domingo, 12 de janeiro de 2014

Batismo de Jesus: sentir-se chamados, ungidos e enviados pelo Pai como servidores do reino

Muitas vezes nos perguntamos se as escolhas de vida que fizemos são aquelas certas. As desejadas do profundo do nosso ser. Sabemos que na hora das grandes decisões, muitas vezes, somos condicionados pela formação que recebemos no passado, pelas circunstâncias, pelas pressões e pelas necessidades do presente. Ninguém tem a plena certeza que é Deus que nos chama para exercer esta ou aquela opção de vida ou missão. Temos, contudo, alguns critérios para poder verificar se, afinal, estamos percorrendo o caminho almejado. Quando sentimos, por exemplo, dentro de nós um profundo sentimento de alegria e de serenidade, quando as pessoas nos dizem que ‘nascemos para fazer o que estamos fazendo, porque temos jeito’, quando vemos que as pessoas se alegram ao nos ver e conviver conosco, talvez estejamos no lugar certo. Talvez tenha sido isso que vínhamos procurando a vida inteira e, enfim, o encontramos. O Batismo de Jesus representa o coroamento de um caminho de busca, e o início de uma nova e inédita etapa da sua vida. Jesus como todos os humanos vinha refletindo sobre o que Deus queria dele. Qual o seu papel e a sua missão como cidadão da Galiléia, como filho, como membro de uma comunidade. Nessa procura que vinha se arrastando há quase 30 anos ele sentiu angústia, inquietação, desnorteamento, como todos nós quando ainda não conseguimos respostas claras e definitivas. Jesus também deve ter se perguntado muitas vezes se era isso mesmo que ele e Deus queriam. 

No Jordão ele se sentiu, enfim, chamado e confirmado definitivamente a se dedicar ao serviço da realeza de Deus, contra todas as dominações humanas. Sentiu com uma clareza jamais experimentada antes o que Deus queria que ele fosse daí em diante. Mais do que isso: Jesus se sentiu chamado, ungido e enviado como ‘filho amado do Pai’, ou seja, com mandato do Pai para ‘representá-lo’ em tudo o que faria. A pregação radical de João Batista que exigia conversão e transformação social produziu em Jesus aquele estalo interior que há tempo ele vinha desejando sentir. Jesus, de fato, percebeu que era partilhando ‘túnicas e comidas’ com quem não tinha que podia se sentir feliz. Que era exigindo honestidade radical e denunciando toda forma de corrupção dos cobradores de imposto que podia amenizar o sofrimento de tantos lavradores e mendigos da sua terra.  Que era, enfim, exigir a eliminação de toda extorsão, de toda ilegalidade, de todo abuso de autoridade praticada pelos militares que podia aplainar o caminho para a paz e a justiça. Estas eram as exigências de João Batista, e estas se tornaram o plano de ação da sua missão que aí começava. No ‘deserto’ que estava reduzida a vida de Jesus antes de chegar ao Jordão, agora, sereno e convicto Jesus inicia a sua nova e definitiva missão. Não precisava de mais sinais para se sentir confirmado no chamado de Deus. A sua compaixão e amor para com os pobres, o coração dele, já lhe sinalizava que estava no rumo certo! 

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