sábado, 28 de maio de 2011

VI domingo de Páscoa - Amar para viver e superar a pulsão da destruição (Jo.14, 15-26)



No ser humano parecem existir duas grandes pulsões: o amor e a morte/destruição. As duas o mantém em permanente estado de alerta. Fazem-no sentir ‘vivo’, construtor ou destruidor que seja. A vivência concreta do amor, - amar e ser amado, - o capacita a enfrentar tudo. Por amor o ser humano agüenta o sofrimento, a dor, a angústia, a morte. Aprende a compreender que tudo isso pode ter sentido se encarado por um coração que ama, ou que é amado. Isso lhe permite resistir e não desanimar ou desesperar diante dos grandes desafios existenciais. Diante de seus aparentes ou reais fracassos. E sente-se suficientemente forte para combater a outra pulsão que está dentro dele: destruir e matar. Esta se apresenta como pulsão contrária à vida. Contrária ao amor criador. As duas dimensões-pulsões convivem, inexoravelmente, dentro do mesmo ser. Poderá prevalecer ora uma ora outra, a depender das escolhas, decisões, nível de consciência, projeto de vida, educação que o ser humano herdar e/ou assumir para si e para os demais.


Os primeiros discípulos/as de Jesus procuram re-iniciar a sua vida sem poder contar com a presença física e amável do mestre. A lembrança dele continua forte, mas, inicialmente, não suficientemente inspiradora e intensa para senti-Lo ainda vivo e atuante dentro e no meio deles/as. Progressivamente, o trauma da morte violenta deixa lugar a sentimentos e expectativas inéditas. Descobrem quase que coletivamente que o amor para com o mestre se intensifica na medida em que reproduzem os seus mesmos gestos de amor e compaixão. Ao amar os não amados descobrem-no vivo novamente e eles também começam a re-viver. A pulsão destruidora é superada e suplantada pela pulsão amorosa. É uma experiência única. Só aqueles que a conhecem e a vivem podem perceber, ver e sentir a sua importância transformadora. Aos que se deixam arrastar ainda pela força da destruição, incapazes de sentir e seguir o amor que recria só lhes resta o vazio interior, o sentimento de orfandade, a não vida. A igreja hoje é chamada a ser testemunha do amor que acolhe e faz viver. Deve deixar de lado atitudes e ameaças que, embora subliminarmente, apontam para a punição, o castigo, a ameaça, o fogo eterno. É chamada a proclamar e a viver radicalmente o amor que acolhe, que recria, e dá sentido à existência humana. Um amor que só pode vir do Pai, o Deus- amor infinito. Ilimitado amor!

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