terça-feira, 24 de setembro de 2019

Os Tembé do Alto Rio Guamá vivem no terror de serem atacados a qualquer hora por madeireiros. Polícia Federal do Moro não se pronuncia...

“De noite a gente não dorme direito, fica pensando nos madeireiros chegando aqui e matando a nossa gente dormindo. Por isso que a gente dorme com as armas debaixo da rede, não está bom para a gente não.” A etnia Tembé, que ocupa uma das terras indígenas mais antigas do país, enfrenta constantes invasões, principalmente de quadrilhas de madeireiros ilegais, de acordo com o Ministério Público Federal no Estado do Pará, que no início do mês solicitou uma operação urgente da PF e do Exército na região. No mês passado, quando o Pará foi um dos Estados da região amazônica a registrar alta expressiva no número de focos de incêndios florestais em relação a 2018, indígenas da tribo decidiram expulsar invasores por conta própria, o que aumentou o clima de tensão na região. “A quentura já está ficando muito quente e nós não gostamos disso”, afirmou o líder indígena Jacinto Tembé, um dos vigilantes armados da tribo.“Eles querem invadir a nossa aldeia... Nós não podemos dizer que estamos preparados para guerra, porque nós não temos poder de ir de encontro com o mundo. Eles têm arma pesada, eles têm arma boa, nós não temos, mas nós também não ficamos quietos. Nós pisamos em cima do sangue dos nossos avós, dos nossos pais que já passaram, e vamos lá, não tem jeito, vamos morrer, mas nós vamos matar também.

De acordo com o pedido de operação apresentado pelo MPF no início de setembro, há necessidade de “atuação urgente” por parte dos órgãos estatais competentes na terra indígena, uma vez que, embora a situação de conflito já seja de conhecimento dos órgãos públicos, novos relatos indicam “ter havido agravamento no risco de conflitos, com resultados potencialmente graves e imprevisíveis”.

Procurada pela Reuters, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) disse que a terra indígena encontra-se em área federal, sendo, portanto, de responsabilidade da Polícia Federal. (Reuters)

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