segunda-feira, 16 de abril de 2012

Missionários Combonianos deixam a igreja de São João - ' Ó meu São João, meu São João.....'


Ontem, 15, na igreja de São João Batista, São Luis, os missionários combonianos fizeram a entrega formal da paróquia aos padres da Arquidiocese. Após 38 anos de presença acharam que os tempos estavam maduros para dar espaço a outras novas forças. E se colocarem à disposição para novos e mais desafiadores campos para a sua missão. A igreja de São João ao longo desses anos deixou de ser um mero templo. Um espaço reservado ao culto. Graças a um conjunto de fatores e circunstâncias históricas São João exerceu o papel de verdadeiro ator social, tendo o seu ápice no final dos anos 70 e início dos 80. Abrigo dos inconformados com a ditadura militar deu voz e incentivo a estudantes, dignidade e respeito a menores que viviam na rua, aos sem casa provenientes do interior do Estado que ocupavam o solo urbano dessas enormes periferias. Sendo, enfim, um ‘espinho’ permanente na igreja hierarquia de então que, por conveniência e medo, não se expunha. Em que pese a diversidade dos padres combonianos que passaram por lá uma coisa ficou garantida até hoje: a sensibilidade com a realidade social e política da cidade, a capacidade de envolver pessoas e forças sociais que acreditavam numa igreja fermento transformador e, finalmente, no princípio-prática da participação dos leig@s. A cidade de São Luis e o seu centro histórico onde a igreja-paróquia está inserida, sofreu inúmeras e variadas mudanças ao longo desses anos. Esvaziamento demográfico, violência e insegurança, negligência pública com o patrimônio histórico-cultural, opções sociais novas, têm contribuído para afastar e desmotivar também um número sempre maior de fiéis que acabam freqüentando somente as celebrações sem maiores formas de engajamento e envolvimento pessoal. Certamente uma nova identidade eclesial está sendo moldada também para a igreja de São João e para outras igrejas presentes no centro histórico da capital. O temor é que em lugar de serem espaços em que se denuncia o abandono e o descaso com pessoas e prédios, - e se anuncia a liberdade e a vida a um verdadeiro exército de vítimas da droga, da prostituição, da AIDS, - essas igrejas se transformem em templos para satisfazer a mera demanda cultual. Haveria uma ruptura com a prática evangélica e a exposição de uma contradição aparentemente insanável.

Um comentário:

Glacy disse...

Que o trabalho de tantos anos não retroceda, pois observo que os diocesanos se importam mais em manter as mordomias do que em continuar o projeto de Jesus.