerca de 300 indígenas voltaram a protestar hoje de manhã em frente à sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na Jordoa, Centro de São Luís. Cansado de esperar o cumprimento das promessas de sempre, e jamais realizadas, os representantes indígenas de pelo menos 6 etnias do estado reivindicam a troca da diretoria e melhorias no sistema de saúde. A mobilização indígena até agora é pacífica, como em geral sempre tem sido. De acordo com um dos líderes do movimento, a questão da saúde que está muito precária, não têm ambulância e nem carro comum para transportar doentes das aldeias às cidades mais próximas. Não há remédios e nem médicos, pois eles se recusam de trabalhar nas aldeias e para os índios. Os postos de saúde estão sucateados. Muitas crianças já morreram desde o início do ano. É um desespero. Apesar do baixo orçamento, dinheiro não falta na FUNASA, mas a corrupção ativa e passiva o devora. Vendo o que está acontecendo no País nesse momento, muitos cidadãos que condenavam as ‘ocupações’ indígenas, devem estar com saudade de suas ‘costumeiras’ mobilizações pacíficas. Parece até que fizeram história. Afinal, eles como muitos cidadãos estão reivindicando os seus direitos. Nada mais do que isso. 

Tropa de choque ataca população pacífica do Itaqui-Bacanga.

Chegam notícias de que a manifestação da população do Itaqui-Bacanga engrossou. Mais de 1.000 pessoas se concentraram de forma pacífica entre a avenida dos Portugueses e a  entrada do Gapara. Nesse momento chegou a tropa de choque e tenta dispersar os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo. O helicóptero está sobrevoando a área em conflito. A polícia militar fica observando de longe. Fui informado que um rapaz com deficiência mental foi preso pela polícia por estar atirando uma pedra. Alguns protestaram avisando a polícia da situação dele, mas mesmo assim foi levado algemado. A população do Itaqui-Bacanga há meses vem sofrendo a dominação da violência das drogas, a ausência dos aparatos de segurança, a falta de atendimento na educação e saúde. As ruas são um buraco só criando indignação, mal-estar e sentimento de abandono. Concretamente, pedem de poder sentar com 'alguma autoridade' municipal e estadual e ver o que é possível fazer para amenizar a situação.

Manifestações - que não seja mais uma festa, mas uma inserção do gosto do diferente no nosso cotidiano!

Em consequência dos protestos no país todo, um grupo de parlamentares decidiu propor a convocação de uma assembleia nacional constituinte exclusiva para aprovar uma reforma política. Para eles, a rejeição ao sistema político tradicional está por trás da pauta difusa dos manifestantes. A ideia é que, nas eleições de 2014, um grupo de pessoas seja eleito exclusivamente para discutir e aprovar uma reforma política. Os constituintes não precisariam ter filiação partidária e seriam eleitos para mandato de um ano. Depois, ficariam impedidos de disputar eleição por oito anos. Essa constituinte exclusiva funcionaria paralelamente aos trabalhos da Câmara dos Deputados e do Senado. (Fonte: IHU)

Muitos manifestantes de 1968, das Diretas ou do impeachment lembram esses momentos como apenas uma festa, mas que em nada mudou suas vidas. Ganharam liberdade sexual, é tudo. Será uma pena se assim for. Que os políticos procurem conduzir "business as usual" é até compreensível, mas as pessoas que sentiram o gosto do diferente deveriam inseri-lo em suas vidas. A Primavera Árabe, obra de jovens democratas, levou ao poder gente conservadora, como os extremistas da Tunísia e do Egito. Maio de 68 conduziu, em junho daquele ano, à vitória eleitoral da direita. Mas hoje ninguém lembra a direita francesa da época, e todos recordam os estudantes, os jovens, o mês de maio. A sociedade muda. E, assim como 1968 se deu em pelo menos três continentes, de 2011 para cá pode estar surgindo uma segunda onda dessas manifestações tão vitais: com a Espanha, países árabes, Turquia e Brasil, elas parecem estar-se espraiando pelo mundo. O que virá desta segunda onda? (Tirado de Roberto Janine, artigo no O Valor)

Papa pede aos núncios que não indiquem para bispo candidatos 'ambiciosos'.

Os núncios apostólicos, ao avaliarem os candidatos para o episcopado, devem indicar pastores que estejam próximos das pessoas, que “não sejam ambiciosos”, que não aspirem ao posto e que, uma vez nomeados, não procurem ser nomeados para uma sede mais importante. O pedido é do Papa Francisco aos seus representantes nas Igrejas e nos governos de todo o mundo, cerca de 150, que foram recebidos nesta sexta-feira pela manhã em uma audiência. Antes de se despedir de cada um dos presentes, Bergoglio fez um discurso que revela o “perfil” do bispo ideal. Na delicada tarefa de realizar a investigação para as nomeações episcopais – acrescentou –, ‘devem estar muito atentos para que os candidatos sejam pastores próximos das pessoas, pais e irmãos, que sejam mansos, pacientes e misericordiosos’. Os candidatos ao episcopado devem amar “a pobreza interior como liberdade no Senhor e também a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida” e não devem ter “uma psicologia de ‘Príncipes’. Estejam atentos para que não sejam ambiciosos, que não persigam o episcopado e que sejam esposos de uma Igreja, sem buscar constantemente outra. Uma alusão explícita às promoções perseguidas por todos aqueles que, mal nomeados para uma diocese pequena, aspiram a uma mais importante. De fato, acrescentou o Papa, sempre existe o perigo, “inclusive para os homens de Igreja”, de ceder à “mundanidade espiritual”, ao “espírito do mundo, que leva a agir em proveito da própria realização e não para a glória de Deus, a essa espécie de ‘burguesia do espírito e da vida’ que empurra a ‘inclinar-se’, a buscar uma vida cômoda e tranquila”. Ceder a este espírito “expõe, sobretudo a nós, os pastores, ao ridículo; poderemos receber, talvez, alguns aplausos, mas os mesmos que parecem nos aprovar depois nos criticarão pelas nossas costas”. 
Comentário do blogueiro - Louvável e acertada a posição do papa com relação aos candidatos a bispo! Esperamos, no entanto, que Francisco tenha 'faro' para não escolher 'núncios ambiciosos'....caso contrário, estamos fritos!

Protestos na Av. dos Portugueses - Mais um jovem 'limpo' foi assassinado na Vila Embratel!

Chegou a esse blogueiro a notícia que a Avenida dos Portugueses nessa segunda feira, 24, está interrompida por uma grande manifestação de protesto. Centenas de pessoas estão impedindo o trânsito desde as 5,00 da manhã protestando contra o assassinato de mais um jovem na Vila Embratel alguns dias atrás. Um jovem bem conhecido e estimado que, pelas informações dos manifestantes, não tinha nenhum envolvimento com o sub-mundo das drogas e da violência. Tudo indica que foi mais ‘erro de pessoa’! Esse parece ter sido a gota d´água para a população local externar a sua indignação e exigir justiça e segurança na área do Itaqui-Bacanga. A população da Vila Embratel vem respirando um clima de violência e insegurança inéditos, sinalizando que está chegando ao seu limite. Teme-se que diante da falta de investigação dos crimes cometidos (mais de 20 em dois meses!) e da ausência policial ostensiva na área, a população parta para formas próprias de ‘fazer justiça’. A manifestação não tem previsão de prazo para encerrar. Como não tem alguma previsão que o Estado comece a garantir aos seus cidadãos aquela segurança mínima e liberdade de ir e vir sem viver no pavor de ser assaltado ou confundido com alguém....

sábado, 22 de junho de 2013

Muitos messias que caminham juntos para vencer os crucificadores de corpos e esperanças (Lc.9,18-24)

