quinta-feira, 30 de maio de 2013

Carta dos indígenas em Belo Monte - PAREM DE NOS AMEAÇAR. CHEGA DE VIOLÊNCIA!

Nós ocupamos o canteiro de obras de Belo Monte. Nós estamos defendendo nossa terra. Uma terra muito antiga que sempre foi nossa. Uma parte vocês já tomaram. Outra vocês estão tentando tomar agora. Nós não vamos deixar. Vocês vão entrar para matar. E nós vamos ficar para morrer. Nós não vamos sair sem sermos ouvidos. O governo federal anunciou um massacre contra os povos indígenas, os 170 guerreiros, mulheres, crianças e lideranças e pajés que estão aqui. Esse massacre vai acontecer pelas mãos das polícias, da Funai e da Justiça. Vocês já mataram em Teles Pires e vão matar de novo quando for preciso para vocês. Vocês mataram porque nós somos contra barragens. Nós sabemos do que vocês são capazes de fazer. Agora quem pediu para nos matar foi a Norte Energia, que é do governo e de empresários. Ela pediu para o juiz federal, que autorizou a polícia a nos bater e matar se for preciso. A culpa é de todos vocês se algum de nós morrer. Chega de violência. Parem de nos ameaçar. Nós queremos a nossa paz e vocês querem a sua guerra. Parem de mentir para a imprensa que estamos sequestrando trabalhadores e ônibus e causando transtornos. Está tudo tranquilo na ocupação, menos da parte da polícia mandada pela Justiça mandada pela Norte Energia mandada pelo governo. Vocês é que nos humilham e ameaçam e intimidam e gritam e assassinam quando não sabem o que fazer. Nós exigimos a suspensão da reintegração de posse. Até dia 30 de maio de 2013, quinta-feira de manhã, o governo precisa vir aqui e nos ouvir. Vocês já sabem da nossa pauta. Nós exigimos a suspensão das obras e dos estudos de barragens em cima das nossas terras.  E tirem a Força Nacional delas. As terras são nossas. Já perdemos terra o bastante. Vocês querem nos ver amansados e quietos, obedecendo a sua civilização sem fazer barulho. Mas nesse caso, nós sabemos que vocês preferem nos ver mortos porque nós estamos fazendo barulho.

Canteiro de obras de Belo Monte, Vitória do Xingu, Pará, 29 de maio de 2013

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Festa do Corpus Christi - 'CORPUS HOMINI', TEMPLO INVIOLÁVEL DO ESPÍRITO DO DEUS DA VIDA

Ontem ao chegar à Penitenciária de Pedrinhas o coordenador da pastoral carcerária do Maranhão que acolá se encontrava para um culto ecumênico com os detentos me informou que a polícia acabava de atirar em dois presos ferindo-os gravemente. Em algumas ocasiões ao visitar presos, - algo que, lamentavelmente, não faz parte ainda da minha rotina pastoral, - flagrava detentos com o rosto inchado e ensanguentado saindo de uma sala daquela delegacia conduzidos por policiais. Cansei de ver olhos e rostos deformados de mulheres e até de crianças espancadas por companheiros ou familiares.  Costumo dizer que quando uma pessoa recorre aos meios violentos para se impor ou convencer o outro a respeito de algo é sinal evidente do seu fracasso como veiculador de ‘humanidade’. Virou bicho, e bicho bruto!
Quando criança sempre me chamava a atenção a notícia que uma determinada igreja havia sido invadida e que o seu sacrário havia sido violado. Os ‘profanadores’ espalhavam as hóstias consagradas pelo chão da igreja num gesto que provocava nas pessoas indignação e espanto. Os atos de desagravo naquela igreja, - uma forma litúrgica para ‘devolver’ a sacralidade ameaçada, -  promovidos pelos párocos eram muito concorridos. Em alguns deles o próprio bispo se fazia presente. Crescendo, compreendi que esses atos de ‘profanação’ mesmo sendo gestos injustificáveis e desrespeitosos não produziam nenhuma deformação ao ‘corpo’ de Jesus. Jesus já vivia e vive à direita do Pai, e ninguém poderia ameaçar a sua integridade física. Compreendi que aquelas hóstias consagradas eram sim ‘sacramento-sinal’ da presença de Jesus, mas que não coincidiam com o seu ‘corpo’ físico, histórico, o mesmo que andou anunciando, pregando, curando, perdoando. Aquele corpo está numa outra dimensão e nenhum gesto profanador iria produzir dor ou humilhação a Jesus. 
Crescendo, compreendi que existem ‘corpos’ reais, históricos, ‘sacramentos e templos do Espírito Santo’ que são machucados, torturados, seviciados, violados produzindo dores e espasmos horríveis. Corpos profanados! Muitas vezes a virulência e a brutalidade perpetradas por ‘outros corpos sem alma’ contra ‘esses corpos’ deixam marcas indeléveis, espantosamente deformantes ao longo de toda a sua vida. Algo que profana e que parece negar a ‘presença real’ do Deus Criador e Senhor da vida nos corpos dos violados e dos torturados, templos vivos da Sua presença. Isso sim mereceria um permanente desagravo não somente litúrgico e canônico, mas social e humano! Constato, tristemente, que muitas pessoas de fé ao verem tantos ‘corpos’ sendo torturados, violentados e assassinados não sentem a mesma indignação ao se depararem com o desprezo de outras pessoas por uma hóstia consagrada. Preferem ‘adorar’ o sinal, o símbolo, o significante’ ignorando hereticamente o seu ‘significado’, nesse caso o ser humano impregnado de divindade, aquele ‘templo-moradia de Deus, real e efetivo, capaz de manifestar e veicular a própria presença salvadora do Senhor da vida! Que ao fazermos comunhão com o ‘Corpus Christi’ possamos fazer comunhão real e efetiva com tantos ‘Corpus homini’ machucados e feridos!  

Em São Luis os prefeitos dos 23 municípios da Estrada de Ferro Carajás (COMEFC) despertam repentinamente para os abusos da VALE e querem a sua grana!

Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, com o Consórcio dos 23 Municípios maranhenses da Estrada de Ferro Carajás, em 28 de maio de 2013.

