Proclama-se a tríade de Nazaré como uma família sagrada e perfeita,
mas dificilmente poderemos nos identificar com algo perfeito. Trata-se, então, de recuperar, sem maquiagens, o ‘comum e o real’ que caracterizava a família de
Nazaré. E, ao descobrir sua plena ‘humanidade’, aprender a valorizar a beleza, e a corrigir as rugas e rusgas da nossa família imperfeita e comum! O pai de Jesus não era o
seu pai biológico, mas José o amou como se dele fosse. Maria aos olhos humanos não
passava de uma ‘mãe solteira’, destinada a ser apedrejada. Entretanto, ela amou e
foi fiel àquele noivo que tinha a obrigação legal de denunciá-la por ter se
sentido traído por ela. Os evangelhos nos informam que Jesus tinha outros
irmãos e expõem seus nomes (Mc.6,3). Que fossem irmãos biológicos ou não tem pouca
importância. Afinal, Jesus vinha declarando em alto e bom som ‘que mãe, irmãos e irmãs
são todos aqueles que ouvem a Palavra e a põem em prática’ (Lc.8,21). Jesus vai além da
família nuclear, e a de sangue, e nos catapulta no seio da família planetária
onde temos um Deus que é Pai e Mãe de todos, ao mesmo tempo! Devemos nos perguntar, hoje, se as
nossas estruturas sociofamiliares ainda proporcionam acolhida,
proteção, ternura, respeito aos seus membros, ou se, ao contrário, no seu crescente individualismo, e alucinada intolerância, com criminosas tendências fratricidas, abdicou a tudo isso. Não é mais, ou não só, a
família nuclear que está em jogo, ou em crise. É a família planetária que está se autoexilando de si mesma e autodestruindo!
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