domingo, 14 de dezembro de 2008

Eu sou a voz que clama:"Retirem os entulhos dos caminhos que vocês mesmos produziram!" (Jo.1,6-8.19-28)

Eu sou a voz que clama no deserto!” Essa é a auto-apresentação de João o batista na versão do evangelista João. O evangelista nos ajuda a aprofundar a nossa compreensão sobre esse “profeta apocalíptico-penitente”. Tentarei, mediante algumas pinceladas, apresentar a contribuição do evangelista João.
1. João surge no deserto. Insiste-se no antagonismo deserto-cidade. É subentendido que a cidade é o lugar da corrupção, do afastamento das pessoas de Deus. Na cidade, com seus barulhos e correrias não permite ouvir a voz de Deus. Ao mesmo tempo o deserto para João surge não só como lugar de escuta e encontro com Deus, mas como elo com o passado. O povo que andou 40 anos no deserto, ou seja, permanentemente, só pode se reencontrar como nação nova no deserto.
2. João é a voz que clama. João não se apresenta como uma das muitas vozes que havia no deserto (eram numerosos os batizadores ao longo do rio Jordão), mas como a voz. A última que havia sobrado! O que poderia ser presunção torna-se consciência de possuir autoridade moral. Havia em João coerência profunda entre o falar e o agir. Isto dá credibilidade à pessoa. João, com isso, se distancia e desautoriza os charlatões da região que vendiam fáceis promessas de salvação. Ele é reconhecido pelos seus contemporâneos e pelo próprio Jesus como o último depositário do que ficou “ da consciência moral” de Israel. Ele é o último eco ensurdecedor que, a partir do deserto, clama por mudança radical em toda a face da terrano. E são os cidadãos, os urbanos, os que detestam e se distancial do deserto que acabam ouvindo o profeta.
3. João deflagra e antecipa o conflito entre Jesus e os asseclas do templo. João se vê questionado quanto à sua identidade pessoal pelos enviados da elite religiosa de Israel. Os que haviam corrompido o templo, com seu clientelismo e ritualismo industrial, tornando-o incapaz de manifestar a presença de Deus. A simples atuação de João no deserto, longe de Jerusalém e privado de “roupa adequada” já significava a falta legitimação do papel dos sacerdotes, levitas, etc. Fica bastante claro que para João eles não passam de uma classe parasita e aproveitadora. O evangelista João quer provar que desde o início a classe sacerdotal é a que mais faz resistência à construção de uma nova era para Israel.
4. Aplainar o caminho (v.23) para enxergar aquele já está no meio do povo (v.26) A salvação não vai vir de forma mágica como ato soberano e maravilhoso de Deus. Ela deve ser construída pelas pessoas. Para João fica sempre mais claro que se Israel não recuperar o itinerário espiritual na sua história e não retirar os entulhos (de intolerância, desigualdades, falta de compaixão, etc.) dos seus caminhos e que ele mesmo produziu ao longo dos séculos, não vai escapar do julgamento de Deus (da história). Aplainar os caminhos não é outra coisa a não ser retirar todo obstáculo que impede perceber que a redenção do povo já iniciou, que o líder desse movimento já está no meio deles. Que a hora é AGORA!
No deserto da crise planetária que estamos vivendo, na desolação e no deserto de vozes que clamam com autoridade e integridade moral, clamar/denunciar/anunciar/fazer ecoar que caminhos alternativos (formas inéditas de convivência humana) podem ser iniciados sem medo e sem inibições, torna-se necessário e urgente. E percorrê-los é um imperativo moral!
Approffitto di questo spazio per salutare mio cugino Enzo, mio assiduo lettore (cosí almeno immagino) e che, suppongo, abbia letto anche questo commento. Da lui aspetto alcune manifestazioni critiche che ci aiutino a approfondire e a ampliare la conoscenza e, soprattutto, la sequela di Gesú di Nazaret. Um saluto alla cara moglie Rita, alla zia Maria, e ai figli Sabrina e Massimo.

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