quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Massacres na Síria. A bola da vez. Núncio Apostólico faz revelações horripilantes!


Ainda massacres na Síria. Outras 130 pessoas perderam a vida nos últimos dois dias, vítimas da repressão. Sobre a emergência humanitária que está vivendo o povo sírio o Núncio Apostólico em Damasco, Dom Mario Zenari.falou à Rádio Vaticano.

.....Na segunda-feira, contatou-me um sacerdote de Homs para me dizer que ele não podia sair às ruas, onde há cadáveres de soldados, de civis, onde há feridos; é muito arriscado sair às ruas e recolher os feridos, os corpos das vítimas. Quando retornei segunda-feira a Damasco, fora do aeroporto, havia grupos de mulheres, vestidas de preto, e o sacerdote sírio que me acompanhava disse que se tratava de uma manifestação de luto, saudamos essas pessoas, e trocamos algumas palavras. As muilheres eram parentes de soldados cujos corpos estavam prestes a chegar: 12 soldados mortos no conflito.

....Fiquei impressionado ao ver as crianças vítimas deste conflito. O UNICEF fala de 500 crianças mortas. Alguns dias atrás eu li uma notícia sobre um bebê de apenas 10 meses, que foi pego junto com toda a sua família, se não erro 17 pessoas, em uma cidade perto de Homs: toda a família foi colocada na parede e metralhada, incluindo o bebê de 10 meses. Quantas dessas histórias se conhecem e se pode ver as imagens. A situação humanitária é grave, especialmente em certos lugares, como a cidade de Homs, onde há uma forte crise: faltam alimentos, medicamentos, é difícil socorrer e curar os feridos, enterrar os mortos. Há também os sofrimentos de todas as pessoas neste país. Fala-se de milhares e milhares de desabrigados, de pessoas que vivem com graves dificuldades devido à falta de gêneros de primeira necessidade. Muitas vezes falta luz e outras coisas necessidades, mas eu diria que neste clima tão triste, tão doloroso, se quisermos ver também um pouco, o outro lado da moeda, é bom ver a solidariedade internacional, um pouco em todos os níveis....’ (Fonte: Rádio Vaticano)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Foi dada a largada para as celebrações dos 400 anos. 400 anos de que, mesmo?


Sábado, 25 de fevereiro, no Castelinho, foi dada a largada solene às celebrações dos 400 anos da chegada do ‘evangelho’ ao Maranhão. Para a igreja católica parece ser isso. E, talvez, alguma coisa mais! Para outras instituições ou setores da sociedade certamente serão outros 400...Tipo: 400 anos da chegada dos europeus (se bem que os espanhóis já haviam pisado o nosso solo maranhense bem antes!); 400 anos de colonialismo e dominação; 400 anos....de ‘sei lá mais o que’.... É um fato que a fatídica data acaba congregando, embora com diferentes interesses e objetivos, estado e igreja. Trono e altar. Um ‘assemblage’ explosivo que se pensava definitivamente superado, mas que volta e meia vem à tona. Os 400 anos parecem quebrar aquela legítima separação, - mesmo que simbólica, - que se pensava consumada e enterrada. Os 400 anos parecem romper as legítimas autonomias e os convenientes ‘distanciamentos’ institucionais. No ‘Castelinho’, - que contava inclusive com a presença do ‘próprio’, à sombra do seu ‘irmão maior, o Castelão’- transformado pela ocasião em templo eclético, assistimos com certa perplexidade, simultaneamente, à execução dos vários hinos, ao hasteamento das várias bandeiras, à patética representação do primeiro encontro dos Tupinambá com os frades capuchinhos (da França, e não da Lombardia), ao planejado e já manjado 'descuido do primeiro cidadão’ da cidade na hora de receber a hóstia. Temia passar inobservado pelo povo dos fiéis e, claro, pela imprensa!

Bom, é difícil afirmar qual será o saldo de tudo isso depois de setembro de 2012. Gastos e investimentos, promoções e mobilizações tendo como pano de fundo os 400 anos serão com certeza uma bela vitrina para muita gente e uma excelente oportunidade para algumas ‘empreiteiras...amigas’.
Uma ocasião única para românticos oportunistas declarar o seu eterno e mal-disfarçado amor para uma cidade e para um Estado que sempre foram objeto de saque por gente de fora e de dentro. Cidade e Estado que foram palcos de derramamento de sangue de quilombolas e de índios, de lavradores, de funcioários públicos, de operários e de gente que, ‘estupidamente’, tem teimado em ficar do seu lado. Mais uma eternidade de justiça e paz para São Luis e o Maranhão!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

1º domingo de quaresma: SER TENTADOS É PRECISO! (Mc. 1,12-15)