Onde estavam esses prefeitos do COMEFC alguns meses atrás quando a Vale, de forma sorrateira, vinha ‘impondo’, à sua maneira, a duplicação da ferrovia? Onde estavam eles ao constatar as artimanhas da empresa ‘legitimamente brasileira’ quando vinha descaradamente ludibriando audiências públicas, chamando-as de ‘encontros’, e agredindo as etapas e as condições legais para o processo de licenciamento? Onde estava a ‘bela (musa) adormecida’ do COMEFC quando o trem da Vale vinha atropelando cidadãos, mães e pais de famílias, do seu município? Onde estavam os prefeitos antenados e responsáveis quando o Sr. Ministro de Minas e Energia, o maranhense Edson Lobão, vinha negociando com empresas mineradoras o novo Código Mineral e as porcentagens das Royalties? Causou-nos estranheza que, ontem, na assembléia legislativa, após tantas denúncias, - genéricas na realidade, - de crimes e abusos ambientais’, supostamente cometidos pela Vale, esses administradores, na sua maioria, ainda não criaram os Conselhos Municipais do Meio Ambiente para dar sequência judicial ao que proclamam aos quatro ventos. Não nos consta, até agora, a formalização de algum tipo de denúncia ao MPF ou à justiça federal contra a Vale por parte desses municípios.  Muito estranho. 
Na audiência pública o que mais chamou a atenção foi a ostentação da velha e arcaica retórica de sempre, própria dos políticos famintos de qualquer tipo de grana, venha de onde vier! O que está, então, por trás desse repentino ‘despertar’ municipal que segundo alguns seria o maior movimento revolucionário dos últimos 50 anos? Evidente que os nossos queridos prefeitos querem uma parcela dos lucros que a Vale vem gerando. Deram fé que ela é uma boa fonte de lucros e uma generosa distribuidora de dividendos para seus acionistas. Querem ser acionistas ‘legais’ da Vale, jogando por fora. Aparentemente, suas reivindicações, uma vez atendidas, ajudariam a melhorar o índice de desenvolvimento humano dos seus munícipes, a melhorar as infra-estruturas, a ter mais educação, e blá, blá, blá.... Em momento algum disseram em que e como iriam gerenciar a eventual grana da Vale. Compreensível: em 4 horas de lero-lero e de auto-promoção não havia tempo suficiente para explicar tudo isso, principalmente se as reais vítimas da Vale teriam assento cativo no destino da grana. Agora, só uma Comissão Especial Mista para dizer aquilo que não disseram ou não quiseram dizer. Viver para ver!

terça-feira, 28 de maio de 2013

Muito mais que frases do dia......



Os médicos daqui não querem saber do interior atrasado, não importa que mercado haja aí e que condições sejam oferecidas. Mesmo as periferias das cidades são incapazes de atraí-los no número necessário, como prova a procura para os hospitais e postos públicos. A mera recusa à contratação de espanhóis, cubanos e portugueses despreza ainda outra realidade inegável: a dos milhões deixados a sofrimentos que até conhecimentos médicos elementares podem evitar ou atenuar” Jânio de Freitas, jornalista, comentando a PEC 37 – Folha de S. Paulo, 26-05-2013.

A realidade completa entende-se melhor não a partir do centro, mas das periferias”Papa Francisco – Agência Zenit, 26-05-2013.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Conjuntura indigenista - Configurar o 'novo Brasil multi-étnico' tirando todo 'entulho constitucional'!

O jogo parece já feito, mas há ainda espaço para bagunçar o coreto e chutar o barraco. Os povos indígenas parecem estar dispostos a vender cara a própria pele! A depender dos interesses em jogo, há uma evidente ‘feliz-infeliz’ coincidência de circunstâncias no que tange à questão indígena como um todo na atual conjuntura do Brasil. Se de um lado não parece ser tão imediata a compreensão do momento presente, - pois muito pouco se sabe ainda sobre interesses e objetivos não ditos e ocultados à sociedade em geral, - do outro lado parece haver um volume de manifestações, pressões, propostas de mudanças, e decisões envolvendo vários atores sociais (governo, congresso, povos indígenas, agro-negócio, mineração, etc.) de tal envergadura que sinalizam que estamos não somente no olho do furação, mas num momento crucial para delinear  o ‘Brasil econômico e multi-étnico’ dos próximos anos. Concretamente, parece haver nesse momento o seguinte quadro: temos um governo federal, - notadamente aquele controlado pela moderna e mutante esquerda petista, - com a presidente e seus colaboradores mais próximos, - ainda fortemente influenciado pelas reminiscências de um marxismo arcaico que sob a genérica categoria social ‘pobres’ (só faltava chamá-los de proletários) concentra e trata uniformemente uma vasta gama de grupos sociais, ‘classes’, povos e etnias. Sob o falso pretexto de oferecer ‘igual tratamento’ coloca-os na vala comum das genéricas políticas assistenciais, mais ou menos focadas, mas subordinadas ‘aos interesses nacionais’ de cunho elitista. Por detrás daquilo que eufemisticamente são chamados de ‘interesses nacionais’ estão essencialmente dois objetivos políticos bem claros.

 De um lado a manutenção, a qualquer custo, da hegemonia petista no governo federal para no mínimo mais um mandato. E, do outro, intimamente ligado e complementar a esse, alavancar de forma irreversível o que vem sendo definido, genericamente, de ‘aceleração do crescimento’, aproveitando o suposto momento favorável da conjuntura mundial. Pergunta-se se diante desses interesses haveria espaço para uma política diferenciada e respeitosa para ‘minorias’ que segundo o imaginário coletivo consolidado estariam ocupando territórios ‘produtivos’ capazes de despertar definitivamente o gigante adormecido’. Esse mesmo governo federal entende que não chegou somente a hora de ‘botar para quebrar’, mas, principalmente, percebe que os sinos tocam para que se redefinam legalmente, num outro patamar, as relações sociais e as ‘propriedades’ ou, no mínimo, a sua ocupação e exploração física. Dito de forma mais direta, - embora ainda não declarada por insano pudor governamental, - os povos indígenas e os quilombolas estariam usufruindo de territórios vastíssimos ociosos que poderiam servir ao País para exportar o que até agora não se conseguiu. E permitir ao País se firmar não somente como potência econômica, mas como nação com as bases (infra-estruturas) dignas de um País dito ‘moderno’.

 Isto, porém, tem que ser feito de forma legal, nem que isso implique rever princípios constitucionais que pareciam consagrados e consolidados desde a eternidade. O atual governo federal finge que vem sendo pressionado agressivamente pelos representantes do ‘agro-mínero-negócio’, mas na realidade ele vem concordando em número, gênero e grau com suas reivindicações que, diga-se de passagem, não são pontuais, mas de caráter sistêmico. De fato, o que parece não ser evidenciado por trás das escaramuças das ‘Kátias Abreus’ da vida e company, e dos senhores do minério e agro-negócio, é uma firme vontade de dar uma nova configuração ao Brasil, mais em consonância com as exigências próprias da elite financeira e exportadora e, supostamente, ‘da realidade planetária’. Para eles não podem ser esses ‘selvagens arcaicos’ a deter esse projeto que, afinal, viria a modernizar e a beneficiar o País como um todo. É nesse jogo de empurra-empurra que se escondem as táticas, sendo que a estratégia parece já estar definida. Ou seja, as táticas cuidariam somente de ver qual a melhor forma e qual o momento mais oportuno para produzir e anunciar mudanças substanciais já decididas na Constituição, no Código de Mineração via Medidas Provisórias, etc. Evidentemente, tentando não parecer demasiado impopulares aos olhos de alguns setores da elite intelectual da sociedade civil que esperneia e faz barulho, uma vez que a sociedade em geral parece estar bem alheia ao que vem acontecendo. Parece sintomática a campanha propagandística dos já 10 anos de governo federal do PT. 

