sábado, 22 de novembro de 2014

Festa de Cristo rei do universo - Assumir os valores que contam, e arcar com as consequências, no bem e no mal! (Mt. 25, 32-46)

Não há como negar que a Palavra de hoje é dura. Aparentemente não é uma ‘boa nova’, pelo menos para os’ cabritos’. É também verdade que a palavra hodierna é uma ‘parábola’ e não uma descrição do que efetivamente poderá acontecer no julgamento final, cujo dia ‘nem o Filho do Homem sabe o dia e a hora’! Uma parábola que reflete fielmente a nossa realidade humana cotidiana, ou seja, a nossa procura incessante por valores e opções de vida que nos realizem e nos façam sentir felizes. Afinal, Jesus nos pergunta: sobre quais pilares você está construindo, hoje, a sua vida? Saiba que a depender disso você terá que arcar com conseqüências lamentáveis ou fazer a experiência da plena realização humana e espiritual. Da mesma forma que ocorre quando uma pessoa brinca demais com a vida: fuma, usa drogas, corre em alta velocidade, tira proveito de tudo e todos, mente, não é precavido. Chega uma hora em que a dependência o domina, a doença o martiriza, um incidente grave o torna inválido, perde a amizade e a estima das pessoas, entra em colapso psicológico. Isto não é castigo ou condenação divina. É o preço (condenação) que pagamos por nós mesmos ter feito opções erradas, por não ter investido nos verdadeiros valores que contam e que dão sentido ao nosso existir. 

Na parábola Jesus nos diz quais são os valores que para Ele são a base para a construção e o desenvolvimento de um ‘reino de felicidade e paz’ e, ao mesmo tempo, de felicidade interior plena. Dar de comer ao faminto, dar água ao sedento, acolher e proteger o estrangeiro, vestir o nu, visitar o detento e acudir o doente são os ‘sinais concretos da misericórdia’ divina e humana. São essas ações que são capazes de transformar vidas. São expressões de amor não dirigidas para si, para estar de bem consigo mesmo, mas manifestações voltadas para fora, para os outros. Para fazer a felicidade do outro que é mais frágil e mais desprotegido. Ao fazer isso, os dois, - o que oferece e o que recebe, - fazem a experiência da plenitude de vida e felicidade. Isto se choca com a filosofia de vida de muitos e com a prática humana pós-moderna, onde ‘investir em si’ está acima de tudo, e ajudar e dar gratuitamente a quem precisa parece ser uma ameaça à própria carreira profissional. Já temos muitas pessoas-cabritos pagando por isso! Não se trata de sermos perfeitos, de sermos ovelhas obedientes e responsáveis sempre, e em todas as circunstâncias. Seria algo irreal. Mas é urgente compreender que existem valores irrenunciáveis que devem ser ‘descobertos’ e, principalmente, incorporados. A nossa vida ou a nossa morte, a nossa felicidade ou a nossa infelicidade estão em jogo. Afinal, ninguém nos julgará e nem condenará, - pois não é o modo de proceder do Deus de Jesus, - mas seremos nós mesmos a nos colocar à margem de onde flui vida plena, ou mergulhar definitivamente na paz que vem da doação e da solidariedade. 

Nenhum comentário: