sábado, 18 de agosto de 2018

Festa da Comunhão plena de Maria com o ‘Céu’ (Lc. 1,39-56)


Querer aspirar ‘as coisas do céu’, mas descuidando da ‘terra e dos corpos’ não faz sentido. Querer salvar o "espírito, a alma" e menosprezando "o corpo e a terra" é uma contradição absurda. É uma traição à prática evangelizadora de Jesus de Nazaré. Jesus veio para salvar todas as pessoas, e a pessoa toda, inteira, na sua totalidade. A assunção de Maria manifesta a aspiração das primeiras comunidades de salvar a pessoa em todas as dimensões, e não somente uma banda. A crença na assunção de Maria ao "céu" não se alicerça num acontecimentos objetivo e histórico, ou seja, na comprovação documental da subida física de um corpo ao céu (algo inverossímil), mas em concepções profundas que mexem com a vida e com a nossa fé. Segundo isso, o corpo é "templo residência do Espírito", e não uma prisão da alma. O corpo material se desfaz, mas não o patrimônio moral, espiritual e humano que a pessoa nos deixa quando morre. O nosso corpo não é algo descartável, que pode ser torturado, humilhado e massacrado porque a alma seria mais importante. Ao contrario, ele é a sede da presença transformadora do próprio Deus. Logo ele deve ser sempre defendido, venerado, acariciado, protegido. Daí a importância, por exemplo, do respeito aos direitos humanos! Justamente o evangelho de hoje resgata o cântico-visão de Maria em que corpos humilhados, dominados e famintos devem ser elevados à plena dignidade, ou seja, libertados, valorizados e fartados. O céu, para a bíblia, não é um lugar geográfico. É plenitude de vida, sem dor, sem morte, sem corrupção. E nos corpos respeitados e protegidos se revela o Deus invisível. O céu-divindade já está aqui na terra e no corpo toda vez que zelamos pela integridade física e moral de cada ser humano!

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