sábado, 30 de março de 2013

Semana santa - Ele não está num cemitério, mas naqueles/as que reproduzem os seus gestos de compaixão!

Eis o paradoxo bíblico-pascal: num cemitério anônimo, depois do feriado litúrgico do sábado, diante de um sepulcro vazio, - supostamente o de Jesus, - um grupo de mulheres proclamam que o mestre da Galileia vive! Se há um lugar a ser evitado para poder acreditar com intensidade no poder da vida é justamente um cemitério, o lugar dos ‘corpos sem vida’! Mesmo assim ou, talvez, justamente por causa disso, a fé no ressuscitado se torna crível. A narração da visita das mulheres ao sepulcro, - algo que faz parte de quase todas as tradições mais antigas, - não é utilizada pelos evangelistas como prova cabal da Ressurreição de Jesus. No máximo seria indício de um possível sequestro de cadáver como, de fato, alguns ventilaram desde o começo.  Ao contrário,a narração em que se celebra a fé no ressuscitado, como num santuário à moda judia, serve como sinalização de que temos que sair do cemitério, e procurar alhures o ressuscitado, aquele que vive. Se num cemitério podemos celebrar nossa fé na ressurreição, certamente não é nele que vamos vivenciá-la! É isso que os evangelistas nos querem dizer: não é suficiente crer e celebrar a nossa fé em Jesus ressuscitado, - algo fácil de fazer, apesar de tudo, - mas é preciso descobri-lo vivo e torná-lo ainda atuante em outros espaços, dimensões e relações. A preocupação dos evangelistas, de fato, não é a de fornecer provas e nem a de descrever um acontecimento que, afinal, ninguém presenciou, mas dar uma clara indicação de que a fé no Ressuscitado é e será sempre uma ‘revelação divina’. Para quem crer, para quem o Pai o quer revelar. Uma experiência de fé. Para Marcos e para tantos discípulos e discípulas de ontem e de hoje manifestar a própria fé na ressurreição de Jesus e de tantos/as que nos precederam significa percorrer e reproduzir os mesmos itinerários percorridos por Jesus. Ao abrir a vista a tantos cegos, ao destampar os ouvidos de tantos surdos e insensíveis, ao perdoar a muitos intransigentes, ao fazer comunhão com as vítimas da miséria e do preconceito estaremos sentindo que Jesus vive e continua a agir como outrora nos seus seguidores. Através de nós e em nós. Herdeiros indignos do seu ‘espírito’ vital. Feliz Páscoa e vida nova para todos vocês e seus familiares!

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