quarta-feira, 29 de abril de 2015

1984, numa segunda feira, foi quando conheci Eusébio Ka'apor!

Conheci Eusébio Ka’apor numa manhã de segunda feira em 1984. Não lembro o mês. Fazia pouco mais de um ano que me encontrava na cidade de Santa Luzia do Paruá. Ainda não era município.  O povoado situado no quilômetro 114 da BR 316 pertencia à época ao município de Turiaçu. Naquela manhã o técnico de enfermagem de Ximborendá, aldeia de Eusébio, passou para irmos juntos à aldeia. Com ele estavam outros três índios, um deles o adolescente Eusébio. Subimos num caminhão madeireiro até a localidade chamada Lajes, depois do Centro do Martinho. Tínhamos pouco menos de uma légua a percorrer, a pé, por uma floresta verdejante, com árvores enormes, até chegar á aldeia. Eu levava uma mochila, e os demais quase nada. Só havia um galão de óleo diesel para o gerador de energia, que em sistema de rodízio passava de mão em mão, a cada 300 metros. Chamou logo a minha atenção o fato que todos nós nos revezávamos no transporte do galão bastante pesado, menos o nosso amigo Eusébio. Brincando perguntei ao técnico de enfermagem, em voz baixa, por que ele não ajudava. Ele me respondeu que não podia, pois acabava de nascer o primeiro filho dele e estava de resguardo. Não podia trabalhar, nem levantar pesos. O mesmo aconteceu no dia seguinte quando eu estava rachando lenha para o nosso fogão e lá estava ele me olhando. Com uma pitada de malícia perguntei a um imóvel Eusébio: ‘Fala a verdade, não pode mesmo me ajudar a rachar essa lenha?  E o que iria acontecer se você fizer esse pequeno e leve trabalho?’ Eusébio com toda tranqüilidade e timidez me respondeu: ‘O meu filho poderia adoecer e até morrer’. Eusébio, contudo, tinha sido prometido esposo a uma jovem que ele ainda não podia casar, por ser muito nova. 
Só depois de um ano, quando ela teve as primeiras menstruações e rasparam a sua cabeça, Eusébio a levou consigo. Começou a formar a sua família com uma esposa dedicada, inteligente e participativa, o que não era muito comum à época. Conheci naqueles dias de permanência na aldeia os pais de Eusébio, principalmente o pai, o grande cacique e pajé Zequinha. Pessoa afável, alegre e grande conversador, próprio de um cacique Ka’apor de verdade.  Só um pai assim para educar e preparar o filho para ser cacique. Embora reservado, de pouca fala, Eusébio sempre foi muito estimado por ser uma pessoa sempre presente na aldeia. Sem nunca tirava o corpo fora, nem se omitia de suas responsabilidades. Santos não existem, bem sabemos. Ele também teve suas contradições, é verdade, mas o bonito numa trajetória de vida é estar sempre aberto a ouvir e a acolher as críticas e os alertas que as pessoas nos dirigem. Ele teve a grandeza de ter percebido, em tempo, o estrago que a venda da madeira estava fazendo para si e para os demais parentes, e de ter sabido resgatar ‘o autêntico Ka’apor’ (Ka’apor te) que sempre esteve dentro dele e do seu povo. A história dele começou a ser reescrita a partir desse momento. Fazia mais de dois anos que não o via, mas o acompanhava através das informações de amigos. O espírito do pai Zequinha que havia voltado a viver nele de forma inédita motivando-o para a luta, mais acirrada e mais perigosa, veio agora para chamá-lo, definitivamente, para estar com ele. Mas sem abandonar os ‘moradores da mata’ (Ka’a-por) para que ao manter viva a mãe terra e a floresta não percam jamais a identidade e a alegria de viver.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Mataram o líder Eusébio Ka’apor. Madeireiros e políticos da região do Centro do Guilherme agradecem

