quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

A máquina do mundo (pós-Drummond), 2 - por Romério Rômulo

 

E como eu não coubesse na montanha

de tanto entardecer aqui no alto

que sobra em reticências de navio


E como eu não soubesse de um braço

que no desvio da vida me coubesse

em tão mortais canções sem voz e pátria


E como tudo aqui só renascesse

nuns rios podres e sem águas rasas

eu pude me rever sem preconceitos.


Olhei meu antro, me calei de medo

como em quinhões de pedra eu me comesse

em cada gomo e me arrebentasse


Sobraram duras missões em minhas mãos

cobraram ouros que paguei sem medo

e me retive sempre em olhar pra nada.


Romério Rômulo


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