Quantas vezes fizemos a experiência de sermos tentados! Tentados em desistir de lutar pelos nossos legítimos projetos e sonhos. Achando que jamais iríamos realizá-los. Tentados em desistir de acreditar e viver valores que sentíamos como algemas na alma. E que pareciam nos impedir de ‘sermos nós mesmos’! Tentados em desistir daquele ‘esforço sobre-humano’ constante de manter coerência e fidelidade a opções evangélicas de vida. E que freqüentemente as víamos como castradoras. Quantas vezes nos sentimos culpados só por sentirmos dentro de nós essa dupla tendência! Pois bem, era o Espírito que nos colocava em situação de sentirmos essas tentações no nosso coração! Sim, o mesmo Espírito que nos havia mostrado precedentemente a beleza de viver valores profundamente humanos e divinos! Parece existir um caráter profundamente pedagógico no modo de agir do Espírito. Ele nos chama para uma grande e bonita missão e, a seguir, nos testa dura e permanentemente. Para ver se possuímos condições e capacidades de fazermos frente ao que ela comporta. É o mesmo que nos conduz, - como conduziu Jesus, - aos desertos da vida. Para sermos permanentemente tentados e testados pelo ‘diabólico dispersor (v.12) O paradoxal é que o mesmo espírito que confirma Jesus na sua condição de ‘filho amado do Pai’ e o chama a anunciar a proximidade da realeza de Deus o leva a uma direção que parece negar o que acaba de fazer! Mas ser tentados é preciso! A tentação parece ser a ‘conditio sine qua non’, - a condição sem a qual - não podemos ser admitidos a fazer parte da grande missão de anunciar e testemunhar a iminente realeza de Deus.
Todavia, o fato de sermos tentados não significa sucumbir e aderir à ‘outra perspectiva’, a desistência da missão. Por isso Marcos nos apresenta um Jesus sistematicamente tentado sim (40 dias), - como o foi Adão e o povo de Israel no deserto, - mas rejeitando com firmeza a alternativa diabólica que os seus progenitores, ao contrário, haviam acolhido. É no deserto árido e tentador, longe do ‘jardim ideal’ e da ‘terra onde corre leite e mel’ que Jesus experimenta a plenitude da comunhão e da paz com Deus e com o universo (v.13). Para significar que a tentação faz parte da missão. Que não é algo escandaloso. O novo homem-Jesus-Adão entrando e saindo das tentações que não o abandonam se fortalece sempre mais. Testado e aprovado, sente-se mais capacitado e motivado para enfrentar novos ‘atentados’ à sua missão. Sempre mais consciente e seguro de si. E daquilo que o espera. O anúncio da ‘boa nova’ - o novo reino - que Ele começa a pregar e a realizar mediante gestos de acolhida, comunhão e compaixão para com os ‘pequenos/invisíveis’. Isto prova que o paraíso provisoriamente perdido pela adesão do ‘velho homem Adão-povo’ ao diabólico está sendo resgatado por Jesus de Nazaré. Este prova que é possível reconstruir o ‘sonho-paraíso perdido’. A hora chegou, o tempo se cumpriu. A HORA É AGORA!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O 'Lírio dos Mohawk' é a primeira índia santa da América do Norte!


“Uma grande honra para toda a América do Norte, mas de modo particular para os povos indígenas”. Assim a Conferência Episcopal Canadense expressa sua alegria pela próxima canonização de Catarina Tekakwhita, a primeira indígena americana a ser elevada às honras dos altares. Como anunciou Bento XVI no último sábado, o rito de canonização está fixado para o próximo dia 21 de outubro deste ano. A alegria pela futura Santa Tekakwhita é partilhada pelos bispos canadenses com seus irmãos norte-americanos: “Unimo-nos aos nossos irmãos e irmãs norte-americanos recebendo esta bonita notícia”, escreve numa nota o Presidente dos Bispos canadenses, Dom Richard Smith. “Como nos recordou Bento XVI – continua a nota – os santos e as santas ‘através seus diferentes percursos de vida, nos apontam diferentes itinerários de santidade, tendo todos um único denominador: ser Cristo e conformar-se com Ele, último objetivo de nossa peregrinação humana’ (Angelus, 1º de novembro de 2011)”.
Chamada “o lírio dos Mohawk”, a bem-aveturada Tekakwhita nasceu na metade do século XVII na atual cidade norte-americana de Albany. Uma epidemia de sarampo a desfigurou e cegou, sendo rejeitada pela sua etnia. Rejeitada também por causa de sua conversão ao cristianismo, se refugiou no Canadá e viveu seus últimos anos de existência em profunda oração. Enfraquecida fisicamente, Catarina faleceu aos 24 anos, enquanto os sinais do sarampo desapareciam de seu rosto. (Fonte: Ecooos)

Indígenas do Peru contestam acordo energético entre Brasil e Peru

Uma ação civil pública ajuizada na quinta-feira passada por uma organização indígena peruana contra o Congresso e o Ministério das Relações Exteriores daquele país demanda a suspensão do acordo energético entre Brasil e Peru assinado em junho de 2010, pelos ex-presidentes Lula e Alan Garcia. A Central Ashaninka del Rio Ene (CARE) entrou com a ação no Superior Tribunal de Justiça em Lima com pedido de liminar contra o acordo que prevê a construção de uma série de grandes hidrelétricas na Amazônia peruana pela Eletrobrás e empreiteiras brasileiras, afirmando que os empreendimentos violam os direitos de populações indígenas. "Os direitos à vida, à integridade, à liberdade, à terra e ao consentimento livre, prévio e informado são ameaçados, considerando que o acordo jamais foi objeto de consulta com os povos indígenas”, disse David Velasco, advogado da Fundação Ecumênica para o Desenvolvimento e Paz (FEDEPAZ), ONG peruana de assessoria jurídica. "A legislação peruana e internacional estabelece a obrigatoriedade de consultas prévias com povos indígenas no caso de projetos de desenvolvimento que afetem seus territórios, e isso não aconteceu." Milhares de indígenas, inclusive grupos não-contatados, e outras populações locais sofreriam deslocamento e outras conseqüências negativas da construção de hidrelétricas previstas no acordo, segundo a ação. O pedido de liminar visa a proteger os direitos constitucionais dos povos indígenas ao consentimento livre, prévio e informado sobre assuntos de Estado que possam ter impacto sobre os seus direitos. O acordo ainda não foi ratificado pelos parlamentos dos dois países. (Fonte: ADITAL)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quarta feira de cinza: filh@s do pó cósmico-divino, consciente e transformante!


