sábado, 29 de setembro de 2012

Brasil combate de forma errada a desigualdade, dizem analistas

Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao governo federal, apontam a diminuição acentuada na desigualdade social brasileira. Apesar disso, o Brasil continua entre as 15 economias mais desiguais do planeta. Analistas reconhecem avanços, fruto dos esforços governamentais de distribuição de renda nos últimos anos, mas questionam a sustentabilidade dessas políticas e acusam falhas que dificultam a promoção da justiça social, como investimentos públicos insuficientes em educação e saúde. "Transferir renda para quem não tem traz resultados tanto políticos, como sociais e econômicos, mas os esforços do governo não tocam em alguns elementos estruturais da desigualdade no Brasil. As medidas que vêm sendo adotadas têm impacto de curto prazo, mas em longo prazo não permitem uma ascensão das classes mais baixas", observa Sérgio Costa, professor titular de sociologia da Universidade Livre de Berlim. Analistas questionam a atual pretensa sustentabilidade afirmando que o Estado prioriza a transferência de renda, se esquecendo de investir em estruturas básicas, que permitam o acesso da população mais pobre a serviços essenciais. "Não há investimento em outros tipos de medidas onde a ação do Estado é fundamental, como a promoção da educação pública de qualidade, do transporte público de qualidade", lamenta Sérgio Costa. Ele argumenta que, ao frequentar escolas públicas ruins, os mais pobres são "condenados a permanecer na mesma condição de classe. A economista Lena Lavinas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lembra que as sociedades modernas promovem a igualdade através de uma infraestrutura social de qualidade, aspecto que tem sido deixado de lado na atual política federal. "O gasto social no Brasil é feito para transferir renda para as famílias e não para promover serviços", sublinha. "O governo brasileiro é muito preocupado em transferir renda, o que é importante, mas insuficiente. Os mais pobres não precisam só de renda, mas de oportunidades", destaca. "E os gastos públicos com educação, saúde, transporte e saneamento não crescem na proporção que deveriam." (Fonte: IHU)

Índios Tembé exercem direito de legítima defesa e tocam fogo em caminhões e tratores de madeireiros ilegais

Indígenas Tembé incendiaram caminhões e maquinários de madeireiros ilegais nesta sexta-feira, 28. A madeira era extraída ilegalmente da Terra Indígena (TI) Alto Rio Guamá, no trecho do território que fica no município de Nova Esperança do Piriá, no Pará, divisa com Maranhão. A terra foi homologada em 1993. "Eles tiram madeira de lá faz muitos anos. Não é de hoje", explica uma liderança indígena Tembé. Para o indígena, a ausência de uma política de Estado que proteja a terra faz com que a situação perca o controle.  "A gente sempre avisa a polícia, às vezes pega a máquina, traz pra aldeia e avisa polícia. Mas aí o madeireiro entra na Justiça e a polícia acaba tendo que devolver, ele recupera a máquina e invade de novo. A única saída é tocar fogo", afirma. "Acontece que lá, os indígenas acabam fazendo vigilância por conta própria", explica Juscelino Bessa, coordenador técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Belém. "Na quarta-feira [26], eles encontraram quatro caminhões, três tratores e duas caminhonetes [de madeireiros] e, pela primeira vez, destruíram os maquinários. Isso demonstra que a situação é bastante grave", expõe. Através de imagens de satélite, é possível observar que cerca de 50% da área já foi devastada. "O norte [da TI] já foi completamente depredado. O que ainda resta de madeira está na região sul, na divisa com o Maranhão", conta Juscelino. Em geral, os extratores de madeira são pequenos proprietários que trabalham para compradores de madeira. "Na verdade, quem retira são só testas-de-ferro. Estão à frente do serviço, mas tem outras pessoas por trás. É só você observar o investimento, os caminhões, tratores novos. Aqueles colonos não têm dinheiro pra esse tipo de equipamento". Indígenas, indigenistas e Funai temem uma retaliação por parte dos madeireiros. Os Tembé enviaram relatórios sobre os últimos acontecimentos à Funai, que por sua vez encaminhou denúncia ao Ministério Público Federal, e aguarda posição do Estado para realizar uma operação no território indígena.(Fonte: Porantim)

O importante é acolher e proteger 'os pequeninos'....venha de onde vier! (Mc.9,38-43.45.47-48)

Na provinciana e obtusa Galiléia um seu cidadão, Jesus de Nazaré, parece querer romper com a mentalidade e a prática clânica e sectária que vigorava à sua época. Desmascara sem inibição não só sentimentos de inveja, ciúmes, posse, superioridade, mas também o cego egocentrismo nada evangélico que domina os seus seguidores, de ontem e de hoje. De fato, quem de nós nunca se sentiu enciumado porque alguém reproduziu uma nossa ideia ou ‘plagiou’ uma nossa reflexão apresentando-a como se fosse de sua autoria? Quem não experimentou irritação ao constatar que alguém próximo de nós, que reputávamos possuir ‘menos autoridade ou preparação intelectual’ do que nós conseguiu mais resultados e sucessos na vida do que nós? Poderíamos continuar com infinitos outros exemplos que manifestam a nossa mesquinhez de viver e o nosso modo de nos relacionar com ‘os outros’. O evangelho de hoje mostra, ao contrário, uma dimensão humana de Jesus claramente antagônica à essa prática mesquinha de encarar a vida. Algo extremamente inovador para os padrões da época e para os nossos atuais onde, apesar de vestir o manto da globalização, continuamos profundamente ‘sectários e provincianos’.

Jesus, afinal, reconhece como aliados seus e da sua causa todos aqueles/as que independentemente da sua pertença social, política ou religiosa ‘expulsam os demônios do anti-reino, acolhem e protegem os pequeninos e não são instrumentos de escândalo’. Jesus, de forma inequívoca, declara que ‘todos aqueles que recebem um pequenino recebe não tanto Ele, e sim, Aquele que o enviou’. Indiretamente está afirmando que não é importante pertencer ao seu grupo e nem a uma determinada igreja ou religião. O importante, isso sim, é acolher, proteger e oferecer o copo da água da vida e da esperança ‘àqueles pequeninos’ que ninguém ou poucos sabem proteger. Para Jesus a primazia não está numa identidade clara e definida, nem numa hipócrita ostentação de um mandato formal e reconhecido oficialmente por quem quer que seja, mas na prática ética. Ou seja, na assunção de princípios e opções existenciais em que a frágil vida dos pequeninos é defendida de forma intransigente contra os inúmeros e poderosos ‘demônios humanos’. Contra todas as formas de escândalo e abuso que lhes nega o direito de viver, esperar e crer. Para Jesus os que cometem tais práticas negadoras de vida é preferível que sejam radicais consigo mesmo, agora. Que arranquem deles, enquanto ainda há tempo, a causa principal que lhes impede de serem aliados da causa de Jesus, não se importando com sua pertença formal. Amanhã, talvez, seja tarde demais!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

BREVES....E TRÁGICAS!

