Por que não inverter o sentido que geralmente atribuímos à festa de hoje, ou seja, epifania das nações a Jesus, e não epifania de Jesus às nações? As nações, - e não somente alguns setores de Israel, - se revelam a Jesus e, por sua vez, o revelam ao mundo. A iniciativa, afinal, parte das ‘nações’ simbolicamente representadas pelos ‘reis magos’. Jesus se deixa descobrir e revelar pelos filhos e filhas que provêm de todos os cantos da terra. Independentemente de sua língua, cultura e credo religioso. Historicamente, de fato, o próprio Jesus que se entendia como enviado somente às 'ovelhas perdidas da casa de Israel' descobriu a 'existência e a fé' dos pagãos estrangeiros em sua vida. Estes se revelaram definitivamente a Jesus, e o transformaram. Obrigaram-no a redirecionar a sua missão.
Dessa forma, compreendemos que Deus começa a ser conhecido universalmente como um Deus que não se identifica com uma cultura ou um povo específico, mas com quantas são as culturas, as nações, as origens, e os ritos dos seus filhos e filhas. Para que as ‘nações’ possam efetivamente descobrir a presença de Deus em suas vidas devem saber ler e seguir os sinais, (a estrela), que o próprio Deus coloca em seu caminho. Sinais intermitentes, tênues, nem sempre claros e explícitos. Que exigem coragem e ousadia para serem acompanhados, seguidos.
Mateus através dessa parábola de extrema beleza e plasticidade reflete acontecimentos históricos que remontam, na realidade, não ao nascimento biológico de Jesus, mas a algo que marcou em parte a missão de Jesus e, principalmente, a vida dos cristãos muitos anos após a morte do Mestre de Nazaré. Mateus relata, na realidade, o surgimento da primeira igreja e a irrupção dos 'pagãos' na vida da igreja. Uma igreja composta prioritariamente por ‘pagãos’, estrangeiros. Foram justamente ‘os de fora’, os não israelitas, que souberam ver em Jesus uma presença fundadora, central, única, para todos os povos. O etno-centrismo israelita incapacitava o ‘povo eleito’ a reconhecer num seu co-nacional o enviado do Pai. Mais: fez de tudo para eliminá-lo desde o seu aparecimento na sua história, como havia feito com outros profetas. O paradoxal se dá justamente nisso: enquanto os sumos sacerdotes e Herodes, sapientes e poderosos, conspiravam para matar Jesus – como de fato ocorreu, – os pagãos, os pecadores, os não batizados, os não conhecedores da palavra de Deus, os frágeis e os não freqüentadores do templo se abriam e acolhiam a boa nova, e os gestos de compaixão e misericórdia que Jesus oferecia a todos. Os impuros e estrangeiros revelaram definitivamente o divino que estava em Jesus e neles mesmos. Eles se tornaram, diferentemente de Israel, os missionários que manifestavam a boa nova de Jesus de Nazaré à toda a humanidade
2 comentários:
Meus parabéns por seu blog, em nosso Estado precisamos de pessoas com opiniões firmes como as suas, para que possamos nos libertar desses grilhões que nos algema por décadas e décadas a fio...
Estou listando seu blog no meu como indicação à leitura.
Um forte abraço e esperança em 2011.
Parabens pelo seu blogue, pelas postagens. Na vida é necessário termos Lado.
Passei aqui lendo. Vim lhe desejar um Tempo Agradável, Harmonioso e com Sabedoria. Nenhuma pessoa indicou-me ou chamou-me aqui. Gostei do que vi e li. Por isso, estou lhe convidando a visitar o meu blog. Muito Simplório por sinal. Mas, dinâmico e autêntico. E se possivel, seguirmos juntos por eles. Estarei lá, muito grato esperando por você. Se tiveres tuiter, e desejar, é só deixar que agente segue.
Um abraço e fique com DEUS.
http://josemariacostaescreveu.blogspot.com
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