quinta-feira, 3 de abril de 2014

Krenyê- Os boatos criados em Vitorino Freire acerca das terras a serem desapropriadas se derreteram como neve ao sol na sala do juiz federal

Não deu outra. Como se havia já anunciado tudo não passou de uma bola de neve que derreteu rapidamente na sala do juiz federal José Carlos Madeira e na presença do procurador da República Alexandre Silva Soares, hoje de tarde. A numerosa comitiva vinda de Vitorino Freire formada por prefeitos, vereadores, deputados estaduais e advogados, deu uma clara demonstração da sua inépcia. Bastou reler parte da portaria da FUNAI que criava o grupo de trabalho para estudar a possibilidade de encontrar uma terra para os Krenyê para desfazer o teatro dramático que haviam criado nesses últimos tempos naquela região. Após uma rápida vista o juiz Madeira declarou que a linguagem era sim um tanto técnica e que podia dar margem para os não adeptos a possíveis outras interpretações, mas declarou-se surpreso com tamanha presença de pessoas, pois o teor da portaria não apontava para ‘possíveis  expulsões ou desapropriações’ como os membros da comitivas imaginavam ver. Na realidade  a reunião não havia sido convocada para ‘eles’ mas para fazer o ponto da situação do povo Krenyê. Serviu, afinal, para fazer um esclarecimento definitivo que afasta qualquer hipótese de algum dia a União mexer nas terras da região de Bom Lugar, Pedra do Salgado e outras daquela região Resta a dúvida quanto à finalidade e às intenções daqueles que andaram criando o pânico naquela região, convocando centenas de pessoas, ameaçando e se armando contra um possível inimigo que nunca iria aparecer. 
Sabemos como se mexem os políticos profissionais principalmente em tempos de eleições. Eles devem dar recados e sinais claros aos seus protegidos eleitores, nem que seja inventando inimigos externos fantasmas, como foi esse caso. Era suficiente uma ligação ou uma audiência com o Procurador da República autor da ação que pedia justamente uma terra para os índios Krenyê que ele teria desfeito o ‘auê’ criado na região. Preferiram a mobilização de pessoas mesmo que essa custasse desgaste e sofrimento para as famílias locais e mesmo que a partir de boatos intencionais se criasse um clima anti-indígena para reforçar o já consolidado racismo. Agora só falta voltar para Vitorino Freire em carro de bombeiro, pipocando foguetes e dizer para aquele povo que eles e só eles conseguiram reverter uma situação que iria ser calamitosa para aquele povo. Com tais amigos do povo não precisamos de ‘inimigos’! Eles já estão entre nós. Detalhe final: talvez para comprovar isso, pediram para tirar uma foto histórica com os dois representantes Krenyê. Talvez o mais correto tivesse sido pedir perdão por tê-los expulsos de suas terras cerca de 70 anos atrás. Mas o voto fala mais alto do que a força moral em certas pessoas....! 

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