sábado, 14 de agosto de 2010

Assunção de Maria: preservar o corpo 'templo do espírito'!


A assunção de Maria manifesta a aspiração profundamente existencial das primeiras comunidades de salvaguardar a integralidade da pessoa: corpo e espírito. Diante da veneração alienante da supremacia do "espírito", as comunidades nos alertam que ele existe e tem sentido se os corpos são preservados e respeitados. Por serem dimensões indissociáveis, corpo-espírito, ao ameaçar uma, ataca-se a outra, e vice-versa. Uma não existe sem a outra. Querer desejar o céu desprezando "a terra", ou querer salvar o "espírito" menosprezando "o corpo" seria uma contradição e uma traição da prática evangelizadora de Jesus de Nazaré. Afinal, ele veio para salvar toda pessoa, e a pessoa toda, ou seja, não somente uma banda!

A crença na assunção de Maria ao "céu" não tem respaldo bíblico-teológico. Nem se alicerça em fatos-acontecimentos objetivos históricos, ou seja, na comprovação documental da subida física de um corpo ao céu (algo inverossímil), mas em concepções de vida. As primeiras comunidades cristãs já nos seus primórdios, em seu conturbado processo de "divinização" de Jesus, quiseram reconhecer-enaltecer o papel extraordinário que Maria teve na vida de Jesus. E, ao mesmo tempo, lançar uma mensagem de vida ao mundo: o corpo, por ser "templo-nicho do Espírito" não é algo funcional, instrumental e descartável, mas revela a presença criadora e vital do próprio Deus.

Justamente na liturgia hodierna a igreja resgata o cântico de Maria em que corpos humilhados, submissos e famintos, são elevados, libertados e fartados pela ação do espírito de Deus na vida humana. É nisso que se revela a divindade que está dentro da cada pessoa: assegurar que cada corpo seja, de fato, um templo de liberdade, de respeito, de dignidade plena e de fartura sem fim. O céu-divindade já está aqui na terra-corpo toda vez que isso acontecer. A terra-corpo está no céu-divindade toda vez que encontramos pessoas que, como Maria, são disponíveis a se tornarem templos de vida e liberdade. O céu se humaniza, e o humano descobre o divino que está dentro de si.



Um comentário:

Unknown disse...

Senhor Cláudio,eu sou universitaria e estou fazendo um trabalho sobre movimentos indigenas,Eu sou de São luis do Maranhão e gostaria de saber se você poderia contribuir para ajudar a fazê-lo emprestando um pouco de seu tempo pra explicar tudo o que sabe sobre os índios daqui do Maranhão.Agradeço desde ja,tenha uma boa semana.
Se quiser ajudar,pode mandar um email para
lah_god@hotmail.com
Obrigada