As agressões e as ameaças que há mais de dois meses madeireiros e comerciantes da região do Centro do Guilherme ligados ao comércio clandestino da madeira dentro da terra indígena Alto Turiaçu vinham fazendo aos índios Ka’apor culminaram, ontem, 27 de abril, no homicídio de Eusébio Ka’apor. Eusébio era um dos defensores da terra indígena e ferrenho opositor dos madeireiros e políticos locais que viviam extraindo diuturnamente madeira nobre da terra indígena. Eusébio que era morador da aldeia Ximborendá, município de Santa Luzia do Paruá, foi vítima de dois tiros nas costas numa pequena localidade próxima do Centro do Guilherme. O líder indígena, juntamente com outro companheiro estavam vindo, de moto, de uma pequena aldeia recém-criada dentro da terra indígena Alto Turiaçu e, ao passar por um centro habitado várias pessoas armadas pareciam como que estivessem esperando por eles. Os indígenas seguiram em frente quando vários tiros foram disparados em sua direção e dois deles atingiram Eusébio Ka’apor nas costas. Carregado pelo outro indígena até uma localidade próxima foi socorrido por algumas pessoas que tentaram levá-lo, de carro, para um hospital de Santa Inês. Ao chegar, porém, à cidade de Nova Olinda não aguentou e faleceu. Várias pessoas que vêm acompanhando o clima de tensão e de violência que existe na região do Centro do Guilherme esperavam por isso. É que os Ka’apor de alguns anos para cá decidiram não mais fazer vista grossa ao comércio existente em sua terra, e que vinha provocando prejuízos de toda ordem. Organizaram, recentemente, algumas operações de expulsão de madeireiros, chegando a tocar fogo em caminhões e a prender em flagrante várias pessoas. As retaliações, contudo, não demoraram a aparecer. 
De janeiro até hoje os ka’apor viviam como que em cárcere domiciliar, impedidos de sair de suas aldeias porque constantemente agredidos e ameaçados. Nesses poucos meses foram arrancadas e roubadas dos índios quatro motos e espancados e humilhados pelo menos 10 indígenas no intuito de se vingar pela ação dos índios, e de intimidá-los quanto a eventuais novas ações. Os índios narram que sequer podiam registrar as ocorrências, pois os invasores contam com a cumplicidade da polícia militar da região, sem falar no apoio e no envolvimento direto de vereadores e prefeitos da região que, inclusive, - numa operação realizada da Polícia Federal há mais de ano, - alguns deles chegaram a ser presos por alguns dias.  A Secretaria dos Direitos Humanos do Estado, o Ministério Público Federal e a OAB/MA vinham acompanhando a situação, mas não se conseguiu montar até hoje um plano de presença institucional permanente na região para desarmar e pacificar os revoltados madeireiros que se viram impedidos pelos índios a continuar a explorar irracional e ilegalmente a madeira da terra indígena. Agora, aguarda-se que Polícia Federal e outros órgãos não somente investiguem e punam os autores do crime bárbaro, mas que iniciem um trabalho de presença institucional, pois na região do Centro do Guilherme há muito tempo vigora a lei do mais forte, e o Estado nunca disse a que veio. 

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Por que não se fala na 'Operação Zelotes'? Por que dois pesos , duas medidas? A grana desviada envolvida é astronômica!

