Muitas vezes alimentamos sonhos e projetos que nos empolgam e que nos fazem vislumbrar antecipadamente os seus frutos. Vibramos. De repente, algo se quebra. Tudo parece ruir. Nada daquilo que esperávamos e que estávamos quase tocando com mão acontece. Sentimentos de decepção e frustração nos dominam e nos paralisam. Insinuam-se de forma diabólica desconfianças e suspeitas para com tudo e todos. Já não nos sentimos seguros de que seja possível acariciar outros sonhos. A experiência da decepção e da falência parece nos condicionar irremediavelmente.
Isto ocorre na existência de cada pessoa, mas pode ser, ao mesmo tempo, uma experiência coletiva, de povo, de nação. De fato, estes parecem ser os sentimentos vivenciados por extensos setores da sociedade palestina na época de Jesus. Muitas expectativas e esperanças haviam se esvaído. As promessas messiânicas de justiça e paz plena feitas ao longo da história nunca haviam se realizado. A aliança com o Deus protetor da nação havia sido quebrada e refeita inúmeras vezes, e o risco de uma ruptura definitiva era algo real.
O evangelho de hoje trata de tudo isso. Inúmeros sinais da narração de João apontam que a festa nupcial fruto da aliança entre Deus e a humanidade estava para findar. Estava faltando o vinho do amor/motivação, e a festa iria acabar. A aliança iria se desfazer em breve. Esse é o grande contexto para compreendermos o trecho evangélico de João.
João, de forma magistral, lança mão do universo simbólico que está ao seu alcance: Jesus aparece na história como aquele que garante a continuação da festa nupcial entre Deus e o seu povo, pois é Ele mesmo o vinho novo, a esperança que permite que a festa nunca acabe. Simultaneamente, Jesus critica de forma direta as práticas judaicas vazias e inconsistentes, representadas simbolicamente pelas 6 talhas vazias que serviam para a purificação ritual.
João, de forma magistral, lança mão do universo simbólico que está ao seu alcance: Jesus aparece na história como aquele que garante a continuação da festa nupcial entre Deus e o seu povo, pois é Ele mesmo o vinho novo, a esperança que permite que a festa nunca acabe. Simultaneamente, Jesus critica de forma direta as práticas judaicas vazias e inconsistentes, representadas simbolicamente pelas 6 talhas vazias que serviam para a purificação ritual.
Essas práticas não serviram para garantir amor renovado e esperança nova para um povo cansado e desmotivado. Elas, em lugar de estar cheias de ‘vinho gostoso’ estavam vazias, inúteis. Deviam ser preenchidas urgentemente por algo integralmente novo: o vinho da alegria/esperança e da vontade de continuar a vibrar com a aliança com o novo Noivo, o próprio Jesus. João nos diz que Deus ofereceu no momento certo (a hora de Deus!) o seu próprio filho, ou seja, o melhor vinho/profeta para que iniciasse uma nova e inédita aliança com o seu povo que já estava vendo a festa/aliança acabar.
Talvez hoje mais do que nunca seja urgente romper ou preencher com conteúdos e práticas totalmente novas as antigas e obsoletas práticas sociais e litúrgicas que não garantem mais esperança, vida plena, alegria de viver e sonhar. Este poderá ser o sinal de que continuamos firmes na nossa fidelidade a um Deus que nunca deixou de ser fiel!
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