segunda-feira, 19 de outubro de 2015

OS MISSIONÁR@S DO REINO DEVEM SER SERVIDORES DESPRENDIDOS (Mc.10, 35-45)

Às vezes, na vida mergulhamos em pequenas e mesquinhas disputas por um cargo, um serviço, uma função qualquer. Da mesma forma podemos sentir intimamente ciúmes porque uma outra pessoa, e não nós, levou um cargo que nós queríamos, ou foi elogiada publicamente. Certamente, muitos de nós já apostamos neste ou naquele candidato, ou numa pessoa social ou politicamente bem posicionada com o intuito de ganhar algo vantajoso com a sua eleição. Difícil, enfim, escapar de inventar ou dar asas a fofocas e a comentários negativos sobre esta ou aquela pessoa que poderia nos fazer sombra no nosso dia a dia. Esses sentimentos de ciúme, de tirar vantagem, de dominar e se dar bem na vida, - a princípio, negativos, - fazem parte, infelizmente, da nossa bagagem humana. Alguns deles surgem no nosso íntimo sem que os tenhamos desejado. Outros, porém, são cultivados e acariciados dentro do nosso coração, e se tornam opção de vida. Uma decisão pessoal consciente. Aqui está o real perigo, e o verdadeiro escândalo. Começamos a perder a nossa liberdade interior, e nos tornamos ‘vítimas’ de ambições desmedidas. Vítimas, contudo, que consentem e alimentam a força destruidora e desenfreada da ambição, da ganância, do desejo de prevalecer e de tirar proveito de tudo e de todos. Se isto é um escândalo para qualquer ser humano, o que dizer daqueles que se dizem seguidores de Jesus, e que afirmam assumir o seu mesmo jeito de ser, de trabalhar e de servir?

No evangelho de hoje Jesus nos diz que isto é incompatível! Não é aceitável querer entrar na dinâmica do Reino e, simultaneamente, manter as nossas mesquinhas ambições e desejos irrefreáveis de prevalecer e dominar os outros. A partir disso podemos entender a metodologia missionária adotada por Jesus para ‘segurar’ o anseio de dominar dos seus próprios seguidores. Eis algumas das suas características. 1. Não possuir e não se apegar a um lugar fixo, um território, uma casa ou um templo próprio para que ninguém se acomode ou chegue a se sentir ‘dono’ de algo ou de alguém. Jesus era um ‘profeta itinerante’; nem sempre ele tinha onde pousar a cabeça. 2. Não carregar dinheiro, sacolas, túnicas, sandálias (tudo no plural!) para evitar alimentar o desejo de acumular sempre mais em nome de um anúncio eficaz. Para não se sentir poderoso e achar que há sempre novas necessidades pessoais e coletivas a atender. Ao contrário, o desprendimento é para aprender a crer na partilha e na generosidade de quem nos acolhe e nos hospeda! 3. Oferecer gratuitamente tudo o que temos e somos a quem nada tem. Não desejar qualquer tipo de retorno econômico para nós, nem cargos ou reconhecimento público, e nem vantagens. Para Jesus, afinal, o que estava em jogo era a credibilidade do anunciador, do missionário. A acolhida da Boa Nova passa pela coerência de quem a anuncia e a testemunha. Dificilmente alguém iria acreditar que Deus ama os pobres se quem o anuncia não manifesta com gestos concretos a sua proximidade afetiva e efetiva com tantos largados e esquecidos.

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