Somos filh@s do pó. Do pó cósmico-divino. De um barro estrelar repleto de vida invisível. Somos comunhão com um universo – no qual estamos inseridos, - que pulsa como um pulmão humano. Que incha, inspira e se expande. E que expira, desincha e se retrai com ritmos e lógicas próprias. Do mesmo jeito que fazemos nós ‘Adãos e Evas’ juntamente com muitos nossos semelhantes e seres vivos que habitamos esse planeta. Somos filh@s-fruto da ‘quebra espontânea da simetria’ inicial entre fótons e bósons. Entre matéria e anti-matéria. Assim nos dizem os físicos. Filh@s de um duelo entre vida e destruição. Frutos, enfim, da ‘não lógica’, mas não do acaso. Como se um ‘alguém’, totalmente livre e não preso a essas rígidas leis físicas decidisse ‘quebrar’ aquela espécie de equilíbrio inicial instável e ‘inventar-criar’ algo inédito. Aproveitando brechas e se insinuando em comportamentos e movimentos ‘ilógicos’ do cosmos deu origem a um novo jeito de ser vida.

A quaresma/cinza/pó nos convida a alimentar a consciência de que somos ‘matéria consciente’. Um pó pensante, amante, transformante, celebrante. Que por termos a mesma origem da matéria cósmica produzida por Aquele que ‘rompeu’ a ‘lógica física’ que aprisionava novas formas vidas temos uma missão a cumprir. A missão de preservar todas as formas de vida que Ele planejou e que permitiu nascer. A missão de identificar quanto e quantos ameaçam com suas opções de vida o futuro dos seres vivos e chamá-los com vigor a ‘retomar/voltar’ à consciência de ‘pertença cósmica comum’. A missão de sermos ousados como o foi Aquele que rompeu a lei da ‘simetria espontânea’ e darmos origem a novas formas de convivências humanas.
Para não nos esquecer que por sermos filh@s do ‘pó cósmico-divino’ temos um dever ético de re-criar comunhão com o cosmos inteiro e salvaguardá-lo de tanta ‘anti-matéria humana’ destrutiva! Boa quaresma!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Cinza na cabeça e água nos pés!

Cinzas na cabeça e água nós pés
Curta é a distância da cabeça aos pés.
Só pouco mais de quarenta dias separam a quarta-feira de cinzas
do lava-pés da quinta-feira santa.
Bem mais longa, porém, é a distância que separa a nossa cabeça
dos pés dos outros.
E haja cinzas, quaresmas e desertos
para desconstruir nossas rígidas convicções,
posturas e práticas encrustadas
que nos afastam cada vez mais
das feridas do próximo
e da força libertária
do Evangelho de Jesus de Nazaré.
O mesmo Espírito
que conduziu Jesus ao deserto
“para ser tentado”,
nos empurre para lá também,
onde contemplarmos
a tenacidade de Jesus
e nos fortalecermos
no embate quotidiano contra as tentações
dos demônios pós-modernos.
(Tirado do Blog de Marcos Passerini)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Carregando a dor dos que são impedidos de se encontrar com a liberdade e a vida (Mc. 2,1-12)

Chegou ao Brasil, recentemente, um amigo que havia trabalhado como missionário ao longo de vários anos no sul desse Estado. Veio com seus dois filhos. Um deles, de 14 anos, tetraplégico. O pai com uma paciência e uma dedicação indescritível o levantava e o carregava em seus braços. Dava-lhe banho, e trocava-lhe as fraldas. Colocava a comida na sua boca e ajeitava-o direitinho na cadeira de rodas toda vez que precisasse.Veio-me espontâneo ao ler o evangelho hodierno relacionar esses gestos com os dos ‘quatro homens’ que carregaram o paralítico até Jesus. Em geral, a ênfase nos comentários bíblicos, é dada exclusivamente ao encontro de Jesus com o paralítico. O que não deixa de ser, na narração de Marcos, algo magistral. Contudo, se observarmos com mais atenção o texto podemos constatar que o que chama a atenção de Jesus num primeiro momento, - e foi o momento determinante, - é justamente ‘ a fé que eles (os quatro homens) tinham’ (v.5). É por causa dessa fé que Jesus se dirige ao paralítico trazido pelos ‘quatro’ e lhe anuncia que os seus pecados estavam perdoados. Como não ver nesse ícone a ação samaritana de tantos homens e mulheres que movidos pela compaixão e pelo amor gratuito ‘carregam’ sistematicamente em seus braços cheios de afeto e gratuidade aqueles que não podem ou são impedidos de ‘caminhar’? Na narração de Marcos vemos que são ‘os quatro homens’ que tomam a iniciativa de promover o encontro do paralítico com Jesus. São esses ‘cirineus’ da vida que carregam a dor, a cruz e o drama de inúmeros paralíticos, antes mesmo de carregar seus corpos. Que compreendem seus sonhos e seus desejos de alcançar a cura e a autonomia definitivas. Que partilham a mesma fé no poder de Jesus. Fé partilhada que se traduz em solidariedade concreta com os necessitados.

