sábado, 16 de novembro de 2019

XXXIII Domingo comum - Destruir o templo-religião, não reformá-lo! Lc. 21, 5-19)

Jesus, na narração de hoje, nos propõe não uma genérica desconstrução, e sim a ‘destruição’ pura e simples do templo. E de tudo o que ele representava para o Israel da época. Jesus percebe que, apesar de suas críticas radicais ao templo, os seus próprios discípulos ainda alimentavam admiração e fidelidade àquela instituição que havia se tornado com o tempo um ‘covil de ladrões’ inaceitável. Jesus deixa claro que não cabe aqui nenhuma possibilidade de ‘reforma’ ou readequação, mas a sua mera ‘destruição’. O Mestre avalia que a instituição estava tão radicalmente apodrecida e contaminada pelo clientelismo, a manipulação e a exploração que a considera irrecuperável. E sentencia a sua destruição como forma de manter viva e genuína a dimensão profunda de fé que é, afinal, o que dá sentido à vida das pessoas. Em outras palavras: destruir a religião para deixar emergir a fé, sendo que a religião negava com suas atitudes (ritos, liturgias, cobranças, festas, etc.) o surgimento da fé. A religião, em lugar de defender e proteger os mais frágeis (órfãos, pobres e viúvas) havia se tornado numa instituição exploradora e exterminadora de pessoas e consciências. Cabe, atualmente, nos avaliar com transparência e honestidade, sobre a nossa prática religiosa. Analisar e perceber se as igrejas, hoje em dia, não se transformaram, por acaso, numa instituição similar ao ‘templo’ da época de Jesus. Ou seja, instituições-templo que, em lugar de proteger e defender direitos, sonhos, e futuros de inúmeras pessoas sedentas de fé, se tornaram verdadeiros carrascos de vidas! Em lugar de serem espaços de acolhida, conforto, e solidariedade, acabaram se transformando no longo braço mercenário de governos assassinos e déspotas. Igrejas contaminadas, irrecuperáveis, não mais passiveis de ‘reconstrução’. Jesus, hoje, não titubearia em sentenciar sua eliminação e destruição. Em seu lugar, o Mestre, continuaria a proclamar e a incentivar cada pessoa a caminhar ao lado de todo sofredor, de todo desprotegido, de todo violentado, acreditando que o verdadeiro templo onde se pratica o verdadeiro culto é, e continua a ser,  ‘o corpo’ de cada filho e filha de Deus!

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