A dimensão da Zelotes estarrece: o valor investigado soma o dobro daquele até o momento apurado na Operação Lava Jato. E, mais ainda, fere a consciência dos cidadãos honestos a constatação de como a corrupção faz parte do estilo de vida dos poderosos do Brasil. Está sobretudo neste poder a dificuldade de uma investigação profunda e independente. Ao comparar Zelotes com Lava Jato, em primeiro lugar, na análise dos comportamentos das autoridades judiciárias atuantes nos procedimentos, verifica-se de imediato a inexorável discrepância política entre graúdos sonegadores e funcionários petistas destinatários do propinoduto da Petrobras. Última instância à qual o contribuinte brasileiro pode recorrer para reverter dívidas com a Receita Federal, o Carf  acumula, atualmente, cerca de 105 mil processos cujo valor ultrapassa 520 bilhões de reais. Até então esquecido dentro da estrutura do Ministério da Fazenda, o órgão ganhou o noticiário após a Polícia Federal desarticular um esquema responsável por negociar votos de seus conselheiros e fraudar votações que causaram um prejuízo estimado em 6 bilhões de reais. São 74 processos investigados no valor de 19 bilhões de reais em dívidas de bancos, montadoras de automóveis, siderúrgicas e inúmeros grandes devedores que apostavam na corrupção de agentes públicos para burlar o pagamento de impostos. Na opinião dos investigadores da PF, trata-se da maior fraude tributária descoberta no Brasil. Com números tão expressivos e nomes acostumados a frequentar as mais badaladas listas de grandes empresas, a Operação Zelotes acumula muitos dos requisitos necessários a uma investigação de futuro incerto. Ciente desse cenário nada favorável, a PF, desde o recebimento da denúncia anônima que deu origem ao inquérito, toma todos os cuidados para evitar um desfecho sem punições. (Fonte: Carta Capital)

Testemunho do líder Nenzinho Gavião “Eles pagam hotel chique para nos convencer a autorizar que destruam nosso território”

‘A Eletronorte me levou para discutir a construção de uma usina que vai afetar nosso território. Cheguei ontem de Belém. Lá a gente ficou hospedado no Hotel Sagres. Para mim, um hotel luxuoso. Estranhei de cara. Numa crise dessas que estamos hoje, para que ficar num hotel daqueles? E ninguém sabe quem pagou a viagem. Foi quando começou a reunião, às nove da manha, que fui me deparar com a realidade. Era uma reunião política reunindo vários deputados, vereadores aqui da região, prefeitos em torno de Marabá. Eles fizeram uma exposição do projeto da usina. Depois, cada um deputado, prefeito, presidente de associação, tiveram a palavra e todos eles apóiam a construção da hidrelétrica. Todos os que estão em volta querem esse falso progresso, essa ilusão da promessa de melhorar de vida que a Eletronorte faz. São todos os políticos que estão pautados em algum beneficio pessoal, uma saída financeira e emergencial para eles, o que está em jogo ali é política econômica, desenvolvimento. Vi que todos os políticos estão querendo ganhar, e há toda essa pressão contra as comunidades indígenas. Na reunião, a Eletronorte deixou claro que o único empecilho para  usina acontecer é que os índios ainda não concordaram. Na minha frente. Serviu para abrir os olhos que, politicamente, aqui na região, não temos parceiros. E a resistência tem que partir daqui de dentro do nosso povo. Nessa reunião pudemos externalizar a nossa insatisfação com esse projeto. O que vemos nesse projeto é uma consequência do próprio projeto da Vale: traz negatividade para as comunidades indígenas. O Palocci, da Eletronorte, fez uma proposta de 30 dias para a gente autorizar o estudo do componente indígena. Se após 30 dias a  gente não aceitar, eles dizem que não querem mais conversar. E se aceitarmos, vão fazer o estudo antes da concessão, e a empresa que fizer o estudo vai ganhar o consórcio, um contrato de 30 anos. Mas esses estudo deles é como receita de bolo, já vem pronto. Queremos parâmetros para as comunidades indígenas decidir se vai ser bom ou não. A Eletronorte faz o estudo biológico, da diversidade, mas não faz o social. O impacto não acontece só na biodiversidade, mas no social também. Será que um projeto de casa de farinha, criação de porco, vai suprir as necessidades indígenas? Para  mim existe coisas maiores’. (Fonte: Carta Capital)

‘A Vale é um bicho papão, demolidora da natureza, máquina de acabar com tudo’, diz a líder Gavião Tonkuré

