quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Desmonte ambiental de Bolsonaro fez Amazônia dobrar emissões de gás carbônico, diz estudo publicado na Nature

As emissões de gás carbônico da Amazônia brasileira mais do que dobraram nos anos de 2019 e de 2020, os dois primeiros anos de governo Jair Bolsonaro (PL). A conclusão é de um estudo publicado nesta quarta-feira (23) na revista Nature. A autoria da pesquisa é de Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em parceria com mais de 20 pesquisadores de outras universidade e institutos.

"Nossos resultados indicam que um enfraquecimento na aplicação da lei levou ao aumento do desmatamento, queima de biomassa e degradação florestal, o que aumentou as emissões de carbono e aumentou a seca e o aquecimento das florestas amazônicas", diz o resumo do artigo. O trabalho científico calculou as médias de emissões entre 2010 e 2018, anos das gestões Michel Temer e Dilma Rousseff, e as comparou com o biênio do início do governo Bolsonaro.

Desmatamento e commodities agrícolas em alta - Os autores atribuem a destruição da floresta ao desmonte ambiental que marcou administração bolsonarista. Bolsonaro congelou o Fundo Amazônia, criou entraves para a fiscalização do Ibama e se referia aos fiscais ambientais como "indústria da multa". Os dados mostraram ainda aumento de 122% nas emissões de carbono, de 80% no desmatamento e de 42% nas áreas queimadas. A exportação de madeira bruta cresceu 693%. No lugar da floresta, a pesquisa aponta crescimento do rebanho bovino (13%) e das áreas plantadas de soja (68%) e milho (58%). Os itens são commodities do agronegócio que se valorizaram no mercado mercado externo. Por outro lado, os números da fiscalização ambiental caíram. De 2010 a 2018, a média anual de autos por infração ambiental foi de 4,7 mil. Nos dois primeiros anos de Bolsonaro, o número caiu para 3,3 mil.

Amazônia ocidental virou emissora de carbono - Os cientistas relataram ainda que houve aumento do desmatamento na porção oeste da Amazônia, que era até então a área mais preservada, onde estão Roraima, Amazonas, Rondônia e Acre. Até então a porção oeste da floresta era neutra em termos de emissão de gás carbônico, pois as áreas de mata nativa compensavam as emissões humanas. Agora, segundo o estudo, a região se transformou em emissora de gases que provocam o aquecimento global.


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