A identidade de uma pessoa nunca se dá de uma vez por todas. Ela está sempre em construção. Aliás, podemos ter várias identidades ao longo da nossa vida. E termos várias identidades ao mesmo tempo. Tudo isso a depender dos contextos em que nos achamos, da consciência que temos de nós mesmos e do mundo em que estamos. Ter várias identidades não significa ter várias personalidades. Ou até, várias máscaras. Significa, em primeiro lugar, ter a capacidade de estar atento ao que somos e queremos num determinado momento histórico. E ouvindo o que a realidade externa nos pede constantemente. Em suma, se ‘identificar’ com projetos, urgências, pessoas, modelos, imperativos éticos. Realidades que estão em permanente mutação. E fazer tudo isso sem se quebrar por dentro. O evangelho de hoje trabalha isso de forma original e profunda. Narra o momento chave em que Jesus de um lado, e os discípulos do outro, começam a tomar consciência que está para nascer uma nova identidade antes desconhecida. Para ambos. A identidade de Jesus, dos discípulos, tomados individualmente, e do grupo como um todo. E essa identidade individual e coletiva que se dá ao mesmo tempo implica a assunção de novas práticas, novas escolhas, novas relações. Seja no nível pessoal que coletivo. Na narração evangélica fica claro desde o início qual é identidade de Jesus que as pessoas em geral lhe atribuem. As que não o conheciam, e que não conviviam com ele. Identificavam-no com um dos profetas do passado. Não conseguiam ver o novo que Jesus trazia e produzia. Mesmo que profeta ele era um a mais. Jesus, porém, sabe que a convivência com aquele grupo de seguidores havia produzido neles/as algo diferente. E os interpela, os questiona para que tenham a coragem de se expor e manifestar. De assumir para ele e para a sociedade o grau de identificação/compromisso com o Mestre 

A pergunta de Jesus, de fato, não é uma mera pergunta de ‘sondagem’ sobre o que pensam dele. É um questionamento que tem a ver com opções existenciais próprias e não delegáveis a outros: ‘e vós que dizeis que é o filho do homem?’ Filho do homem e não o Cristo! Ou seja, não ‘glorioso ungido’, mas o ‘sofredor’ por excelência. Isso é um divisor de águas. Assume-se, aqui, uma nova identidade. Tudo isso ocorre porque não se trata de uma resposta doutrinária, de caráter dogmático. Trata-se de uma nova relação com aquele que o interpela. Trata-se de aceitar de construir uma nova identidade pessoal e coletiva com o ‘outro’ (Jesus) que vai na contra-mão da identidade esperada. Pedro em nome do grupo reconhece, mesmo sem muita convicção, que Jesus é o enviado. Ou seja, se compromete a construir a sua vida daí em diante não a partir de ‘outros messias’, poderosos e gloriosos, mas a partir da proposta do enviado Jesus filho do homem, um ‘sofredor e perdedor’. Um claro convite de Jesus a serem seguidores dele rumo ao calvário, à perseguição, às permanentes ameaças e atentados à integridade física, à morte. Não um messianismo ufanista, mas um caminhar humilde, de igual para igual, lado a lado, na consciência que somente juntos se pode vencer os crucificadores de corpos e esperanças. 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

GRITA BRASIL!

São Luis, 19 junho 2013

“DESCULPEM O TRANSTORNO: ESTAMOS MUDANDO O BRASIL”

“BRASIL, É HORA DE MUDAR! PROFESSOR VALE MAIS DO QUE O NEYMAR!"

“PÕE NO SUS OS 33 BILHÕES DA COPA!”; “QUEREMOS HOSPITAIS E ESCOLAS NO PADRÃO FIFA” 







Na Vila Embratel semana de combate contra as drogas! Os mecanismos do vício e da criminalidade nos adolescentes de hoje!

Difícil dizer, quando o assunto é criança e adolescente, o que dói mais. Se as negações de direito a que são submetidos, se a invisibilidade dos residentes na periferia da cidade, ou como se tornam visíveis apenas ao serem relacionados com a violência, seja quando morrem, seja quando matam. Mas há um lado pior. É quando se toma o caminho mais fácil de atrelar todas estas questões apenas ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), esquecendo os problemas sociais que os permeiam. Em uma matéria como esta, não dá para listar, por exemplo, o nome dos meninos mortos nos últimos cinco anos, filiação e o resultado das investigações. Não se consegue também dar nome e sobrenome àqueles que, nas ruas, furtam, roubam, usam entorpecentes ou atentam contra a vida do outro. Pode-se, entretanto, dizer onde estão, como se sentem sozinhos ou absolutos frente à desagregação familiar, como está fácil o caminho de acesso às drogas. Em meados da década de 1990, o uso do crack se tornou possível para pessoas de baixo poder aquisitivo. Até então, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social fumavam "um baseado" e cheiravam cola de sapateiro. 

O crack mudou tudo

Os delitos assumiram maior gravidade e os jovens passaram a ser usados como "laranjas" pelos adultos para assumir crimes que não cometeram. No momento em que o indivíduo começa o vício, inicia a busca por dinheiro para adquirir droga. Se não tiver nada de valor em casa, vai para rua roubar algo ou vender droga. Gera-se um círculo vicioso: o traficante ou alguém da comunidade aluga uma arma para ele que, hoje, dependendo do tipo, a diária fica em torno de R$ 150 a R$ 200. O menino já sai da "boca de fumo" com duas obrigações: conseguir dinheiro para pagar o aluguel da arma e para comprar a droga. Se for pego e encaminhado para um Centro de Educação, ao cumprir o período, sai tenso, ciente das contas a pagar. Então, ou abre outra conta para alugar nova arma ou volta a vender droga. Se perder a segunda arma, possivelmente vai ser assassinado, por não ter como pagar a dívida. 

Crise de invisibilidade: 'não tenho nada a perder, tamo aí pra' se f....mesmo!

Uma crise de invisibilidade aliada ao poder econômico e sedutor imposto pelo mundo do crime é um dos motores propulsores da crescente violência envolvendo crianças e adolescentes. O "menino bomba", é uma das dificuldades encontradas no enfrentamento a esse problema. "Quem é esse menino hoje? Filho de mãe adolescente, não conhece o pai, não tem criação com a mãe porque ela é outra adolescente. Vai para a rua, onde conhece apenas esses valores. Eis o relato de um diálogo travado com um dos desses adolescentes, que assusta, mas é cada vez mais comum nas comunidades. Você chega para ele e diz: ´Cara não vai para a vida do crime armado, tu vai morrer´. Ele responde:´E aí, morrer, qual o problema? Estamos aí pra se f. mesmo´. Ele não foi humanizado, socializado em uma base civilizatória, para entender o senso de vida. A saída, para muitos é "encostar" nos adolescentes. Ajudá-los a compreender que tem que fazer a vida valer a pena, fazer convivências, para ele ter acesso aos bens da humanidade, afeto, amor, amizade, proteção e outros bens... (Fonte: Tirado do Blog de Marco Passerini e adaptado pelo blogueiro)

Mega operação do IBAMA com exército para coibir comércio de madeira no Alto Turiaçu. Mais uma 'onda'...para inglês surfar!

