sábado, 29 de setembro de 2012

O importante é acolher e proteger 'os pequeninos'....venha de onde vier! (Mc.9,38-43.45.47-48)

Na provinciana e obtusa Galiléia um seu cidadão, Jesus de Nazaré, parece querer romper com a mentalidade e a prática clânica e sectária que vigorava à sua época. Desmascara sem inibição não só sentimentos de inveja, ciúmes, posse, superioridade, mas também o cego egocentrismo nada evangélico que domina os seus seguidores, de ontem e de hoje. De fato, quem de nós nunca se sentiu enciumado porque alguém reproduziu uma nossa ideia ou ‘plagiou’ uma nossa reflexão apresentando-a como se fosse de sua autoria? Quem não experimentou irritação ao constatar que alguém próximo de nós, que reputávamos possuir ‘menos autoridade ou preparação intelectual’ do que nós conseguiu mais resultados e sucessos na vida do que nós? Poderíamos continuar com infinitos outros exemplos que manifestam a nossa mesquinhez de viver e o nosso modo de nos relacionar com ‘os outros’. O evangelho de hoje mostra, ao contrário, uma dimensão humana de Jesus claramente antagônica à essa prática mesquinha de encarar a vida. Algo extremamente inovador para os padrões da época e para os nossos atuais onde, apesar de vestir o manto da globalização, continuamos profundamente ‘sectários e provincianos’.

Jesus, afinal, reconhece como aliados seus e da sua causa todos aqueles/as que independentemente da sua pertença social, política ou religiosa ‘expulsam os demônios do anti-reino, acolhem e protegem os pequeninos e não são instrumentos de escândalo’. Jesus, de forma inequívoca, declara que ‘todos aqueles que recebem um pequenino recebe não tanto Ele, e sim, Aquele que o enviou’. Indiretamente está afirmando que não é importante pertencer ao seu grupo e nem a uma determinada igreja ou religião. O importante, isso sim, é acolher, proteger e oferecer o copo da água da vida e da esperança ‘àqueles pequeninos’ que ninguém ou poucos sabem proteger. Para Jesus a primazia não está numa identidade clara e definida, nem numa hipócrita ostentação de um mandato formal e reconhecido oficialmente por quem quer que seja, mas na prática ética. Ou seja, na assunção de princípios e opções existenciais em que a frágil vida dos pequeninos é defendida de forma intransigente contra os inúmeros e poderosos ‘demônios humanos’. Contra todas as formas de escândalo e abuso que lhes nega o direito de viver, esperar e crer. Para Jesus os que cometem tais práticas negadoras de vida é preferível que sejam radicais consigo mesmo, agora. Que arranquem deles, enquanto ainda há tempo, a causa principal que lhes impede de serem aliados da causa de Jesus, não se importando com sua pertença formal. Amanhã, talvez, seja tarde demais!

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