A narração evangélica hodierna apresenta os primeiros passos e escolhas estratégicas de Jesus para poder implementar o seu projeto de mobilizar Israel (ou alguns setores sociais) em vista da sua reconstrução, sobre novas bases sociais e religiosas.
Marcos informa de imediato que “Jesus pregava a boa nova” (v.14) em contraposição a João que, implicitamente, pregava a “vinda irada, punitiva e seletiva de Deus”. Abre-se, com isso, uma nova etapa na história da nação israelense. Seu início se dá de um lado com a prisão de João o batista, na Judéia, que marca o fim de uma era. E do outro, com o deslocamento físico e teológico de Jesus à Galileia, ao norte. Encerrado o capítulo-presença de João, Jesus parte para outro lugar, com outro público, outros discípulos, com outros conteúdos e metodologia. Chegou o novo para Israel! Uma página inédita está sendo escrita na história da nação! Aqui começa uma nova chance, talvez a última, para um povo que vivia dominado e sem esperança.
A justificativa que Jesus utiliza para iniciar essa nova era anunciando “a boa nova” é que o “tempo está maduro” (v.15), ou seja, que havia chegado a hora histórica certa (“quem sabe faz a hora, não espera acontecer”). Em outras palavras, na análise-entendimento de Jesus as condições sociais e históricas eram as ideais para que ela (boa nova) fosse acolhida e aceita pelas pessoas.
A seguir, Jesus explica em que consiste a boa nova: é a realeza de Deus que está próxima de nós (sentido local e não temporal!), ou seja, está ao nosso alcance e já podemos tocá-la e constatá-la fisicamente. A realeza de Deus e não é reino em si – que expressa um espaço geopolítico em que alguém governa – é o modo (novo) de governar-administrar de Deus. Nesse sentido, Deus mediante critérios e mediações próprias iria tomar em suas mãos o destino-futuro de Israel. Jesus nos dirá e provará que os “mikroi-pequenos” são a mediação no novo jeito de governar de Deus. Este é o conteúdo e a prática central da boa nova (em grego: eu-aggelion) de Jesus.
Com isso, as pessoas que ouviam e acolhiam este anúncio-proclamação deviam entrar numa nova dinâmica e ótica de vida, (“convertei-vos e credes na boa nova...”, ou seja, fé plena na proximidade da realeza de Deus), assumindo novas atitudes e fazendo novas escolhas existenciais! Em outras palavras, as pessoas deviam redirecionar (no grego: metanoia) o seu projeto de vida e readequá-lo em vista desse inédito anúncio.
Marcos apresenta como numa pintura impressionista um novo quadro, ou seja, Jesus ”passando ao longo do mar da Galiléia...” (v.16). É algo coerente com o quadro anterior (o anúncio da boa nova), pois representa plástica e historicamente o que significou para algumas pessoas acolher a boa nova, converter-se e crer no evangelho. É o chamado dos primeiros discípulos que são escolhidos, oportunamente, na Galiléia “dos gentios”, nas camadas sociais mais sensíveis às mudanças sociais e políticas, e as mais inconformadas com a dominação romana e com o monopólio religioso e jurídico sacerdotal de Jerusalém, que o exercia a partir do sistema do templo. Marcos apresenta com rápidas pinceladas um convite ao discipulado que, na realidade, deve ter exigido por parte de Jesus boa capacidade de persuasão, articulação prévia e lucidez incomum para convencer um grupo extremamente heterogêneo a aceitar o seu seguimento.
Há claros indícios de que a intenção teológica de Marcos era mostrar que os primeiros seguidores de Jesus refletiam a própria heterogeneidade e contradições que existiam em Israel, e a própria inconformidade e hostilidade de Jesus, o galileu, com as estruturas políticas e religiosas centralizadoras e dominadoras de Israel. Estrategicamente falando os discípulos escolhidos tinham a cara das pessoas a quem Jesus havia decidido “motivar e mobilizar” e representariam simbólica e efetivamente a vontade-necessidade de mudança de Israel que viria por meio de pessoas simples, consideradas impuras pelo templo, suspeitas e perigosas pelos romanos, mas centrais para o plano de Jesus.
Estes, longe de abandonar emprego, família, esposas e filhos - uma forma literária para sinalizar a nova e radical identidade-conversão - entreveram a partir do contato com Jesus, que a sua inconformidade e indignação poderiam ser canalizadas na construção de novas consciências coletivas em favor da efetivação histórica da realeza de Deus ao se tornarem “pescadores de homens” (v.17). Essa realeza, afinal, se manifestaria mediante mediações históricas, através de homens e mulheres apaixonados por um novo jeito de gerir a humanidade em que os príncipes e governadores “desse mundo” seriam definitivamente destronados com o ingresso do próprio Deus e de seus fiéis na história.