São esses ‘homens e mulheres’ compassivos que encontramos ao longo do nosso caminho que ajudam os ‘incapacitados de andar’ a romper barreiras. Que abrem caminho dentre os preconceitos e as maldições da multidão para que ‘nós paralíticos’ avancemos para o encontro com Jesus. Uma multidão tão cega que é incapaz de enxergar aqueles que dentre ela não possuem as suas mesmas oportunidades. Desejosa somente de se beneficiar pessoal e egoisticamente através do contato com Jesus. Que se torna tão dura de coração que não só dificulta o acesso aos ‘quatro homens’ e ao paralítico, mas que também lhes barra o caminho. Para que o encontro com Jesus não aconteça. Imaginemos, por um instante, a coragem, a ousadia e a criatividade dos ‘quatro’ ao perceberem a impossibilidade de entrar na casa pelos ‘caminhos normais’. Impedidos pela multidão ‘invadem’ a casa abrindo um buraco no teto. Como não ver nisso a legítima pressão, a teimosa insistência e a aguerrida persistência dos inconformados com tantas formas de negação de acesso à justiça, à vida plena? De procura de reconhecimento do próprio valor, de busca de liberdade, de autonomia, de reconciliação, e de paz? Pessoas que arriscam e se expõem não para se beneficiar, mas para permitir que o ‘outro’, os paralíticos da vida, comecem a caminhar autonomamente. Para que eles, enfim livres de tanta paralisia e de tantos pesos experimentem a graça da liberdade de andar, de anunciar, de servir. A liberdade de carregar em seus braços outros ‘paralíticos’ e de abrir-lhes novos caminhos. Arrombando e ‘abrindo buracos’ em corações endurecidos que insistem em lhes impedir o encontro com a esperança e a vontade de viver.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

'Atender a demanda indígena é contrariar a política federal de incentivo ao agronegócio'!

“A omissão do Estado em relação à questão agrária e indígena no Brasil é algo que reforça a violência no campo brasileiro enquanto um problema estrutural, ao mesmo tempo em que fortalece a elite agrária e provoca a morte dos povos indígenas”. A afirmação é de Eduardo Luiz Damiani Goyos Carlini, geógrafo, que fez parte da Expedição Marcos Veron, que visitou, até o último dia 25 de janeiro, diversas aldeias do estado de Mato Grosso do Sul para registrar a situação de vida dos Guarani-kaiowá e as ameaças de morte às suas lideranças. O geógrafo afirma que a ação dos fazendeiros se configura por homicídios bem planejados. Não mandam matar qualquer membro da comunidade, mas sim lideranças – sejam eles caciques ou professores. Tiram de circulação aquelas pessoas escolhidas pela própria comunidade por terem a capacidade de repassar os ensinamentos para o coletivo e inevitavelmente fortalecer a organização do movimento indígena. A perda dessas referências para a comunidade traz, em si, o medo como parte do cotidiano. E essa é uma estratégia utilizada pelo agronegócio para o extermínio desses povos.

Entraves jurídicos
- Sabe-se que a Constituição Federal de 1988 assegura aos indígenas de terem reconhecido o direito às terras originárias que tradicionalmente ocupam. Trata-se de um direito anterior e oponível a qualquer ocupação e reconhecimento, independentemente da época de concessão do título de propriedade. Assim, a demarcação não é um ato administrativo que constitui a terra indígena, mas é mero ato de reconhecimento, tendo natureza declaratória. E quando ocorre a demarcação paga-se apenas o valor das benfeitorias de boa-fé, porque o título de propriedade é considerado inexistente e nulo.Contudo, os interesses econômicos em torno da terra no Mato Grosso do Sul e a ausência de uma atuação do Estado na efetiva demarcação das terras indígenas (cujo prazo estipulado pela Constituição de 1988 era de cinco anos), que se encontram dentro dessas áreas, geram diversos conflitos. Só para se ter uma ideia, sem aprofundarmo-nos muito na análise dos dados, na última publicação do CIMI, em 2011, podemos identificar que no ano de 2010 mais de 152 ameaças de morte foram registradas no país, sendo que 150 ocorreram em Mato Grosso do Sul. Do mesmo modo, dos 398 outros tipos de ameaças sofridas pelos indígenas no Brasil, 390 foram em Mato Grosso do Sul. Entre as tentativas de assassinato, das 22 registradas no país, 17 ocorreram nesse estado. Podemos também lembrar dos dados que dizem respeito aos assassinatos que ocorreram no referido ano: dos 60 que aconteceram em todo país, 34 foram confirmados em Mato Grosso do Sul.

FUNAI
– O geógrafo relata que ao visitar a Aldeia Laranjeiras Nhanderú, cujo acesso passa pela lavoura de soja da fazenda de José Raul das Neves, pai do presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) do município de Rio Brilhante foram alertados de que estavam presos ali. O acesso à estrada tinha sido bloqueado pelo proprietário. A Polícia Federal e a Funai intervieram e garantiram a saída. Durante a conversa com a encarregada da Funai, quando questionada sobre qual o papel do órgão, afirmou que “o papel da Funai é mediar conflito entre os fazendeiros e os indígenas”. A Funai cumpre hoje o mesmo papel desempenhado pelo Serviço de Proteção ao Índio – SPI na primeira metade do século passado. O SPI contribuiu fundamentalmente para o acirramento do conflito na região, com a criação das reservas indígenas. O papel dessas reservas foi o de confinamento das aldeias em áreas de no máximo 3.500 há. antes espalhadas sob uma vasta área que configurava o território Kaiowá. É interessante notar que aquilo que, num primeiro momento, pode nos parecer algo coerente, como no caso a criação das reservas, era na verdade a liberação da área, garantindo assim o loteamento da região, beneficiando as elites agrárias em detrimento da manutenção do modo de vida Guarani-kaiowá. O geógrafo conclui dizendo que ‘hoje não é diferente; precisamos ter clareza. Ao se pronunciar, a encarregada da Funai não fez nada mais do que nos mostrar qual o interesse do governo sobre essa questão. Afinal, atender à demanda indígena é contrariar a política federal de incentivo ao agronegócio. Por isso que essa situação está sendo “mediada”, em vez de ser resolvida (entrevista publicada no IHU e adaptada pelo blogueiro)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

