domingo, 24 de novembro de 2019

34º Domingo comum - Que rei é esse? SOLENIDADE DE JESUS SERVIDOR DO UNIVERSO! (Lc. 23, 35-43)

Quem já afirmou, peremptoriamente, que os chefes das nações, por sua própria natureza, tiranizam e dominam as populações, jamais poderia aspirar a ser rei! Quem deixou claro para seus seguidores que Ele, o Mestre, estava no meio deles como ‘aquele que serve’, e que todos deviam ser servidores uns dos outros, jamais poderia confabular para obter um título de prestígio ou um cargo real! No entanto, seja a igreja, bem como os ‘romanos’ da época, o definem ‘Rei’. A igreja continua adotando essa terminologia arcaica e ‘demodée’ para dizer que só Jesus governa com justiça e equidade. E os ‘romanos’ de forma irônica o definem como tal justamente por ser expressão do seu contrario. Um exemplo de anti-rei, e de anti-poder. Mais coerente seria trocar, de uma vez por todas, a solenidade hodierna assumindo o real sentido da prática integral de Jesus de Nazaré ‘Jesus SERVIDOR do universo’, pois um rei jamais serve. Por isso podemos entender o sentido da imposição do ‘silêncio’ àqueles que o definiam e o compreendiam como ‘messias’, ‘ungido’, ‘filho de Davi’... Da mesma forma, entendemos porque Jesus fugia e se retirava em lugares isolados toda vez que percebia algum movimento de massa para torná-lo ‘rei’, ou seja, ‘líder político’! Jesus, de forma sagaz, sabia que no ideário popular, associada à ideia de rei estava a ideia de ‘poder’, ‘triunfo’, ‘força ilimitada’. Logicamente, para quem se entende como servidor não era possível conjugar duas práticas totalmente opostas e antagônicas. Um servidor jamais iria triunfar e dominar. Um rei-líder político jamais serviria e ocuparia os últimos lugares! Isso tem um reflexo fundamental na vida pastoral das igrejas cristãs e daqueles que se autodefinem seguidores e missionários de Jesus: rejeitar toda tentação de poder político, de megalomania, de ostentação e de privilégios. É na consciência da própria fraqueza que somos fortes. É na cruz, na perseguição e nas provações que podemos ser sinal radical de fidelidade a um povo sem esperança e sem direitos. É na acolhida misericordiosa do ‘bandido arrependido’ que podemos denunciar aqueles reizinhos mesquinhos sedentos de sangue e de punição. Para estes, só as balas de seus milicianos e as sentenças viciadas de seus juízes lambe-botas resolvem. Já para o ‘SERVIDOR DO UNIVERSO’ só a ternura, a compreensão e a infinita misericórdia de um pai que aguarda a mudança do filho até o fim!

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