A semana santa deste ano vai ter um sabor especial para o papa Bento. Ele se vê sistematicamente crucificado por uma série de insinuações, suposições e ataques diretos à sua atuação com relação às denúncias de pedofilia de um padre que trabalhou na diocese de Mônaco quando ele era bispo. Ele teria aceitado na sua diocese um padre que já havia sido expulso de uma diocese por várias denúncias de pedofilia.
Acusam o então cardeal Ratzinger de não somente ter acolhido o padre, mas de ter-lhe confiado responsabilidades e atividades que o teriam colocado em situações de cometer novamente os crimes pelos quais foi afastado. Como é costume nessas circunstâncias, com o intuito de preservar o papa (então bispo), o vigário geral, colaborador e amigo íntimo do papa até hoje, assumiu sozinho toda a responsabilidade.
Segundo este, o então cardeal Ratzinger não sabia nada do acontecido. Francamente, é muito improvável que isto tenha acontecido. Para quem conhece minimamente as práticas costumeiras que se dão nas cúrias diocesanas, as relações existentes entre bispo/vigário geral/padres, é bem provável que o papa tivesse tido conhecimento desde o início da situação real daquele padre acusado de pedofilia. Foram publicadas, recentemente, em alguns jornais alemães supostas atas de encontros, na época da transferência do padre acusado, em que se faz referência indireta a esse episódio.
Acredito que em lugar de negar peremptoriamente o fato era muito mais compreensível ter afirmado que houve acolhida do padre acusado não para dar-lhe cobertura, mas para tentar oferecer-lhe uma extrema chance de se redimir colocando-o numa comunidade com outros padres que pudessem ajudá-lo. Acredito que muitos pastores agiram dessa forma: tentar ‘salvar’ a qualquer custo um padre, mesmo que isso significasse beirar a cumplicidade. Quero acreditar que esta tenha sido a postura do então cardeal Ratzinger!
Com certeza não joga a favor do papa e da igreja católica uma eventual prova cabal de que ele estava sabendo tudo sobre o caso. Bill Clinton, quando presidente, por uma pequena mentira quase sofria um impeachment, e ele não era nenhum paladino da honestidade e da verdade. Isto não vale para Bento XVI: a verdade acima de tudo, mesmo que tenha que se penitenciar!
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