VALE tem lucro recorde de 37,8 BILHÕES, mas não paga dívidas aos municípios onde atua

A mineradora Vale fechou 2011 com um lucro líquido recorde de R$ 37,8 bilhões e receita operacional de R$ 105,5 bilhões, também recorde. Foi um "desempenho financeiro extraordinário, o melhor de todos os tempos", disse em comunicado o presidente da empresa, Murilo Ferreira. Em 2010, a companhia teve lucro de R$ 30,1 bilhões e receita de R$ 85,3 bilhões. Esse recorde se deve basicamente ao aumento das vendas para a Ásia, Oriente Médio e outras regiões, já que os embarques para a Europa, onde estão alguns dos principais clientes da companhia, tiveram queda no ano passado - de 58,9 milhões de toneladas em 2010 para 58,5 milhões de toneladas. A China foi responsável por 44,1% dos embarques da Vale de minério de ferro e pelotas em 2011. Em 2010, a fatia da gigante asiática estava em 42,9%. Os clientes chinesas compraram 131,870 milhões de toneladas, ante 126,4 milhões de toneladas no ano anterior. O comunicado divulgado pela empresa mostra ainda que em 2011 a Vale investiu US$ 17,994 bilhões, uma expansão de 41,6% em comparação com o ano anterior, mas 25% inferior ao programado pela companhia no final de 2010 (US$ 24 bilhões). No quarto trimestre do ano passado, os investimentos foram de US$ 6,686 bilhões.O mais interessante e escandaloso é que a Vale, apesar desse desempenho não quer pagar 800 milhões da dívida ativa para com o município de Parauapebas. Sem falar naquelas reformas e melhorias 'marginais' para os 27 municípios que estão no Corredor Carajás. Deu para entender por que continua a ser 'a pior' empresa?

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Purificados para espalhar e testemunhar a boa nova (Mc.1,40-45)

Nascemos impuros. Fomos gerados e nascemos no pecado. Assim sempre nos disseram. Já ao emitirmos os primeiros gemidos somos herdeiros de uma mancha original. O pecado cometido, supostamente, na origem dos tempos por ‘Adão e Eva’. Mesmo sabendo que, afinal, isto significa carregar dentro de si a tendência quase inata de nos substituir e dispensar a Origem de toda consciência ética pautada por valores profundamente ‘divino-humanos’. E a perene tentação de criarmos a nossa própria consciência, pautada por interesses, ambições e projetos mesquinhos pessoais. A história já se encarregou para provar que quando aceitamos isso já destruímos o paraíso que idealmente sonhamos. O fato é que nos educamos com fortes sentimentos de culpa. Impuros, imundos, indignos. Assim nos apresentamos diante de um deus cuja misericórdia nos foi por muito tempo ocultada. Fomos catequizados a nos relacionar com um deus que vigia e monitora os ‘filhos e filhas rebeldes’. Sempre atento a puni-los e a castigá-los por causa dos seus pecados. Movidos pelo medo do castigo e da punição eterna encaramos as poucas coisas boas que fazíamos não como expressão da ‘Bondade Absoluta’ que está em nós, mas como uma forma de expiação. De purificação. E a permanente sensação de que eram ações insuficientes para aplacar a ira de um deus sedento de castigo. E inadequadas para merecer a salvação plena. Todas essas distorções e manipulações intencionais geraram não poucos traumas e distúrbios em muitos corações e mentes. Era uma necessidade da religião oficial de cultivar e impor tudo isso para poder obter submissão e controle. Mediante o medo a Deus e através da ameaça da punição divina controlavam-se consciências e vontades. Dominava-se de forma absoluta.
O evangelho de hoje nos oferece mais uma página maravilhosa do que realmente reside no coração de Deus. Não do deus dos sacerdotes. Dos funcionários da religião oficial. Mas no coração do Deus de Jesus de Nazaré. No coração de Deus que nos foi manifestado mediante Jesus de Nazaré só cabe amor, compaixão, liberdade, pureza, vontade de viver. Marcos nos apresenta o encontro de um ‘leproso-impuro’ – vítima consciente do seu estado, – com Jesus. É o ‘impuro’ que toma a iniciativa e que suplica o mestre de libertá-lo definitivamente do seu estado de impureza. Não quer ser mais um excluído por Deus e nem pelas pessoas. Quer se libertar de tudo o que o mantém preso: o medo, a culpa, a exclusão social e religiosa. O evangelista nos relata com todo realismo que Jesus diante das súplicas do leproso ‘ficou cheio de ira’ (v.41). É a revolta natural de quantos conseguiram desmascarar o poder da manipulação e percebem com seus próprios olhos o poder destrutivo e dilacerante da ideologia religiosa dominante no corpo de um filho de Deus. Deus o havia criado puro, sem mancha e sem pecado original. Os homens o haviam reduzido a um opróbrio humano e social, negando-lhe a sua filiação divina e mantendo-o sistematicamente num estado de exclusão. Jesus emerge como aquele que reproduz o ‘gesto criador original’ de Deus. Devolve-lhe vida, dignidade, liberdade, e lhe pede um último gesto. De se apresentar justamente àqueles que tinham o poder de reconhecer oficialmente se ele estava definitivamente curado. E oferecer pela sua purificação um sacrifício ‘como testemunho para eles’(v.44) Uma tentativa de Jesus de provocar os sacerdotes do templo no sentido de eles começarem a perceber que a sua missão é a de ajudar a ‘purificar’ pessoas, a curá-las e libertá-las, e não a de mantê-las dependentes deles! Marcos termina nos informando que a pessoa curada, purificada, livre de todo complexo de culpa e de dependência se afasta definitivamente do lugar da dominação e da exclusão (templo e sacerdotes) e anuncia, prega, espalha ‘a notícia’ do gesto que o beneficiou. Um tabu religioso havia sido quebrado: a boa nova é que agora, em Jesus de Nazaré, Deus não castiga, não pune, não submete, mas acolhe, purifica e envia. Só quando tomamos consciência disso nos abriremos para valorizar e realizar o bom e bonito que temos dentro de nós e o testemunharemos a quantos ainda não o descobriram.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

E a VALE ainda se pergunta por que é a pior corporação do mundo!!!!!!!!