Mais dois Guajajara mortos no Maranhão- Dois índios guajajaras foram assassinados na madrugada deste domingo (23), no povoado Auzilândia, que fica a 30 km do município de Alto Alegre do Pindaré. De acordo com informações da Superintendência de Polícia Civil do Interior, os assassinatos ocorreram após um desentendimento. Ainda segundo informações da polícia, foram apreendidas armas de fogo e uma arma branca. O autor do crime também ficou ferido e foi trazido para São Luís em estado grave. Ainda não se conhecem os reais motivos do duplo homicídio.

Desenvolvimento a qualquer custo afeta população indígena - De 82 obras de transporte previstas para estradas e hidrovias entre 2011 e 2014, ao menos 43 afetam uma ou mais terra indígena, direta ou indiretamente, seja seu território ou sua população. Em termos práticos, isso significa que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão responsável pelas obras federais, tem que elaborar um plano básico ambiental (PBA) sobre o componente indígena para cada empreendimento que pretenda licitar. Procurado pelo Valor, o Dnit informou que, atualmente, tem sete PBAs indígenas em execução. Outros nove estudos, de acordo com um balanço da autarquia realizado até maio, estariam no cronograma.

Desenvolvimento a qualquer custo afeta população mundial - “Em um mundo mais quente, se nós não começarmos a agir, o conflito entre plantar milho para produzir combustível e para alimentação irá se tornar ainda mais intenso”, disse o ex-vice-presidente dos EUA dos governos Bill Clinton, Al Gore, destacando as altas nos preços dos alimentos nos últimos anos. Gore ressaltou ainda que as alterações no climáticas tendem a tornar difícil fazer previsões sobre o tempo, informações fundamentais para a agricultura. “A pertubação do ciclo biológico acabará com a possibilidade de se prever a ocorrência das chuvas”, disse, após demonstrar por meio de estatísticas que o planeta enfrentou nos últimos anos aumento nas temperaturas médias.

O ouro chamado madeira ilegal não conhece restrições - O comércio de madeira extraída ilegalmente na Amazônia, na África central e no sudeste Asiático movimenta de US$ 30 bilhões a US$ 100 bilhões por ano e é responsável por até 90% do desmatamento de florestas tropicais no mundo.O alerta foi feito ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela Interpol, durante a divulgação do relatório Carbono Verde. De acordo com o levantamento, de 50% a 90% da exploração madeireira nos países daquelas três regiões é realizada pelo crime organizado, respondendo por até 30% do comércio global.

Milhões de seres humanos poderão morrer se não inverter rumos! - Mais de 100 milhões de pessoas vão morrer e o crescimento econômico global será reduzido em 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2030 se o mundo fracassar no combate às mudanças climáticas, alertou um relatório encomendado por 20 governos divulgado nesta quarta-feira.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

TJ do Maranhão limpa os candidatos ficha suja

Dados do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA) apontam que 72,54% das candidaturas que foram alvo de impugnação com base na Lei da Ficha Limpa acabaram sendo liberadas pela corte eleitoral maranhense. Do total de 102 processos que foram apreciados pelo Tribunal Regional Eleitoral através sob o prisma da Lei da Ficha Limpa, setenta e quatro tiveram o registro de candidaturas recebendo o aval do juizes do TRE maranhense, enquanto vinte e oito acabaram vetados. Tanto no caso das candidaturas que tiveram aval do TRE, quanto das que foram barradas pelo tribunal, cabe recurso a corte máxima, o Tribunal Superior Eleitoral(TSE). A Lei da Ficha Limpa estabelece que devem ter a candidatura vetada, as pessoas que sofrerem condenação confirmada por órgão colegiado, como os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais e também os candidatos cujas contas forem reprovadas pelos tribunais de contas. (Fonte: O Imparcial)

O grito ressoou


Não éramos muitos, mas significantes. Não éramos todos de um mesmo grupo, mas sim de uma mesma causa, embalando pela mesma indignação: como comemorar 400 anos de fundação de São Luís, quando a maioria de sua população vive em uma situação de total exclusão? Comemorar o quê? A pergunta ressoou e tornou-se um grito coletivo reunindo militantes, agentes pastorais, jornalistas, ateus, freiras, padre e juventudes.Uma capital comandada por uma oligarquia, um estado que vive em um sistema feudal, uma sociedade totalmente entregue a uma política de pão e circo e uma polícia ditatorial.Organizados para ocupar as ruas após o desfile oficial dos militares estávamos à espera de nossa hora de entrarmos na avenida e de uma hora para outra a polícia avança e quis a todo custo interromper qualquer registro do que estava acontecendo, neste furdunço - de repente -percebemos Ramon- membro das CEBs, jornalista da Rádio Educadora e integrante do Comitê Pe. Josimo- a ser pisoteado, arrastado, algemado e preso pelo braço armado do estado Maranhão (Polícia de Choque, GTA etc). Num ato imoral e repressor, prendeu uma das pessoas mais pacíficas só por estar exercendo o seu direito de liberdade de expressão e atuando como profissional.Quiseram sufocar o grito de toda aquela gente ali organizada, para que tanta polícia para um punhadinho de gente. A organização do povo ameaça tanto, por quê?Por que tanta violência com um jovem jornalista? Por que o cercaram? Por que o espancaram? Por que o prenderam?Será que a mesma sociedade que chorou pela morte do jornalista Décio Sá também se indigna com a violência com que foi tratado o jornalista Ramon Alves? Deixamos a pergunta no ar.O grito prosseguiu insistentemente na avenida e atrás do camburão da polícia até a delegacia da REFESA. Razões não se tinham para a prisão de Ramon, mas mil razões se têm para não dar nenhum passo atrás em prol de uma sociedade justa e libertária.Levante-se São Luís, solte seu grito, abaixo a repressão!  Gritamos juntamente com Ramon quando ele foi solto ontem na delegacia e vamos grita mais alto ainda:grito dos 400 anos, por uma São Luís sem exclusão!