Mais uma operação espalhafatosa do IBAMA com a colaboração dos homens verde-oliva. Mais de 200 homens, com carros, helicópteros e até tanques estão em Zé Doca. A cidade foi escolhida como base para a operação ‘Hiléia Pátria’ que visa a coibir o comércio de madeira na região do Alto Turiaçu (Centro do Guilherme, Centro Novo, Maranhãozinho, etc.) Do pouco de mata nativa que ainda resta. A previsão é que o ‘teatro’ dure 20 dias. Lógico que os madeireiros da região já sabiam da operação e cuidadosos esconderam os meios de transportes e a madeira acumulada. Ao longo dos próximos 20 dias ficarão em casa curtindo a copa das confederações para retomar, tranquilamente, quando findar a mega operação. Como se nada tivesse acontecido. Sempre foi assim. Porque deveria ser diferente dessa vez?  Eles já conhecem os truques do negócio: alguém do IBAMA avisa, eles às pressas retiram tudo e quando os homens do estado chegam tudo está nos conformes. A Reserva Biológica do Gurupi já se foi. Não mais reserva de nada. As matas das terras indígenas Alto Turiaçu, Awá,e Caru está diminuindo de forma assustadora e, diga-se de passagem, com a cumplicidade de setores indígenas que recebem motos ou outros presentes para ‘legalizar’ o assalto, como se os índios estivessem livres para obedecer á legislação ambiental. Abrem-se vez por outra alguns inquéritos contra esse e aquele madeireiro, vereador e até prefeito da região, mas tudo volta, sistematicamente, ao ritmo de sempre.  Será que os nossos ‘manifestantes’ sabem disso?

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Vila Embratel: onde a vida é ceifada na bala de chumbo e do crack!

Três mortes em uma semana na Vila Embratel. Todos jovens que não passam de 25 anos. Sábado passado um jovem de 25 foi morto na porta da sua casa sem ter cometido algum tipo de ilícito. Familiares e vizinhos afirmam categoricamente que era gente fina, não tinha envolvimento com drogas ou outro negócio escuso. Com certeza foi confundido com outra pessoa. Morreu no instante simplesmente por erro de um assassino notório no bairro. Ontem, um jovem de 17 anos ao anunciar o assalto a um carro de lotação da região recebeu vários tiros do dono do carro. Este era um policial que não pensou duas vezes em usar a arma e ‘fazer limpeza’ pelo menos no carro dele! O jovem morreu no instante e o policial com boa probabilidade será reconhecido como um herói.  A lista das matanças aumenta a cada dia, sob os olhos assustados de todos, sob a indiferença de muitos, sob a impotência de alguns, e sob a ausência, quando não cumplicidade, das ‘forças da ordem e da segurança’ do Estado. Missas de sétimo ou de trigésimo dia não irão aliviar a dor dos familiares e nem modificar uma situação de violência e insegurança que parecem dominar não somente a Vila Embratel, mas a ‘ilha bela, rebelde domada, e...dominada’!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Fomos às ruas por dignidade. Por respeito.

'Participei ontem dos maiores protestos que já vi agitarem o país. Ou, ao menos, que eu tenha tido o imenso prazer de participar. Paramos o país de norte a sul. Éramos 100 mil no Rio, mais de 100 mil em São Paulo (o movimento que começou no Largo da Batata se dividiu em vários "menores", um deles ocupou toda a Brigadeiro Luis Antônio da JK até a Paulista, só ali éramos mais do que os 60 mil totais divulgados pela mídia), mais de 20 mil em Belém, milhares em Brasília...Mas por quê? 
A revolta não nasceu por causa de 20 centavos, 10 centavos, nem 30 centavos. Ela tão somente ESTOUROU depois dos aumentos simultâneos em todo o país. Enquanto o PT prega que o país está indo às mil maravilhas, o povo nas ruas mostrou que esta imagem não é real. Não estamos sorridentes com a Copa, não estamos felizes com a educação, com a cultura, com a saúde...Protestos contra o aumento se juntaram a protestos contra os gastos absurdos da Copa, com a insatisfação com a cidade, com a exclusão social, com as tentativas de golpe contra o judiciário patrocinadas pelo PT e aliados, como no caso da PEC37, contra a violência policial, contra a educação e saúde precárias...

Enfim, o povo foi às ruas contra o atual modelo de país que temos, excludente, desigual, com bilhões fluindo para a FIFA e para obras faraônicas e virtualmente inúteis, em protestos reprimidos com extrema violência e brutalidade, enquanto somos bombardeados por propagandas estatais de que "está tudo bem", "está tudo lindo". Não está. Indígenas são massacrados e desrespeitados em suas terras, na verdade muitos sequer tem terras. LGBTs são assassinados nas ruas por simplesmente serem quem são, a periferia grita contra o genocídio que sofre, e toda a população se revolta contra a submissão a uma política de iguais, sem opções, em que PSDB e PT se revezam em acusações, mas são apenas faces da mesma moeda: Corruptos, privatistas, entreguistas, preocupados em enriquecer aos seus e não em transformar o país. Não há imagem mais emblemática que o povo ocupando o Congresso. Pacífico, apenas demonstrando sua força e que quem deve ter medo é o poder, são os governos, e não o povo. O governo nos serve, deve nos servir e deve nos temer. Estamos diante de uma onde sem precedentes de conservadorismo, de medievalismo religioso, de tentativas de destruir o judiciário ao invés de reformá-lo e torná-lo mais democrático. O povo estourou contra um congresso e legislativos corruptos, desconectados da realidade do povo. Enquanto pegamos ônibus, metrôs e trens lotados, políticos impõem suas pautas pessoais usando carros de luxo pagos com nosso dinheiro e vivem em mansões inalcançáveis para a ampla maioria da população. Lutamos e fomos às ruas por dignidade. Por respeito'.
(O comentário é de Raphael Tsavkko Garcia, jornalista, blogueiro e ativista social em artigo no seu blog, 18-06-2013).

Questão Indígena no Maranhão - Delírios na Assembléia Legislativa!

Parece que os políticos ‘profissionais’ do Maranhão – aqueles que vivem da política, e não para a Política, - chegam sempre atrasados em relação às mobilizações nacionais. Precisam imitar, e mal, o que fazendeiros e políticos inescrupulosos de outros estados (Mato Grosso, por exemplo) aprontam para que o circo pegue fogo, principalmente na questão indígena. De olho no voto daqueles municípios que poderão sofrer revisões fundiárias, em vista de corrigir o tamanho de alguns territórios ocupados tradicionalmente por várias etnias do Maranhão, vêm organizando discursos inflamados e audiências públicas onde os ausentes de sempre são, justamente, os índios. Na segunda feira passada no auditório Fernando Falcão nas dependências da Assembléia (aquela que custou mais de 90 milhões de reais e desmatou mangues...) eles desfilaram pela tribuna sem ter um contraponto. Ninguém da ‘outra parte’ estava lá para esclarecer o básico do básico. Nada de direito ao contraditório. Não era por nada: eles temem que alguém os flagre em suas mentiras! 
Que é mentira, por exemplo, que as eventuais ampliações, ainda não julgadas, estariam roubando 75% da superfície do município de Amarante. Na realidade existe somente um grupo técnico de trabalho; e mesmo se consolidando uma possível proposta inicial, ‘tirar-se-ia’ (como se os índios não fossem munícipes e não vendessem seus produtos naquele território!) do município 7,5% da totalidade da superfície de Amarante, e não 75%!!!!!! Só fazer uma simples operação matemática e transformar os hectares em quilômetros quadrados! Simples, meu caro Watson! O mesmo diga-se com relação a Fernando Falcão e outros municípios envolvidos. Esses municípios, aliás, recentemente, entraram na justiça com advogados muito bem gratificados, apelando para o decreto 1975 do MJ que lhes concede o direito ao contraditório. Através desse recurso aqueles posseiros ou supostos proprietários que se sentirem prejudicados com a possível nova demarcação podem recorrer apresentando documentação legal provando a origem de suas propriedades e justificando-a. Pois bem, todos esses municípios tiveram seus recursos rejeitados e considerados ‘improcedentes’ pelo próprio Ministério da Justiça, após rigoroso exame. Agora, insatisfeitos e inconformados acham que foram os poderosos missionários do CIMI ou alguns funcionários malucos da FUNAI a criar essa ‘baderna’. Senhores deputados acordem e comecem a estudar as questões nevrálgicas do Estado e façam por merecer....Please!

terça-feira, 18 de junho de 2013

BRASIL EM CHAMAS. É PRA' VALER?