R$ 26,7 bilhões. Esse é o valor das autuações (incluindo juros e multa) que a Receita Federal aplicou contra a Vale nos últimos anos por entender que a empresa não recolheu os impostos devidos sobre o lucro obtido por suas subsidiárias no exterior. A mineradora discorda do entendimento do Fisco e recorreu à Justiça, mas tem amargado sucessivas derrotas. A empresa não reservou recursos em seu balanço para o caso de ter de pagar a dívida. “É preciso saber se o governo brasileiro entende que nós devemos ter empresas brasileiras fortes fora do Brasil ou não”, afirma o presidente da Vale, Murilo Ferreira, de 58 anos. Ele defende mudanças na legislação tributária. Ferreira assumiu a presidência da Vale em abril do ano passado sob insinuações de que seria o “homem da Dilma” na empresa. Ele diz não falar somente em nome da mineradora, mas de praticamente todas as grandes empresas brasileiras com operações no exterior, como a Petrobras e a Ambev. A Vale atua em 37 países além do Brasil. Ferreira antecipou a ÉPOCA, na última terça-feira, uma notícia boa para a mineradora: a companhia obteve naquele mesmo dia uma licença para explorar uma nova mina em Carajás, Pará, a primeira concedida pelo Ibama nos últimos dez anos.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

11 anos de saudade de Padre Carlo Ubbiali

No dia 04 de fevereiro de 11 anos atrás morria tragicamente num acidente de carro padre Carlo Ubbiali, missionário di Brignano, Bergamo. Irmão e amigo. Profundo conhecedor da realidade indígena ele fez da defesa dos direitos dos povos indígenas desse Estado o objetivo fundamental da sua vida. A memória do seu jeito descontraído, brincalhão e firme ao mesmo tempo continuam inspirando missionári@s Brasil afora. Que o seu testemunho ajude a nossa igreja a ser mais atenta à situação de tantas pessoas que continuam sendo ameaçadas e cerceadas em seus direitos mais elementares. Carlos, continuemos em comunhão!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Jesus e a 'urgência urgentíssima'! Á procura do tempo 'perdido' (Mc.1,29-39)

Há momentos na vida em que damos fé que perdemos oportunidades únicas. Situações excepcionais que intuímos que não se repetirão. Ou tomamos consciência que por muito tempo fizemos coisas que não nos proporcionavam algum tipo de realização pessoal. Ou que, enfim, descobrimos como numa visão fulgurante, o sentido-vocação da nossa existência. Ou seja, a percepção clara daquilo que desde sempre queríamos para nós. E para os demais. Quando descobrimos isso a vida adquire uma nova configuração. Um novo ritmo. Ela se transforma, repentinamente, numa corrida frenética contra o tempo. Uma procura descontrolada à procura do ‘tempo perdido’.....
O evangelho de Marcos desse domingo parece retratar com lucidez desconcertante essa ‘experiência luminosa’ em Jesus de Nazaré. A sucessão dos acontecimentos e o ritmar dos momentos que marcam o dia de Jesus nos mostram um homem que parece ser ‘afetado de super-ativismo’. Parece não ter sossego. Possui um ritmo de vida-trabalho estonteante. E de uma intensidade surpreendente. Parece quase ter antecipado e incorporado os ritmos da ‘pós-modernidade’! É como se Jesus tivesse realmente compreendido de repente a ‘urgência urgentíssima’ de anunciar e provar que a Realeza de Deus havia finalmente chegado a ele e à humanidade. E que precisava aproveitar o máximo do tempo que ainda lhe restava. Jesus, sabemos, havia adquirido essa consciência somente após a sua experiência mística do seu batismo, no deserto. Um deserto existencial que se preencheu, aos poucos, de esperança, de sonhos, de convicção profunda de que Deus estava a conceder um momento de graça a ele mesmo e a Israel. Na sua descrição quase ofegante Marcos nos diz que num só dia Jesus ‘vai à sinagoga, cura a sogra de Pedro, à tarde, depois do pôr do sol cura numerosos doentes, e expulsa muitos demônios; no dia seguinte, de madrugada bem cedo, ainda no escuro, sai para rezar, mas é encontrado pelos seus discípulos que lhe dizem que todos o procuram, mas ele pede para ir para outra margem do lago, e visitar outras aldeias e pessoas, pois ele tinha vindo também para elas’. Respiremos um pouco. Marcos conclui dizendo que Jesus percorria toda a Galiléia pregando nas sinagogas e expulsando demônios.
Por tudo o que Marcos nos apresenta, podemos ter uma clara idéia não só do ritmo adotado por Jesus, mas também das atividades-prioridades com que ele preenchia o seu tempo, o tempo de Deus. Algumas chamam a atenção:
1. As curas. Jesus cura não para ostentar o seu poder de taumaturgo, mas para que o doente curado ‘se levante e sirva’. O verbo ‘levantar’ é o mesmo utilizado para ‘ressuscitar’. Jesus parece devolver à pessoa ‘doente’ aquela existência que havia perdido ou que nunca havia encontrado. Talvez a mesma existência-descoberta que o próprio Jesus havia procurado anos a fio e encontrando-a somente na sua fase adulta! Ao pôr de pé (ressuscitar) a pessoa abatida, e morta por dentro, Jesus a coloca na situação de servir. Ou seja, de reproduzir, por sua vez, o dom que recebeu: a vida nova definitivamente encontrada!
2. As expulsões de demônios. Jesus com isso desmascara o poder do mal. Das forças maléficas da mente e do coração cativo, aprisionado. De tudo o que ameaça a plenitude da vida, da esperança, da liberdade. Do que se opõe à vinda da Realeza de Deus. Jesus percebe que o anti-reino tem uma força e uma astúcia surpreendentes. E descortina a nova energia que é produzida pela Realeza de Deus . Por isso tem que intervir com autoridade contra ‘os diabólicos que dispersam e dividem’ para que ‘se calem’. E para que deixem ‘falar’ definitivamente a voz da boa nova.
3. Ir à outra margem, às outras aldeias.... Jesus não se entende como um mestre de um grupo fechado. De uma instituição, de uma localidade, de uma comunidade-sinagoga. Uma seita fanática. É o profeta que não se deixa prender, que não se deixa apropriar e manipular. Que sabe recomeçar, sempre. Numa nova terra. Com outra gente. Com novos desafios. Com nov@s discípul@s!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

