sábado, 4 de março de 2017

Iº domingo de Quaresma – Não ter medo de ser ‘testados’: saber se temos estrutura para servir ou para dominar! (Mt. 4,1-11)

Faz parte da nossa existência sermos submetidos a muitas e diferentes provas. É natural sentir-se seduzido por algo ou alguém de que não gostaríamos. Ter que encarar e enfrentar desafios que exigem uma posição pessoal clara e firme nos deixa angustiados, mas é algo que não podemos evitar. As tentações de que nos fala o evangelho de hoje são, na realidade, as provas que a vida apresenta a cada ser humano que tomou decisões firmes e permanentes. Por isso que o evangelista as coloca de forma positiva, e não como um estorvo à realização das opções de vida. De fato, Mateus nos diz que foi o Espírito que conduziu Jesus ao deserto para ser ‘testado’. Quando nos diz que Jesus acolá permaneceu ao longo de 40 dias o evangelista está nos dizendo que Jesus foi testado/tentado a vida inteira. Afinal, 40 anos ou dias simbolizam uma geração inteira! Interessante observar que a palavra ‘diabo’ no evangelho de Mateus só aparece aqui, nesse contexto, e nunca mais. ‘Diabo ou diabólico’ significa ‘aquele de desarruma, que dispersa’. Entendemos, assim, que cada um de nós faz a experiência de sentir dentro de si tendências contraditórias. Aspira por algo considerado bonito, mas sente atração por algo contrário a isso. É aqui que cada um tem que dar a sua resposta decidindo qual caminho pretende trilhar. De que lado ficar. As três ‘tentações/testes’ a que Jesus foi submetido ao longo da vida inteira se resumem a uma: utilizar o seu poder religioso e político para possuir e dominar e não para partilhar e servir. Jesus, a vida inteira, teve que controlar dentro de si a ‘tentação’ de assumir explicitamente ser e exercer a sua ‘liderança religiosa e política’ para manipular, controlar e submeter pessoas e obter vantagens materiais. Mateus nos diz que as riquezas, (todos os reinos da terra)’ pertencem ao ‘diabo’ e que ele as oferece a quem aceita adorá-las. Jesus superou esta permanente tentação servindo o tempo todo, e partilhando tudo com os pobres e despossuídos. Nisto, afinal, consiste a verdadeira ‘adoração’ ao Único Pai e Senhor que não oprime e nem escraviza.. 

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