Diferentemente do que apregoavam os tucanos com FHC que pela voz do Sérgio Motta diziam em alto e bom som que eles vieram para ficar pelo menos 20 anos, agora, é o seu inimigo histórico, o atual mutante PT que sem alardear a sua sede de ‘governança’ parece querer reproduzir o mesmo desejo e, dessa forma, dar a feição final da ‘modernização’ definitiva do País. Paradoxalmente, completando o que os tucanos haviam iniciado (ou melhor, o próprio Collor de Melo), confirmando, assim, que possuem e aderem à mesma matriz política em que o governo federal de turno, - não importa qual cor partidária, - permanece fielmente amasiado aos setores elitistas do agro-negócio, banqueiros, exportadores. Sem descuidar, contudo, para que outros setores periféricos (indígenas, quilombolas, trabalhadores escravos, etc.), mas de grande badalação internacional, não estraguem a ‘festa ecumênica’. Negociar, dialogar, construir consensos não são palavras e práticas utilizadas nesse momento em que urge impor o sonho que foi acalentado ao longo décadas por elites mesquinhas e substancialmente arcaicas!

sábado, 25 de maio de 2013

TRINDADE - NÓS HUMANOS DIVINOS SOMOS 'UM' E 'TRINOS' COM O DEUS 'UM' (Jo.16,12-15)

Há um ditado italiano segundo o qual ’quem faz por si faz por três’ – ‘chi fá da sé fá per tre.’ Uma clara negação da construção coletiva e do valor da relação com o outro. A exaltação do individualismo mais mesquinho, mas supostamente eficiente. A desconfiança, enfim, de que ao ter mais que uma pessoa para executar uma determinada tarefa estaria ameaçada a sua efetiva realização. Segundo essa postura o ‘outro’ em lugar de somar poderia puxar para uma direção não desejada pelo ‘um’, o indivíduo solitário. Trindade é, ao contrário, reconhecer que nós humanos somos ‘um’ entre nós e com Deus que é fonte e inspiração de comunhão. Trindade é crer que ‘o outro’ que está ao meu lado é manifestação daquele Deus que é ‘um’ conosco. Celebrar a Trindade não é repetir litúrgica e mecanicamente uma formulação doutrinal histórica e culturalmente elaborada por uma elite teológica e imperial desconectada com o mundo e com as ‘criaturas divinas’ que vivem nele. Nem tampouco é crer no ‘deus’ invocado solenemente por governantes e senhores para justificar suas atrocidades e abusos. Não é também o ‘deus’ dos falsos piedosos aclamado para consolar e conformar as vítimas das escravidões e das injustiças humanas. 
Celebrar a Trindade é se aproximar com humildade e respeito ao ‘Deus de Jesus de Nazaré’. Ver nessa ‘criatura divina’, Jesus de Nazaré, em seus gestos profundamente humanos, de relação compassiva e amorosa com ‘os outros’, o rosto do Deus invisível e não plenamente compreensível. Jesus de Nazaré nos deixou intuir e nos revelou, embora parcialmente, quais são os traços identitários do Deus que está conosco, que caminha conosco, e que está dentro de nós. O Deus que não vemos, mas que podemos sentir. Aquele que não quer ‘fazer por si porque faria por três’, mas o Deus que mesmo sendo ‘todo-poderoso’ necessita dos seus filhos e filhas para continuar a ser....Deus. Um Deus Humano que paradoxalmente deixaria de ser Deus se Ele não necessitasse e não se relacionasse com as suas criaturas. Afinal são elas que O descobrem, O revelam e O sentem presente e atuante em suas vidas, mesmo que indigna e parcialmente. Trindade não é, portanto, uma mera confissão de fé na comunhão existente entre três ‘pessoas divinas’, teológica e ortodoxamente definidas, mas reconhecer e provar com gestos e opções históricas e concretas que nós agimos humana e amorosamente porque somos ‘um’ com Deus e Ele se revela e constrói através de nós ‘humanos divinos’. Nós somos ‘um’ e ‘três’!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Desmatamento volta a crescer na Amazônia. Alta é de 88%. Um absurdo!

Segundo medições feitas por satélite, o desmatamento voltou a subir na Amazônia e especificamente no Pará. Os dados do programa de monitoramento do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostram a retomada do desmatamento. Na comparação do período de agosto a março de 2012 e o mesmo período em 2013, houve alta de 88% na Amazônia. Os maiores aumentos ocorreram no Pará (com mais 144%), no Amazonas (mais 143%) em Tocantins (mais 126%). A medição feita pelo Inpe também revelou a devastação. Entre agosto a março de 2012 e o mesmo período em 2013 foi um aumento de 50% na Amazônia toda. Cerca de 80% dos novos desmatamentos no estado do Pará aconteceram em terras públicas federais, ao longo da Transamazônica e da BR 163, que liga Cuiabá a Santarém. São terras invadidas por grileiros ou pecuaristas, que desmatam para apressar a posse da área.Técnicos do Imazon e do Programa Municípios Verdes fizeram uma análise dos tipos de motivações que levam aos novos desmatamentos. Estão indicados no mapa abaixo. O desmatamento tradicional é típico de áreas privadas numa região com ocupação já consolidada. É o desmatamento do proprietário de uma fazenda que busca expandir sua área para pecuária ou algum cultivo. Já o corte para assentamentos é a abertura de áreas em projetos do Incra ou de assentamentos estaduais. O mais triste é que, pelo que mostra a experiência na região, os assentados devastam inutilmente, porque continuam miseráveis e depois precisam de uma nova terra para ir. O terceiro tipo de desmatamento atual no Pará é o especulativo, típico da fronteira de ocupação. É a retirada de floresta por quem deseja tomar posse da área, geralmente terras públicas invadidas. (Fonte: IHU)

HUMAN RIGHTS WATCH ACUSA A VALE DE VIOLAR OS DIREITOS HUMANOS NA ÁFRICA

Ativistas internacionais e moradores de uma região de Moçambique acusam a Vale de violar os direitos humanos no país africano. A ONG Human Rights Watch. (HRW) publicou um relatório em que denuncia a empresa brasileira por reassentar populações em locais onde não há água e a comida. O grupo exige que a empresa e o governo brasileiro tomem providências para remediar os problemas. Um dos países mais pobres do mundo, Moçambique vem atraindo bilhões de dólares em investimentos na exploração de seus recursos naturais - sobretudo, carvão e gás. O boom econômico levou ao deslocamento forçado da população local, em meio a protestos e acusações de que as empresas e o governo não cumpriram o que fora prometido. A Vale ganhou contratos para explorar a província de Tete, em Moçambique. Mas, para conduzir seus trabalhos, foi obrigada a despejar 1,3 mil famílias de suas casas. Tete tem cerca de 23 bilhões de toneladas de reservas de carvão, na sua maioria elas são inexploradas. A empresa brasileira, junto com o governo de Moçambique, reassentou essa população em outras regiões. Entre 2009 e 2010, essas famílias foram levadas para uma aldeia recém-construída. Passados dois anos, a população está em pé de guerra com a empresa. "Apontamos nossos direitos e necessidades. Mas eles (Vale) simplesmente vão-se embora e nunca mais voltam com uma resposta", disse Malosa, uma das mulheres reassentadas. "Não temos comida e não temos dinheiro para comprar comida", acusou. (Fonte: O Estado de São Paulo)

Comentário do blogueiroUm triste filme ‘déja vu’- já visto, - inclusive no ‘País’ da 100% brasileira Vale, e que parece se constituir numa verdadeira metodologia planetária da empresa: invadir, ocupar, arrancar e fugir, deixando desagregação social, miséria, desertos e revolta. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Governo brasileiro acusado por Anistia Internacional de forçar remoções de comunidades e manipular legislação para 'avançar'!