Nessa semana, enquanto na Terra Indígena Mãe Maria os Gavião em cada aldeia estiveram reunidos discutindo como reagir à ofensiva da Vale, que decidiu cortar o repasse que fazia ao povo em razão dos impactos da atividade da mineração, a Eletronorte decidiu uma reunião em Belém para, segundo os indígenas, pressionar as lideranças a autorizarem a construção da Usina Hidrelétrica de Marabá, que vai alagar parte do seu território tradicional. A falta dos recursos essenciais suspensos pela Vale provocou uma reviravolta nas comunidades, ao mesmo tempo apareceu uma solução “para todos os problemas” que seriam os royalties da usina. Confusos, os Gavião se reuniram. Acontece que Payaré foi o grande líder do grupo dos Gavião que foram expulsos de suas terras pela Eletronorte para a construção de Tucuruí. Em 1989, Payaré liderou sue povo para ingressar com uma ação judicial contra a Eletronorte, pedindo indenização e a compra de uma área equivalente à área inundada. Os Gavião da Montanha venceram a ação em 2003, mas até hoje não receberam nem a indenização, nem uma nova área. Nenzinho e Kátia, filhos de Payaré, como dito acima, são comprometidos em defender os ideais de seu pai. O primeiro é uma liderança de destaque na região, enquanto Kátia é a primeira mulher a assumir a chefia de uma aldeia dos Gavião: “meu pai era um lutador e também queria acabar com o machismo do nosso povo, por isso me nomeou”, ela me falou. Os Gavião tiraram fotografias ao lado dos trilhos que cortam a Terra Indígena Mãe Maria com faixas contra a Vale — protesto que motivou uma ação de reintegração de posse. O juiz deu a liminar no sábado 18, determinando que a polícia se dirigisse, neste Dia do Índio, domingo 19 de abril, para expulsar os indígenas das proximidades do trilho. Sobre a Vale, disse Kátia, que se chama, no seu nome, Tonkuré Jonpti Akrikatejê. A Vale deixou conflito. A Vale trouxe o impacto de separação, desunião e desigualdade. É um bicho papão. Um demolidor da natureza, máquina de acabar com tudo. Ela criou expectativa, dando dinheiro e criando dependência. Mas ela nos trata como um animal. É assim que somos vistos. Preferíamos ser o que a gente era. Preferia não ter conhecido Vale. Eu tenho tanta cosa para dizer. Eu quero desabafar.(Fonte: carta Capital)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Mineradoras,acuadas, tentam cooptar igrejas, diz padre Comboniano!

 “As empresas mineradoras, além de tentarem mostrar que suas atividades extrativas são sustentáveis e que seus lucros contribuem para proteger a natureza, agora estão tentando influenciar também a sensibilidade religiosa e ética das pessoas e comunidades que podem chegar a criticar suas operações”, adverte Dário Bossi. Segundo ele, recentemente assessores e managers das mineradoras Anglo American, Rio Tinto, Newmont Mining, o presidente do International Council of Mining and Metals - ICMM,The Kellog Innovation Network, Christian Aid e representantes das igrejas anglicana, católica e metodista sugeriram ao Vaticano que missionários e religiosos assistam “seminários teológicos das diversas partes do mundo para equipar melhor os pastores e os líderes da igreja para servir as comunidades afetadas pelos projetos mineiros”. Ele explica ainda que as mineradoras envolvidas propõem que “igrejas pensem  teológica, ética e liturgicamente sobre a mineração, em nível local e internacional”. Contrário à possível parceria, padre Dário Bossi lembra que a “Igreja tem manifestado com progressiva lucidez seus posicionamentos críticos frente aos interesses especulativos da mineração” e tem “acompanhado os protestos, as denúncias e reivindicações das comunidades”. Para ele, a iniciativa das empreiteiras consiste numa tentativa de aproximação para “insistir sobre a importância do diálogo na ética cristã, para a resolução dos conflitos”, uma vez que, “não sendo fácil nem conveniente opor-se à Igreja, as empresas estão tentando aproximá-la”. O grupo Iglesias y Minería é uma rede latino-americana de comunidades cristãs, religiosas e religiosos que, com o apoio de diversos bispos, da Rede Eclesial Pan-Amazonica - REPAM, do departamento Justiça e Paz da Conferência Episcopal Latino-Americana - CELAM e do Consejo Latino Americano de Iglesias - CLAI, articula-se há dois anos para fazer frente aos impactos da mineração.

