quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

4º domingo de advento - Gerar frutos de vida contra todas as evidências de esterilidade. Como Maria, crer para além do que vemos e sentimos! (Lc. 1, 39-45)

Existem momentos na vida em que é preciso ‘fechar os olhos’ e ir em frente acreditando para além do que vemos e sentimos. Experimentamos a decepção, a frustração, a força da brutalidade, o aparente desmoronamento de tantas convicções e princípios que considerávamos válidos. Imaginamos, às vezes, que tocamos o fundo do poço e que nunca iremos nos levantar, e voltar a ser o que  éramos. Época de crise profunda, diriam alguns. A história parece se repetir em níveis diferentes. Maria viveu esses momentos de crise pela qual nós passamos. No evangelho de hoje ela deixa de ser somente uma mulher surpreendentemente grávida de uma nova vida (Jesus) para se tornar, - segundo o evangelista Lucas, - o símbolo do cidadão e do discípulo que acredita que a novidade de Deus rompe com o desespero, a conformação, a aparente esterilidade dos humanos e o desânimo que se apoderam das pessoas nos momentos de crise. É nas crises, no entanto, e na aparente incapacidade do homem de gerar frutos de vida nova (esterilidade) que surge algo positivo inesperado.

O diálogo entre Maria e Isabel não é uma crônica, um relato histórico, mas uma profunda aula de vida. Todas as frases das duas mulheres são tiradas da bíblia, e são bem conhecidas. São utilizadas, porém, didaticamente, por Lucas para transmitir uma mensagem que venham a ajudar o ouvinte e seguidor de Jesus a não desistir em sua insistência de crer e de gerar gestos de esperança renovada contra todas as ‘evidências’. Crer, por exemplo, que na aparente esterilidade da vida podem surgir frutos de vida abundante. Crer que em cidades e ambientes desconhecidos podem surgir líderes justos que apostam na paz e no respeito. Crer que Deus continua agindo no meio do seu povo, e continua a selar a sua aliança não com aqueles que vivem nos palácios e têm sangue real, mas com os pequenos e desconhecidos, os invisíveis aos olhos da mídia e das massas. Crer que nós, como Maria e Isabel, podemos ser um ‘útero fértil’ capaz de gerar frutos de acolhida, de misericórdia e de fraternidade, e oferecê-los ao mundo. Para que o mundo faça a permanente experiência de ‘renascer’ e voltar a se motivar. Que ninguém de nós diga ‘eu não sei gerar algo novo e diferente, eu não posso, eu não consigo’! É preciso crer contra toda descrença, é preciso esperar contra todo desespero. É preciso lutar contra todo comodismo e indiferença. Deus fará o resto.

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