A moradia e fonte de subsistência de comunidades de pescadores, trabalhadores rurais, índios, quilombolas e moradores de favelas estão ameaçadas pelos projetos de desenvolvimento do Brasil.  A conclusão faz parte do relatório O Estado dos Direitos Humanos no Mundo, lançado hoje (22) pela Anistia Internacional. A entidade demonstrou preocupação com remoções forçadas, tanto na área rural quanto nas cidades, ameaças e intimidações desses grupos. Para o diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, Átila Roque, a questão do direito à terra dessas populações foi fortemente ameaçado em 2012. “Em um ano em que a gente enfrentou riscos grandes de retrocesso, não só a recorrência da violência como instrumento de implementar política específica contra os direitos dessas populações, mas também de retrocessos grandes em relação ao próprio marco legal, como foi o caso dos povos indígenas”. Roque lembrou das tentativas de se alterar a legislação  relacionadas a essas populações, uma “agenda secular no Brasil que permanece como fator de violação de direitos”. 
A Anistia Internacional destaca o caso da publicação da Portaria 303, que permitia mineradoras, projetos hidrelétricos e instalações militares se estabelecerem em terras indígenas sem o consentimento da comunidade afetada, mas que foi suspensa. O relatório cita também a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transferiria a demarcação de terras indígenas e quilombolas para o Congresso Nacional, o que pode politizar o processo, segundo a entidade. O documento também condena as remoções forçadas nas cidades por causa de obras para a Copa de 2014 e Olimpíadas 2016, sem informações claras aos moradores ou propostas alternativas e os impactos danosos de grandes obras de infraestrutura nas comunidades indígenas, relatando que algumas vivem cercadas por pistoleiros. As intimidações e ameaças de morte ocorrem principalmente a indígenas em Mato Grosso do Sul e quilombolas no Maranhão.(Fonte: Agência Brasil)

Código de mineração não sai, mas governo sabe o que faz para defender os interesses dos amigos da onça!

Segundo a Folha apurou com ministros, assessores e congressistas, na avaliação do Executivo não existe clima para remeter a reforma agora, após o desgaste visto na votação da Medida Provisória dos Portos. A presidente Dilma Rousseff venceu a disputa para aprovar a MP na semana passada, mas a votação expôs uma base conflagrada. Ainda não há decisão sobre até quando a suspensão valerá. Alguns defendem que se espere até junho. Outros argumentam que não há clima ou calendário para apreciar um projeto complexo em pouco tempo. Para esse grupo, o marco pode ficar no escaninho por período indeterminado. Deputados e senadores afirmam que, se não for este ano, não faz sentido enviá-lo em 2014, pleno ano eleitoral. O novo código da mineração disciplina a pesquisa e a exploração de minérios no Brasil, fixa em até 4% a alíquota da chamada Cefem (Compensação Financeira sobre Produtos Minerais, o royalty da mineração) e determina tempo máximo para a exploração de uma jazida. O projeto, portanto, trata de diversas cadeias produtivas, incluindo a produção de minério de ferro, um dos principais itens da pauta de exportação do país. O Palácio do Planalto também mudou de ideia quanto à forma de envio da proposta. Em vez de MP --que tem aplicação imediata--, agora prefere projeto de lei.

Enquanto isso, o site de Justiça nos Trilhos parece sofrer mais um 'ataque' e está 'fora do ar'. Depois das acusações, todas comprovadas, por parte de um ex-funcionário da Vale que a empresa vem grampeando telefones, colocando escutas e infiltrando pessoas em setores, movimentos (inclusive a rede JnT)e nos seus próprios escritórios, tudo é possível............

sábado, 18 de maio de 2013

PENTECOSTES - Criar comunhão libertadora com todos os seres do cosmos! ( Jo. 14,15-16.23-26)


Parece haver uma linguagem comum e plural ao mesmo tempo, mas universalmente compreensível. Uma espécie de pentecostes planetária, mesmo que às avessas. A linguagem do mercado e da mercadoria. Dos ‘fonemas mercantilistas planetariamente inteligíveis’ da produção artificial e desnecessária, mas que faz sentir o prazer de comprar, manusear e consumir. A sensação de existir e de ter valor. Não necessariamente produções de objetos materiais, mas de mercadorias imateriais com alto poder sedutor e inspirador. Idéias, modismos culturais, formas religiosas e outros que parecem nos iludir que os hominídeos agora estão se entendendo, mesmo que de forma desigual. Estaríamos, finalmente, afinando a nossa comunicação para cultuarmos universalmente os ‘mesmos deuses’. Quais outros elementos unificadores teríamos senão essa compulsão em comprar, consumir, descartar, embora isso possa ocorrer num shopping ou numa igreja? Dinâmicas essas que levam os hominídeos invadir terras e culturas, a explorar, cooptar e dominar outros seres da mesma espécie. Só um ‘espírito universal novo’, um vendaval planetário potente capaz de varrer vícios antigos e dependências primitivas para reconhecer que só existe um ‘único’ Deus universal, o da fraternidade, do respeito pelo outro e pelo seu ambiente! O Deus da solidariedade sem barreiras alfandegárias, e da compaixão pelos mais frágeis e expostos. 
Ouso acreditar que foi esta experiência ‘pentecostal’, de conversão e de consciência nova que transformou aquela ‘seita social e religiosa’ formada por pessoas simples da Galileia. Foi a surpreendente tomada de consciência grupal que permitiu adquirir uma visão e uma postura universalista dos problemas e das aspirações que eles próprios possuíam e sentiam. A intuição original de que o novo jeito de governar de Deus devia acontecer, simultaneamente, no micro, em Jerusalém, no macro, até os extremos confins da terra, e mediante ‘todos os seres humanos’ independentemente de cultura e pertença religiosa. Foi certamente uma experiência de fé de grupo, mas com um desejo e uma vontade de que todos os filhos e filhas de Deus pudessem estar presentes naquele processo de compreensão progressiva, e fazer a mesma experiência de solidariedade universal, mesmo que vivendo num lugar específico. Acostumamo-nos a definir a nossa igreja como ‘católica’, ou seja, universal, mas as nossas práticas, muitas vezes, continuam sectárias, tópicas, voltadas para dentro da instituição. O fogo do Espírito do ‘Ressuscitado e dos Ressuscitados’ parece acalentar ainda pessoas com medo de sair dos nossos pequenos templos para ‘produzir’, com coragem, ‘comunhão libertadora’ com todos ‘os homens e mulheres, com os seres vivos, do cosmos. Afinal, é este o único e verdadeiro templo em que os hominídeos podem se sentir ‘irmãos e irmãs’ do único ‘Senhor’. É este o único e verdadeiro templo universal que merece ser zelado e cuidado. Que mais e mais pentecostes aconteçam! 