Fonte: entrevista de Dário Boss. Ele é padre comboniano, e membro da Rede Justiça nos Trilhos e da Rede Brasileira de Justiça Ambiental.

sábado, 18 de abril de 2015

Bancos - Em ano de crise os 5 maiores bancos brasileiros têm lucros 'estúpidos'. Vergonha é que não têm!

Mesmo num ano de crise como foi 2014, os cinco maiores bancos brasileiros tiveram recordes de lucro, segundo estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). As instituições ganharam com cobranças de taxas e serviços. Segundo o levantamento, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander tiveram lucro de R$ 60,3 bilhões, o que significa18,5% a mais que em 2013. "A rentabilidade seguiu elevada nos grandes bancos, mantendo o setor financeiro entre os mais rentáveis da economia nacional e mundial", aponta o estudo. Para o Dieese, a fórmula do sucesso veio de uma tripla combinação: os bancos aproveitaram a alta taxa Selic, incrementaram a cobrança por taxas e serviços e seguem reduzindo, a cada ano, o número de trabalhadores.  O Itaú, por exemplo, atingiu um lucro de R$ 20,6 bilhões, o maior da história de uma empresa do setor no país. Itaú eBradesco juntos responderam por 60% do total embolsado pelos bancos.
Lucros dos bancos em 2014:
•    Itaú – R$ 20,6 bilhões
•    Bradesco – R$ 15,3 bilhões
•    Banco do Brasil – R$ 11,3 bilhões
•    Caixa – R$ 7,1 bilhões
•    Santander – R$ 5,8 bilhões
"A estratégia dos bancos privados, nos últimos anos, visou incrementar os ganhos operacionais mediante crescimento das receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias e redução de despesas, principalmente de pessoal", analisa o Dieese. (Fonte: IHU)

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Brasil é o 3º país no mundo que mais gera lixo! E que lhe dá um péssimo destino!

O Brasil é o terceiro país no mundo (após China e EUA) que mais lixo gera. Estatísticas falam em 220 milhões de toneladas/dia, em torno de 1,2 quilo diário por pessoa. E os estudos mostram que só 58% do lixo recolhido tem destinação adequada, 41,7% vão para 1.569 lixões e "aterros controlados" em 3.344 municípios. São Paulo gera 18 mil toneladas diárias de resíduos. É uma notícia auspiciosa que o papa Francisco pretende centrar no tema "meio ambiente e pobreza" sua primeira encíclica, a ser conhecida nas próximas semanas. O documento incluirá também em destaque as mudanças climáticas, juntamente com considerações sobre a desigualdade econômica no mundo e a afirmação de que "o homem esbofeteou o rosto da natureza". Que os humanos consumidores, agressores e desperdiçadores te ouçam, Francisco!

Até o STF contra os direitos indígenas!

