João vive no deserto, mas quem tem o deserto
dentro de si somos nós cidadãos estéreis de Jerusalém e de muitos lugares, incapazes
de produzirmos frutos de mudança. O deserto que está dentro de nós nos torna
impotentes, infrutíferos. Vivemos alienados buscando sinais e prodígios, ou
salvação fácil. Somos adoradores de um ‘deus legalista’ manipulado e idolatrado
por sacerdotes, líderes religiosos e funcionários do templo e do palácio. Estamos
longe de compreender a urgência do momento presente, menos ainda o Kairós, o
tempo da graça que já começou. Não temos consciência de que o tempo está
esgotado, cheio, que não podemos mais fugir de uma dura realidade para mergulhar
em ritos e belas liturgias, ao passo que o nosso povo passa fome, vive violentado
e extorquido por líderes religiosos carrascos e políticos sem escrúpulos. A Realeza
do Deus dos escravos, dos pobres, das viúvas e dos órfãos de hoje está a
governar, mas nós não o percebemos. Daí a necessidade de produzirmos frutos que
provem que a alienação, a dependência, a indiferença, a negligência social podem
ser superadas. Esta seria a prova de que o deus do templo será derrotado e que o
povo estaria pronto para receber e perceber uma ‘boa notícia’, inédita, mas que
está ao alcance de todos: o Deus de Jesus está vindo para governar com justiça,
graça e compaixão. Mas temos ainda fé para acreditar nisso?
sábado, 6 de dezembro de 2025
II Domingo de Advento - O DESERTO QUE ESTÁ DENTRO DE NÓS ....
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