Lu Diniz, SNDdeN
Irmã de Notre Dame de Namur e integrante do Comitê Pe. Josimo

sábado, 15 de setembro de 2012

Um messias humano, demasiadamente humano (Mc. 8, 27-35)

Frequentemente nos decepcionamos com pessoas que admiramos. A decepção, todavia, parece ser ditada mais pela nossa tendência em idealizar o ‘outro’ que admiramos do que pelas suas ações contraditórias. Temos dificuldade de encarar o outro estimado e admirado como um ser normal. Um ser sujeito às normais contradições da vida. A admiração pouca realista que alimentamos em relação à pessoa admirada nos leva a considerá-la uma espécie de super-homem sem defeitos, ou um anjo incapaz de cometer deslizes de qualquer tipo. Quando, porém, isso ocorre, experimentamos um forte sentimento de ‘traição’. Sentimo-nos enganados e manipulados quando a pessoa que admiramos e estimamos manifesta comportamentos que nós não aprovamos. Mesmo quando nós não somos diretamente afetados e prejudicados pelos seus gestos contraditórios. Essas reações que experimentamos diante de uma decepção com a pessoa que admiramos revelam, no fundo, que ao idealizá-la a colocamos numa espécie de redoma imutável. Num mundo irreal, inatingível. O admirado não poderá, na nossa idealização irreal, mudar de comportamentos e atitudes porque nós já o catalogamos e classificamos. Não poderá sair daqueles esquemas cristalizados em que nós o colocamos. Quando ele revela uma faceta do seu ser por nós desconhecida ou não plenamente partilhada e aceitada, sentimo-nos traídos e ludibriados. Entra em nós a decepção, a desconfiança e a insegurança.

Esta parece ter sido a mesma experiência de Pedro com relação a Jesus e que é narrada no trecho evangélico de hoje. Pedro havia construído na sua convivência com Jesus uma relação de profunda admiração por ele.  Na sua idealização irrealista, - fruto também de suas ocultas ambições, - o via como aquele que ungido por Deus solucionaria poderosa e definitivamente os problemas estruturais de Israel. Recusava-se intimamente a encarar Jesus como um ‘ser normal’ sujeito às mudanças da vida, a sentir medo como qualquer um, e passível de ser derrotado e de fracassar em sua missão como qualquer humano. Pedro como outros da sua época, ao identificar Jesus como o ‘enviado de Deus’ atribuía-lhe simultaneamente todas as qualidades e funções próprias de um ‘salvador’ invencível. Jesus, porém, ao perceber o grau de idealização e ao mesmo tempo de ‘fechamento’ de Pedro em não querer compreendê-lo na sua plena ‘humanidade’ o traz de volta ao justo sentido da realidade. À sua verdadeira identidade e essência. Jesus é o enviado e ungido do Pai não porque é invencível e todo-poderoso, mas porque permanece fiel à missão do Pai  precisamente na experiência do sofrimento desumano e na decepcionante derrota ministerial. Ao contrário, agimos de forma diabólica quando fugimos do sofrimento e da angústia que a fidelidade à missão comporta. Quando não permanecemos próximos das pessoas que sempre temos admirado na em que descobrimos a sua fragilidade. Uma fragilidade que sempre existiu nele, mas que nós nos recusávamos a vê-la e a aceitá-la porque indireta e inconscientemente revelava e denunciava a nossa. Que possamos descobrir quem nós somos ao fazermos a experiência da cruz, e nos capacitar a amar e acolher os que não sabemos quem são, mas que sabemos que carregam cruzes pesadas!

VALE 'convence' desembargador federal e volta a trabalhar na duplicação da ferrovia do Carajás

Mário César Ribeiro presidente do Tribunal Regional Federal decidiu, deferiu o pedido  para  determinar  a  suspensão  da  execução  da tutela  jurisdicional  concedida  nos  autos  da  Ação  Civil  Pública  0026295- 47.2012.4.01.3700. Após a decisão do Juiz Federal Ricardo Macieira que havia mandado suspender as obras de duplicação da ferrovia Carajás, a Vale recorreu para tentar anulá-la. Como já havia sido divulgado amplamente pela imprensa, a Vale havia adotado o método simplificado para a obtenção do licenciamento ambiental, sem falar na não adoção de outras medidas de consulta e informação ampla às comunidades afetadas. Tudo isso havia levado o juiz federal da 8ª Vara da Justiça Federal do Maranhão a embargar as obras a pedido de vários movimentos da sociedade civil. Surpreendentemente, agora, o desembargador federal Mário César Ribeiro anula a decisão do colega com argumentações nada convincentes. Ele conclui a sua decisão afirmando, paradoxalmente, que ‘No presente momento, o que fica evidenciado é que a paralisação das obras poderá ser potencialmente mais perniciosa ao meio ambiente e à coletividade em geral, do que o seu prosseguimento. Nesse contexto, vislumbrando-se a existência dos pressupostos autorizadores da medida excepcional de contra-cautela, quais sejam, grave lesão à ordem e à economia  públicas...’ Cabe recurso, evidentemente, e não é dito que a justiça confirme a decisão do desembargador federal que tirou da cartola da jurisprudência argumentações que não parecem responder adequadamente às apresentadas pelo juiz federal do Maranhão. Mas para quem acompanha os tortuosos caminhos da justiça sabe que nesse contexto em estão em jogo interesses econômicos mastodônticos, - e não os da 'economia pública', - o que prevalece é a adoção de ‘argumentações’ de julgamento de outra natureza!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ministério Público Federal do Maranhão denuncia assassino de criança indígena em Arame