A onda de manifestações que se espalhou por pelo menos 11 Estados brasileiros nesta segunda-feira levou à invasão da cobertura do Congresso Nacional, em Brasília, e da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em uma série de protestos considerada a maior desde o impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992. Seguranças e policiais militares não conseguiram evitar que participantes de uma marcha com 5 mil manifestantes chegassem ao Congresso Nacional e ocupassem a marquise do prédio, onde ficam as cúpulas da Câmara e do Senado.Os manifestantes deixaram o local pacificamente e de forma espontânea em uma das cenas mais marcantes do dia de protestos. Porém, o desfecho em outras capitais teve momentos de confronto e tensão. No Rio, um grupo de cem manifestantes invadiu o edifício da Assembleia Legislativa e entrou em choque com a Polícia Militar. Ao menos 20 policiais foram feridos e duas pessoas teriam sido baleadas. A manifestação na cidade reuniu 100 mil pessoas, segundo a PM. Violência também foi registrada na capital mineira, depois que a polícia lançou bombas de gás para dispersar os manifestantes. A polícia afirmou que entrou em ação quando manifestantes tentaram invadir o estádio do Mineirão, onde Nigéria e Tahiti jogavam pela Copa das Confederações. Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, manifestantes incendiaram ônibus e contêineres, além de promoverem atos de vandalismo no centro da cidade. Eles foram dispersados pela polícia com bombas de gás. Em São Paulo, O protesto chegou a reunir mais de 60 mil participantes, segundo o instituto Datafolha. Dilma acompanhou o desenrolar das manifestações e se reuniu com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para tratar do assunto. Mais cedo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o governo está preocupado com os protestos e quer garantir diálogo com os movimentos para entender "anseios importantes" que têm levado as pessoas a se manifestar.(Fonte: BBC do Brasil)

Perguntas legítimas? 1. Por que somente agora surge um movimento de protesto quando, ao longo dos últimos dez anos, o Brasil viveu como que "anestesiado"? 2. O Brasil estaria pior que 10 anos atrás? 3. Por que saem às ruas para protestar contra a alta dos preços dos transportes públicos jovens que normalmente não usam esses meios porque já têm carros, algo impensável há dez anos? 4. Seriam essas pessoas os ‘pobres de ontem’ e que hoje querem mais e com mais qualidade?

domingo, 16 de junho de 2013

Direito de vaiar a Dilma nos estádios que custaram caro!

As vaias a Dilma na abertura da Copa das Confederações em Brasília antes do jogo Brasil x Japão soaram injustas para alguns. Acham que não era o momento para manifestar sua indignação contra a presidente. Que aquele momento era uma exaltação do esporte e uma espécie de ‘campo neutro’, lugar para estreitar laços com os povos, independentemente do que vem ocorrendo no País.  Era para ter 'fair play'!Ledo engano. Não existe um espaço apropriado para exercer a própria indignação contra quem quer que seja, principalmente se a presidente raramente recebe aqueles setores da sociedade que mais se sentem e são injustiçados pelas políticas federais. Nada mais normal que a própria insatisfação seja declarada nas poucas oportunidades em que ela mesma está presente. Merecedora ou não de manifestações de insatisfação naquele momento específico, ela e o seu governo fazem por merecer. Difícil saber se foi uma manifestação de indignação pela alta da inflação, ou pelo escasso crescimento do País (graças a Deus!) ou pelas suas atitudes um tanto ‘arrogantes’, mas ouso crer que muitos que a vaiaram estavam contestando a forma como o governo federal vem ‘fazendo limpeza social e urbana’ de numerosas comunidades que estão situadas nos trechos estratégicos de estádios e vias de acesso que vêm sendo construídas em vista dessa Copa e da do próximo ano. Verdadeiras barbaridades que a imprensa silencia. Não se trata só de super-faturamenentos de obras, e nem somente de licitações viciadas, mas de verdadeira truculência em remover, ameaçar e pressionar milhares de famílias para deixar, no bem ou no mal, suas casas, e abrindo espaço às máquinas e tratores ‘federais e estaduais’.Tudo para que fique bonitinho, nesses dias, claro! Para mostrar o que é bom e esconder o que É ruim como já outros 'pilantras' sentenciavam. Buuuuuuuuhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sábado, 15 de junho de 2013

Lavar os pés dos 'hóspedes' com as lágrimas da conversão e perfumá-los com a essência do amor (Lc. 7, 36-50)

Parece ser hábito adquirido julgarmos as pessoas pelas suas aparências. Pelos seus modos de se vestir, de falar, de se mexer, pela cor da pele, pelo sotaque. Reproduzimos os estereótipos clássicos em que o mundo estaria rigorosamente dividido entre bons e maus. Bondade e maldade definidas por nós, claro, a partir do nosso glossário cultural, subjetivo e individualista. Nisso nos descobrimos vítimas e cúmplices dos nossos preconceitos e, ás vezes, do nosso misterioso passado que nos condiciona na hora de nos aproximar do ‘outro’. Mesmo que a realidade do espírito humano esteja por demais variegada, complexa e contorta, nós nos arvoramos a juízes implacáveis dos ‘outros’. Não nos damos conta da gravidade da nossa leviandade que liquida uma vida inteira por causa de alguns gestos, opções ou palavras que não batem, á primeira vista, com o nosso modo de entender a vida. Esquecemos com facilidade que “os meus caminhos não são os vossos caminhos... pois vocês olham as aparências, mas eu olho o coração’ nos diz Javé através dos profetas. O modo de proceder de Deus é totalmente outro, e para nós humanos, às vezes, nos soa ilógico e paradoxal. Como paradoxal é a capacidade de Jesus de Nazaré de compreender, perdoar e acolher o pecador condenado e rejeitado de antemão pela igreja e pela sociedade. A atitude de Jesus de Nazaré vai além da prática e do pensamento do senso comum, socialmente aceito, e se aproxima espantosamente do modo de agir do próprio Deus. No evangelho hodierno o evangelista parece concentrar, de forma exaustiva, tudo o que está relacionado à difícil e desafiadora prática do perdão. Resumindo poderíamos dizer que:

1.      Jesus não olha e nem se deixa condicionar pelo ‘status social e moral’ de uma determinada pessoa, no caso concreto uma mulher que não ‘gozava de boa fama’ naquela cidade. Olha, ao contrário, a sua capacidade de oferecer gestos concretos de amor, de carinho, de atenção ao outro. Nem que fosse um único gesto, mas intenso e carregado de amor, faz com que ela seja perante ele uma pessoa inteiramente nova. Um só gesto de amor parece anular um número sem fim de ‘negações de amor’.
2.      Jesus não pede á mulher de abandonar o seu ‘status’, mas indiretamente a convida a continuar a ‘lavar e perfumar os pés e a enxugá-los com as lágrimas’ da sua nova consciência para com todos aqueles ‘hóspedes’ que não recebem a devida acolhida e atenção (como Jesus). Afinal, são esses gestos, - e não os seus ‘numerosos’ pecados, - que são ‘contabilizados’ diante da compaixão de Deus.
3.      Jesus, ao preferir os gestos de amor e de atenção da ‘suposta’ pecadora à omissão e à indiferença do fariseu, supostamente ‘justo’, inverte a situação, o ‘status social e moral’ dos seus protagonistas. É como se Jesus nos dissesse que quem na realidade precisa de conversão e perdão, a partir de agora, é o fariseu ‘justo’ e não a mulher ‘pecadora’. Ela deixou de ser pecadora porque soube amar muito. Já o fariseu deve deixar de lado a sua arrogância e auto-suficiência e começar a ‘lavar, perfumar e enxugar’ os pés dos ‘hóspedes da vida’ que ele vem desprezando e ignorando.
Para aprender a saborear dessa forma, a presença amorosa de um Deus que não se importa em usar o ‘corpo vendido e impuro’ de uma ‘suposta prostituta’ para manifestar o seu amor e o seu carinho para com seus filhos e filhas.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

INICIA AMANHÃ A .....COPA DAS ....REMOÇÕES!