sábado, 11 de maio de 2013

Ascensão - Transformar, agora, essa ‘terra corporal dilacerada’ num céu’ de paz, de justiça e de comunhão (Lc. 24, 46-53)

Mal cheguei à Vila Embratel, bairro de São Luis, em abril passado e já havia uma missa de 7º dia a ser celebrada pelo falecimento de um jovem, assassinado por um notório envolvido no tráfico da região. Após ele, mais seis outros jovens foram assassinados no breve espaço de tempo de um mês na minha nova região pastoral onde pretendo passar alguns anos da vida sacerdotal. Corpos muitas vezes já deformados pelos efeitos das drogas sujas são eliminados sob os olhares indiferentes, senão cúmplices, dos homens do estado e do ‘cidadão comum’. É o que muitos definem de banalização da morte ou da vida. Ninguém mais estranha. Tornou normal e corriqueiro que um jovem seja assassinado porque não pagou o fornecedor da droga ou porque roubou para poder renegociar a dívida contraída para voltar a comprar mais algumas doses. São milhares os jovens que tem seus corpos mutilados e exterminados no nosso País ‘sem guerra’ pondo fim a qualquer sonho ou desejo de ser ‘outra pessoa’. De ver sua vida reconstituída sem mais sofrer ameaças, sem ser dominado pelo terror de ver a sua casa invadida por ‘cobradores’ que lhe deram o ‘ ultimátum’ e que chegam, agora, só para executá-lo sob os olhos aterrorizados da própria mãe. 
Celebrar a ascensão de Jesus ao céu não é certamente fazer sofismas baratos e achar que só ele teve o privilégio de colocar o seu corpo glorioso ‘ressuscitado’ à direita de Deus! Nem tampouco podemos desligá-la, banalmente, do sentido que pode e deve assumir no nosso cotidiano. Ascensão é a celebração da ‘salvação-proteção’ da vida na sua inteireza, na sua plenitude. O que classicamente definimos como corpo e alma. Ao matar um corpo, mata-se também a sua alma, ou seja, os seus ideais, sonhos, projetos de vida, que são na sua essência pessoais e intransferíveis. Ao resgatar, no entanto, o seu corpo, mesmo assassinado, resgata-se também os seus sonhos e projetos de vida. Ascender ao céu não é ascender ao um lugar miticamente idealizado ou a um hipotético mundo de paz, celestial, mas é resgatar e proteger, agora, corpos ‘com alma’ feridos, consumidos e ameaçados, mas portadores de valores, de idéias, de soluções, e de sentimentos e afetos necessários para que todo o mundo viva! A Ascensão de Jesus ao céu coloca em xeque, definitivamente, as falsas idéias de salvação segundo as quais o essencial é salvar a alma e não o corpo, pois este é destinado a viver, necessariamente, num vale de lágrimas. A Ascensão, afinal, nos diz que o destino final de um corpo-projeto de vida, que é sacramento da presença de Deus, não pode ser uma cova fria recoberta de mato, nem um cemitério-jardim botânico, e sim o compromisso de realizarmos, aqui na terra, o que idealmente projetamos no céu. Chega de olharmos extasiados para um mítico céu irreal, quando somos chamados e transformar, agora, essa ‘terra corporal dilacerada’ num ‘céu’ de paz, de justiça e de comunhão.  

Homenagem - A todas as mães, biológicas e não, que continuam mostrando com gestos concretos não somente aos seus filhos biológicos, mas a todos os ‘órfãos da humanidade’ o rosto materno de Deus, recebam o meu beijo filial e carinoso. À mãe Gina, minha mãe biológica, hoje com quase 81 anos, ‘on gran basón e on bel strucón!’  

O Maranhão na rota da destruição. Adeus palmeiras e sabiás!


Em uma das etapas da Semana Social patrocinada pela CNBB que se realizou no início de maio em Santa Inês, o professor Wagner Cabral (UFMA) apresentou alguns dados sobre a realidade social e econômica do Maranhão que chamam a nossa atenção, embora não nos surpreendam.  Eis alguns: 1. A população economicamente ativa no Maranhão em 1991 que era de 39,4 % na cidade, passou para 67,4 % em 2010. Já na região rural, passou de 60,6% em 1991 para 32,6% em 2012. 2. Se considerarmos também a capacidade do governo federal em assentar famílias e, assim, realizar reais políticas de reforma agrária, verifica-se um fragoroso fracasso. Dos 309,2 (mil hectares) de terras utilizadas para assentamentos em 2006, passou-se aos 12,8 (mil hectares) de 2012. Uma clara e proposital involução. 3. Se falarmos em financiamento poderemos verificar a mesma tendência, ou seja, nessa última década enquanto a agricultura familiar recebia cerca de 27% dos financiamentos federais via PRONAF, os plantadores de soja recebiam 72%! 4. E com relação aos conflitos de terras verifica-se a mesma triste realidade: o Maranhão nesses últimos 3 anos, de 2010 a 2012 é o Estado com o maior índice de conflitos, bem acima dos demais estados brasileiros mais conflituosos e em constante aumento. Em 2011 verificou no Maranhão o pico máximo de conflitos agrários com mais de 230 conflitos de terra. Enquanto isso as cidades maranhenses inchando e tornando-se inviáveis desde um ponto de vista social e de infra-estruturas. São Luis, como já foi dito, é a cidade que mais tem crescido nessa década no item ‘homicídios’. De 2000 a 2010 houve um aumento de 312% de assassinatos na grande São Luis, mas que reflete o que vem ocorrendo também no Estado como um todo que se mantém tragicamente acima de 300% em 10 anos!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Conjuntura indigenista - Um ensaio de análise

O jogo parece já feito, mas há ainda espaço para bagunçar o coreto e chutar o barraco. Os povos indígenas parecem estar dispostos a vender cara a própria pele! 

