sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Siderúrgicas de Piquiá: como ser empresas socialmente irresponsáveis!

Parece paradoxal, mas talvez seja a única saída para as famílias de Piquiá de baixo, Açailândia, Maranhão: organizar uma coleta para arrecadar dinheiro e comprar o terreno onde construir as casas numa possível transferência de famílias afetadas pela poluição intensa produzida pelas siderúrgicas locais. É que as poderosas siderúrgicas do Estado, organizadas e associadas ao SIFEMA, - o sindicato das siderúrgicas do Maranhão cujo presidente é o atual secretário estadual de Agricultura, Claudio Donizete Azevedo, - fazem corpo mole. Não acenam até o presente momento a desembolsar R$ 220.000 – duzentos e vinte mil Reais para adquirir o terreno escolhido consensualmente pelas famílias de Piquiá de baixo. Isto seria um sinal básico, mínimo, que as empresas poderiam oferecera toda a sociedade e aos negociadores. Além de fazer parte de um acordo informal – por enquanto – entre um grupo de instituições sob a coordenação do Ministério Público Estadual para tentar solucionar de vez um problema sócio-ambiental que vem se arrastando há décadas.

Diante da crescente poluição e prejuízos à saúde pública, e ao constatar que as empresas dificilmente irão mudar do atual local, a solução proposta pelo grupo inter-setorial foi a transferência de cerca de 300 famílias de Piquiá de baixo. A sua eventual transferência que vem sendo negociada aos trancos e barrancos, com omissões e evidente falta de interesse por parte de alguns atores locais, não poderá significar ‘carta branca’ para continuar a poluir. Ao contrário. Contribuir para amenizar, de forma emergencial, um impacto que vem produzindo prejuízos de toda ordem é para as siderúrgicas uma obrigação moral e legal. E, simultaneamente, terão que adotarem mecanismos efetivos para reduzir a emissão de fuligem. Sem falar em ações de indenização que obrigatoriamente irão aparecer. As empresas apostam na frouxidão legal e fiscalizatória do Estado...

O impasse, contudo, nesse momento, é o papel exercido pelo Ministério Público de Açailândia. Vem se omitindo de forma escandalosa. Talvez pressionado por forças locais. Há fortes apelos populares para que este assuma definitivamente, com coragem, a sua responsabilidade legal em convocar, cobrar, mediar e instaurar inquéritos para apurar responsabilidades. Diante de tanta falta de irresponsabilidade social e....vergonha de empresas que só sugam ar, saúde pública e suor humano é o mínimo que o ‘defensor dos direitos coletivos’ tem que fazer!

Um comentário:

G.D. News disse...

Esta vergonha no Maranhão é uma mácula secular...Ainda mais quando o chefe do MP recebe fortunas apenas para viajar, como acreditar em uma instituição acefala, onde só reina os interesses alheios ao bem público?
É triste e lamentável a situação do Maranhão, só mesmo Deus para ter compaixão, porque do resto estamos sem respostas...