Na ‘encarnação’ a divindade abraça a “carne”, assume sua fragilidade e finitude. Deus se revela mediante um corpo que sente, que vibra, que tem prazer e que sofre, uma carne vulnerável ao frio e ao calor, à fome e à sede. Jesus de Nazaré não se apresentou como inimigo do corpo, do prazer e da festa. Ele escandalizou por sua forma festiva, prazerosa e livre de viver seu corpo e suas relações. Ele não separava entre sagrado e profano, entre corpo e alma. Empenhou-se por praticar um amor concreto centrado nos corpos enfermos, desgarrados, desnudos, famintos, encurvados, paralisados, cegos, coxos, leprosos. O amor, afinal, não é algo etéreo: ou passa pelo corpo ou é apenas um bom desejo e nada mais. Na festa de “Corpus Christi” fazemos memória deste mistério: o único recurso de que Jesus dispunha antes de sofrer a paixão era seu próprio corpo. Não teve outra riqueza nem outro dom a nos oferecer. Esse Corpo que era sua própria vida. De agora em diante, será nos corpos violados e torturados, nos corpos que sofrem, resistem e curam, onde Ele quer permanecer expressamente presente. “Corpus Christi” é festa do corpo de Jesus e de todos os corpos. É nesses corpos frágeis e imperfeitos que Ele fez sua morada definitiva, seu templo, seu sacrário, seu ostensório!
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