Reproduzo abaixo um trecho do 'comunicado dos bispos do Moçambique às comunidades cristãs e aos homens e mulheres de boa vontade' publicado recentemente. Chama a atenção a preocupação dos bispos moçambicanos para com os mega-projetos, pois acolá já chegou a 'empresa integralmente brasileira,' a VALE. Pelo visto o gigante da mineração não vem perdendo tempo: exporta poluição, expropriação e desagregação social, 'mercadoria' bem conhecida pela nossa população do Maranhão, Pará, Minas, Rio......
'A malária continua a matar, sobretudo no interior do País, apesar das estatísticas optimistas; o mesmo se diga da pandemia do HIV/SIDA, ao ponto de se pode dizer que a devastação escapa ao controle das estatísticas. Achamos que para a situação da fome estará contribuindo o abandono da produção da comida a favor das culturas de rendimento: algodão, tabaco, cana-de-açúcar e plantas para bio-combustível.Outros aspectos sociais muito preocupantes são o tráfico de seres e órgãos humanos. Quando a Igreja Católica, em 2004 e 2005, denunciou os primeiros casos conhecidos, muito se fez e muito se disse para afirmar que era falso e não faltou quem gostasse de ver a Igreja Católica no banco dos réus e punida, como boateira. Hoje, a imprensa quotidiana está confirmando, com casos, um fenómeno de dimensão planetária!
Outra ferida social é o banditismo, com contornos particulares: grupos de 10, 12 e mais indivíduos, que assaltam residências e instituições, na calada da noite ou em pleno dia. Enfim, os linchamentos parecem um mal sem remédio. Serão um mal sem remédio enquanto não se descobrir, não se quiser reconhecer e eliminar as suas causas.
Temos ainda o problema do impacto negativo dos mega-projectos, um impacto já sentido ou previsível: degradação e poluição do meio ambiente. Tais projectos expropriam terras das populações, obrigando-as a deslocarem-se para zonas desfavoráveis; ocupam áreas próprias para certas actividades favoráveis à vida das populações, deixando-as sem nenhum meio para o seu sustento....'
Um comentário:
É lamentável ter que viver em um tempo em que os homens fecham os olhos para os semelhantes, simplismente pela ânsia do ter. Pior ainda, é sentir que ao longo de toda uma história triste de um povo escravizado não há trégua nem compaixão,nem pelo solo sagrado em que eles pisam e dali tiram o sustento do seus filhos, nem pelo nosso planeta que esta cansando de ser sugado indiscriminadamente pela ganância do homem.
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