sábado, 2 de outubro de 2010

Uma 'pequena-grande fé' para produzir o impossível (Lc.17,5-10)


"Aumenta-nos a fé’! Assim suplicam os discípulos de Jesus. Não é para menos. Jesus acabava de alertar de que era preciso perdoar radicalmente (filho pródigo), que era urgente ser vivo e competente na administração do novo reino (o administrador esperto), e que o desejo doentio por riquezas impede o discípulo de enxergar os pobres que vivem à porta da sua casa (Lázaro e o rico). Para construir o reino de Deus que se contrapõe aos reinos dos concentradores de riquezas, de poder, de egoísmo e de intolerância era preciso criar novas relações humanas e sociais. O discípulo de Jesus devia apreender a preencher os enormes abismos criados pela ação egoísta e cega de alguns humanos sobre outros.

Os discípulos compreendem que Jesus não esconde as duras condições e exigências para quem quer segui-lo até o fim. É preciso, portanto, ter fé naquilo que Ele aponta. Nas suas metas e modalidades. Confiar ‘cegamente’ de que é possível produzir o que humanamente parece impossível. Uma ‘grande fé’ do tamanho de um grão de mostarda – a menor das sementes - seria suficiente para produzir o inesperado, o incalculável. E, ao conseguir o ‘impossível’, - como resultado da sua fé no Mestre e nas suas orientações e exigências, – o discípulo precisa manter a cabeça no lugar. E os pés no chão.

Muitos, com efeito, acabam atribuindo a si próprios a capacidade de produzir ‘coisas grandiosas’. Acham que, por isso, merecem destaque e reconhecimento. Essa, todavia, é a prática dos que seguem a lógica do anti-reino. Dos filhos das trevas: que acumulam riquezas, que não enxergam as necessidades alheias, que não sabem perdoar de forma radical. Ao contrário, para os seguidores de Jesus, pede-se serviço gratuito, sistemático e radical. Que não conhece descanso. Que não procura reconhecimento e gratificações. Afinal, entra-se na força-tarefa do reino de Deus para servir, para ter compaixão, para enxergar os lázaros que ninguém enxerga. Nisso o mundo vai descobrir a ‘utilidade’ desses servidores. Nisso estará a consciência do ‘dever cumprido’

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