O Ministério Público Federal no Maranhão denunciou Manoel de Jesus Sousa, mais conhecido como “Manoel Benevides”, por homicídio cometido contra a criança indígena M.A.S.P.G. da aldeia Anajá. O crime aconteceu na noite de 5 de maio de 2008, na aldeia localizada na Terra Indígena Araribóia, no município de Arame (MA). Manoel de Jesus Sousa é acusado de ter efetuado seis disparos de arma de fogo contra sete índios que estavam na área de vivência da aldeia. Um dos tiros atingiu a cabeça da criança, o que ocasionou imediatamente a sua morte. Outro menor indígena de 14 anos também foi atingido com os disparos. Conforme relatado pelas testemunhas, o grupo já vinha sendo ameaçado e ofendido por Manoel, que é filho de um conhecido fazendeiro do município. Segundo o autor da denúncia, o procurador da República Juraci Guimarães Júnior, o crime contra a criança indígena foi brutal e covarde, chegando, inclusive, a mobilizar organizações internacionais de proteção indígena. “É fundamental que o Estado brasileiro dê uma resposta rápida e efetiva a esses crimes que atentam contra a vida humana de uma criança e contra uma etnia minoritária e tão discriminada pela sociedade”, acrescentou. Caso Manoel de Jesus Sousa seja julgado culpado pelo Tribunal do Júri, será condenado a cumprir pena que pode variar de 12 a 30 anos. (Fonte: MPF - Ministério Público Federal)

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Pistoleiros atacam, mais uma vez, os Guarani Kaiwá e destroem barracos

Indígenas Guarani Kaiowá sofreram mais um ataque de pistoleiros em Paranhos, no Mato Grosso do Sul, divisa do Brasil com o Paraguai. Segundo lideranças que estão no local, na segunda-feira, 10, cerca de 30 homens armados sitiaram o acampamento, destruíram barracos e roubaram os pertences das famílias desabrigadas. A Terra Indígena em questão já foi homologada pelo governo federal, apesar da desintrusão de não-indígenas da área ainda não ter sido realizada. Este é o segundo ataque em menos de duas semanas no mesmo local, e o quarto desde a retomada, realizada no dia 16 de agosto.  Em um dos conflitos, um acidente provocado pelos pistoleiros levou um bebê de menos de um ano à morte. Outro guarani Kaiowá permanece desaparecido. Pela manhã, ao menos 30 homens armados fizeram um cerco ao acampamento dos indígenas. "Desde a semana passada, os pistoleiros estão armando um acampamento ao redor da gente", explica Dionísio Guarani. "Eles tem tudo calibre 12, 38, pistola, bala na cintura. Hoje de manhã, eles se aproximaram e atiraram pra cima", relatou. A situação se acirrou durante a tarde, quando a comunidade foi invadida por dezenas de homens armados. "Chegaram atirando pra cima. Vindo pra cima. Destruíram dois barracos e levaram tudo. Pra queimar em algum lugar. Nós gritamos muito". Duas famílias estão desabrigadas, mas, segundo Dionísio, novas moradias já estão sendo construídas para acolhê-las. Os indígenas já denunciaram a situação para o Ministério Público Federal (MPF) - que já havia pedido instauração de inquérito policial para apurar a morte e o desaparecimento - e a Funai. "Eles estão todos armados, e nós não. O cara da fazenda tá juntando gente [pistoleiro] aqui. Paraguaio, brasileiro. Estamos esperando alguma notícia [dos órgãos públicos]". Segundo Dionísio, Funai, Força Nacional e Polícia Federal ainda não estiveram no local hoje.(Fonte:IHU)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

'Ocupar e nacionalizar os bancos' afirma vice-presidente do conselho de DH da ONU

Vivemos em uma ordem mundial criminal e canibal, onde as pequenas oligarquias do capital financeiro decidem de forma ’legal’ quem tem que morrer de fome e quem não. Por causa disso, esses especuladores financeiros devem ser julgados e condenados, reeditando uma espécie de Tribunal de Nuremberg’. Assim se manifestou o senhor Jean Ziegler vice-presidente do Conselho Consultivo de Direitos Humanos da ONU em sua análise do atual momento histórico. ‘Não é possível que num planeta com recursos agro-alimentares suficientes para alimentar o dobro da população mundial, exista quase uma quinta parte dos seus habitantes sofrendo de desnutrição’.
A receita do senhor Ziegler para reverter essa situação é ‘ocupar maciçamente os bancos, nacionalizá-los e confiscar as arrogantes riquezas roubadas pelos especuladores financeiros’. E continua: ‘Temos que nos dar conta de que na ‘ordem mundial’ reina uma violência estrutural que se deve combater com uma contra-violência baseada na resistência pacífica’. Segundo ele a migração dos grandes fundos especulativos para os mercados de matérias primas, especialmente os da agro-alimentação é a origem dessa crise genocida justamente por ter feito disparar os preços dos alimentos básicos. E conclui: ‘a insurreição ou será por causa da fome ou não acontecerá, sem falar na necessidade de re-fundar a ONU para uma nova ordem mundial!

400 anos de evangelização dos povos indígenas: esculpindo Jesus Cristo nas culturas milenares!

‘Não há como evangelizar os índios no Maranhão’.  Essa foi, grosso modo, a espantosa conclusão à qual chegou o grande padre Antônio Vieira, após anos de presença missionária entre indígenas do Maranhão. Cerca de 400 anos atrás o jesuíta português afirmava que evangelizar os orientais, na Ásia, dava mais frutos, pois era o mesmo que dar forma a um pedaço de mármore. Ou seja, era uma missão dura e dolorosa inicialmente, mas ao final do esforço, o resultado ficava para sempre. Já no caso dos ‘Brasis’ - como eram chamados os indígenas do Brasil à época, - o trabalho de evangelização se assemelhava à manipulação da murta, um arbusto. Ou seja, era fácil imprimir logo uma forma ao material, mas a partir de um determinado momento começavam a aparecer novos brotos na planta que desfiguravam e desfaziam a escultura inicial.