Às 9h de amanhã, dia 15 de junho, um evento promovido pelo Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro pretende se opor ao entusiasmo que circunda a chegada da Copa das Confederações. Sete horas antes de o Brasil estrear contra o Japão na competição da FIFA, que será uma “prévia” para a Copa do Mundo de 2014, outra bola vai rolar no Quilombo da Gamboa (Rua da Gamboa, 345) na zona oeste da capital fluminense. Trata-se da “Copa Popular – Contra as Remoções”, um torneio de futebol disputado entre comunidades que sofrem com as remoções no Rio – desde comunidades já removidas até comunidades que, em algum momento da preparação para os megaeventos, sofreram ameaças de remoção.“Escolhemos o dia 15 porque é o dia da estreia da Copa das Confederações e estamos em busca de manifestações mais criativas”, diz a jornalista Paula Paiva Paulo, integrante do Comitê Popular. “Atos a gente já faz bastante, eles são importantes, mas queríamos algo um pouco mais criativo”. O Comitê também vai distribuir materiais com informações sobre as comunidades a quem comparecer ao evento. No dia da Copa Popular, também será lançado o mascote popular da Copa, que será o Saci. Ao contrário do mascote oficial da Copa – que só pode ser estampado por comerciantes autorizados pela FIFA – o Saci, que será disponibilizado em copyleft para que os comerciantes, principalmente os populares, possam usar à vontade. 
Comentário do blogueiro -Se tivéssemos que estender o convite a todas as comunidades brasileiras que vêm sofrendo algum tipo de impacto por causa das obras relacionadas à Copa do mundo de 2014 com certeza poderíamos contar para essa Copa Popular do Rio com centenas e centenas de times. Todos eles expressão do descaso, da truculência e do exibicionismo arcaico dos diferentes  governos (federal, estadual, municipal) de vários Estados e cidades do Brasil. Remoções violentas e sem o devido diálogo, com indenização ínfimas, e/ou re-assentamento em casas dignas estão ocorrendo no Brasil todo, com o silêncio cúmplice da imprensa. É vergonhoso que governadores façam disso uma questão de vida ou morte, custe o que custar, para poder se re-eleger em 2014.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Mais um índio morto por pistoleiros no Mato Grosso. Alguém de colarinho branco e chapéu de abas grandes agradece!

Mais um dia de violência e morte no Mato Grosso do Sul. De acordo com informações do cacique Nicolau Guarani Kaiowá, da aldeia Paraguassú, Terra Indígena Takwarity/Ivykwarusu, município de Paranhos, Celso Rodrigues, 42, indígena da comunidade, foi morto a tiros por pistoleiros enquanto caminhava para o trabalho, na manhã desta quarta-feira, 12.  “Dois pistoleiros o tocaiaram enquanto ele passava perto de um córrego. O pai dele está muito triste e revoltado. Eu também (...) é muito doloroso ver parentes morrer”, explica o cacique. A Polícia Civil esteve no local para perícia, o delegado Rinaldo Gomes Moreira pediu abertura de inquérito e o corpo de Celso foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Porã. A região de Paranhos, sul do estado, é foco de conflitos entre indígenas e fazendeiros que mantêm terras em áreas de ocupação tradicional Guarani. No mês de agosto do ano passado, os Guarani Kaiowá retomaram parte do tekoha – lugar onde se é – Arroio Korá, em Paranhos. Homologada desde 21 de dezembro de 2009, a terra se mantinha nas mãos de fazendeiros. Durante visita de equipe do Ministério Público Federal (MPF), pistoleiros atiraram contra a comunidade. Se pela manhã Celso Rodrigues foi morto, pela tarde a Polícia Civil de Dourados prendeu cinco indígenas do acampamento Ita’y Ka’agurussu, Terra Indígena Lagoa Rica/Panambi, município de Douradina. Entre os presos está a cacique Isigeninha Hirto, grávida, além dos Guarani Kaiowá Samuel Gonçalves, Sérgio da Silva, Elaine Hilton e João Isnarde. Ainda não se sabe os detalhes do mandado de prisão expedido no último dia 28 de maio para sete indígenas, mas as prisões têm relação com fato ocorrido no dia 13 de abril, no próprio acampamento. Arnaldo Alves Ferreira, policial militar reformado, invadiu à cavalo a aldeia efetuando seis disparos contra os indígenas, acertando na orelha o Guarani Kaiowá João da Silva. (Fonte: Cimi)
Comentário do blogueiro - Mais um índio assassinado no governo Dilma que vem se somar aos 560 assassinados na década petista. Estranhamente, não consigo ler uma notícia que alguém 'não índio' tenha sido preso, morto, julgado, por ter cometido algum tipo de barbaridade contra índios. Fica evidente que os bandidos são índios, fica claro que quem merece morrer são os de sempre: os bagunceiros e selvagens ´índios'! Será que vamos ter que iniciar a preparar mais um 'relatório Figueiredo'? 


Papa prepara reforma da cúria. Será reforma da igreja?

O Papa Francisco prepara uma iminente “revolução” na Cúria romana. Em duas fases. Uma primeira, com mudanças significativas de pessoas, que, seguramente, se realizará antes do verão. E uma segunda fase, no outono, na qual a Sua Santidade fará a mudança das estruturas da máquina curial vaticana. Para reduzi-la, redimensioná-la e torná-la mais eficaz e, sobretudo, colocá-la a serviço do Papa, não de si mesma.  “Haverá notícias em Roma e logo. Aguardam-se grandes mudanças”, confia um curial romano com muitos anos de experiência na Santa Sé. “O pontificado de Francisco começará a ser compreendido com as novas nomeações. A linha pastoral está muito clara: doce e suave na proposta, mas clara e firme nos conteúdos. Sua linha política vamos conhecê-la nas próximas nomeações”.Por isso, enquanto o mundo aguarda ansioso as palavras e os gestos diários de Francisco, a Cúria está em expectativa apenas em relação à mudança de nomes que se avizinha. A reforma da Cúria é um objetivo que une profundamente os dois Papas. Bento XVI sempre quis reformá-la, sem consegui-lo. Talvez, como disse em sua renúncia, pela “falta de forças físicas e espirituais”. Há quem diga em Roma que “uma das questões pendentes de seu pontificado da qual mais se arrepende”. Parece claro que, em qualquer caso, Bento já tinha um esquema da reforma da Cúria, que, agora, pode ser de muita utilidade a Francisco. 
Comentário do blogueiro: Certamente a reforma da cúria não poderá significar uma mera reforma administrativa para 'purificar' e azeitar a máquina burocrática, mas ao contrário, deverá ser a expressão de uma reforma bem mais profunda: construir um anova identidade-missão da igreja católica no mundo, Não uma entidade 'estatal', mas uma entidade a serviço da vida dos povos e grupos mais ameaçados e fragilizados pelas 'entidades estatais' e seus parceiros.