As ameaças aos diretos indígenas no âmbito do STF são vistos com extrema preocupação pelos participantes da Mobilização. Para Anastácio Peralta, da Aty Guasu, a Grande Assembleia dos Povos Kaiowá e Guarani, as decisões são absurdas: “Tem algumas terras que já foram até declaradas! E agora vem o próprio STF negar isso. É uma negação de direito. É um país sem progresso. Um país que não respeita a Constituição. Para nós, é uma punhalada no nosso coração”, avalia. Para o advogado Maurício Guetta, do Instituto Socioambiental, as posturas da 2ª Turma do STF são novidade. “Em geral, o STF não apreciava as ações judiciais contra as terras indígenas. Essa é uma novidade que temos de alguns anos pra cá: o STF analisando o mérito e decidindo contra os direitos territoriais indígenas. Principalmente ao colocar obstáculos à efetivação do direito à demarcação das terras indígenas, como a questão do marco temporal e a limitação do conceito de esbulho possessório”, aponta. Como explica Guetta, as decisões são pautadas pela tese do “marco temporal”, que só considera como terras indígenas aquelas que estivessem ocupadas em 5 de outubro de 1988 – exceto quanto os indígenas tiverem sido expulsos. A tese consolidou-se como uma das 19 condicionantes do julgamento da TI Raposa Serra do Sol no próprio STF, 2009, mesmo não tendo efeitos vinculantes para outras terras. Walter de Oliveira, Macuxi que veio da Raposa para o Acampamento, critica: “Hoje, embora com a terra garantida, ainda temos que enfrentar as 19 condicionantes. No mundo, para o índio viver bem, precisa de condicionantes? Para nós é um absurdo”. Segundo Anastácio, as informações sobre violações contra os direitos de povos indígenas trazidas a público pelo relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em dezembro de 2014, foram de suma importância para esclarecer os casos de esbulho territorial sofridos pelos povos em Mato Grosso do Sul e outras regiões. (Fonte: Cimi)

Mobilização indígena - Vice-presidente do Brasil diz aos índios desconhecer paralisação das demarcações de terras indígenas!

O vice-presidente Michel Temer (PMDB), durante audiência com lideranças indígenas na tarde desta quinta-feira (16/4), disse desconhecer a paralisação das demarcações de terras indígenas no país. No momento existem 21 processos demarcatórios totalmente concluídos, sem impedimentos administrativos ou jurídicos, que aguardam há anos apenas a homologação da presidente da República. “Vou falar com a presidente Dilma, não estou sabendo desses processos paralisados, mas vou dizer que eu os recebi, para que, se for o caso, dar sequência a essas demarcações”, declarou Temer. Enquanto o Acampamento Terra Livre (ATL) reúne mais de 1,5 mil indígenas em Brasília, a semana de Mobilização Nacional Indígena acontece em todo o país com atos e encontros para reivindicar e debater os direitos indígenas atacados por projetos de lei, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215, a anulação de portarias declaratórias de Terras Indígenas por decisões dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a paralisação das demarcações, entre outros. A PEC 215 transfere do governo federal para o Congresso a atribuição de oficializar Terras Indígenas, Unidades de Conservação e territórios quilombolas.“Essa articulação demonstra a unidade dos povos indígenas na luta por seus direitos. Não há terras tradicionais garantidas. O movimento indígena precisa seguir na rua, em aliança com outros grupos que sofrem os mesmos ataques: quilombolas, sem terras, comunidades tradicionais, sem teto”, enfatiza Babau Tupinambá. 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

A quem interessa 'TERCEIRIZAR'?

O número de trabalhadores terceirizados deve aumentar caso o Congresso aprove o projeto 4.303/2004. A nova legislação abre as portas para que as empresas possam terceirizar todas as suas atividades. Hoje, somente o que é não faz parte da atividade-fim pode ser delegado a outras empresas, como por exemplo a limpeza, a segurança e a manutenção de máquinas. Entidades de trabalhadores, auditores fiscais do trabalho, procuradores do trabalho e juízes trabalhistas acreditam que o projeto é nocivo aos trabalhadores e à sociedade.

