segunda-feira, 12 de setembro de 2011

XI Romaria de Piquiá re-afirma compromisso da igreja católica em favor das vítimas do 'neo-desenvolvimento'



Cerca de 10.000 pessoas se concentraram entre o dia 10 e 11 de setembro em Piquiá para participar e celebrar a XI Romaria da terra e das águas do Maranhão. Todas as dioceses do nosso estado estavam lá, nesse minúsculo, mas representativo povoado de Açailândia. Animação e criatividade na liturgia. Fluidez e dinamicidade nos diferentes depoimentos e apresentações das representações diocesanas ao longo da noite de 10 para 11. Determinação e clareza nas denúncias contra quem, em nome de um fantasmagórico desenvolvimento, vem produzindo novas formas de dependência e escravidão. Comprometimento decidido da igreja católica ao lado das vítimas desse ciclo de novo milagre econômico. Apoio aos indígenas em cujos territórios a espoliação reina inconteste. Solidariedade aos quilombolas cujos territórios não só não são reconhecidos, mas são sistematicamente invadidos ameaçando a vida e o futuro de seus tradicionais ocupantes. Aliança renovada com todas aquelas comunidades rurais que pagam na pele e na dignidade ferida as conseqüências da implantação de grandes projetos e obras. Uma Romaria que veio para confirmar a decisão da igreja católica já tomada e reafirmada em outros momentos, mas que agora assume um significado especial.


De fato, parece existir um certo deslumbre no Estado com tudo o que cheira a projetos, programas federais, industrialização, etc. Principalmente nesse Estado, com índices sociais e econômicos, e de desenvolvimento humano entre os mais baixos. Muitos entendem que é o momento oportuno para que o estado cresça e se firme definitivamente, garantindo a esses habitantes, emprego, segurança, estabilidade, fartura. Poucos dão fé que não há e não haverá espaço para todos nessas empreitadas econômicas e sociais. Que o preço a ser pago por todos para conseguir alguma coisa será alto. Alto demais. @s romeir@s de Piquiá vieram aqui para dizer que não são contra o crescimento, desde que seja integral e para tod@s. Que não são contra a industrialização, desde que seja respeitosa do ambiente e dos direitos trabalhistas. Que não são contra os programas sociais desde que não sejam uma forma para manter manso e dependente um povo que quer ser reconhecido como sujeito ativo, produtivo, criativo, capaz. Outras Romarias virão. São aquelas promovidas todos os dias por comunidades e pessoas inconformadas à procura de justiça e dignidade. E com a bênção do Criador!

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