sexta-feira, 22 de março de 2024

Crescimento da dengue está relacionado com desmatamento e crise climática, diz estudo da Fiocruz

A incidência cada vez maior da dengue em áreas onde antes a doença era incomum está diretamente relacionada com as constantes ondas de calor causadas pelas mudanças climáticas e a ocupação humana crescente de áreas recém-desmatadas. Essa é a conclusão de um novo estudo por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado na semana passada na revista Scientific Reports. O estudo utilizou técnicas de mineração de dados para identificar indicadores climáticos e demográficos que pudessem explicar o crescimento do número de casos de dengue nas regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil. De acordo com a análise, a ocorrência de anomalias de temperatura por período prolongado, em especial ondas de calor, associado com a urbanização e o crescimento populacional de áreas antes ocupadas por vegetação, seriam os principais fatores que resultaram no aumento da incidência da doença entre 2014 e 2020.

“No interior do Paraná, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, o aumento de temperaturas está se tornando quase permanente. A gente tinha cinco dias de anomalia de calor, agora são 20, 30 dias de calor acima da média ao longo do verão. Isso dispara o processo de transmissão da dengue, tanto por causa do mosquito [Aedes aegypti] quanto pela circulação de pessoas”, explicou Christovam Barcellos, pesquisador da Fiocruz e um dos autores do estudo. Além do calor acima da média, o avanço do desmatamento, principalmente no Cerrado, vem favorecendo a proliferação da dengue no Centro-Oeste brasileiro. “Nessas regiões que estão sofrendo com altas de temperatura, também temos visto um desmatamento muito acelerado. E dentro do Cerrado, há as cidades que já têm ilhas de calor, áreas de subúrbio ou periferias com péssimas condições de saneamento, tornando mais difícil combater o mosquito”, afirmou Barcellos. Folha e O Globo deram mais informações sobre o estudo.(IHU)


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