segunda-feira, 1 de junho de 2015

Uma reflexão à margem do primeiro sequestro de funcionários públicos praticado por indígenas

O governo Dino ainda não disse a que veio quanto à questão indígena. Pelo menos no que lhe cabe. É verdade, ele esteve na aldeia dos Krikati, falou e prometeu. Difícil dizer se prometeu somente para os Krikati ou foi extensivo para as demais etnias do estado. Afinal houve índios Guajajara barrados na entrada. Paradoxal, contudo, é que poucos dias após a sua visita, ocorreu o primeiro sequestro de funcionários do estado realizado por indígenas Guajajara na Terra Bacurizinho. Uma corriqueira e necessária visita ‘in loco’ para averiguar dados e informações sobre a realidade educacional indígena nas aldeias por parte de uma equipe da Secretaria de Educação se transformou num sequestro simbólico. Segundo algumas informações que me foram repassadas por indígenas da área, uma funcionária começou a bater boca com os caciques na aldeia Apertado. Diante das reações dos índios a quanto a funcionária colocava, ela teria respondido que ‘não temia caciques, que não tinha medo de morrer’, etc. Diante disso, o cacique teria reagido intimando-a a permanecer no local. Houve uma reunião na mesma noite em Grajaú e se chegou a um entendimento. Algo esperado. O acontecimento, contudo, revela uma certa falta de tato, de preparação e de diplomacia por parte dos representantes da Secretaria da Educação com os indígenas nessas horas de tensão e conflito. Se é importante ser claro e firmes no que se acredita ser o correto, é também verdade que não é preciso desafiar o interlocutor e ostentar superioridade. Não será também nesse governo que teremos funcionários qualificados e com moral para debater em pé de igualdade questões centrais da realidade indígena no estado.

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