Re-inventando os conteúdos cristãos, e mantendo os próprios
Se para muitos cristãos isto poderia ser um sinal de ‘fechamento’ à ‘boa nova’ de Jesus por parte dos indígenas, para outros é expressão de uma legítima e sadia resistência a tudo o que lhes era estranho e imposto. Resistência a tudo o que viria a ‘desfigurar e a desfazer’ a escultura ‘marmórea’ de sua própria fé e cultura. Afinal, os indígenas resistiam não tanto ao ‘evangelho’ em si, mas à metodologia e às práticas adotadas pelos ‘evangelizadores’. Muitas delas impositivas e pouco respeitosas. A reação do padre Vieira diante do fracasso parcial da sua missão evangelizadora revela, na realidade, uma determinada concepção de evangelização. Esta se identificava essencialmente com a transmissão de determinados conteúdos doutrinários, de preceitos, e de normas da igreja católica. Isto, contudo, não coincidia com a autêntica mensagem e prática de Jesus de Nazaré. Os indígenas, - os de cultura Tupi, principalmente, - em que pesem as pressões e imposições praticadas por vários missionários, têm demonstrado, historicamente, uma abertura surpreendente a inúmeros conteúdos cristãos. A sua capacidade de acolher o novo, de se adaptar a situações sempre mutantes, associado a um forte sentimento místico de liberdade e de autonomia, tem permitido que os povos indígenas conservassem até hoje suas tradições culturais e religiosas. Hoje, entre os povos indígenas do Maranhão, temos uma vasta pluralidade de práticas religiosas, fruto de uma prática evangelizadora igualmente muito diversificada.

Evangelizar os indígenas, hoje
A conclusão à qual chegou padre Vieira faz surgir, a 400 anos de distância, entre os católicos conscientes, algumas perguntas: ‘Qual a metodologia de evangelização que tem sido adotada pela igreja entre os povos indígenas? Quais conteúdos foram trabalhados? Quais sinais e testemunhos evangélicos ‘os cristãos’, os missionários e fiéis comuns, têm oferecido aos ‘selvagens e pagãos indígenas’ para motivá-los a aderir à fé cristã? Por que não temos até hoje uma ‘igreja católica indígena’? O que de fato vem ocorrendo hoje na nossa igreja é que se delega a missão de conviver eclesialmente com eles, e de anunciar o Deus de Jesus, o Pai de todos os povos, somente a algumas equipes diocesanas ou a poucas pessoas. Nós sabemos, no entanto, que a linguagem e a prática evangélica da compaixão, da solidariedade, da acolhida sem preconceitos, não exige cursos especializados. Que a defesa da dignidade inviolável de toda pessoa é missão de cada batizado, e de cada cidadão de bem. Que todos, mas principalmente quem se assume como seguidor de Jesus de Nazaré tem a missão intransferível de combater todo tipo de racismo, e defender de forma intransigente os direitos sagrados de todo filho e filha de ‘Tupã’.

Qual evangelização?
Muitos poderiam se perguntar: por que evangelizar os índios, hoje? Em caso de resposta positiva, qual evangelização? Qual metodologia podemos adotar? Afinal, o próprio São Paulo nos lembra que ninguém pode fugir desse imperativo: ‘Ai de mim se não anunciar a Boa Nova’(I Cor. 9,16). Podemos afirmar que os povos indígenas desse estado ao longo desses 400 anos, apesar de suas inevitáveis contradições, têm procurado acolher de um lado a boa nova e a prática evangélica de Jesus de Nazaré, sem conhecê-lo explicitamente e, do outro lado, têm tentado inverter os papéis procurando ‘nos evangelizar’. Talvez, mais uma vez, o nosso orgulho e a nossa arrogância nos tenham deixado cegos e surdos em saber captar aquelas mensagens e testemunhos que eles lançavam na nossa direção. Temos, contudo, que reconhecer que, como igreja católica, apesar das nossas contradições, temos sido ‘boa nova’ para os povos indígenas no Maranhão. Em encontros, assembléias, congressos, em inúmeras aldeias desse Estado sempre aparecem indígenas que reconhecem que a nossa igreja, principalmente nesses últimos 40 anos, foi a única que esteve ao seu lado defendendo o direito a um território próprio, a um atendimento digno na saúde, a ter acesso a uma educação diferenciada e respeitosa de sua cultura, a ajudar a superar os conflitos inter-étnicos, valorizando suas festas e tradições como expressão de um ‘Deus poliglota’, que fala a linguagem de todos os seus filhos e filhas. Uma igreja frágil, mas corajosa, despida do antigo complexo de superioridade, e em permanente escuta dos clamores e das e das conquistas desses povos. Uma igreja profética, minoritária, mas firme na denúncia contra todos aqueles que hoje como 400 anos atrás continuam a se macular do crime do racismo, do esbulho do patrimônio milenar indígena, e da violência física e simbólica contra os ‘povos originários’ desse Estado. (Síntese de um artigo escrito por este blogueiro ao Jornal do Maranhão da Arquidiocese de São Luis)

domingo, 9 de setembro de 2012

São Luis: 400 anos de obtuso provincialismo

Publico abaixo uma postagem tirada do Blog do Itevaldo sobre São Luis e as comemorações dos 400 anos. Talvez um tanto azedo com alguns setores da população ludovicense, mas vem a confirmar algo que venho percebendo ao longo desses anos, ou seja, uma espécie de 'complexo de Jansen' (a escravocrata Ana Jansen). A arrogância, a prepotência, o desprezo para com aqueles que não têm 'elegância e status' de alguns setores da população fazem com que exista uma casta que ameaça constantemente o 'patrimônio humano e social' de 90% da população ludovicense.

Nasci aqui. Gosto de São Luís. Aprecio alguns lugares. Admiro outros. Porém, nesses quatrocentos anos São Luís foi um espetáculo ímpar na capacidade de trafegar entre tragédia e comédia. Drama e farsa.Não pretendendo desmerecê-la. Mas, boa parte da gente que habita aqui, fez da quatrocentona São Luís uma província de pequenez, mesquinhez e estupidez.A sociedade ludovicense não prima pelo caráter e não cultiva a memória. Neste torrão há uma inesgotável mazela, a hipocrisia inata dos senhores, o patrimonialismo do sistema. Um conjunto excepcional de prepotência e parvoíce veste a dita sociedade.Parte considerável dessa gente é insensível diante da desgraça, da miséria, do atraso desta província de 400 anos.Mesmo o remediado não se incomoda se um ‘miserável’ se estabelece em cada esquina. Basta erguer os vidros do carro e travar as portas.Intrépidos, levantam seus prédios como torres de castelos medievais e das alturas contemplam impassíveis as choupanas dos servos do torrão espalhados abaixo.A dita classe média ludovicense acostumou-se com os panoramas da miséria, com a inestimável contribuição midiática e das suas invenções, omissões, mentiras. E silêncios.Ao caminhar pela cidade. Ao frequentar alguns dos salões do poder – como jornalistas muitas vezes têm que ir lá – sempre me ocorre a possibilidade, condescendente, de que a insensibilidade seja o fruto carnudo da burrice. (Fonte: Blog do Itevaldo)

sábado, 8 de setembro de 2012

'EFATÁ', ABRE-TE!