Índios em Brasília passam fome. Governo os convida para dialogar e os abandona!

Uma semana depois de chegarem a Brasília, vindos da ocupação ao canteiro de obras da UHE Belo Monte, no Pará, indígenas Munduruku, Xipaya, Kayapó e Arara caminharam nesta terça-feira, 11, da sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), onde mantêm ocupação, até a  Esplanada dos Ministérios em busca de interlocutores para suas angústias e reivindicações. Encontraram silêncio e fome. À imprensa, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, informou que o retorno dos indígenas ao Pará está programado para esta quarta-feira, 12, mas afirmou que se o grupo não desocupar a Funai o governo entrará com pedido de reintegração de posse. Porém, não garantiu hospedagem para os indígenas até o desembarque das aeronaves.  “O que o governo faz é uma irresponsabilidade. Estamos vendo o que eles querem e vamos comunicar nas aldeias. Se a gente não receber o governo lá na comunidade, eles vão botar a Força Nacional em cima”, aponta Valdenir Munduruku. Durante o mês de maio, os mesmos indígenas ocuparam por duas vezes o principal canteiro de obras da usina de Belo Monte contra os empreendimentos hidrelétricos na Amazônia. A última ocupação terminou com a vinda deles para Brasília, há uma semana, buscando diálogo. Em busca da alteridade neste diálogo, os indígenas entendem que o Palácio do Planalto se mostra insensível às suas questões. Os governistas insistem nos empreendimentos e pretendem organizar uma consulta, sem direito ao veto das comunidades e paralisação dos estudos e canteiros de obras, que garanta o projeto. Nesta segunda-feira, 10, o ministro Carvalho se negou a receber os indígenas; encaminhados para a Funai, esperaram da manhã até o final da tarde de ontem para terem a notícia de que a presidente interina não poderia recebê-los.  “A Funai deveria proteger e ajudar os índios, mas não faz isso. Ficamos em Brasília até agora, mas não percebemos vontade do governo de fazer as coisas direito. Mentem e manipulam. Dizem que somos bandidos e não comparecemos em reuniões. O que queremos é a nossa aldeia, nossa casa, nossa paz. Não queremos ficar aqui, não queremos essa forma que o branco trata as coisas”, desabafou Valdenir Munduruku. (Fonte: Brasil de fato)

terça-feira, 11 de junho de 2013

ÍNDIOS 'ESTRANGEIROS NATIVOS' - Uma reflexão de uma 'brasileira'!

A volta dos indígenas à pauta do país tem gerado discursos bastante reveladores sobre a impossibilidade de escutá-los como parte do Brasil que têm algo a dizer não só sobre o seu lugar, mas também sobre si. Os indígenas parecem ser, para uma parcela das elites, da população e do governo, algo que poderíamos chamar de “estrangeiros nativos”. É um curioso caso de xenofobia, no qual aqueles que aqui estavam são vistos como os de fora. Como “os outros”, a quem se dedica enorme desconfiança. Desta vez, a entrada dos indígenas no noticiário se deu por dois episódios: a morte do terena Oziel Gabriel, durante uma operação da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, e a paralisação das obras de Belo Monte, no Pará, pela ocupação do canteiro pelos mundurucus. O terena Oziel Gabriel, 35 anos, morreu com um tiro na barriga durante o cumprimento de uma ordem de reintegração de posse em favor do fazendeiro e ex-deputado pelo PSDB Ricardo Bacha, sobre uma terra reconhecida como sendo território indígena desde 1993. Pela lógica do discurso de que seriam manipulados pelas ONGs, Oziel e seu grupo, se pensassem e agissem segundo suas próprias convicções, não estariam reivindicando o direito assegurado constitucionalmente de viver na sua área original. Tampouco estariam ali porque a alternativa à luta pela terra seria virar mão de obra barata ou semiescrava nas fazendas da região, ou virar favelados nas periferias das cidades. Não. 
Os indígenas só seriam genuinamente indígenas se aceitassem pacífica e silenciosamente o gradual desaparecimento de seu povo, sem perturbar o país com seus insistentes pedidos para que a Constituição seja cumprida. No caso dos mundurucus, questionou-se exaustivamente a legitimidade de sua presença no canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte, por estarem “a 800 quilômetros de sua terra”. De novo, os indígenas estariam extrapolando fronteiras não escritas. Os mundurucus estavam ali porque suas terras poderão ser afetadas por outras 14 hidrelétricas, desta vez na Bacia do Tapajós, e pelo menos uma delas, São Luiz do Tapajós, deverá estar no leilão de energia previsto para o início de 2014. A trajetória de Belo Monte mostrou que a estratégia é tocar a obra, mesmo sem o cumprimento das condicionantes socioambientais, mesmo sem a devida escuta dos indígenas, mesmo com os conhecidos atropelamentos do processo dentro e fora do governo, até que a usina esteja tão adiantada, já tenha consumido tanto dinheiro, que parar seja quase impossível.  
Adiantaria os mundurucus gritarem sozinhos lá no Tapajós, para serem contemplados no seu direito constitucional, respaldado também por convenção da Organização Internacional do Trabalho, de serem ouvidos sobre uma obra que vai afetá-los? Não. Portanto, eles foram até Belo Monte se fazer ouvir. Mas, como são indígenas, alguns acreditam que não seriam capazes de tal estratégia política. É preciso resgatar, mais uma vez, o discurso da manipulação – ou da infiltração. Já que, para serem indígenas legítimos, os mundurucus teriam de apenas aceitar toda e qualquer obra – e, se fossem bons selvagens, talvez até agradecer aos chefes brancos por isso.  

O lugar de estranho indesejado,supostamente sem espaço no Brasil que busca o desenvolvimento, tem permitido todo o tipo de atrocidades contra indivíduos e também contra etnias inteiras ao longo da história. Seria muito importante que cada brasileiro reservasse meia hora ou menos do seu dia para ler pelo menos as primeiras 16 páginas do resumo do Relatório Figueiredo, um documento histórico que se acreditava perdido e que foi descoberto no final de 2012 por Marcelo Zelic, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, de São Paulo. Segundo o relatório, só para citar um caso dramático, uma nação indígena inteira foi extinta por fazendeiros, no Maranhão, sem que os funcionários sequer tentassem protegê-la. Para quem imagina que este capítulo é parte do passado, vale a pena lembrar que apenas nos últimos dez anos, nos governos Lula-Dilma, foram assassinados 560 indígenas. A Constituição precisa ser cumprida, as demarcações devem ser feitas, os fazendeiros que possuem títulos legais, distribuídos pelo governo no passado, têm direito a ser indenizados pelo Estado. Mas há um movimento maior, mais profundo, que é preciso empreender. Como “estrangeiro nativo”, uma impossibilidade, só é possível perpetuar a violência. É necessário fazer o gesto, também em nível individual, de reconhecer o indígena como parte, não como fora. Para isso é preciso primeiro desejar conhecer, o gesto que precede o reconhecimento. Só então o Brasil encontrará o Brasil. (Síntese do artigo de Eliane Brum para Época)

sábado, 8 de junho de 2013

Questão indígena esquenta no País. Mais mortes de indígenas agora do que na época tucana!

