sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Salvos e felizes pela misericordia e a caridade! (Mt. 25, 31-45))

Naquele tempo Jesus disse aos seus discípulos: ”Todo dia o nosso Pai que está entre nós acompanha os nossos passos. Não para cobrar, julgar e condenar. Mas para nos ajudar a compreender onda está a verdadeira felicidade. O meu Pai não é um juiz terrível e inflexível, como muitos dizem. Vingativo e incapaz de compreender as fraquezas dos filhos e filhas que gerou. Por isso, Ele não ordena e nem decreta sentenças. Mas aponta caminhos, sugere escolhas e opções, mostra onde podemos crescer mais. Indica onde Ele está presente, mesmo quando não o vemos do jeito que imaginamos. Haveremos, portanto, de ter surpresas no nosso dia a dia porque Ele está presente nas pessoas e nas circunstâncias mais impensáveis. Mas está presente, principalmente, naqueles homens e mulheres que sabem acolher, compreender e se compadecer de seus irmãos e irmãs mais necessitados. Por isso, a cada um de nós, a qualquer hora, poderia nos dizer:
Eu estava sem sementes, sem enxada, sem um torrão de terra para plantar e matar minha fome de pão e de justiça, e VOCÊ me ajudou a enfrentar os deuses do agro-negócio, e a combater seus dogmas desenvolvimentistas. Aprendi com você a ver e a sentir que é da terra molhada, fria ou seca que a vida é gerada. É desse útero fecundo do próprio Deus que nos fartamos de pão e de justiça. ’
‘Eu era um índio da aldeia global, vivia rejeitado e desprezado nas malocas da alma e das leis humanas, e VOCÊ me reconheceu como seu irmão/ã, como povo originário, numa terra finalmente livre de madeireiros e fazendeiros, rica de mel, de rios sem hidrelétricas, de araras de mil cores, de maracás sem tristeza, e de arcos sem flechas. ’
Eu era negro e negra que trazia na memória e na face as cicatrizes da discriminação e da hipocrisia da raça pura, e VOCÊ me dignificou, me ajudou a gostar de mim mesmo e das minhas raízes. Ajudou-me a gostar de todos aqueles/as que independentemente do arco-íris de sua pele lutam contra o racismo e a intolerância. ’
Eu vivia preso, torturado e seviciado nos calabouços das instituições de re-habilitação que enclausuram luz e esperança; mesmo condenado e vigiado pelos guardiões e manipuladores das leis VOCÊ me visitava, e me perdoava. Todo dia, juntos, serrávamos as grades da brutalidade, da injustiça e do deserto da minha solidão. Graças a você saboreei liberdade. ’
Eu me sentia vencido pelos fantasmas do meu medo interior, sem vontade de viver e crer, e VOCÊ me compreendeu. Não fugiu, ficou ao meu lado, e não se envergonhou de mim. Graças a você voltei a viver e a sorrir. ’
Eu vivia mendigando nas ruas e nas igrejas. No frio da indiferença humana não tinha o cobertor da proteção e o calor da hospitalidade. Desempregado, eu era considerado um falido e um indolente, mas VOCÊ me ajudou a matar a fome de pão e de vida. Não esqueço a força que me deu ao confiar em mim. Ao me oferecer aquele emprego que me devolveu a fé em mim mesmo e nos outros. ’
Eu era uma criança largada e abandonada, mas adulto antes de crescer. Conheci desde cedo o pior que pode acontecer a uma criança: arrancar a sua inocência, mas VOCÊ me amou mais que um pai e uma mãe de sangue. Protegeu-me contra tudo e contra todos. Compreendi, então, que uma criança pode ter um pai e uma mãe mesmo que não tenha os seus nomes escritos no registro de nascimento que só agora, graças a você, consegui ter. ’
Eu vivi nos inúmeros lazaretos públicos do SUS, deitado em seus corredores fedorentos e frios, sem UTI, e sem remédios. Sem o conforto de um familiar ou de um ministro de Deus, e VOCÊ me enxergou. Devolveu luz aos meus olhos mareados e apagados. Sobrevivi. Injetou em mim a energia da superação. Voltei a viver, mesmo sabendo que lágrimas e dor fazem parte da nossa vida. ’

E Jesus continuou: “Então o meu Pai se aproximará desta pessoa e tomando-a pela mão lhe dirá ‘ VOCÊ estava em Mim quando EU fazia estas coisas para cada um desses pequenos e invisíveis. Por isso, agora, VOCÊ é feliz. Experimente e curta a paz que está dentro de ti. Aquela paz que outros ainda não quiseram descobrir porque não quiseram ver no necessitado visível o Deus invisível que acolhia, protegia e servia através de VOCÊ!

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