"Homem é bicho porco"! Na São Luis dos 400 anos tudo fede a urina!

Parece uma moda, mas de péssimo gosto. Eles vêem uma parede qualquer, - mas em geral preferem as do centro histórico, - e simplesmente lançam o seu acido úrico contra elas. Não são cachorros não. São machos metidos a ‘porco’! Eles acham que são avantajados por possuírem um lava-jato natural, e inundam paredes de prédios, de lojas, de residências com aquela urina fétida. Não conhecem hora: pode ser de manhã, de tarde, à noitinha. Renunciaram ao pudor e à vergonha na cara há muito tempo. Educação, eis um termo misterioso e jamais ouvido por eles. Haverá certamente quem diga que o poder executivo nunca pensou, e nada faz para construir banheiros públicos em lugares muito freqüentados. Não se pode negar. É um fato. Ocorre que nesses lugares públicos sempre se encontra um bar, um mini-restaurante, uma loja qualquer que possui um banheiro. E mesmo que nunca tenha sido visitado e aprovado por algum departamento de alguma secretaria de saúde em geral disponibiliza um vaso sanitário. Ontem, numa rápida visita ao centro histórico flagrei três desses ‘manipuladores de lava-jato’ que deixavam a sua ‘marca de urina’ na parede de um prédio, mas que respingava na escadaria da Rua do Giz. Lá vai o turista avoado de faro pouco afinado sentando naquelas ‘históricas escadarias’. E eternizar aquele momento único dessa gloriosa e decadente São Luis. A São Luis dos ‘mais 400 anos’!

Havia uma vez a SEMA, as siderúrgicas e a lei .....para 'elas'!


É uma excelente portaria a Nº111 da SEMA, do Estado do Maranhão. Em 29 de dezembro de 2008 o Secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais reconhece que cabe à sua pasta autorizar, controlar, licenciar, monitorar e fiscalizar o uso sustentável dos recursos naturais. Não só, mas também é de sua competência monitorar as atividades potencialmente poluidoras. Com base nisso resolveu determinar que todas as instalações de produção de ferro gusa existentes na data de publicação da portaria Nº111 que estão operando, ficam obrigadas à promoção de melhorias de processo. Entende-se com isso que deverá haver instalação de equipamentos de controle, disposição adequada de resíduos, monitoramento e outras medidas necessárias para o cumprimento integral da legislação ambiental. As indústrias de ferro gusa que possuem Licença de Operação concedida pela SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS, conhecida como SEMA, ou com processo em tramitação, terão suas atividades acompanhadas através dos respectivos processos de licenciamento existentes e segundo um cronograma já definido em lei.
Vejam bem, agora. A portaria diz, por exemplo, que deve haver: Implantação de sistema de recirculação das águas de refrigeração dos altos-fornos em circuito semi-fechado: 24 meses. - Implantação de sistema de tratamento de esgotos sanitários: 24 meses. - Implantação de sistema de drenagem e tratamento primário das águas pluviais: 36 meses. - Implantação e/ou manutenção do cinturão verde: 18 meses. - Implantação de sistema de disposição final para finos de carvão, finos de minérios e matéria-prima, de forma a minimizar a dispersão do material particulado para o ambiente: 18 meses. - Apresentação de protocolo de solicitação de outorga de uso da água: 02 meses. -Implantação de tecnologias e equipamentos para controle de emissões atmosféricas, que atinjam a carga limite prevista no artigo 3°, de fontes fixas e móveis, nas áreas de processamento (transporte, descarga, peneiramento e pesagem) de carvão vegetal, minério e fundentes, que tais equipamentos devem garantidos pelos filtros de mangas: 36 meses. E assim por diante.
Coloque, agora, a mão no peito e feche seus olhos. Pergunte-se: será que as siderúrgicas de Pequiá fizeram isso e algo mais que está previsto pela portaria? Será que a SEMA andou por lá para verificar se as guseiras cumpriram o que ela mesma determinou? Se , apesar de nunca ter ido a Pequiá, a sua resposta for NÃO, você está bem próximo da verdade. Acredite: estamos numa terra onde a lei é feita para ‘maranhense ver’! Vejam a foto acima e digam se estou exagerando! Ah, estamos em Pequiá! Sejam bem-vind@s!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Belo Monte goela abaixo II. Pescador e ribeirinho que se danem!

