sábado, 13 de setembro de 2025

Solenidade da contemplação do Crucificado

É loucura exaltar a cruz, é dever exaltar e contemplar o Crucificado. E os crucificados que enfrentam com ousadia a sua própria aniquilação como consequência e expressão de seu serviço abnegado e de sua doação ilimitada em favor de milhões de vítimas da prepotência humana. A cruz, como objeto em si, quando fincada à força nas terras assaltadas e invadidas, nos corpos torturados e violentados, e na alma de humanos fragilizados permanece ainda o símbolo vergonhoso da dominação, da conquista esmagadora e humilhante, da imposição cultural. Quando, ao contrário, vislumbramos nos crucificados martirizados que na cruz são vilipendiados e pendurados, o seu gesto extremo de impávida coerência e de doação incondicional, só podemos sentir compaixão, ternura e esperança. Isto pode parecer paradoxal, - como ‘era loucura para os gregos e escândalo para os Judeus’ exaltar um ‘Deus crucificado’, - mas, para os seguidores de Jesus, o martírio continua sendo a última e indignada denúncia profética diante dos insanos e desumanos crucificadores. Hoje não necessitamos somente de Cireneus que generosamente ajudam a carregar a cruz imposta na vida de milhões de seres humanos, mas precisamos de discípulos ousados, insurgentes e desobedientes que impeçam a fabricação legal das cruzes da fome, do esbulho, da exploração mais abjeta e da manipulação cultural e religiosa. 

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