quarta-feira, 10 de maio de 2017

Ainda o triplex - Trechos do depoimento do Lula à PF

"Quando eu fui a primeira vez [visitar o triplex], eu disse ao Léo [Pinheiro, ex-presidente da OAS] que o prédio era inadequado porque além de ser pequeno, um triplex de 215 metros é um triplex 'Minha Casa, Minha Vida', era pequeno, muito pequeno, os quartos, a escada muito, muito... Eu falei 'Léo, é inadequado para um velho como eu, é inadequado'. O Léo falou: 'Eu vou tentar pensar um projeto pra cá.' Quando a Marisa voltou lá não tinha sido feito nada ainda. Aí eu falei para Marisa: 'Olhe, vou tomar a decisão de não fazer [a compra], eu não quero'. Uma das razões é porque eu cheguei à conclusão que seria inútil para mim um apartamento na praia, eu só poderia frequentar a praia dia de finados, se tivesse chovendo. Então eu tomei a decisão de não ficar com o apartamento."

"Eu acho que eu estou participando do caso mais complicado da história jurídica do Brasil, porque tenho um apartamento que não é meu, eu não paguei, estou querendo receber o dinheiro que eu paguei. Um procurador disse que é meu, a revista Veja diz que é meu, a Folha diz que é meu, a Polícia Federal inventa a história do triplex que foi uma sacanagem homérica. Inventa a história de uma off­shore do Panamá que veio pra cá, que tinha vendido o prédio, toda uma história pra tentar me ligar à Lava Jato, toda uma história pra me ligar à Lava Jato, porque foi essa a história do triplex. Ou seja, aí passado alguns dias descobrem que a empresa off­shore, não era dona do triplex, que dizem que é meu, mas era dono do triplex da Globo, era dono do helicóptero da Globo. Aí desaparece o noticiário da empresa de off­shore. A empresária panamenha é solta rapidamente, nem chegou a esquentar o banco da cadeia já foi solta porque não era dona do Solaris que dizem que é do Lula, ela é dona do Solaris que dizem que é do Roberto Marinho, lá em Parati. E desapareceu do noticiário. E eu fico aqui que nem um babaca respondendo coisas de um procurador, sabe, que não deve estar de boa fé, quando pega a revista Veja a pedido de um Deputado do PSDB do Acre e faz uma denúncia. Então eu não posso me conformar. Como cidadão brasileiro, eu não posso me conformar com esse gesto de leviandade."

"Não, 2009 consta aí, foi o seguinte: quando houve o Termo de Ajuste de Conduta [TAC] entre o Ministério Público e os cooperados, e a Bancoop deixou de mandar boleto, como a gente estava num ano eleitoral - a minha preocupação era eleger a nossa Dilma Roussef presidenta da República - eu estava pouco me lixando para Bancoop." (Sobre o porquê não decidiu, em 2009, se continuaria com a cota parte do empreedimento e pagaria uma diferença à OAS ou se venderia a cota). "Se tem alguém que pode me processar é a OAS, ela falava o seguinte: 'Eu estou tendo prejuízo com o apartamento, você vai pagar.' Agora, eu quero o apartamento agora, alguém vai me dar, ou o Ministério Público vai me dar, ou a Veja vai me dar, ou a Globo vai me dar, mas eu preciso do apartamento agora e quero saber quem vai pagar essa porra desse apartamento. Eu quero saber."

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