sábado, 21 de janeiro de 2012

Chamad@s para ser 'boas novas'! (Mc. 1,14-20)

Descrição sucinta e hermética. De conteúdo contundente, alvissareiro e de amplo respiro. Assim poderíamos definir o trecho evangélico hodierno de Marcos. Por trás da descrição concisa uma densidade de atitudes, de conceitos, de posturas, de decisões. Com pinceladas rápidas e bem guiadas Marcos nos faz compreender o contexto do início da vida missionária de Jesus. Um ciclo histórico e profético havia se completado. O ‘velho testamento’ já fazia parte do passado. Voltava-se página, definitivamente. Inicia-se uma nova era para a humanidade, graças a Jesus. Mas graças também àqueles homens e mulheres que partilharam com Jesus os seus mesmos sonhos, suas visões e esperanças.
O ‘fenômeno’ Jesus de Nazaré tornou-se possível, portanto, graças também a um grupo inicial de pescadores da Galileia. Estes, desde logo, se identificaram com as expectativas do seu correligionário. ‘Seduzidos’ pelo seu jeito afável e firme e pela sua liderança iluminada, aderiram a ele e sustentaram-no. O evangelista é claro em afirmar que se de um lado a iniciativa de convocar este grupo inicial de seguidores partiu de Jesus, do outro lado, foi graças à adesão incondicional e radical desses ‘pescadores’ que tornou possível a inauguração de um momento novo. O anúncio libertário da ‘boa-nova’ para aquela massa dominada e excluída do Norte de Israel. Com Jesus, Deus iniciava o seu novo jeito de governar. E isso se tornou sinônimo de oferecimento de esperança radical no futuro construído pelo Deus de Jesus em favor daquele povo que só havia ouvido ‘más novas’. Nunca como antes, a realeza de Deus estava ao alcance das pessoas. Estava próxima, bem perto delas. Possível de ser ‘construída’ e usufruída. Tratava-se de compreender isso e investir maciçamente.
Sem abandonar, - no sentido literal do termo, - família, pais e emprego, esses pescadores começam a colocar como prioridade definitiva de sua vida a construção de uma humanidade justa, misericordiosa e fraterna. Com isso tornam-se eles mesmos, com Jesus, ‘boa-nova’ para os seus correligionários. Mostram como a salvação que eles esperavam e almejavam desde os tempos mais antigos começava e se realizava por seu próprio intermédio. Sem realizar grandes sinais, com realismo, na discrição do dia-a-dia, na assunção de suas responsabilidades sociais, familiares e religiosas, na firmeza dessa nova consciência-convicção muitos ‘ Pedro e André, João e Tiago’ tornaram definitivamente tangível o jeito novo de Deus estar com o seu povo, protegendo, acolhendo e guiando.

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