quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Com 100 mil agricultoras em Brasília, Marcha das Margaridas cobra acesso à terra e combate à violência

 



Brasília amanheceu, nesta quarta (16), com 100 mil mulheres caminhando em passeata até o Congresso Nacional. Com chapéus de palha e roupas de cor lilás dando o tom estético do ato, a sétima edição da Marcha das Margaridas – composta por agricultoras, ribeirinhas, quilombolas, indígenas, marisqueiras, entre outras – tem como tema "Pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver". Participam, ainda, representantes de movimentos populares de 33 países. 

A agricultora Neri dos Santos viajou do Acampamento produtivo Dom Tomás Balduíno, em Formosa (GO), para participar do ato, cujas atividades começaram na terça (15). "Estou aqui lutando pela terra", ressalta ela, que há oito anos espera que sua comunidade seja regularizada como assentamento da reforma agrária."É difícil, mas quem quer as coisas tem que correr atrás. A gente tem filho, tem neto, e a gente precisa de uma terra para mor de sobreviver dentro dela. Na cidade não dá para viver", diz a camponesa. Para Neri, que participa do ato há anos – "em todas as Margaridas eu estou dentro" – o fim da violência contra as mulheres é ponto central da luta das mulheres da cidade, do campo, da floresta e das águas. "Estupro, feminicídio, as coisas muito difíceis. Então a gente precisa lutar para não ver as companheiras morrerem, como estão morrendo. Não é fácil, além de trabalhar, ainda ser morta pelo companheiro", denuncia. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados 1.437 feminicídios no país em 2022, um aumento de 6,1% em relação ao ano anterior.

Walkíria Alves foi para a Marcha das Margaridas saindo da cidade de Cabo de Santo Agostinho (PE), onde, segundo ela, 35% da população vive na área rural. Os saberes do trabalho com a terra passaram por gerações de sua família até chegaram a ela. Seus avós são da área rural de Garanhuns, agreste pernambucano. Hoje Walkíria está a frente da Secretaria de Mulheres do seu município. "A gente está aqui porque, além de serem as nossas raízes, estamos na retomada da democracia neste momento de luta, de estarmos juntas e de dizer que a gente não vai aceitar nenhum direito a menos", diz Walkíria. (Brasil de fato)


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