sábado, 2 de fevereiro de 2019

IV Domingo Comum – Ser profetas, não babacas domesticados! (Lc. 4,21-30)


Parece ser mesmo verdade que ‘Santo de casa não faz milagre’! Jesus o experimentou amargamente. Em sua própria terra ele foi tratado como um estrangeiro desprezível. Convenhamos, ele deu motivos de sobra para tanto! Jesus acabava de dizer que Deus já no antigo testamento ‘preferia’ as viúvas e os leprosos de fora! Jesus podia ter feito um jogo de cintura dizendo que Deus, afinal, ama a todos, indistintamente. No entanto, ele quis propositalmente interpretar os acontecimentos bíblicos do seu jeito. Quis deixar claro que entre as muitas viúvas que existiam em Israel só a uma estrangeira foi enviado o profeta Elias. E entre os muitos leprosos israelitas só um estrangeiro cheio de fé foi curado pelo profeta Elizeu. Jesus, dessa forma, condena a presunção e a arrogância dos seus patrícios tirando-lhe o monopólio do amor de Deus que eles acreditavam possuir. Mais que isso. Para Jesus eles deviam agir como o próprio Deus agiria, ou seja, cuidando e protegendo os pobres, os humilhados, os cegos, os presos, - não se importando de sua nacionalidade, - como o profeta Jesus vinha fazendo. Jesus nos mostra como, muitas vezes, são‘os de casa’ que mais combatem seus próprios profetas. Afinal, ‘os da sua comunidade’ esperam cumplicidade, agrados e favores. Não toleram a palavra franca, a que questiona, que desmascara as falsidades e as contradições. Ser profeta hoje é incomodar os acomodados que já se acham salvos. E já sabe tudo. É ter a coragem de dizer ‘não concordo’ quando a maioria vende sua alma àqueles que prometem o céu na terra! É ter coragem de defender a dignidade do pior bandido, pois ele não deixa de ser seu irmão, apesar de seus crimes. É encarar e suportar, mesmo com sangue e suor, as perseguições e as calúnias daqueles que se autodenominam ‘irmãos’ e comungam a mesma hóstia! 

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