A depender dos interesses em jogo, há uma evidente ‘feliz-infeliz’ coincidência de circunstâncias no que tange à questão indígena como um todo na atual conjuntura do Brasil. Se de um lado não é tão imediata a compreensão do momento presente, - pois muito pouco se sabe ainda sobre interesses e objetivos não ditos e ocultados à sociedade em geral, - do outro lado parece haver um volume de manifestações, pressões, propostas de mudanças, e decisões envolvendo vários atores sociais (governo, congresso, povos indígenas, agro-negócio, mineração, etc.) de tal envergadura que sinalizam que estamos não somente no olho do furação, mas num momento crucial para delinear  o ‘Brasil econômico e multi-étnico’ dos próximos anos. Concretamente, parece haver nesse momento o seguinte quadro: temos um governo federal, - notadamente aquele controlado pela moderna e mutante esquerda petista, - com a presidente e seus colaboradores mais próximos, - ainda fortemente influenciado pelas reminiscências de um marxismo arcaico que sob a genérica categoria social ‘pobres’ (só faltava chamá-los de proletários) concentra e trata uniformemente uma vasta gama de grupos sociais, ‘classes’, povos e etnias. Sob o falso pretexto de oferecer ‘igual tratamento’ coloca-os na vala comum das genéricas políticas assistenciais, mais ou menos focadas, mas subordinadas ‘aos interesses nacionais’. Por detrás daquilo que eufemisticamente define-se como ‘interesses nacionais’ estão essencialmente dois objetivos políticos bem claros: de um lado a manutenção a qualquer custo da hegemonia petista no governo federal para no mínimo mais um mandato, e do outro, intimamente ligado e complementar a esse, alavancar de forma irreversível o que vem sendo definido como aceleração do crescimento aproveitando, o suposto momento favorável da conjuntura mundial. Pergunta-se se diante desses interesses caberia espaço para uma política diferenciada e respeitosa para ‘minorias’ que segundo o imaginário coletivo consolidado estariam ocupando territórios ‘produtivos’ capazes de despertar definitivamente o gigante adormecido’. 

Esse mesmo governo federal entende que não chegou somente a hora de ‘botar para quebrar’, mas, principalmente, os sinos tocam para que se redefina legalmente num outro patamar as relações sociais e as ‘propriedades’ ou, no mínimo, a sua ocupação e exploração física. Dito de forma mais direta, embora ainda não declarada por insano pudor governamental, os povos indígenas e os quilombolas estariam usufruindo de territórios vastíssimos ociosos que poderiam servir ao País para exportar o que até agora não se conseguiu, e permitir ao País se firmar não somente como potência econômica, mas como nação com as bases (infra-estruturas) dignas de um País dito ‘moderno’. Isto, porém, tem que ser feito de forma legal, nem que isso implique rever princípios constitucionais que pareciam consagrados desde a eternidade. O atual governo federal finge que vem sendo pressionado agressivamente pelos representantes do ‘agro-mínero-negócio’, mas na realidade ele concorda em número, gênero e grau com suas reivindicações que, diga-se de passagem, não são pontuais, mas de caráter sistêmico. De fato, o que parece não ser evidenciado por trás das escaramuças das ‘Kátias Abreus’ da vida e company, e dos senhores do minério, é uma firme vontade de dar uma nova configuração ao Brasil, mais em consonância com as exigências próprias da elite financeira e exportadora e, supostamente, ‘da realidade planetária’. Para eles não podem ser esses ‘selvagens arcaicos’ a deter esse projeto que, afinal, viria a modernizar e a beneficiar o País como um todo. É nesse jogo de empurra-empurra que se escondem as táticas, sendo que a estratégia já está definida. Ou seja, as táticas cuidariam somente de ver qual a melhor forma e qual o momento mais oportuno para produzir e anunciar mudanças substanciais já decididas na Constituição, no Código de Mineração via Medidas Provisórias, etc. tentando não parecer demasiado impopulares aos olhos de alguns setores da elite da sociedade civil que esperneia e faz barulho, uma vez que a sociedade em geral parece estar bem alheia ao que vem acontecendo. 

Parece sintomática a campanha propagandística dos bem 10 anos de governo federal do PT. Diferentemente do que apregoavam os tucanos com FHC que pela voz do Sérgio Motta diziam em alto e bom som que eles vieram para ficar pelo menos 20 anos, agora, é o seu inimigo histórico, o atual mutante PT que sem alardear a sua sede de ‘governança’ parece querer reproduzir o mesmo desejo e, dessa forma, dar a feição final da ‘modernização’ definitiva do País. Paradoxalmente, completando o que os tucanos haviam iniciado (ou melhor, o próprio Collor de Melo), confirmando assim que possuem a mesma matriz política em que o governo federal de turno, - não importa qual cor partidária, - permanece fielmente amasiado aos setores elitistas do agro-negócio, banqueiros, exportadores, etc. e cuidando para que outros setores periféricos (indígenas, quilombolas, trabalhadores escravos, etc.), mas de grande badalação internacional, não estraguem a festa ecumênica. Negociar, dialogar, construir consenso com todos os atores sociais e os múltiplos interesses parecem não ser práticas utilizadas por aquelas elites e governos que tentam impor um sonho elitista e arcaico que acalentaram ao longo de décadas nesse País!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Casa civil suspende estudos de demarcação de terras indígenas para consultar...não os povos indígenas, e sim, Embrapa, mineradoras, etcetera e tal.....

A Casa Civil pediu ao Ministério da Justiça a suspensão de estudos da Fundação Nacional do Índio (Funai) referentes à demarcação de terras indígenas no Paraná, em razão de divergências entre o estudo apresentado pelo órgão e a Embrapa local. O Paraná, Estado da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, deve ser só o primeiro de uma lista de outros Estados que passarão pelo mesmo tratamento. A determinação do governo é ouvir todos os órgãos envolvidos na discussão sobre demarcação de terras indígenas no país, sobretudo por envolver conflitos de interesses. Em outras localidades (Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul), os processos ainda estão em curso, mas também poderão ser suspensos caso haja divergência entre os estudos dos respectivos órgãos, de acordo com a Casa Civil. Atualmente, há 14 terras indígenas em processo de homologação pela Funai. Outros nove processos já passaram pelo crivo da fundação e foram encaminhados ao Ministério da Justiça. Para que passassem a valer, bastaria agora uma assinatura do ministro José Eduardo Cardozo, liberando o decreto homologatório. Algumas dessas terras aguardam a conclusão desse processo há cerca de 15, 20 anos. Entre as reivindicações dos ruralistas está a retomada da portaria 303, da Advocacia-Geral da União (AGU), que autorizaria o governo a tocar obras de infraestrutura, como rodovias, hidrelétricas e linhas de transmissão, dentro das terras indígenas demarcadas. Os agricultores também cobram o avanço da proposta de emenda constitucional (PEC 215), que retirava da Funai a atribuição de demarcar terras indígenas, passando essa missão para as mãos do Congresso. A Funai e o próprio governo se manifestaram contrários à proposta, sob alegação de que a mudança é inconstitucional. A criação de uma comissão especial para analisar a PEC 215 foi o que motivou a ocupação do plenário da Câmara por aproximadamente 700 índios, no mês passado. Para o deputado federal Padre Ton (PT-RO), que preside a Frente Parlamentar pelos Povos Indígenas, o governo tem sido "omisso" e "colocado o carro na frente dos bois" quando se trata de consultar os povos indígenas em processos de licenciamento. "Há uma falha muito grande de fiscalização sobre o cumprimento de ações compensatórias por conta do impacto de obras. Isso gera desgaste com todos os envolvidos."
Comentário do blogueiro – É de no mínimo estranhar a atitude contraditória do governo federal com relação às terras indígenas. De um lado o Brasil assina a Convenção 169 da OIT em que se compromete a ‘consultar’ os povos indígenas que, porventura, sejam afetados por alguma obra federal ou não, e do outro esquece esses povos e ‘consulta’, estranhamente, Embrapa, ruralistas, plantadores de soja, mineradoras, etc. Claro que não fica só na ‘consulta’. Para esses ele abre e concede tudo o que eles solicitam e exigem. Bonito, hein!