1) Salários e benefícios devem ser cortados - O salário de trabalhadores terceirizados é 24% menor do que o dos empregados formais, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).  2) Número de empregos pode cair - Terceirizados trabalham, em média, três horas a mais por semana do que contratados diretamente.3) Risco de acidente vai aumentar - Os terceirizados são os empregados que mais sofrem acidentes. Na Petrobras, mais de 80% dos mortos em serviço entre 1995 e 2013 eram subcontratados.  4) Preconceito no trabalho pode crescer -A maior ocorrência de denúncias de discriminação está em setores onde há mais terceirizados, como os de limpeza e vigilância, 5) Negociação com patrão ficará mais difícil -Terceirizados que trabalham em um mesmo local têm patrões diferentes e são representados por sindicatos de setores distintos. Essa divisão afeta a capacidade deles pressionarem por benefícios. 6) Casos de trabalho escravo podem se multiplicar - O uso de empresas terceirizadas é um artifício para tentar fugir das responsabilidades trabalhistas. Entre 2010 e 2014, cerca de 90% dos trabalhadores resgatados nos dez maiores flagrantes de trabalho escravo contemporâneo eram terceirizados, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego. 7) Maus empregadores sairão impunes - Com a nova lei, ficará mais difícil responsabilizar empregadores que desrespeitam os direitos trabalhistas porque a relação entre a empresa principal e o funcionário terceirizado fica mais distante e difícil de ser comprovada. 8) Haverá mais facilidades para a corrupção - Casos de corrupção como o do bicheiro Carlos Cachoeira e do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda envolviam a terceirização de serviços públicos. Em diversos casos menores, contratos fraudulentos de terceirização também foram usados para desviar dinheiro do Estado. A saúde e a educação pública perdem dinheiro com isso. 9) Estado terá menos arrecadação e mais gasto - Empresas menores pagam menos impostos. Como o trabalho terceirizado transfere funcionários para empresas menores, isso diminuiria a arrecadação do Estado. Ao mesmo tempo, a ampliação da terceirização deve provocar uma sobrecarga adicional ao SUS (Sistema Único de Saúde) e ao INSS. Segundo ministros do TST, isso acontece porque os trabalhadores terceirizados são vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais com maior frequência, o que gera gastos ao setor público. (Fonte: Repórter Brasil)

terça-feira, 7 de abril de 2015

são 54 os 'bilionários' no Brasil, segundo Forbes

Em todo o mundo, mais de 320 milhões de pessoas têm acesso a algum artigo de luxo – um setor avaliado em cerca de um trilhão de reais por ano, segundo a mesma consultoria. México e Brasil, juntos, contribuem com quase 75 milhões de reais para esse contingente, mas quem detém o primeiro lugar quanto ao número de ricos é a Europa, com 33% do total, seguida da Ásia, com 26%, e dos EUA, com 23%. As expectativas para 2019 são mais do que suculentas: espera-se que o valor do mercado se aproxime de 1,5 trilhão de reais, sendo 28% desse total na Ásia. A América Latina, por enquanto, responde por apenas 4,4% desse mercado, e mesmo crescendo a cifras superiores a 10% alcançará apenas 6% do total. Mesmo assim, o número de bilionários na região cresceu 38% em um ano.A classe média latino-americana – que entre 2000 e 2012 teve uma expansão de 34,3%, chegando a 181,2 milhões de cidadãos – desempenha um papel fundamental para o setor, pois são clientes potenciais do mercado de luxo. No Brasil, segundo a revista Forbes existem 54 pessoas bilionárias! Quando alguém decide taxar as grandes fortunas? (fonte: Carta Capital)

Violência contra mulher - Vida de mulher no Brasil, vida de cão!

Nos últimos 30 anos, mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no Brasil, 43 mil delas, quase metade, entre 2000 e 2010 (Mapa da Violência, São Paulo: Instituto Sangari, 2010). O Brasil guarda o impressionante número de uma mulher ser espancada a cada 45 segundos, de acordo com pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo em 2010. Duas em cada cinco mulheres (40%), de 2.365 entrevistadas nas 25 unidades da federação, afirmaram já ter sofrido alguma das violências citadas no questionário da pesquisa, em especial controle ou cerceamento (24%), violência psíquica ou verbal (23%) e ameaça ou violência física (24%). Em 2013, mais de 50 mil casos de estupro foram registrados em todo o país, segundo números da polícia divulgados no 8o. Anuário Brasileiro de Segurança Pública.  Isso sem contar os relatos que nunca chegaram às autoridades, em especial aqueles que ocorrem dentro de relacionamentos, com parceiros fixos, e sobre os quais muitas mulheres têm dificuldade de falar.