Possuímos muitos indícios e evidências que apontam para determinadas realidades, mas queremos mais garantias, mais verificações, e mais provas irrefutáveis. Ouvimos perfeitamente, mas somos incapazes de escutar os anseios e os desejos profundos do coração humano, nosso e alheio. Vemos sem dificuldade, mas não enxergamos as pessoas desfilarem diante de nós com seus dramas e necessidades. Falamos clara e fluentemente muitas línguas, mas a língua da nossa prática é incompreensível para muitos dos nossos ouvintes. Intuímos para onde deveríamos ou poderíamos ir, quais são os caminhos a seguir. Percebemos onde investir as nossas qualidades e valores, mas não temos coragem de percorrer a direção apontada. Possuímos conceitualmente o valor da liberdade, mas não nos sentimos livres.  De felicidade, mas somos tristes. De justiça, mas praticamos muita iniqüidade. Parece existir dentro de nós um mecanismo que impede a plena coincidência entre o nosso sentir e ser, com o nosso manifestar e fazer. Aparentemente, algo insanável. Experimentamos, consequentemente, uma frustração existencial de fundo. Sentimo-nos, afinal, surdos, mudos, cegos. Necessitamos nos ‘abrir’ para começar a enxergar, a ouvir, a sentir com o coração, e não com os sentidos fisiológicos. Mas com um coração compassivo e misericordioso.
O evangelho desse domingo, longe de ser uma crônica de mais um sinal surpreendente de Jesus, nos apresenta uma catequese verdadeiramente existencial. O ‘surdo’ com dificuldade de ‘falar’ que se encontra com Jesus em terra pagã poderia ser qualquer um de nós que, embora possuindo a plenitude dos sentidos, faz a experiência de ser incapaz de ouvir, de compreender e de ver. Um verdadeiro handicap existencial que exige uma transformação radical de vida. Uma ‘nova criação’. É o que Jesus realiza nesse ‘novo Adão’ que é a criatura humana. Jesus não intervém isoladamente sobre um dos sentidos, mas re-cria inteira e simbolicamente o surdo-mudo. Pega a saliva, coloca-a na língua, põe os dedos nos ouvidos, sopra nele e a pessoa ‘se abre’ inteira e definitivamente. O evangelista deixa a entender que a partir desse momento a pessoa beneficiada não somente é uma ‘nova criatura’, mas ela mesma está apta a ‘soprar’ sobre outros surdos-mudos para que por sua vez se ‘abram’ definitivamente aos outros. A ‘nova criatura’ se torna discípula e seguidora do ‘Criador’ que a regenerou definitivamente. Uma transformação tão surpreendente que fez com que todos, admirados, ‘vissem’ que Jesus ‘fazia bem todas as coisas’. Não mais uma autocontemplação do próprio Deus – como no Gênesis, - mas um claro reconhecimento de todos aqueles que, agora, ‘vêem’ em Jesus a possibilidade de renascer para uma nova existência. Que isso aconteça conosco!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Gina, 80 anos de dedicação e amor gratuito

Ela completou 80 anos de existência! Uma vida intensa, cheia de vicissitudes de toda ordem, mantendo, contudo, uma serenidade, uma lucidez e uma paz interior invejáveis. É a senhora minha mãe, Gina, nascida no dia 3 de setembro de 1932. Filha de Giovanni Battista Bertagnoli e de Dal Barco Maria é a terceira de 6 filhos. Desde criança dedica-se com toda a família a trabalhar na escassa terra, mas muito generosa e essencial para não morrer de fome numa Itália pobre administrada pelos arrogantes fascistas mussolinianos. Quando explode a segunda guerra mundial ela tem 7 anos, mas lembra ainda hoje com tristeza os seus horrores. Em 1954, aos 22 anos casa com Francesco Bombieri um jovem agricultor de 26 anos, do mesmo povoado, mas com experiências de mineiro nas jazidas de carvão da França.  Em 1955 nasce o primeiro filho, Claudio e, sucessivamente, nascem Graziella e Ennio. Aos 21 de janeiro de 1973 perde o marido que tinha apenas 45 anos. Enfrenta com os jovens filhos a dor da perda de um homem doce e alegre. Viúva aos 41 anos não desiste, e dá a volta por cima. Leva adiante com competência as atividades agrícolas, assume outras, e com a ajuda dos filhos e de tantas pessoas generosas se reencontra consigo mesma e com a vida. Domingo passado, 2 de setembro, a senhora Gina com os filhos e suas famílias e alguns amigos se encontraram a Corrubio para celebrar a missa de ação de graça e um almoço fraterno para festejar o seu aniversário. Num clima de sincera gratidão e de admiração pela sua trajetória de vida, os filhos quiseram reconhecer o quão essencial está sendo a sua presença na vida deles. A ela os nossos parabéns, o nosso muito obrigado, o nosso amor filial. AUGURI MAMMA!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Padre Marcelo Rossi: esse cara não é sério!


