sábado, 2 de maio de 2009

O 'bom pastor' (Jo 10,11-18)

Cotidianamente fazemos a experiência de nos sentir inseguros, desprotegidos, abandonados. Aspiramos a ser olhados com carinho e atenção. Gostaríamos de ser valorizados e de termos pessoas que estimamos para nos identificar e espelhar nelas. Sentimo-nos como....ovelhas sem pastor!
Jesus se apresenta como o ‘bom’ pastor em contraposição aos ‘maus’ pastores. Ser ‘bom pastor’ significa conhecer as próprias ovelhas, expor-se e dar a vida por elas, pois elas são o bem mais precioso do pastor. Conhecer as ovelhas não significa conhecer simplesmente o nome, mas conhecer suas necessidades, sonhos, projetos de vida. Não é um ’conhecer’ teórico, abstrato, genérico. É um entrar no mundo do outro, nas suas profundezas e amá-lo do jeito que ele é, com suas contradições e valores, simplesmente por ser uma ‘sua ovelha’.
O ‘bom pastor’ faz isso não por salário, nem porque aspira a algum tipo de recompensa ou reconhecimento. Nem porque nas ovelhas vê o ‘Pastor’ maior, mas simplesmente porque são ovelhas a serem amadas e acolhidas.
A intenção última do ‘bom pastor’ segundo o evangelho de João é fazer com que as ovelhas tenham um só pastor e façam parte de um único rebanho, embora pertencendo a vários apriscos, ou seja, que haja unidade na diversidade, reciprocidade na multiplicidade.
Os ‘maus pastores’, os mercenários, os assalariados e gratificados se movem a partir de outros critérios e atitudes para se relacionar com as ovelhas. Eles, ‘apascentam a eles próprios’, não lhe interessam a segurança e a proteção das ovelhas, pois elas não são vistas como bem precioso a ser valorizado e amado, e sim como mercadorias a serem exploradas e comercializadas, como oportunidades e trampolins para eles mesmos crescerem, engordarem e enriquecerem.
Não há como não fazer referência à profecia de Ezequiel. Ao reler a trajetória e história de Israel tentando descobrir as causas da deportação e do exílio forçado para muitas famílias, o profeta as detectou no comportamento dos ‘maus pastores’. Os pastores de Israel em lugar de apascentar, cuidar, proteger, curar as ovelhas magras, feridas e frágeis apascentaram a eles mesmos, comendo, bebendo, engordando e desviando recursos.
Por isso o Senhor Javé declarou: ”Vocês nunca mais serão pastores de Israel. Eu mesmo serei pastor do meu povo!”

Ao sabermos que isto é o projeto-vontade do Deus da vida cabe a nós, seus mediadores históricos, pôr em prática no dia-a-dia essa indicação, ou seja, monitorar e promover o ‘bom pastoreio’ e ‘cassar os maus pastores’ para salvaguardar a integridade física e moral das ovelhas.

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