sábado, 4 de fevereiro de 2023

V domingo comum - Sermos 'sal que conserva' coerência e fidelidade, e exemplos luminosos de serviço e solidariedade (Mt. 5,13-16)

Diante dos grandes desafios da vida, ou mesmo, das grandes crises da humanidade, existe em nós a tendência de seguir a mentalidade comum, ou de obedecer às próprias intuições e instintos, muitas vezes manipulados e perigosamente individualistas. Tentamos, afinal, nos dar bem para não experimentar derrotas pessoais, sofrimentos, e decepções. Dificilmente, recorremos a testemunhos coerentes, exemplos de vida, gestos e palavras iluminadores do presente ou do passado para procurar uma saída, ou dar um sentido à nossa existência. Jesus, no evangelho desse domingo, nos diz em alto e bom som que em nada adianta ‘proclamar as bem-aventuranças’ (evangelho de domingo passado) e, depois, não acreditar nelas. Ao não por em prática as bem-aventuranças é como ser ‘sal que perdeu o sabor’. O sal é, aqui, metaforicamente usado por Jesus como o elemento que ‘conserva’ a comida, muito mais do que como o que dá sabor! Dito de outra forma: a nossa missão é ‘conservar o conteúdo evangelicamente explosivo das bem-aventuranças’, e não seguir nossos interesses e nossas ilusórias intuições pessoais. 

Em época de crise profunda é necessário conservar fidelidade ao que sempre se demonstrou verdadeiro, autêntico, coerente e construtivo. Dessa forma podemos nos tornar um exemplo-testemunho ‘luminoso’ para tantas pessoas que são vítimas das trevas da intolerância, do ódio, da permanente competição. Aqueles 'pobres em espírito' que compreenderam o alcance e a importância de viver a solidariedade e a compaixão com tantos aflitos, famintos, deserdados, mansos, puros de coração não podem se esconder. Não podem se omitir na hora da provação, do embate, da perseguição e da defesa do injustiçado. O mundo como um todo precisa de sinais coerentes e corajosos não para que as testemunhas das bem-aventuranças sejam glorificadas e exaltadas, mas para que o Pai seja louvado. Para que o mundo compreenda que não é a governança dos imperadores e dos poderosos que ajuda a humanidade sair das trevas, mas a governança daquelas comunidades de amor, de respeito, de acolhimento que começam a servir e a proteger como o Pai faria se estivesse visível aos nossos olhos. 


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