O padre Marcelo Rossi procurou Celso Russomanno (PRB-SP) há alguns dias para convidá-lo para a missa que celebra em seu santuário, em SP. Na cerimônia, abraçou o candidato, disse que padre não pode fazer campanha eleitoral -mas rasgou elogios. Lembrou que celebrou o casamento de Russomanno e também o batizado de seu filho, Celsinho, e disse que "confia" nele. No fim, padre Marcelo deu a Russomanno a fita em que a cerimônia foi gravada. "Ele nos liberou para usar as imagens na campanha", diz Campos Machado (PTB-SP), coordenador da equipe eleitoral de Russomanno. As imagens de padre Marcelo podem servir de "vacina" às informações, já exploradas por adversários, de que o padrinho político de Russomanno é o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da TV Record, onde o candidato tinha um programa. O religioso tomou a iniciativa de telefonar para Russomanno depois da divulgação das imagens em que José Serra (PSDB-SP) aparece chorando em missa com ele. Já quando o candidato petista Fernando Haddad foi à missa, padre Marcelo não apareceu. Afirmou que "estava com dor de dente", segundo dirigente do PT. E a aliança político-religiosa em torno de Russomanno pode ser ampliada: além da Igreja Renascer, liderada pela bispa Sônia, os dirigentes de sua campanha conversam com o apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial Poder de Deus. Ex-pupilo e desafeto de Edir Macedo, ele tem conseguido atrair os fiéis do bispo para a sua agremiação.(Fonte: IHU)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Após 400 anos de presença europeia no Maranhão, os Awá-Guajá continuam ameaçados em seu próprio território

Os Awá, que dependem da caça para sobreviver, agora temem entrar na floresta por causa dos madeireiros ilegais na região. Evidências mostram que madeireiros ilegais estão cada vez mais próximos dos índios Awá, no Maranhão. A recente investigação da Fundação Nacional do Índio despertou preocupação quanto à segurança dos indígenas. Há três semanas atrás, agentes do governo confiscaram equipamentos usados para a extração de madeira dentro da floresta dos Awá. Porém, a nova evidência mostra que o desmatamento ilegal continua, e um novo foco foi encontrado há apenas seis quilômetros de uma comunidade Awá. Estradas madeireiras chegam às profundezas das terras dos Awá que, por lei, deveriam ser formalmente protegidas. Uma das comunidades Awá já está cercada por madeireiros. Índios Awá caminham em meio aos resquícios das queimadas na sua floresta. ‘Porque estão fazendo isso?’, perguntou um dos Awá. ‘Se você destruir a floresta, você destrói os Awá também. A FUNAI anunciou um programa para a proteção dos Awá, e afirmou que irá manter presença constante nos seus territórios. Porém, enquanto o Ministro da Justiça não enviar a polícia para despejar os invasores, não haverá mudança.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ayres Britto do STF diz que portaria limitando ampliação de terras indígenas é equivocada

Indígenas e representantes de organizações indigenistas garantem que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, afirmou que as 19 condicionantes estabelecidas pela Corte, em 2009, para aprovar a manutenção da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em terras contínuas não se aplicam compulsoriamente a outros processos demarcatórios. Segundo as fontes ouvidas pela Agência Brasil, durante reunião no STF, quinta-feira (30) à noite, Britto disse ter ficado surpreso com a interpretação da Advocacia-Geral da União (AGU) a respeito da decisão dos ministros no julgamento do processo envolvendo a Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Com o declarado objetivo de ajustar a atuação dos advogados públicos à decisão do STF, a AGU publicou, no dia 17 de julho, a Portaria nº 303, que automaticamente estende para todos os demais processos de demarcação de terras indígenas a obrigatoriedade de atender às 19 condicionantes. Na prática, a portaria proíbe a ampliação de áreas indígenas já demarcadas e a venda ou arrendamento de qualquer parte desses territórios se isso significar a restrição do pleno usufruto e a posse direta da área pelas comunidades indígenas. A norma também proíbe o garimpo, a mineração e o aproveitamento hídrico da terra pelos índios, além de impedir a cobrança, pela comunidade indígena, de qualquer taxa ou exigência para utilização de estradas, linhas de transmissão e outros equipamentos de serviço público que estejam dentro das áreas demarcadas. Segundo o índio Sandro Emanuel dos Santos, representante da comunidade Tuxá, o ministro disse que pretende colocar em pauta o julgamento das condicionantes o quanto antes.(Fonte: IHU)

Vale é punida por Justiça na Suíça. Esperteza tem perna curta!


A Vale foi derrotada ontem no Tribunal Federal da Suíça. A Justiça daquele país rejeitou um recurso da empresa, que em março foi multada em valor equivalente a US$ 233 milhões por ser acusada de repatriar lucros de suas atividades internacionais para a Suíça, justamente onde se beneficia de uma exoneração fiscal. Agora, a Justiça Suíça tem caminho livre para reduzir os benefícios fiscais dados à empresa e exigir o pagamento da multa pelo desrespeitado ao acordo fiscal com o país. A Vale informou, por escrito, que "a decisão não é final, não trata do mérito e não tem, portanto, qualquer consequência imediata", acrescentando que não comenta "processos em andamento". A empresa é acusada de repatriar de forma irregular lucros de todas suas atividades pelo mundo para a Suíça, justamente onde se beneficiava de uma exoneração fiscal que agora está sendo questionada. Graças a manobras fiscais e seu escritório na Suíça, autoridades suspeitam que a Vale deixou de pagar US$ 3 bilhões em impostos desde 2006. A empresa chegou a justificar para parte da imprensa que a briga era uma disputa política entre partidos da região de Vaud, onde tem seu escritório. Mas documentos obtidos pelo Estado mostram que o assunto já estava no radar do Departamento de Finanças da Suíça. Ontem, o Tribunal também obrigou a empresa a pagar US$ 66 mil em custos do processo. (Fonte: O Estado de São Paulo)

Indígenas do Maranhão se mobilizam para evitar o pior!

Cerca de 300 indígenas das etnias Guajajara, da Terra Indígena Pindaré, Awá-Guajá da Terra Indígena Caru, Ka´apor da Terra Indígena Alto Turiaçu, bloquearam nas primeiras horas desta terça-feira (04), a BR – 316 no Maranhão.  O protesto é pela revogação imediata da  PEC 215 e a Portaria 303. De acordo com os indígenas, estas são manobras utilizadas com o intuito de usurpar os seus territórios e as suas riquezas e encontram respaldos dentro do governo federal. Esta semana centenas de indígenas reunidos no II Seminário sobre Controle Social, na aldeia Nova, Terra Indígena Governador lançaram manifesto contra a publicação da Portaria 303, da Advocacia Geral da União. Leia abaixo a íntegra do Manifesto:
Manifesto dos povos indígenas do Maranhão contra a Portaria 303
Nós, povos indígenas Tenetehara/Guajajara, da Terra Indígena Araribóia, Tenetehara/Guajajara, da Terra Indígena Pindaré, Pukobyê/Gavião, da Terra Indígena Governador e Krikati, da Terra Indígena Krikati, reunidos no II Seminário sobre Controle Social, na aldeia Nova, Terra Indígena Governador, manifestamos nosso repúdio e indignação contra a publicação da Portaria 303, da Advocacia Geral da União. A Portaria 303 é um atentado à vida de todos os povos indígenas e de seus territórios. Mais uma vez constatamos que a articulação das forças anti-indígenas não mede esforços para acabar com os direitos indígenas conquistados na Constituição de 1988. A PEC 215 e a Portaria 303 são manobras utilizadas com o intuito de usurpar os nossos territórios e as nossas riquezas e encontram respaldos dentro do governo federal. Dessa forma, continuam com suas práticas de criminalização e preconceitos contra a nossa cultura, com a finalidade de confundir a opinião pública e deixar passar seus interesses particulares. Juntamo-nos à luta dos outros parentes indígenas que já estão protestando país afora e conclamamos os povos que ainda não se manifestaram a fazer o mesmo. Não podemos deixar que os nossos direitos, duramente conquistados, sejam esfacelados para atender os interesses dos latifundiários, das mineradoras, dos bancos e dos políticos.