Assassinatos de indígenas aumenta 168% nos governos Lula-Dilma - Nos oito anos de governo do ex-presidente Lula e nos dois primeiros da presidente Dilma Rousseff, 560 índios foram assassinados no Brasil — média de 56 por ano. Isso representa um crescimento de 168,3% em relação à média dos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Nos dois primeiros anos do governo Dilma, 108 índios foram assassinados no país, uma média de 54 por ano. Foram 51 mortes em 2011 e 57, em 2012. A média fica um pouco abaixo dos 56,5 homicídios anuais registrados nos dois mandatos de Lula, mas está bem acima do observado nos oitos anos de FH. No governo do tucano, a média foi de 20,9 assassinatos de índios por ano.
Demissão anunciada da presidente da FUNAI - O Ministério da Justiça anunciou nesta sexta-feira a demissão da presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Azevedo. A saída da presidente foi acertada há duas semanas. Ela deixou a presidência da instituição para se dedicar a um tratamento de saúde.O cargo será ocupado interinamente pela diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Maria Augusta Assirati. Na verdade já estava acertada com os fazendeiro da Kátia Abreu que devia cair fora!
Funcionários da FUNAI escrevem carta e defendem direitos históricos indígenas - Em carta pública, funcionários da FUNAI repudiam “declarações distorcidas na mídia” sobre procedimentos realizados pela entidade e acusam “ala conservadora” do País de campanha difamatória. Após o governo anunciar na segunda-feira 3 que pretende realizar mudanças no processo de demarcação de terras indígenas, a Fundação Nacional do Índio (Funai) reagiu. Em carta aberta, os servidores do órgão manifestam apoio aos direitos indígenas e repudiam “as declarações distorcidas veiculadas na mídia nacional sobre os procedimentos conduzidos pela Funai”. Ainda tem gente ao na FUNAI, o problema está mais acima.....

'Levantar' para voltar a esperar e dar novo sentido à vida! (Lc.7, 11-17)

Onde estão os ‘filhos ressuscitados’ de tantas mães viúvas dos nossos dias que perderam os frutos de suas entranhas nas mais diversas circunstâncias? Como se identificar hoje com o gesto de Jesus que movido pela compaixão pelo desespero de uma mãe ‘levanta-ressuscita’ o seu único filho ‘caído-morto’? Há no evangelho hodierno elementos que nos permitem sentir como atual algo que poderia, à primeira vista, ser relegado a um passado esplendoroso, quase mítico, alheio ao nosso hoje, e não repetível. O encontro com a morte e suas vítimas é algo que nos acompanha permanentemente. Disso ninguém pode fugir. Mas diante disso podemos assumir diferentes posturas. De indiferença e banalização: todo dia morre gente e da forma mais variada. Faz parte do cotidiano, não há porque estranhar demais! A morte, principalmente quando não nos atinge, direta ou indiretamente, não desperta nem dor, nem compaixão e tampouco indignação. Há, entretanto, a postura de Jesus que nos é revelada no texto evangélico desse domingo que parece ser paradigmática no seu modo de sentir e agir. Jesus está para ‘entrar na cidade’ para evangelizar, anunciar vida nova e esperança no reino de Deus, mas dela ‘está para sair’ um cortejo fúnebre. Uma espécie de romaria do desespero e da dor. Jesus se defronta não somente com a morte, genericamente falando, e sim com o trágico falecimento de um jovem ‘órfão’ de pai. Um ser socialmente ‘desprotegido’ que deixa mais ainda desamparada sua ‘mãe viúva’, já provada anteriormente pela dor da perda. A morte irrompe na vida desses dois seres, - social e religiosamente já fragilizados, - como uma ‘des-graça’ a mais. Talvez interpretada como o ápice da manifestação do abandono por parte de Deus. Um choque também para Jesus que prega a ‘paternidade e a proximidade’ de Deus para com os pobres e para com ‘os que choram’.
Jesus, no meio de uma multidão que canta e grita a sua dor, movido pela compaixão ‘enxerga e escuta’ o choro desesperado da mãe viúva. Compreende não somente o drama daquela morte incompreensível, mas também o que ela significa para aqueles que eram considerados pelos profetas ‘os prediletos’ de Deus (os órfãos e as viúvas). À tragédia humana, Jesus via acrescentar-se a tragédia religiosa segundo a qual Deus parecia abandonar os seus filhos mais fragilizados e supostamente amados, em lugar de protegê-los e ampará-los. Jesus não teme se aproximar e se contaminar com tudo o que está relacionado com a morte e as suas significações e toca o caixão, santuário de solidão, abandono, e de negação da vida. É justamente nessa hora que podemos descobrir que o  desafio para a fé de Jesus no Pai não era tanto o de devolver biologicamente o ‘filho’ á mãe viúva, quanto o de conseguir devolver esperança e sentido à vida de uma mãe que chorava pelo desespero. Por achar que a sua vida não fazia mais sentido. Jesus percebe que, afinal, é ela que tem que ser ‘levantada’, ressuscitada, para poder voltar a ter esperança e fé num Deus que nunca a abandonou. É ela que é chamada, como o são inúmeras mães de hoje, a dar um novo sentido á sua vida a partir de suas experiências trágicas de perda, de abandono, de separação. É a ela e a cada um de nós que, afinal, Jesus grita ‘levanta-te’, quando perdemos não somente ‘filhos, pais e mães’, mas, principalmente, a vontade de viver e de lutar. Um prelúdio esse de quanto irá ocorrer com o próprio Jesus, sua própria mãe e discípulos.    

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Procuradores da República acusam governos e polícia de não saber lidar e respeitar indígenas e seus direitos

Procuradores da República em Mato Grosso do Sul e no Pará se manifestaram ontem (4) sobre os conflitos decorrentes da disputa por terras entre índios e produtores rurais. Por meio de notas divulgadas nos sites das procuradorias nos dois estados, eles dizem que a questão da demarcação de terras indígenas é um problema cuja solução depende, principalmente, de vontade política. Para o procurador da República em Mato Grosso do Sul, Emerson Kalif Siqueira, falta vontade do governo para solucionar a questão indígena. "A omissão da União em enfrentar a temática só tem agravado a tensão no campo", diz Kalif que destaca também o despreparo da polícia para lidar com os conflitos fundiários. Segundo ele, isso ficou mais uma vez patente com a morte do índio terena Osiel Gabriel durante a ação policial de reintegração de posse de uma fazenda de Sidrolândia, na última quinta-feira (30). "Os conflitos fundiários em Mato Grosso do Sul são históricos e resultam de uma série de ações e omissões do Estado brasileiro. Para se entender a tensão do campo, é preciso antes analisar a história de ocupação do Estado, que resultou no esbulho de comunidades indígenas de seus territórios tradicionais e na concessão de títulos públicos a particulares", acrescenta o procurador. Os procuradores da República no Pará sustentam que o fato de grandes empreendimentos como a construção de usinas hidrelétricas serem feitos com base em decisões liminares contribuem para o acirramento do clima de tensão. Eles ressaltam que as comunidades indígenas afetadas pelos projetos de usinas hidrelétricas na região amazônica não foram previamente consultados, conforme determinam a Constituição Federal e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário. "Por esse motivo, o governo brasileiro responde a três processos judiciais, movidos pelo Ministério Público Federal no Pará e em Mato Grosso", diz a nota. "Nas ações, o MPF [Ministério Público Federal] defende o direito de consulta dos povos indígenas Arara, Juruna, Munduruku e também para os ribeirinhos dos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires. Em todos os processos que move sobre a consulta, o MPF obteve vitórias em favor dos indígenas, mas o governo recorreu e toca os projetos com base em liminares e suspensões de segurança", declara ainda MPF no Pará. (Fonte: Notícias da Amazônia)

terça-feira, 4 de junho de 2013

Jovem Terena é morto em conflitos por terra. Dilma se diz chocada. Lágrimas de crocodilo não ajudam a resolver conflitos!