Marcos informa de imediato que “Jesus pregava a boa nova” (v.14) em contraposição a João que, implicitamente, pregava a “vinda irada, punitiva e seletiva de Deus”. Abre-se, com isso, uma nova etapa na história da nação israelense. Seu início se dá de um lado com a prisão de João o batista, na Judéia, que marca o fim de uma era. E do outro, com o deslocamento físico e teológico de Jesus à Galileia, ao norte. Encerrado o capítulo-presença de João, Jesus parte para outro lugar, com outro público, outros discípulos, com outros conteúdos e metodologia. Chegou o novo para Israel! Uma página inédita está sendo escrita na história da nação! Aqui começa uma nova chance, talvez a última, para um povo que vivia dominado e sem esperança.
A justificativa que Jesus utiliza para iniciar essa nova era anunciando “a boa nova” é que o “tempo está maduro” (v.15), ou seja, que havia chegado a hora histórica certa (“quem sabe faz a hora, não espera acontecer”). Em outras palavras, na análise-entendimento de Jesus as condições sociais e históricas eram as ideais para que ela (boa nova) fosse acolhida e aceita pelas pessoas.
A seguir, Jesus explica em que consiste a boa nova: é a realeza de Deus que está próxima de nós (sentido local e não temporal!), ou seja, está ao nosso alcance e já podemos tocá-la e constatá-la fisicamente. A realeza de Deus e não é reino em si – que expressa um espaço geopolítico em que alguém governa – é o modo (novo) de governar-administrar de Deus. Nesse sentido, Deus mediante critérios e mediações próprias iria tomar em suas mãos o destino-futuro de Israel. Jesus nos dirá e provará que os “mikroi-pequenos” são a mediação no novo jeito de governar de Deus. Este é o conteúdo e a prática central da boa nova (em grego: eu-aggelion) de Jesus.
Com isso, as pessoas que ouviam e acolhiam este anúncio-proclamação deviam entrar numa nova dinâmica e ótica de vida, (“convertei-vos e credes na boa nova...”, ou seja, fé plena na proximidade da realeza de Deus), assumindo novas atitudes e fazendo novas escolhas existenciais! Em outras palavras, as pessoas deviam redirecionar (no grego: metanoia) o seu projeto de vida e readequá-lo em vista desse inédito anúncio.
Marcos apresenta como numa pintura impressionista um novo quadro, ou seja, Jesus ”passando ao longo do mar da Galiléia...” (v.16). É algo coerente com o quadro anterior (o anúncio da boa nova), pois representa plástica e historicamente o que significou para algumas pessoas acolher a boa nova, converter-se e crer no evangelho. É o chamado dos primeiros discípulos que são escolhidos, oportunamente, na Galiléia “dos gentios”, nas camadas sociais mais sensíveis às mudanças sociais e políticas, e as mais inconformadas com a dominação romana e com o monopólio religioso e jurídico sacerdotal de Jerusalém, que o exercia a partir do sistema do templo. Marcos apresenta com rápidas pinceladas um convite ao discipulado que, na realidade, deve ter exigido por parte de Jesus boa capacidade de persuasão, articulação prévia e lucidez incomum para convencer um grupo extremamente heterogêneo a aceitar o seu seguimento.
Há claros indícios de que a intenção teológica de Marcos era mostrar que os primeiros seguidores de Jesus refletiam a própria heterogeneidade e contradições que existiam em Israel, e a própria inconformidade e hostilidade de Jesus, o galileu, com as estruturas políticas e religiosas centralizadoras e dominadoras de Israel. Estrategicamente falando os discípulos escolhidos tinham a cara das pessoas a quem Jesus havia decidido “motivar e mobilizar” e representariam simbólica e efetivamente a vontade-necessidade de mudança de Israel que viria por meio de pessoas simples, consideradas impuras pelo templo, suspeitas e perigosas pelos romanos, mas centrais para o plano de Jesus.
Estes, longe de abandonar emprego, família, esposas e filhos - uma forma literária para sinalizar a nova e radical identidade-conversão - entreveram a partir do contato com Jesus, que a sua inconformidade e indignação poderiam ser canalizadas na construção de novas consciências coletivas em favor da efetivação histórica da realeza de Deus ao se tornarem “pescadores de homens” (v.17). Essa realeza, afinal, se manifestaria mediante mediações históricas, através de homens e mulheres apaixonados por um novo jeito de gerir a humanidade em que os príncipes e governadores “desse mundo” seriam definitivamente destronados com o ingresso do próprio Deus e de seus fiéis na história.
Notas: a partir de hoje estamos tentando adotar as novas normas ortográficas unificadas para a língua portuguesa.
Um comentário:
parabens por esta bela postagem.
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