Aldeia Nova, 01 de setembro de 2012.

Povo Tenetehara/Guajajara – TI Araribóia e TI Pindaré.
Povo Pukobyê/Gavião – TI Governador.

(Fonte: Vias de Fato)

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Última entrevista ao cardeal Martini. Fique em paz, pastor!

Como vê hoje a situação da igreja?
A igreja está cansada. Nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas grandes, as nossas casas religiosas vazias e o aparato burocrático da igreja fermenta, os nossos ritos e as nossas vestimentas litúrgicas são pomposos. Encontramo-nos como o jovem rico que triste foi embora quando Jesus o chamou para torná-lo discípulo seu. No mínimo teríamos que encontrar pessoas livres e sempre mais próximas do povo....

Que instrumentos aconselha contra o cansaço da igreja?
Três muito significativos. O primeiro: a conversão. A igreja deveria reconhecer seus próprios erros e percorrer o caminho radical da mudança, a começar do papa e dos bispos.... O segundo: é a Palavra de Deus. O Concílio devolveu a bíblia aos fiéis. Somente aquele que percebe em seu coração esta Palavra pode fazer parte daqueles que ajudarão a renovação da igreja...Nem o clero, nem o Direito Eclesiástico podem se substituir ao que existe no interior do homem... O terceiro instrumento: os sacramentos. Estes não existem para disciplinar, mas para ajudar as pessoas nos momentos de debilidade e fragilidade da vida. Penso aos divorciados ou aos casais que casaram novamente. Estes precisam de uma proteção especial...Não podem ser discriminados se, por exemplo, num segundo matrimônio encontram o amor verdadeiro que não encontraram no primeiro....

O que o senhor faz, pessoalmente?
Eu sou velho e doente, dependo da ajuda de outros. As pessoas boas que cuidam de mim me fazem sentir o amor. Este amor é mais forte que o sentimento de desconfiança de que vez por outra percebo em relação à igreja. Só o amor vence o cansaço.

Fique em paz, apóstolo e pastor, e proteja a nossa igreja!

sábado, 1 de setembro de 2012

Lei para servir e amar muito mais!


Somos filhos gerados na cultura da lei. Subjugados pela lei, aquela com ‘l’ minúsculo. Aquela produzida por ‘humanos’ unicamente  interessados em salvaguardar os seus privilégios. Não a lei que manifesta e protege valores que dão sentido à co-existência humana, e sim a lei de uma elite, - sacerdotal ou civil, - que alinha e escraviza outros humanos.  Que controla consciências, nega liberdades e co-responsabilidades. Não a lei que educa à vida em comum, mas normas e preceitos proibitivos mistificados, com aparência divina, e que visam a preservar o poderio de quem os gerou. As leis que nós conhecemos e que não conhecemos, uma vez formalizadas, parecem assumir, simbólica e efetivamente, um caráter absoluto. Quase divino e dogmático. Tornam-se normas incontestáveis. Só devem ser aceitas e obedecidas. Poucas pessoas se perguntam a quais interesses ‘essas’ leis e normas atendem. Quais pessoas, grupos ou instituições estão por trás delas. O que elas escondem por trás de sua suposta universalidade e justeza. É a essas e a outras perguntas que no evangelho de hoje Jesus quer responder. Jesus faz isso através de várias etapas. Ele deixa claro, inicialmente, de quais normas e preceitos ele está falando. Jesus se refere justamente às normas produzidas por ‘homens’. Ou seja, pessoas que pertencem a um grupo religioso e político bem específico (fariseus). Pessoas de parte, com interesses e propósitos bem definidos. Com isso Jesus desmascara o seu caráter supostamente divino e absoluto.
Jesus deixa a entender que são leis, normas, preceitos que nada têm a ver com a ‘vontade’ de Deus. Portanto, podem ser contestadas, desobedecidas e mudadas. Num segundo momento, Jesus afirma que as normas e proibições, além de não manifestar a vontade de Deus, elas têm um caráter ‘alienante’. Em lugar de favorecer o crescimento humano apontando a verdadeira essencialidade da vida, essas ‘normas humanas’, de parte, escondem-na. São leis desviantes. Expõem, erroneamente, o periférico, o externo e o secundário e o manipulam de tal forma que parece ser algo central e essencial. Uma brutal distorção de valores. Jesus, enfim, reafirma de forma enfática o que pode efetivamente ‘contaminar’ o ser humano. Ou seja, ofuscar-lhe a capacidade de identificar o que realmente conta na vida e o que é marginal. Para Jesus não é tanto o cumprimento formal ou não de um preceito, de uma proibição, ou de uma tradição ‘de homens’ que o torna ‘puro’ ou ‘impuro’. Ou seja, que o faz apto ou não para a vida social, religiosa, humana. Ao contrário, tudo depende do que sai do interior do coração humano. Da sua plena capacidade de decidir e de sentir. De se situar perante si próprio e perante os outros. Tudo depende da sua decisão e capacidade de amar ou odiar, de se doar ou de se fechar, de servir ou de dominar, de viver de forma sóbria ou de acumular e invejar quem possui mais do que ele. A obediência á lei, a uma norma faz sentido somente se ela capacita o homem a amar mais, a servir mais, a acolher mais, a respeitar mais, longe de qualquer formalismo. Longe de qualquer legalismo hipócrita.