A presidente Dilma Rousseff orientou seus auxiliares a agirem rápido e iniciarem uma operação de "pacificação" nas regiões de conflitos entre indígenas e produtores rurais em Mato Grosso do Sul. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, vão articular acordos, a partir de amanhã, para suspender, temporariamente, ações de reintegração de posse em áreas conflagradas. Escalados pela presidente, Cardozo e Adams vão procurar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério Público para e analisar em conjunto os inúmeros litígios de terras indígenas que existem no País, assim como pedir que as ações de reintegração de posse sejam feitas com um pouco mais de tempo, a fim de que possam ser devidamente planejadas.O governo está convencido de que a rapidez na ação de desocupação nas fazendas Cambará e Buriti, em Sidrolândia (MS), foi fatal e temem que o fato possa se repetir. Um índio terena, Oziel Gabriel, de 35 anos, morreu na ação na quinta-feira. Dilma disse aos ministros estar "chocada" com a morte. A Polícia Federal e a Polícia Militar instauraram inquéritos para encontrar o responsável pelo disparo que provocou a morte do terena. Na sexta, a presidente convocou uma reunião de emergência no Palácio do Alvorada para discutir a questão. A avaliação do Planalto é que se os indígenas forem incitados a reagir e ocupar terras o conflito se agravará e há riscos de que novas mortes ocorram.Dilma foi incisiva no pedido de apuração dos fatos, para saber quem matou o índio, mas advertiu que é preciso trabalhar pelo entendimento para evitar que se chegue a este nível de tensão, que pode se intensificar na região.Ficou acertado ainda que, até o final de junho, o governo vai concluir o estudo com as novas regras de demarcação de terras indígenas. (Fonte:IHU)

Comentário do blogueiroO que vem ocorrendo é consequência também das omissões dos diferentes governos federais que ao longo dos anos evitaram enfrentar com determinação e coragem os sempre mais numerosos e agressivos invasores de terras indígenas, talvez na piedosa ilusão de que os índios com o tempo abrissem mão de seus direitos sobre elas...Ora, ora, ora.....

sábado, 1 de junho de 2013

CURTAS E GROSSAS

Comitê Nacional para debater novo Código de Mineração - Foi lançado no dia 29 de maio, na Sede Nacional da OAB, o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração. O Comitê é formado por cerca de cinquenta instituições e tem como objetivo ser mais uma voz no debate sobre o novo Código Mineral, para além do governo e das empresas. É mais uma etapa da progressiva agregação de forças sociais em denúncia dos impactos do atual modelo de mineração.  Entre as entidades que compõem o comitê há a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Conselho Federal da OAB, Rede Justiça nos Trilhos, entre outros.
Polícia incentiva trabalhadores a entrarem em conflitos com índios em Belo Monte - Trabalhadores alojados no canteiro de obras da usina hidrelétrica Belo Monte, ocupado por indígenas desde segunda-feira, 27, acusam policiais de incitarem operários a entrarem em confronto com indígenas. Segundo relatos, alguns trabalhadores que tentavam diálogo com indígenas teriam sido perseguidos, espancados e demitidos. Uma das vítimas desta violência afirma que policiais da Rotam fardados teriam ido ao alojamento dos trabalhadores do Sítio Belo Monte e estimulado um grupo de operários a beber e entrar em conflito com os indígenas. Outro operário confirmou as informações: “O policial disse que quer que nós entre em conflito com os índios, pra não meter a Força Nacional e nem a patrimonial no meio”, afirmou o trabalhador. Ambos os depoimentos estão registrados em vídeo.
Governo Federal convida indígenas a sentar à mesa e dialogar - Após quatro dias de ocupação do principal canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, as lideranças do protesto indígena aceitaram a proposta feita pelo governo federal. Um grupo de índios viajará a Brasília na próxima quarta-feira para se reunir com representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República e dos ministérios da Justiça e de Minas e Energia. Os indígenas, no entanto, permanecerão no interior do canteiro até, pelo menos, o dia da reunião. A decisão de deixar ou não o local vai depender do resultado da conversa com os representantes do governo. 

Jesus constrói a nova família planetária através de 'estranhos estrangeiros' que se tornam 'próximos' através da compaixão (Lc. 7,1-10)

Parece haver uma tendência inata de ‘estranhamento’ nas pessoas quando colocadas diante do desconhecido. De tudo o que foge do seu mundo concreto, supostamente conhecido, e da sua convivência diária. Há uma clara tendência nas pessoas que pertencem a uma mesma cultura em olhar e julgar as demais que pertencem a outra cultura a partir de seus próprios padrões comportamentais. Naturalmente analisamos e julgamos os ‘estranhos’ a partir de modelos culturais nos quais fomos formados e socializados. Nada tão grave, diria a antropologia social, desde que os nossos sentimentos de ‘estranhamento’ com relação ao outro não se transformem, por exemplo, em xenofobia, no medo doentio para com o ‘estrangeiro’. Ou seja, quando ‘o outro, o estrangeiro’ aquele que não conhecemos e que não pertence ao nosso grupo social é visto e tratado como um potencial inimigo. Um alguém que pode nos ameaçar só pelo fato de ser ‘culturalmente diferente’. A partir dessas constatações podemos compreender o porquê, por exemplo, da necessidade social e religiosa em Israel, de amar o seu ‘próximo’, o que está perto, que se conhece. De ser solidário com os seus membros de família e de pertença étnica. Daí a necessidade de cuidar, primeiramente, das ‘ovelhas perdidas da casa de Israel’ e de ‘não tirar o pão aos filhos para entregá-los aos cachorros, aos estrangeiros’. Esta sempre tem sido a prática social e cultural não só de Israel, - que se achava o ‘povo eleito’, - mas da grande maioria dos povos e etnias que se consideram ‘gente verdadeira’, em contraposição aos ‘estranhos estrangeiros’ que não o seriam.
No evangelho de hoje, Jesus, o cidadão israelita que, como os seus patrícios também ele olhava para os ‘estrangeiros’ com ‘estranhamento’, descobre num estrangeiro aqueles valores que não imaginava encontrar. O interessante é que Jesus em lugar de encontrar uma desculpa ou pretexto para tentar justificar para si e diminuir a surpreendente manifestação de fé do estrangeiro, com toda humildade e realismo, a reconhece e a louva. É como se os olhos do cidadão ‘nacionalista e antropocêntrico’ Jesus de Nazaré se abrissem de repente para admitir publicamente que fé e valores humanos não são patrimônio de um grupo, de uma etnia, de uma instituição, mas dons espalhados do Pai. São experiências como essas que ajudam as pessoas a mudar de mentalidade, e a superar preconceitos viscerais para com os ‘estranhos’. ‘Estranhos’ que, agora, podem ser os nossos próprios irmãos de sangue. São experiências como essas que produzem uma nova metodologia evangelizadora no próprio Jesus e na própria igreja, onde o ‘próximo’ já não é somente o familiar do mesmo sangue, nem o membro da nossa comunidade eclesial, mas o ‘estrangeiro estranho’ que socorre a vítima à beira do caminho. Onde tocamos com mão a ‘fé infinita’ presente não somente num membro da nossa mesma igreja ou religião, mas de um ‘centurião romano’, invasor, pagão, que não frequenta igreja e nem sinagoga. Um ‘estranho’, porém, que se tornou ‘próximo’, porque capaz de sentir compaixão por um seu escravo que para os seus patrícios e membros de comunidade ‘não tinha valor algum’. Foi dessa forma que Jesus foi mostrando como se constrói a nova família onde pai, mãe, irmãos, co-nacionais, colegas, sócios, etc. são ‘aqueles que escutam a palavra e a põem em prática’. Só isso faz a diferença!