sábado, 20 de dezembro de 2014

Quarto domingo de advento - colaborar com o reino mesmo não compreendendo

Existem acontecimentos em que nos vemos envolvidos e que não conseguimos compreender. Nos deixam desnorteados, mas mesmo assim percebemos que o nosso envolvimento, mesmo não desejado, é tão grande que não podemos fugir dele  e nem fingir que não nos pertencem. Sentimos que temos que intervir e reagir. Compreendemos que temos que assumir uma posição diante do acontecimento e encontrar o nosso papel nisso, mesmo sem ter clareza do seu sentido.Muitas vezes só depois de anos chegamos compreender o seu sentido e olhando para o passado reconhecemos, algumas vezes, que naquele momento que para nós era escuro, foi a mão de Deus que nos dirigiu. Só com os olhos do depois é que podemos dizer que naquele momento Deus estava se servindo desse ou daquele acontecimento, dessa ou daquela pessoa para nos dizer algo. Uma mensagem, um sinal, uma revelação que muitas vezes modifica a nossa vida para sempre. É como se um anjo venha até nós e nos diga que fomos escolhidos para uma missão que para nós ainda não é clara e, talvez, nem nos sintamos preparados. A dúvida e a insegurança que podemos experimentar no início vai se transformando progressivamente em maior lucidez e segurança na medida em que aceitamos participar ativamente no desenrolar do acontecimento. Foi assim com Maria e foi assim com José. Cada um do seu jeito.  Maria descobre que algo grandioso e espantoso está acontecendo com ela. Não compreende, mas não pode e nem consegue fugir. Aceita entrar em algo em que não tem como dar outra direção àquele acontecimento. Vem compreendendo o sentido da sua maternidade misteriosa só quando Jesus, já adulto, se torna um homem de extrema humanidade jamais vista antes. José, da mesma forma se vê inesperadamente mergulhado numa realidade que não era a que ele queria. Ele queria ser esposo e pai e, de repente, tudo parece se esvair. A sua noiva está grávida, mas não por ele. Quer fugir, mas não consegue. O amor que tem por aquela jovem fala mais alto. Uma voz interior parece lhe dizer que não precisa ser pai biológico para poder se sentir gerador de vida. José parece antecipar aquilo que Jesus já adulto diria ‘quem é meu pai, quem é minha mãe, meus irmãos?’ Aquele que escuta e pratica a palavra da vida e do amor sem limites. Esses são para nós pais, mães, irmãos!

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