As praias daqui já estão debaixo d’água e nós nunca mais vamos ver. Os peixes não vão comer esse lodo cheio de barro que está sedimentando no fundo do rio. A gente disse pra Norte Energia que os peixes vão morrer e que não vamos poder pescar, e que depois só ia sobrar o Tucunaré, porque ele é um peixe predador. Aí o engenheiro me disse que isso era uma coisa boa, e perguntou se a gente não achava isso bom”, conta um pescador da Volta Grande, no Rio Xingu. Casas habitadas e abandonadas se misturam ao cenário de ficção científica da construção da primeira barragem de Belo Monte. Em algumas das casas vazias, é possível ver vacas e bois abandonados e cachorros sem o que comer. A primeira das três primeiras ensecadeiras que servirão para a construção da barragem da Usina Hidrelétrica Belo Monte já fechou o rio Xingu. Situada no chamado canal do Arroz Cru, o canteiro de obras foi alvo de protestos no mês de janeiro.
No entorno da Ilha do Pimental, localizada na margem oposta do canal, diversas placas boiando na água advertem às embarcações que já não é mais permitido transitar por lá. E de fato, não há saída: de ponta a ponta, o canal, da margem do Arroz Cru até a ilha, já foi barrada pela primeira ensecadeira da usina. O barramento já alterou o nível do rio no canal. Acima da ensecadeira, a água está cerca de três metros mais alta do que à jusante, dizem os pescadores. “Tá vendo aquele coqueiro? A água nunca chegou nessa altura”, comentou um pescador. “O rio já está bem cheio e ainda é janeiro. E aqui perto do aterro [ensecadeira] tá muito alto. Será que é por isso que lá em Altamira tá cheio daquele jeito?”, questionam entre si. De fato, a “enchente”, como é chamado o período das cheias e do inverno na cidade, está adiantada. “É porque é ano bissexto”, explicam. “E a água represada tá correndo pra lá, pras ilhas, pra terra”, diz o pescador. De fato, a barragem provisória já está inundando trechos florestados de ilha e terra firme. “E como eles vão fazer depois? Tirar a água do rio pra derrubar a mata?”, indagam os pescadores. De acordo com os pescadores, se o trecho do rio em questão ficar permanentemente cheio, é o início do fim da vida na Volta Grande do Xingu. (Fonte: Xingu Vivo)

Belo Monte goela abaixo. Índio que se dane!

Cerca de 200 lideranças indígenas da região do Médio Xingu, cujas aldeias estão na área de influência da hidrelétrica de Belo Monte, participaram no dia 25 de janeiro de uma nova rodada de negociações com o governo e a empresa Norte Energia, sobre ações de mitigação de impactos da usina. Antes da chegada do presidente da FUNAI Márcio Meira, o local da reunião havia sido isolado por agentes de trânsito, pela Força Nacional, Polícia Federal e Polícia Militar. Todos os participantes foram revistados e nenhum índio pôde entrar com arcos, flechas ou bordunas. Para surpresa dos indígenas, o primeiro tema abordado por Eck foi o Projeto de Lei (PL) 1610, que visa regulamentar mineração e hidrelétricas em terras indígenas, mediante autorização do Congresso Nacional e com pagamento de royalties para índios e Funai. Após uma contundente defesa do PL, Eck argumentou que, para discutir compensações financeiras de Belo Monte, “precisa ser definido um valor, um tempo e a forma como ele deve ser pago. E se o dinheiro vai para a aldeia ou se vai para um fundo [da Funai]. Para isso, que é chamado popularmente de royalty, precisa de uma lei”, e sugeriu que este fosse o assunto da reunião.
O desvio da pauta principal acabou irritando o cacique José Carlos Arara, liderança da aldeia Arara da Volta Grande. De acordo com o cacique - cuja aldeia fica logo acima do principal barramento de Belo Monte -, uma das principais preocupações dos arara é que, a partir de novembro, quem vive à jusante da barragem perderá a mobilidade no rio. “A gente não vai conseguir subir o rio pra chegar a Altamira. Nossos barcos não vão conseguir passar por falta de água. Não temos estrada nem pista [de pouso]. Nossa entrada e saída da aldeia é o rio”, afirmou. A poluição da água do rio, que está barrenta em função da construção da primeira barragem provisória no Xingu – a chamada ensecadeira -, também foi denunciada pelos indígenas. “Vocês tão aí bebendo água mineral. A gente tá bebendo água suja do rio, a água podre que vocês deixaram com Belo Monte....Vocês ficam falando de lei, de PBA, de PL, de royalty, e olha a nossa situação, os nossos problemas. Vocês estão enrolando”, adendou Jair Xipaya, e José Carlos Arara Concluiu: “Eu não queria Belo Monte. Isto está vindo goela abaixo da gente”.

Encaminhamentos

Apesar da expectativa de um posicionamento claro sobre as ações de mitigação, o governo e a Norte Energia afirmaram que farão uma apresentação detalhada do PBA (Projeto Básico Ambiental) em cada uma das aldeias afetadas por Belo Monte em fevereiro, para discutir medidas condizentes. Sobre as demais pendências, pouco ficou encaminhado, afirma Rodrigo Kuruaya, da aldeia Cajueiro.“Eu e todas as lideranças não ficamos nem um pouco satisfeitos com essa reunião. Foi mais uma enrolação, não avançou nada em relação à reunião de dezembro. A gente tinha apresentado um monte de problemas acerca das medidas emergenciais que estão em andamento, e de lá pra’ cá nada mudou. Eles falaram que era porque teve recesso de fim de ano, mas isso não adianta para nós”, concluiu. (Fonte: CIMI)