sábado, 23 de dezembro de 2017

Natal, mais uma vez....

O nascimento de uma criança sempre traz expectativas e esperanças para familiares e vizinhos. Mesmo quando é fruto de uma gravidez indesejada. Ou quando nasce numa realidade social desesperadora. Ao nascer, aquela criança nos faz esquecer temores e dúvidas. Somos levados a ver nela um ser que poderá realizar o que nós não conseguimos ao longo da nossa vida. Afinal, nos aparece como o prolongamento dos nossos sonhos e projetos. O nascimento da criança Jesus retrata plenamente tudo isso. Jesus foi concebido no ventre de uma adolescente (com cerca de 12 anos, pois esta era idade média de casamento para mulheres) cujo nome era sinal de desgraça: Miriam, ou Maria. Este era o nome da irmã de Moisés que morreu de lepra, uma amaldiçoada aos olhos do povo. Na Escritura nunca mais aparece outra mulher com esse nome. Dava azar. Deus, agora, escolhe uma ‘amaldiçoada’ para ser mãe do seu filho! Maria era noiva oficial de José, mas o nenê não é do noivo. José sequer lhe dá o seu nome (Jesus = Javé salva), como o pai fazia à época. Deus escolhe uma ‘mãe solteira’ - merecedora de apedrejamento, segundo a lei, - para ser educadora do seu filho! Nazaré é o lugar onde tudo isso se deu. Estranhamente, só aparece aqui, nesse contexto. Era uma aldeia tão insignificante que nunca é citada em nenhum livro da Bíblia. Deus escolhe um ‘lugar invisível e perdido da Galileia dos pagãos sem fé’ para preparar o seu filho aos grandes valores do Reino. A história-catequese do nascimento de Jesus parece uma grande contradição, mas com ela nós aprendemos o seguinte: 1. Deus escolhe o que é sem valor aos olhos das pessoas para levar adiante os verdadeiros valores do Reino. 2. Deus não escolhe os que vivem nos palácios e nos templos, - aparentemente vitoriosos e santos, - mas os derrotados e impuros para serem ‘boa-nova’ para todos. 3. Todos nós, homens e mulheres, com nossas falhas e contradições, somos capazes e dignos de gerar mais esperança e mais vida. Nós podemos ser as ‘Miriam- Marias’ que não utilizam desculpas, e aceitam a missão de ser mãe-pai, educadores e cidadãos conscientes de um novo povo! 
Feliz e cristão Natal!

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