terça-feira, 7 de maio de 2013

A NESTLÉ, patrocinadora da Jornada Mundial da Juventude, defende a privatização da água. Isso mesmo: da ÁGUA!


O presidente da Nestlé, o empresário austríaco Peter Brabeck-Letmathe, defendeu, em vídeo que circula nas redes sociais, a privatização do fornecimento da água como medida de conscientização da humanidade sobre a importância desse líquido. A informação é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação - ALC, 25-04-2013. Muita gente acha que a água é de graça, daí o pouco valor que muitos lhe dão e até a desperdiçam, afirmou. Brabeck qualificou de "extremistas" os que defendem o acesso à água como um direito fundamental e o criticam por sustentar posição contrária.
A água deveria ser valorizada como qualquer outro bem alimentício, que tem valor de mercado estabelecido pela lei da oferta e da procura. "Só assim empreenderíamos ações para limitar o consumo excessivo da água, como ocorre no momento", sustentou.Para Babreck, os governos deveriam garantir a cada cidadão uma quota de cinco litros diários de água para beber e outros 25 litros para a higiene pessoal. O que ultrapassar esses parâmetros seria cobrado do consumidor segundo critérios de mercado. A Nestlé é líder mundial de venda de água engarrafada. 
Enquanto isso e apesar da sua extensa "ficha suja", já é de domínio público que a Jornada Mundial da Juventude terá a Nestlé entre os principais patrocinadores. (Fonte: Blog do Marco Passerini)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Índios mantêm ocupação do canteiro de obras de Belo Monte. Aguardam que governo federal cumpra a lei!


Um grupo de indígenas que ocupa o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), desde a última quinta-feira (2) permanece no local e mantém as obras paralisadas. Eles pedem que as obras de todos os empreendimentos hidrelétricos na Amazônia sejam suspensas até que o processo de consulta prévia aos povos tradicionais, previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), seja regulamentado. Na sexta-feira (3), segundo informações do consórcio responsável pela obra, os manifestantes não indígenas foram retirados da ocupação após a execução de um mandado de reintegração de posse. No entanto, cerca de 60 índios permanecem no local. Eles ocupam a área administrativa do Sítio Belo Monte, um dos três grandes canteiros de obras do empreendimento, localizado a 55 quilômetros de Altamira (PA). Desde a ocupação, não foram registrados atos de violência ou danos ao patrimônio. O grupo responsável espera retomar as obras e informou que vai aguardar o resultado da negociação entre as lideranças indígenas e representantes do governo federal. No entanto, não descarta a possibilidade de pedir à Justiça um mandado de reintegração de posse para a retirada dos indígenas.(Fonte: Agência Brasil)
Comentário do blogueiro - Como não bastassem os impactos ambientais e sociais produzidos pelo elefante branco federal de Belo Monte, paradoxalmente o paladino da lei (governo federal) teima em não cumprir a lei produzida e aprovada por ele mesmo. Como confiar num interlocutor desse feitio? Como acreditar quando garante à nação que Belo Monte não irá produzir o que os 'profetas da desgraça' vêm diagnosticando? 

Papa Francisco corta subsídio a cardeais do Banco Central do Vaticano e pede mais profecia e menos burocracia. O fim da lua de mel está próximo?


No sábado, a agência Ansa falou de uma reunião informal "às margens de uma celebração" com  chefes de dicastério da Cúria, para recomendar mais coordenação entre cardeais e uma gestão mais sóbria dos recursos, "mais profecia e menos burocracia". O Vaticano não confirma. Certamente, no entanto, Francisco teve a oportunidade de encontrar todos os chefes de dicastério, e o essencial é isso. Nas homilias em Santa Marta, ele tinha explicado que a Igreja não é uma organização "burocrática", mas sim "uma história de amor. Quanto às economias – "como gostaria de uma Igreja pobre para os pobres" –, Francisco já cortou o subsídio de 25 mil euros por ano que era dado a cada um dos cinco cardeais da Comissão de Vigilância do IOR. Certamente, inércia e resistência não faltam (nos últimos dias, ele deplorou as comunidades "fechadas" que gostam da "calúnia, das fofocas"), mas Bergoglio continua sereno e decidido. A mesma atitude de humilde firmeza que ele recomendava aos fiéis no último sábado de manhã, em Santa Marta, enquanto falava do "ódio" do "príncipe deste mundo, do diabo" contra os cristãos: "Humildade e mansidão são as armas que o espírito do mundo não tolera, porque as suas propostas são propostas de poder mundano, de vaidade, de riquezas mal adquiridas". Então, ele levantou o olhar: "O diálogo é necessário para a paz, mas com o príncipe deste mundo não se pode dialogar: e que isso fique claro!" À noite, diante do ícone mariano da "Salus Populi Romani", ele falou de Maria como de uma mãe que "ajuda a olhar com realismo para os problemas da vida, a não se perder neles, mas sim enfrentá-los com coragem, a não ser fracos". Uma mãe que faz "crescer" para ter a "liberdade" de fazer "escolhas definitivas": "Uma vida sem desafios não existe, e um rapaz ou uma moça que não sabe enfrentá-los pondo-se em jogo não tem espinha dorsal!".(Fonte: IHU)

sábado, 4 de maio de 2013

Paz para enfrentar conflitos e guerras (Jo. 14,23-29)

Como sentir paz quando os gritos dos nossos fantasmas interiores se tornam sempre mais ensurdecedores? Quando os sentimentos de culpa por termos traído alguém amado dilaceram a nossa alma? Como doar paz aos outros se nós mesmos não conseguimos fazer a experiência de sentir paz dentro de nós, e saboreá-la no ambiente onde vivemos? Quem e o que poderá nos ajudar a recuperar ou a encontrar aquela paz tão almejada que nos permite continuar a ter motivações para viver? Afinal, de qual paz Jesus está falando no evangelho de hoje? Seria ela um sentimento evanescente, de um momento, ou um estado de ânimo de serenidade emocional típica de quem não tem consciência da gravidade da situação em que vive? Ou seria algo mais profundo, algo que devemos e podemos sentir principalmente nas situações de conflito? Reconstruindo o itinerário dos apóstolos após a morte de Jesus podemos compreender melhor o contexto da narração hodierna. É inegável que o grupo de Jesus fez a experiência de se sentir se não culpado pelo menos cúmplice ou omisso perante a eliminação física de Jesus. Havia-o abandonado justamente no momento crucial da sua vida. O grupo teve que conviver com fortes sentimentos de culpa por causa disso. Dispersão, depressão, desnorteamento, confusão interior, falta de paz caracterizam o estado de ânimo dos seguidores de Jesus, até eles fazerem novamente a experiência coletiva de que Jesus estava no meio deles assegurando paz, perdão, comunhão renovada. A paz que eles experimentam é sinônimo de perdão. O mesmo que Jesus havia oferecido a tantos pecadores do seu tempo.
Hoje aqueles homens e mulheres percebem que são os pecadores que necessitam daquele mesmo perdão do Mestre para poder retomar a comunhão interrompida com ele. Sentem que o espírito de Jesus está no meio deles e continua a lhes assegurar paz e não punição, coragem para avançar e não medo de algum castigo. Esta paz, contudo, não é um mero estratagema para dar estabilidade emocional ao grupo. Um fingir que nada aconteceu. Um convite a esquecer o passado apesar de tudo. Esta seria uma paz ilusória, uma tática para ludibriar desafios e conflitos. A paz de Jesus é o oferecimento de uma nova aliança ao seu grupo. Uma renovada parceria com o mestre em favor da retomada da missão comum de combater as forças do anti-reino do ‘mundo’. Do desmascaramento da violência pessoal, física, coletiva. Daquela simbólica e institucional que nem sempre é vista como ameaça à vida plena. Para tanto o grupo de Jesus precisou se habilitar a viver em estado permanente de paz justamente para saber enfrentar com ‘serenidade’ e firmeza os inevitáveis conflitos e ameaças àquela paz que às duras penas havia conseguido. Graças ao Mestre, graças também à sua capacidade de acolher e acreditar ainda na paz-perdão, mesmo vivendo numa guerra permanente.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Dilma pressionada pelos ruralistas despacha presidente da FUNAI. Deputados do agro-negócio abrem CPI da Funai para impedir demarcações de terras indígenas no Brasil!


Após ouvir protesto de produtores rurais no Mato Grosso do Sul e no Paraná contra estudos de demarcação de terras indígenas pela Funai, Dilma Rousseff decidiu mudar a cúpula do órgão. Os ruralistas reclamam que o órgão incentivou a invasão de fazendas por índios em áreas onde não viviam antes do início dos estudos. Será a segunda troca na Funai sob Dilma. Marta Azevedo substituiu Márcio Meira em 2012". 
Os ruralistas tanto fizeram que vêm conseguindo criar a CPI da Fundação Nacional do Índio (Funai). A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) já conta com o apoio de 201 deputados, 30 a mais do que o exigido pelo Regimento da Casa. Promete arrombar a "caixa-preta" da Funai". (Correio Brasiliense, 25-04-13) Na recente visita ao Mato Grosso do Sul a presidente Dilma deve ter ouvido um estranho e barulhento pedido de socorro do agronegócio, expresso em faixas, camisetas e máquinas, pedindo a CPI da Funai e não demarcação das terras indígenas. Contradições e ambiguidades marcam esses 45 anos do órgão indigenista do governo. Nesse período a Funai já teve 33 presidentes, vindo a demonstrar a frágil e difícil missão de presidir tal órgão. Agora são os arautos do agronegócio e do modelo desenvolvimentista, querem uma CPI da Funai. Trata-se, na verdade, de mais um palco anti-indígena, ou como se diria numa figura popular, é colocar o bode na sala para distrair ou encobrir as verdadeiras intenções que são de impedir os direitos indígenas às suas terras e escancarar os territórios já demarcados ao saque dos recursos naturais e exploração do agronegócio. Continuam rasgando a Constituição, há décadas, impedindo com que as terra indígenas sejam demarcadas, conforme previsto no artigo 131 e legislação internacional da qual o Brasil é signatário.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

1º de Maio - 'Bem viver. Caminho para a nova sociedade: com novo Estado e novas relações do trabalho”

Resumo da carta aberta elaborada pela Pastoral Operária por ocasião do dia internacional dos trabalhadores e trabalhadoras.

O dia 1º de maio, Dia dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, continua sendo um momento de denunciar as injustiças que ainda reinam em nossa sociedade e de anunciar uma nova forma de relações de trabalho e de vida. Apesar dos aparentes avanços, muito ainda há de ser feito. Não é momento de festa, mas de luta por garantir os direitos que já conquistamos e por garantir os direitos que estão no papel, porém estão muito distante da vida do povo. Enquanto o governo brasileiro está preocupado se o Brasil é a 6º ou 5º maior economia do mundo o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) brasileiro é o 84º. Ficando atrás de países como Cuba, Uruguai, Venezuela, Equador... O crescimento da economia não garante uma melhora no IDH. A concentração de renda no Brasil continua alta, os 20% mais ricos concentram 57,7% das riquezas, enquanto que os 20% mais pobres ficam com apenas 3,5% (IBGE). Um dos grandes causadores desta desigualdade é a dívida pública que absorveu 45% do orçamento da união em 2012, ou seja, 18% do PIB. O trabalhador brasileiro tem que trabalhar quase 68 dias só para pagar os juros da dívida pública. Este mecanismo diabólico retira dinheiro dos pobres, através dos impostos, e passam para os ricos, através do pagamento dos juros. Desta forma faltam recursos para a saúde, saneamento básico, educação, transporte coletivo, reforma agrária e urbana, demarcação de terras indígenas e quilombolas...A taxa de desemprego no Brasil esta em 9,8%, 2,215 milhões de pessoas (Dieese), porém o desemprego junto a juventude é de 19,5% (Dieese). Os novos empregos pagam de um a dois salários mínimos. Alias 32,7% dos trabalhadores brasileiros recebem até 1 salário mínimo, que hoje é de R$ 678,00 e é bem menor do que seria necessário segundo o Dieese (R$ 2.561,47). Esta situação somada a maior rotatividade de emprego do mundo, que é a brasileira, leva a classe trabalhadora a viver na corda bamba. Por estes e outros motivos conclamamos que a “O FRUTO DA JUSTIÇA SERÁ A PAZ” (Is 32,17). E só garantindo a justiça social é que teremos a verdadeira paz em nossa sociedade. Esta justiça só se concretizará no dia em que colocarmos em prática uma nova relação de trabalho e de vida, conforme nos ensinaram os primeiros cristãos: “NÃO HAVIA ENTRE ELES INDIGENTE ALGUM, PORQUANTO OS QUE POSSUíAM TERRAS E CASAS, VENDIAM-NAS, TRAZIAM O DINHEIRO E O COLOCAVAM AOS PÉS DOS APÓSTOLOS"